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São Vicente de Paulo, o gigante da caridade

São Vicente de Paulo, exemplo de dedicação aos pobres, é referência até hoje para a Igreja. Neste artigo, exploramos sua vida e legado.

São Vicente de Paulo cumpriu com a sua vida o que o apóstolo Tiago recomendou na sua carta: “A Fé sem obras é morta” ¹. Mais de três séculos após sua morte, seu exemplo de dedicação aos pobres é referência até hoje para a Igreja. Neste artigo, vamos explorar os principais momentos de sua vida e legado.

Conheça mais sobre sua missão evangelizadora, seu trabalho com os necessitados e sua grande influência na história da Igreja. Vamos descobrir por que São Vicente de Paulo é conhecido como o patrono das obras de caridade. Continue lendo para se inspirar na vida deste grande santo.

A vida de São Vicente de Paulo

Infância e juventude

São Vicente de Paulo nasceu em 1581, em uma família de agricultores profundamente religiosa, numa pequena aldeia nas proximidades de Dax, na região das Landes, França. Desde cedo, seus pais, percebendo sua inteligência e dedicação, o incentivaram a seguir o caminho eclesiástico, que naquela época era uma das poucas oportunidades de ascensão social para as classes mais humildes.

Enquanto seus dois irmãos mais velhos ajudavam na lavoura, o pequeno Vicente tinha a tarefa de cuidar das ovelhas e porcos da família. Conta-se que ele tinha uma profunda devoção a Maria e, diante de uma pequena imagem dela, ajoelhava-se diariamente para fazer suas orações.

Ordenação e primeiros trabalhos pastorais

Ainda jovem, foi enviado para estudar com os padres franciscanos em Dax. Em 1597, iniciou seus estudos na Universidade de Toulouse, onde se dedicou à teologia. Aos 19 anos, em 23 de setembro de 1600, foi ordenado sacerdote pelo bispo de Périgueux, e quatro anos depois obteve o título de Doutor em Teologia.

Escravidão e fuga na Tunísia

O início do ministério sacerdotal de São Vicente foi marcado por grandes desafios e provações. Em uma de suas viagens pelo Mediterrâneo, enquanto viajava de barco entre Marselha e Narbona, foi capturado por piratas e vendido como escravo na Tunísia. Durante dois anos, viveu como prisioneiro, até que conseguiu escapar, levando consigo seu antigo patrão, um cristão renegado que ele conseguiu converter ao catolicismo.

Esse episódio, por vezes questionado por alguns historiadores, é defendido por outros como uma importante prova do caráter santo de Vicente desde jovem. O debate gira em torno da veracidade de sua captura e cativeiro, mas o que parece inegável é a transformação profunda que ocorreu em sua vida entre 1608 e 1617, um processo de conversão gradual e genuíno.

Trabalho com os pobres e fundação das Congregações

Após sua libertação, retornou à França, onde sua missão pastoral tomou novos rumos, marcados pela compaixão pelos pobres, doentes e marginalizados. São Vicente de Paulo dedicou-se incansavelmente à caridade e à fundação de diversas obras que permanecem até hoje, como a Congregação da Missão (Lazaristas) e as Filhas da Caridade, sempre guiado pelo desejo de servir a Cristo nos mais necessitados.

Quando é o dia de São Vicente de Paulo?

O dia de São Vicente de Paulo é celebrado no dia 27 de setembro, em homenagem à data de sua morte em 1660.

Obras de caridade de São Vicente de Paulo

Uma característica marcante de São Vicente de Paulo foi seu compromisso com os mais pobres e marginalizados. Ele fundou várias organizações que tinham como foco o cuidado dos necessitados.

Filhas da Caridade

No ano de 1612 foi nomeado pároco em uma paróquia da periferia de Paris. Logo, sua preocupação para com os pobres se destaca. A primeira atitude do santo como pároco foi cuidar de uma família doente, que não tinha o que comer. Em 20 de agosto de 1617, nascia o primeiro fruto da Caridade Vicentina, que foi confiada, segundo os ditames da sociedade, às mulheres, que foram chamadas “Servas dos Pobres”.

Com a sua transferência para Paris, o padre sentiu que estava no lugar onde poderia realmente fazer a diferença a favor dos mais pobres. Para tanto contou com o apoio de muitas senhoras da nobreza parisiense. As necessidades eram tantas que inspiraram São Vicente de Paulo a fundar a congregação das Filhas da Caridade. Quatro séculos depois, são mais de 21 mil religiosas, cerca de 2,4 mil casas e presença nos cinco continentes – alguns números hoje da atuação das Filhas da Caridade.

Congregação da Missão

Fundada por São Vicente de Paulo, a Congregação da Missão tinha como objetivo a evangelização dos pobres e a formação do clero. Ela rapidamente se espalhou pela França e por outros países. A Congregação da Missão surgiu espontaneamente, São Vicente conseguiu alguns colegas para pregar aos camponeses. A única exigência era a simplicidade nas pregações, para o povo entender, e rapidamente seu grupo foi aumentando. No ano de 1633, a congregação foi reconhecida pelo Papa Urbano VIII.

Mais de 400 anos depois de sua fundação, a Congregação da Missão possui hoje aproximadamente 3,5 mil membros, espalhados por diversos países e presentes em missões, seminários, paróquias, colégios e obras diversas de serviço aos pobres. No Brasil, chegou no final do século XIX e está presente em três províncias: Brasileira, Sul e Fortaleza.

Canonização, devoção e legado de São Vicente de Paulo

São Vicente de Paulo foi canonizado pelo Papa Clemente XII em 16 de junho de 1737, exatos 77 anos após sua morte. Vinte anos antes, seu corpo foi exumado e encontrado incorrupto. Em maio de 1885 o Papa Leão XIII o declarou patrono das obras de caridade da Igreja. Ele é amplamente venerado como o patrono de todas as obras de caridade e tem uma forte devoção em várias partes do mundo, especialmente entre aqueles que trabalham com os necessitados.

Oração a São Vicente de Paulo

Glorioso São Vicente, celeste padroeiro de todas as associações de caridade e pai de todos os infelizes que, enquanto vivestes sobre a terra, nunca faltastes àqueles que se valeram de vossa proteção; vede a multidão de males de que estamos oprimidos e correi em nosso auxílio; alcançai do Senhor socorro para os pobres, auxílio aos enfermos, consolação aos aflitos, proteção aos desamparados, conversão aos pecadores, zelo aos sacerdotes, paz à Igreja, tranquilidade aos povos e a todos Salvação. Sim, que todos experimentem os efeitos de vossa benéfica intercessão, e que, socorridos assim por vós nas misérias desta vida, possamos reunir-nos convosco lá no céu, onde não haverá mais tristeza, nem lágrimas, nem dor, mas uma alegria, uma bem-aventurança eterna. Amém.

Referências

1. Tiago 2,17[↩]