Destaque, Formação

Quem são os Cardeais brasileiros?

Quem são os cardeais brasileiros hoje? Entenda sua missão, influência na Igreja e papel central na escolha de um novo Papa.

Quem são os Cardeais brasileiros?
Destaque, Formação

Quem são os Cardeais brasileiros?

Quem são os cardeais brasileiros hoje? Entenda sua missão, influência na Igreja e papel central na escolha de um novo Papa.

Data da Publicação: 30/04/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 30/04/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Os cardeais brasileiros fazem parte do Colégio Cardinalício da Igreja Católica, uma instituição de grande importância que auxilia diretamente o Santo Padre no governo da Igreja. Além de colaborarem em diversas áreas da administração e missão eclesial, os cardeais também têm o direito – e o dever – de participar do conclave, a assembleia responsável pela eleição de um novo Papa, sempre que houver necessidade.

Neste artigo, vamos compreender o papel dos cardeais, especialmente os brasileiros, dentro da estrutura da Igreja Católica, explorando também como ocorre sua nomeação e a importância dessa dignidade eclesiástica. Veremos a história dos cardeais no Brasil, desde os primeiros até os atuais membros do Colégio Cardinalício, distinguindo entre eleitores e eméritos, e destacando aqueles que marcaram a vida da Igreja por sua atuação pastoral, intelectual ou diplomática. Uma oportunidade de conhecer mais de perto esses homens que servem à Igreja em comunhão com o Sucessor de Pedro.

O que é um Cardeal na Igreja Católica?

Na hierarquia da Igreja, o cardeal é uma figura de grande relevância, mas não representa um novo grau do sacramento da Ordem. Trata-se de uma dignidade eclesiástica concedida pelo Papa, geralmente a bispos, em reconhecimento por sua fidelidade, serviço pastoral ou competência doutrinal e administrativa. É um título honorífico que confere responsabilidades específicas e uma estreita colaboração com o Santo Padre.

Reunidos no Colégio Cardinalício, os cardeais formam um corpo consultivo que auxilia o Papa no governo da Igreja. Participam de dicastérios, missões diplomáticas e, sobretudo, do conclave, reservado aos que têm menos de 80 anos, para a eleição de um novo Papa.

O termo “cardeal” vem do latim cardo, “eixo”, e simboliza sua posição central nas decisões e na vida da Igreja. Embora não recebam novos poderes sacramentais, os cardeais assumem funções de alta responsabilidade, sendo os conselheiros mais próximos do Papa e colaboradores diretos na missão de evangelizar e conduzir o rebanho de Cristo.

Confira também o Guia completo sobre os Cardeais, os Príncipes da Igreja Católica.

Como um bispo se torna cardeal?

A nomeação de um cardeal é prerrogativa exclusiva do Papa, que escolhe livremente os clérigos a serem elevados, geralmente bispos com destaque pastoral, doutrinário ou administrativo. Embora raros, também podem ser nomeados presbíteros ou leigos, considerando critérios como fidelidade, serviço à Igreja e representatividade geográfica.

A criação dos novos cardeais ocorre em uma cerimônia solene chamada Consistório. Nela, o Papa anuncia os nomes, entrega o barrete vermelho – símbolo do testemunho até o martírio – e o anel cardinalício, sinal de comunhão com a Sé Apostólica. Cada cardeal também recebe o título de uma igreja em Roma, ligando-o simbolicamente ao Bispo de Roma.

A história dos cardeais brasileiros

A presença de cardeais brasileiros no Colégio Cardinalício é relativamente recente, considerando a longa história da Igreja Católica. Por muitos séculos, a escolha de cardeais concentrou-se na Europa, especialmente na Itália, refletindo a configuração histórica e geográfica da Igreja. Com o tempo, o crescimento do catolicismo, sobretudo nas Américas, levou o Papa a ampliar essa representação.

Foi nesse contexto que, em 1905, o Papa São Pio X nomeou Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, arcebispo do Rio de Janeiro, como o primeiro cardeal do Brasil e da América Latina. Sua criação simbolizou o reconhecimento da fé viva no país, já então um dos mais populosos em número de católicos.

A nomeação de Dom Joaquim teve grande impacto entre clero e fiéis, marcando uma virada: o Brasil deixava de ser apenas território de missão e passava a ser protagonista na vida da Igreja. Desde então, a atuação dos cardeais brasileiros tem refletido o amadurecimento pastoral e doutrinal da Igreja no país.

Dioceses brasileiras tradicionalmente cardinalícias

Embora não exista uma regra formal, algumas arquidioceses brasileiras se tornaram tradicionalmente representadas no Colégio Cardinalício, devido à sua importância histórica, pastoral e simbólica tanto no Brasil quanto na América Latina.

A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro foi a primeira a ter um cardeal brasileiro, Dom Joaquim Arcoverde, e segue sendo referência pela relevância histórica e cultural da cidade. Já a Arquidiocese de São Paulo, maior metrópole do país, destacou-se pela atuação de figuras como Dom Paulo Evaristo Arns, marcando presença em temas sociais e na defesa dos direitos humanos.

