Devoção

Natividade de Nossa Senhora

Conheça a Natividade de Nossa Senhora, como aparece na Bíblia, quando é celebrada e o que a Tradição da Igreja e os santos ensinam sobre isso.

Natividade de Nossa Senhora
Devoção

Natividade de Nossa Senhora

Conheça a Natividade de Nossa Senhora, como aparece na Bíblia, quando é celebrada e o que a Tradição da Igreja e os santos ensinam sobre isso.

Data da Publicação: 08/09/2023
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 08/09/2023
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

A Virgem Maria foi divinamente escolhida antes mesmo da criação do mundo para ser a Mãe do Salvador. Seu nascimento era, desde o início, um motivo de grande alegria, tanto para seus pais, que ansiavam por um filho, quanto para o mundo, pois sua vinda anunciava a salvação. “Celebremos com júbilo o nascimento da Virgem Maria, pois por meio dela veio a nós o Sol da Justiça, nosso Senhor Jesus Cristo.” 1

A vida de Maria, desde o momento de sua concepção, foi permeada pela graça e pela eleição de Deus. Por isso, a Igreja dedica um dia especial em seu calendário litúrgico para celebrar a sua natividade. Neste artigo, exploraremos em detalhes o contexto do nascimento de Nossa Senhora, com base nas Escrituras e na Tradição da Igreja.

O que é a Natividade de Nossa Senhora?

A Natividade de Nossa Senhora é uma festa antiga que celebra o nascimento da Virgem Maria. Sua origem remonta ao século IV em Jerusalém e foi oficialmente celebrada em Roma no século VIII. 2 Esta festa, que honra o nascimento de Maria, mãe de Jesus, é a terceira “natividade” no calendário católico, depois do nascimento de Jesus e de São João Batista.

Quando a Natividade de Nossa Senhora é celebrada?

A Natividade de Nossa Senhora é celebrada no dia 8 de setembro, nove meses após a solenidade da Imaculada Conceição — em 8 de dezembro.

Essas duas festas marianas estão interligadas, já que a Imaculada Conceição celebra a concepção de Maria sem o pecado original, enquanto a Natividade comemora o seu nascimento. Nesse dia, a Igreja convida os fiéis a celebrarem o nascimento da Virgem Maria com alegria e devoção. Além disso, é uma ocasião importante no calendário litúrgico católico que destaca o papel de Maria na história da salvação.

A Natividade de Nossa Senhora na Bíblia

Natividade de Nossa Senhora, pintada por Giotto
Natividade de Nossa Senhora, pintada por Giotto

Nos Evangelhos, assim como na Bíblia, não há referências específicas ao nascimento de Maria. No entanto, a sua existência aparece no primeiro capítulo de Mateus, quando o evangelista narra a genealogia de Jesus 3:

Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Abraão gerou Isaac, Isaac gerou Jacó, Jacó gerou Judá e seus irmãos. Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara; Farés gerou Esrom, Esrom gerou Aram. Aram gerou Aminadab, Aminadab gerou Naasson, Naasson gerou Salmon. Salmon gerou Booz, de Raab, Booz gerou Obed, de Rute, Obed gerou Jessé, e Jessé gerou o rei Davi. Davi, da esposa de Urias, gerou Salomão. Salomão gerou Roboão, Roboão gerou Abias, Abias gerou Asa. Asa gerou Josafá, Josafá gerou Jorão, Jorão gerou Ozias. Ozias gerou Joatão, Joatão gerou Acaz, Acaz gerou Ezequias. Ezequias gerou Manassés, Manassés gerou Amón, Amón gerou Josias. Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia. Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou Salatiel, Salatiel gerou Zorobabel. Zorobabel gerou Abiud, Abiud gerou Eliaquim, Eliaquim gerou Azor. Azor gerou Sadoc, Sadoc gerou Aquim, Aquim gerou Eliud. Eliud gerou Eleazar, Eleazar gerou Matã, Matã gerou Jacó. Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo. Portanto, todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; desde Davi até o exílio na Babilônia, catorze gerações; e desde o exílio na Babilônia até o Cristo, catorze gerações.