A Arquidiocese de Salvador, por ser a primeira diocese do Brasil e sede do Primaz, possui valor simbólico especial e costuma ser honrada com a púrpura cardinalícia. A Arquidiocese de Aparecida, por sua vez, tornou-se uma referência nacional, e seus arcebispos, como Dom Raymundo Damasceno Assis, têm representado a força da devoção mariana no país.

Cardeais brasileiros mais influentes da história

Ao longo da história da Igreja no Brasil, alguns cardeais se destacaram não apenas pelo serviço prestado a suas arquidioceses, mas também pela influência nacional e internacional que exerceram. Seja na defesa dos direitos humanos, na fidelidade doutrinal, nos debates teológicos ou no fortalecimento da ação evangelizadora, esses homens marcaram de forma profunda a vida da Igreja e deixaram um legado que ultrapassa suas épocas.

Conheça alguns dos mais influentes:

Dom Paulo Evaristo Arns
Arcebispo de São Paulo entre 1970 e 1998, Dom Paulo Evaristo Arns foi uma das figuras mais emblemáticas da história recente da Igreja no Brasil. Conhecido como “o cardeal dos pobres”, destacou-se pela defesa intransigente dos direitos humanos durante o regime militar brasileiro, denunciando abusos e promovendo a proteção dos perseguidos. Além disso, implementou uma pastoral voltada às periferias urbanas, incentivando as comunidades eclesiais de base e a promoção da justiça social.

Dom Eugênio de Araújo Sales
Cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro de 1971 a 2001, Dom Eugênio Sales é lembrado por sua profunda fidelidade à doutrina católica e por sua longa atuação em organismos vaticanos, especialmente relacionados à caridade e à promoção da fé. Com um perfil pastoral firme e diplomático, desempenhou papel fundamental na evangelização das grandes cidades e na orientação do laicato. Sua liderança discreta e segura foi um ponto de estabilidade para a Igreja brasileira em tempos de grandes mudanças.

Dom Aloísio Lorscheider
Arcebispo de Fortaleza e posteriormente de Aparecida, Dom Aloísio foi uma voz ativa nos debates teológicos e pastorais do pós-Concílio Vaticano II. Participou de maneira decisiva das Conferências de Medellín (1968) e Puebla (1979), marcos da reflexão sobre a missão da Igreja na América Latina. Sua atuação ajudou a articular uma compreensão mais comprometida com os pobres, sem romper com a fidelidade ao magistério. Era reconhecido também por seu espírito de diálogo e seu trabalho em favor da renovação pastoral.

Dom Serafim Fernandes de Araújo
À frente da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Serafim destacou-se pela promoção da educação católica e pela formação de leigos comprometidos com a missão da Igreja no mundo. Foi um dos grandes incentivadores da participação de leigos nas estruturas eclesiais e sociais, além de colaborar ativamente nas atividades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Sua liderança discreta e formativa deixou frutos duradouros na renovação pastoral da arquidiocese e no fortalecimento das instituições educacionais católicas.

Dom Cláudio Hummes
Arcebispo de São Paulo e posteriormente prefeito da Congregação para o Clero no Vaticano, Dom Cláudio Hummes continuou a servir a Igreja mesmo após sua aposentadoria, tornando-se uma figura de grande relevância no Sínodo para a Amazônia, como presidente da REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazônica). Defensor da evangelização inculturada e do cuidado com os povos indígenas, contribuiu para colocar a questão da Amazônia no centro da atenção da Igreja universal, em consonância com a visão missionária do Papa Francisco.

Quantos cardeais brasileiros existem hoje?

Atualmente, o Brasil conta com um número expressivo de cardeais vivos, evidenciando a relevância da Igreja no cenário mundial. Esses cardeais se dividem em duas categorias: os cardeais eleitores, que têm menos de 80 anos e podem participar de um conclave, e os cardeais eméritos, que, tendo ultrapassado essa idade, já não possuem direito de voto, mas continuam a integrar o Colégio Cardinalício.

Cardeais eleitores

Os cardeais brasileiros eleitores – ou seja, aqueles que ainda podem votar em um eventual conclave – são cinco:

Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de São Salvador da Bahia.

Dom Orani João Tempesta, O.Cist., arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo.

Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM, arcebispo de Manaus.

Dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília.

Cardeais eméritos

Os três cardeais brasileiros eméritos, que ultrapassaram os 80 anos e já não participam mais do conclave são:

Dom João Braz de Aviz, prefeito emérito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.

Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida.

Dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de São Salvador da Bahia.

Quem são os cardeais brasileiros hoje?

Confira a lista atualizada dos cardeais brasileiros vivos, ativos e eméritos, com seus respectivos dados:

Cardeais eleitores (com menos de 80 anos)

Dom Sérgio da Rocha

Data de nomeação: 19 de novembro de 2016, pelo Papa Francisco.
Arquidiocese: São Salvador da Bahia.
Cargo atual: Arcebispo de São Salvador da Bahia.

Dom Orani João Tempesta, O.Cist.