Embora possa parecer incomum não encontrar um capítulo dedicado à vida de Nossa Senhora na Bíblia, devemos entender que o foco principal dos evangelistas era apresentar Jesus Cristo. Portanto, sempre que a Virgem Mãe de Deus é mencionada nas Escrituras, ela aparece para destacar a importância de Cristo e, assim, direcionar nossa atenção para o Seu Filho. Isso serve como um exemplo de como devemos viver nossas vidas terrenas: dedicando sempre a atenção e a glória a Deus.

A Natividade segundo a Tradição

De acordo com o relato de São Máximo, em seu livro “A Vida da Virgem”, os pais de Nossa Senhora, Joaquim e Ana, eram um casal virtuoso e de nobre linhagem. Joaquim, da tribo de Davi, carregava em seu sangue a linhagem real do Rei Davi, e Ana, sua esposa, pertencia à mesma linhagem. Mais tarde, as tribos de Judá e de Levi foram unidas, juntando assim os ramos real e sacerdotal da descendência de Davi e Levi. 4

No entanto, havia uma sombra que obscurecia a felicidade desse casal. Ana era estéril, e a ausência de filhos era uma fonte de tristeza profunda para ambos. A Lei de Moisés e o zelo de seus contemporâneos agravavam ainda mais essa aflição. Eles desejavam, não apenas para si, mas para o mundo inteiro, o nascimento de uma criança que pudesse trazer glória e um fim à sua desonra.5

Guiados pela fé, Joaquim e Ana buscaram a Deus com preces fervorosas. E Deus, que conhece os corações e ouve as súplicas dos justos, respondeu-lhes de maneira extraordinária. Primeiro, uma voz celestial anunciou a Joaquim, enquanto ele orava no Templo, que ele seria abençoado com uma criança destinada a ser motivo de glória não apenas para ele, mas para todo o mundo. 6

A mesma mensagem divina também chegou a Ana, que estava no jardim oferecendo suas preces. O anjo revelou-lhe que ela conceberia e daria à luz uma criança chamada Maria, cujo nome significaria “a iluminadora.” Esta criança seria a mensageira da alegria e traria a salvação ao mundo. 6

Maria: a estrela que precede o Sol

“A gravidez sucedeu à anunciação, e de Ana, a estéril, nasceu Maria, a iluminadora dos homens, pois é assim que se traduz seu nome Mariám: a iluminadora.” 6 Joaquim e Ana, cheios de alegria e gratidão, organizaram um banquete para celebrar o milagre que Deus havia realizado em suas vidas.

Conforme Maria crescia, sua vida se tornava um testemunho vivo da graça divina. Aos três anos de idade, ela foi apresentada no Templo de Deus, a fim de cumprir uma promessa que seus pais fizeram antes mesmo de seu nascimento.

O que dizem os santos?

São João Damasceno

A homilia de São João Damasceno sobre a Natividade de Nossa Senhora é uma reflexão profundamente teológica e poética sobre o nascimento da Virgem Maria. “Que a criação inteira se alegre, festeje e cante a natividade de uma santa mulher, porque ela gerou para o mundo um tesouro imperecível de bondade, e porque por ela o Criador mudou toda a natureza humana em um estado melhor! (S. João Damasceno – século VIII).” 7

São João Damasceno também comenta a razão pela qual Maria nasceu de uma mulher estéril, dizendo que “a natureza cedeu o lugar à graça, pois ao vê-la tremeu, e não quis mais ter o primeiro lugar. Como a Virgem Mãe de Deus devia nascer de Ana, a natureza não ousou prevenir o fruto da graça, mas permaneceu ela própria sem fruto, até que a graça trouxesse o seu.” 8

Além disso, ele descreve Maria como uma “vinha de belos sarmentos” que produziu o fruto da vida eterna: “Uma vinha de belos sarmentos foi gerada no seio de Ana, e ela produziu um fruto cheio de doçura, fonte de um néctar abundante de vida eterna para os habitantes da terra. Joaquim e Ana fizeram-se semeadores de justiça, e recolheram um fruto de vida.”  8

Santo Afonso de Ligório

Santo Afonso de Ligório, em seu livro “As Glórias de Maria”, tem um capítulo dedicado à Natividade da Virgem Maria. Ele afirma que “Inegavelmente foi a alma de Maria a mais bela que Deus criou. Depois da Encarnação do Verbo foi esta a obra mais formosa e mais digna de si, feita pelo Onipotente neste mundo.” 9

Ele explica também que “quando alguém é eleito por Deus para um cargo, recebe não só as disposições necessárias, mas ainda os dons precisos para exercê-lo dignamente. Ora, em vista da escolha de Maria para Mãe de Deus, convinha certamente que o Senhor, desde o primeiro instante, a adornasse com uma graça imensa, superior em grau à de todos os outros homens e anjos.” 10

Não só São João Damasceno, mas também Santo Afonso fala da alegria em relação ao nascimento da Virgem: “Alegremo-nos, portanto, com a nossa amável menina, que nasce tão santa, tão cara a Deus, e cheia de graça. E alegremo-nos não só por ela mas também por nós. Pois veio ao mundo enriquecida de graça tanto para a glória como para o bem nosso11

Santo Tomás de Aquino

Santo Tomás de Aquino, em suas Catequeses, também comenta que de três modos a Santíssima Virgem foi cheia de graça desde o princípio. “Primeiro, em relação à alma, na qual possuía toda a plenitude da graça. […] Segundo, estava tão cheia de graça que a graça lhe transbordava da alma à carne, ou ao corpo. […] Terceiro, em relação à difusão da graça para todos os homens. É algo grande que um santo possua tanta graça, que seja suficiente para a salvação de muitos; mas possuir tanta graça, que fosse suficiente para a salvação de todos os homens do mundo, isso seria o máximo: e possuem-na assim Cristo e a Bem-aventurada Virgem.” 12

Portanto, recorramos à Virgem Mãe de Deus em todas as nossas necessidades temporais e espirituais. Pois “infeliz da alma que descuidando-se de se recomendar a Maria, se fecha assim este canal de graças. […] Fechado este canal, perderá ela facilmente a luz, o temor de Deus, e enfim a salvação eterna.” 13

À Vossa Proteção recorremos, Santa Mãe de Deus.
Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades,
mas livrai-nos sempre de todos os perigos,
ó Virgem gloriosa e bendita.
14

Referências

  1. Missa — Antífona de entrada[]
  2. VATICAN NEWS, Natividade de Nossa Senhora[]
  3. Mt 1, 17[]
  4. Confessor, Máximo, o, São. A Vida da Virgem. Tradução: Priscila Catão. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2020. p.7-8[]
  5. Confessor, Máximo, o, São. A Vida da Virgem. Tradução: Priscila Catão. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2020. p.8[]
  6. Confessor, Máximo, o, São. A Vida da Virgem. Tradução: Priscila Catão. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2020. p.9[][][]
  7. VATICAN NEWS, A Natividade de Maria[]
  8. Homilia sobre a Natividade de Maria, São João Damasceno[][]
  9. Afonso Maria de Ligório, Santo. Glórias de Maria. 3ª ed., Aparecida, SP: Editora Santuário, 1989, p.258[]
  10. Afonso Maria de Ligório, Santo. Glórias de Maria. 3ª ed., Aparecida, SP: Editora Santuário, 1989, p.260[]
  11. Afonso Maria de Ligório, Santo. Glórias de Maria. 3ª ed., Aparecida, SP: Editora Santuário, 1989, p.268[]
  12. Santo Tomás de Aquino, Catequeses. Tradução: Tiago Gadotti — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2023., p.141-143[]
  13. Afonso Maria de Ligório, Santo. Glórias de Maria. 3ª ed., Aparecida, SP: Editora Santuário, 1989, p.269-270[]
  14. VATICAN NEWS, À Vossa Proteção[]

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    Redação MBC

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    O que você vai encontrar neste artigo?

    A Virgem Maria foi divinamente escolhida antes mesmo da criação do mundo para ser a Mãe do Salvador. Seu nascimento era, desde o início, um motivo de grande alegria, tanto para seus pais, que ansiavam por um filho, quanto para o mundo, pois sua vinda anunciava a salvação. “Celebremos com júbilo o nascimento da Virgem Maria, pois por meio dela veio a nós o Sol da Justiça, nosso Senhor Jesus Cristo.” 1

    A vida de Maria, desde o momento de sua concepção, foi permeada pela graça e pela eleição de Deus. Por isso, a Igreja dedica um dia especial em seu calendário litúrgico para celebrar a sua natividade. Neste artigo, exploraremos em detalhes o contexto do nascimento de Nossa Senhora, com base nas Escrituras e na Tradição da Igreja.

    O que é a Natividade de Nossa Senhora?

    A Natividade de Nossa Senhora é uma festa antiga que celebra o nascimento da Virgem Maria. Sua origem remonta ao século IV em Jerusalém e foi oficialmente celebrada em Roma no século VIII. 2 Esta festa, que honra o nascimento de Maria, mãe de Jesus, é a terceira “natividade” no calendário católico, depois do nascimento de Jesus e de São João Batista.

    Quando a Natividade de Nossa Senhora é celebrada?

    A Natividade de Nossa Senhora é celebrada no dia 8 de setembro, nove meses após a solenidade da Imaculada Conceição — em 8 de dezembro.

    Essas duas festas marianas estão interligadas, já que a Imaculada Conceição celebra a concepção de Maria sem o pecado original, enquanto a Natividade comemora o seu nascimento. Nesse dia, a Igreja convida os fiéis a celebrarem o nascimento da Virgem Maria com alegria e devoção. Além disso, é uma ocasião importante no calendário litúrgico católico que destaca o papel de Maria na história da salvação.

    A Natividade de Nossa Senhora na Bíblia

    Natividade de Nossa Senhora, pintada por Giotto
    Natividade de Nossa Senhora, pintada por Giotto

    Nos Evangelhos, assim como na Bíblia, não há referências específicas ao nascimento de Maria. No entanto, a sua existência aparece no primeiro capítulo de Mateus, quando o evangelista narra a genealogia de Jesus 3:

    Genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Abraão gerou Isaac, Isaac gerou Jacó, Jacó gerou Judá e seus irmãos. Judá gerou, de Tamar, Farés e Zara; Farés gerou Esrom, Esrom gerou Aram. Aram gerou Aminadab, Aminadab gerou Naasson, Naasson gerou Salmon. Salmon gerou Booz, de Raab, Booz gerou Obed, de Rute, Obed gerou Jessé, e Jessé gerou o rei Davi. Davi, da esposa de Urias, gerou Salomão. Salomão gerou Roboão, Roboão gerou Abias, Abias gerou Asa. Asa gerou Josafá, Josafá gerou Jorão, Jorão gerou Ozias. Ozias gerou Joatão, Joatão gerou Acaz, Acaz gerou Ezequias. Ezequias gerou Manassés, Manassés gerou Amón, Amón gerou Josias. Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia. Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou Salatiel, Salatiel gerou Zorobabel. Zorobabel gerou Abiud, Abiud gerou Eliaquim, Eliaquim gerou Azor. Azor gerou Sadoc, Sadoc gerou Aquim, Aquim gerou Eliud. Eliud gerou Eleazar, Eleazar gerou Matã, Matã gerou Jacó. Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo. Portanto, todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; desde Davi até o exílio na Babilônia, catorze gerações; e desde o exílio na Babilônia até o Cristo, catorze gerações.

    Embora possa parecer incomum não encontrar um capítulo dedicado à vida de Nossa Senhora na Bíblia, devemos entender que o foco principal dos evangelistas era apresentar Jesus Cristo. Portanto, sempre que a Virgem Mãe de Deus é mencionada nas Escrituras, ela aparece para destacar a importância de Cristo e, assim, direcionar nossa atenção para o Seu Filho. Isso serve como um exemplo de como devemos viver nossas vidas terrenas: dedicando sempre a atenção e a glória a Deus.

    A Natividade segundo a Tradição

    De acordo com o relato de São Máximo, em seu livro “A Vida da Virgem”, os pais de Nossa Senhora, Joaquim e Ana, eram um casal virtuoso e de nobre linhagem. Joaquim, da tribo de Davi, carregava em seu sangue a linhagem real do Rei Davi, e Ana, sua esposa, pertencia à mesma linhagem. Mais tarde, as tribos de Judá e de Levi foram unidas, juntando assim os ramos real e sacerdotal da descendência de Davi e Levi. 4

    No entanto, havia uma sombra que obscurecia a felicidade desse casal. Ana era estéril, e a ausência de filhos era uma fonte de tristeza profunda para ambos. A Lei de Moisés e o zelo de seus contemporâneos agravavam ainda mais essa aflição. Eles desejavam, não apenas para si, mas para o mundo inteiro, o nascimento de uma criança que pudesse trazer glória e um fim à sua desonra.5

    Guiados pela fé, Joaquim e Ana buscaram a Deus com preces fervorosas. E Deus, que conhece os corações e ouve as súplicas dos justos, respondeu-lhes de maneira extraordinária. Primeiro, uma voz celestial anunciou a Joaquim, enquanto ele orava no Templo, que ele seria abençoado com uma criança destinada a ser motivo de glória não apenas para ele, mas para todo o mundo. 6

    A mesma mensagem divina também chegou a Ana, que estava no jardim oferecendo suas preces. O anjo revelou-lhe que ela conceberia e daria à luz uma criança chamada Maria, cujo nome significaria “a iluminadora.” Esta criança seria a mensageira da alegria e traria a salvação ao mundo. 6

    Maria: a estrela que precede o Sol

    “A gravidez sucedeu à anunciação, e de Ana, a estéril, nasceu Maria, a iluminadora dos homens, pois é assim que se traduz seu nome Mariám: a iluminadora.” 6 Joaquim e Ana, cheios de alegria e gratidão, organizaram um banquete para celebrar o milagre que Deus havia realizado em suas vidas.

    Conforme Maria crescia, sua vida se tornava um testemunho vivo da graça divina. Aos três anos de idade, ela foi apresentada no Templo de Deus, a fim de cumprir uma promessa que seus pais fizeram antes mesmo de seu nascimento.

    O que dizem os santos?

    São João Damasceno

    A homilia de São João Damasceno sobre a Natividade de Nossa Senhora é uma reflexão profundamente teológica e poética sobre o nascimento da Virgem Maria. “Que a criação inteira se alegre, festeje e cante a natividade de uma santa mulher, porque ela gerou para o mundo um tesouro imperecível de bondade, e porque por ela o Criador mudou toda a natureza humana em um estado melhor! (S. João Damasceno – século VIII).” 7

    São João Damasceno também comenta a razão pela qual Maria nasceu de uma mulher estéril, dizendo que “a natureza cedeu o lugar à graça, pois ao vê-la tremeu, e não quis mais ter o primeiro lugar. Como a Virgem Mãe de Deus devia nascer de Ana, a natureza não ousou prevenir o fruto da graça, mas permaneceu ela própria sem fruto, até que a graça trouxesse o seu.” 8

    Além disso, ele descreve Maria como uma “vinha de belos sarmentos” que produziu o fruto da vida eterna: “Uma vinha de belos sarmentos foi gerada no seio de Ana, e ela produziu um fruto cheio de doçura, fonte de um néctar abundante de vida eterna para os habitantes da terra. Joaquim e Ana fizeram-se semeadores de justiça, e recolheram um fruto de vida.”  8

    Santo Afonso de Ligório

    Santo Afonso de Ligório, em seu livro “As Glórias de Maria”, tem um capítulo dedicado à Natividade da Virgem Maria. Ele afirma que “Inegavelmente foi a alma de Maria a mais bela que Deus criou. Depois da Encarnação do Verbo foi esta a obra mais formosa e mais digna de si, feita pelo Onipotente neste mundo.” 9

    Ele explica também que “quando alguém é eleito por Deus para um cargo, recebe não só as disposições necessárias, mas ainda os dons precisos para exercê-lo dignamente. Ora, em vista da escolha de Maria para Mãe de Deus, convinha certamente que o Senhor, desde o primeiro instante, a adornasse com uma graça imensa, superior em grau à de todos os outros homens e anjos.” 10

    Não só São João Damasceno, mas também Santo Afonso fala da alegria em relação ao nascimento da Virgem: “Alegremo-nos, portanto, com a nossa amável menina, que nasce tão santa, tão cara a Deus, e cheia de graça. E alegremo-nos não só por ela mas também por nós. Pois veio ao mundo enriquecida de graça tanto para a glória como para o bem nosso11

    Santo Tomás de Aquino

    Santo Tomás de Aquino, em suas Catequeses, também comenta que de três modos a Santíssima Virgem foi cheia de graça desde o princípio. “Primeiro, em relação à alma, na qual possuía toda a plenitude da graça. […] Segundo, estava tão cheia de graça que a graça lhe transbordava da alma à carne, ou ao corpo. […] Terceiro, em relação à difusão da graça para todos os homens. É algo grande que um santo possua tanta graça, que seja suficiente para a salvação de muitos; mas possuir tanta graça, que fosse suficiente para a salvação de todos os homens do mundo, isso seria o máximo: e possuem-na assim Cristo e a Bem-aventurada Virgem.” 12

    Portanto, recorramos à Virgem Mãe de Deus em todas as nossas necessidades temporais e espirituais. Pois “infeliz da alma que descuidando-se de se recomendar a Maria, se fecha assim este canal de graças. […] Fechado este canal, perderá ela facilmente a luz, o temor de Deus, e enfim a salvação eterna.” 13

    À Vossa Proteção recorremos, Santa Mãe de Deus.
    Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades,
    mas livrai-nos sempre de todos os perigos,
    ó Virgem gloriosa e bendita.
    14

    Referências

    1. Missa — Antífona de entrada[]
    2. VATICAN NEWS, Natividade de Nossa Senhora[]
    3. Mt 1, 17[]
    4. Confessor, Máximo, o, São. A Vida da Virgem. Tradução: Priscila Catão. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2020. p.7-8[]
    5. Confessor, Máximo, o, São. A Vida da Virgem. Tradução: Priscila Catão. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2020. p.8[]
    6. Confessor, Máximo, o, São. A Vida da Virgem. Tradução: Priscila Catão. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2020. p.9[][][]
    7. VATICAN NEWS, A Natividade de Maria[]
    8. Homilia sobre a Natividade de Maria, São João Damasceno[][]
    9. Afonso Maria de Ligório, Santo. Glórias de Maria. 3ª ed., Aparecida, SP: Editora Santuário, 1989, p.258[]
    10. Afonso Maria de Ligório, Santo. Glórias de Maria. 3ª ed., Aparecida, SP: Editora Santuário, 1989, p.260[]
    11. Afonso Maria de Ligório, Santo. Glórias de Maria. 3ª ed., Aparecida, SP: Editora Santuário, 1989, p.268[]
    12. Santo Tomás de Aquino, Catequeses. Tradução: Tiago Gadotti — 1. ed. — Dois Irmãos, RS : Minha Biblioteca Católica, 2023., p.141-143[]
    13. Afonso Maria de Ligório, Santo. Glórias de Maria. 3ª ed., Aparecida, SP: Editora Santuário, 1989, p.269-270[]
    14. VATICAN NEWS, À Vossa Proteção[]

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