Data de nomeação: 22 de fevereiro de 2014, pelo Papa Francisco.
Arquidiocese: São Sebastião do Rio de Janeiro.
Cargo atual: Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Dom Odilo Pedro Scherer

Data de nomeação: 24 de novembro de 2007, pelo Papa Bento XVI.
Arquidiocese: São Paulo.
Cargo atual: Arcebispo de São Paulo.

Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM

Data de nomeação: 27 de agosto de 2022, pelo Papa Francisco.
Arquidiocese: Manaus.
Cargo atual: Arcebispo de Manaus.

Dom Paulo Cezar Costa

Data de nomeação: 27 de agosto de 2022, pelo Papa Francisco.
Arquidiocese: Brasília.
Cargo atual: Arcebispo de Brasília.

Saiba tudo sobre como funciona o processo de eleição de um Papa, o Conclave.

Cardeais eméritos (com mais de 80 anos)

Dom João Braz de Aviz

Data de nomeação: 18 de fevereiro de 2012, pelo Papa Bento XVI.
Arquidiocese: Antes arcebispo de Brasília; posteriormente prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.
Cargo atual: Emérito do Dicastério (aposentado, mas atuante em algumas missões pontifícias).

Dom Raymundo Damasceno Assis

Data de nomeação: 20 de novembro de 2010, pelo Papa Bento XVI.
Arquidiocese: Aparecida.
Cargo atual: Arcebispo emérito de Aparecida.

Dom Geraldo Majella Agnelo

Data de nomeação: 21 de fevereiro de 2001, pelo Papa João Paulo II.
Arquidiocese: São Salvador da Bahia.
Cargo atual: Arcebispo emérito de São Salvador da Bahia.

Qual a importância dos cardeais brasileiros na Igreja?

A presença de cardeais brasileiros no Colégio Cardinalício vai além de um reconhecimento simbólico: reflete a importância da Igreja no Brasil dentro da comunhão católica universal. Sendo a maior nação católica em número de fiéis, o país oferece à Igreja figuras de grande projeção pastoral, teológica e missionária, que colaboram diretamente com o Papa nos rumos da Igreja.

Vários desses cardeais já ocuparam cargos estratégicos no Vaticano. Dom João Braz de Aviz, por exemplo, liderou o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada, promovendo o diálogo com as ordens religiosas. Dom Cláudio Hummes, além de seu papel como prefeito da Congregação para o Clero, foi um dos grandes articuladores do Sínodo da Amazônia, ressaltando o cuidado com os povos indígenas e a missão da Igreja na região.

Também no CELAM, a atuação dos cardeais brasileiros tem sido expressiva. Dom Aloísio Lorscheider marcou presença nas conferências de Medellín e Puebla, e mais recentemente, Dom Leonardo Steiner deu continuidade à reflexão sobre os desafios sociais e ecológicos da América Latina, sempre em sintonia com o magistério do Papa Francisco.

A participação ativa dos cardeais brasileiros nos conclaves e nos organismos eclesiais é um testemunho da maturidade e vitalidade da fé no Brasil. Eles representam, diante do mundo, a riqueza espiritual de um povo que evangeliza com esperança, celebra com devoção e caminha, com coragem, ao lado do Papa. Que conhecê-los nos inspire também a viver nossa fé com fidelidade e entrega.

Que tal rezar a oração para o período de sé vacante?


Fontes:

Vatican News – Nomeação de cardeais brasileiros em 2022
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2022-08/brasil-tem-novos-cardeais-leonardo-steiner-paulo-cezar-costa.html

Santa Sé – Lista oficial dos cardeais criados por Bento XVI e Francisco
https://press.vatican.va/content/salastampa/en/documentation/cardinals_biographies/cardinals_creati_da_benedetto_xvi.html
https://press.vatican.va/content/salastampa/en/documentation/cardinals_biographies/cardinals_creati_da_francesco.html

CNBB – Apresentação dos cardeais brasileiros
https://www.cnbb.org.br/cardeais-brasileiros-conheca-os-novos/

REPAM – Dom Cláudio Hummes e o Sínodo da Amazônia
https://repam.net.br/dom-claudio-hummes-e-o-sinodo-da-amazonia/CELAM – História das Conferências Episcopais da América Latina
https://celam.org/historia/

Redação MBC

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Os cardeais brasileiros fazem parte do Colégio Cardinalício da Igreja Católica, uma instituição de grande importância que auxilia diretamente o Santo Padre no governo da Igreja. Além de colaborarem em diversas áreas da administração e missão eclesial, os cardeais também têm o direito – e o dever – de participar do conclave, a assembleia responsável pela eleição de um novo Papa, sempre que houver necessidade.

Neste artigo, vamos compreender o papel dos cardeais, especialmente os brasileiros, dentro da estrutura da Igreja Católica, explorando também como ocorre sua nomeação e a importância dessa dignidade eclesiástica. Veremos a história dos cardeais no Brasil, desde os primeiros até os atuais membros do Colégio Cardinalício, distinguindo entre eleitores e eméritos, e destacando aqueles que marcaram a vida da Igreja por sua atuação pastoral, intelectual ou diplomática. Uma oportunidade de conhecer mais de perto esses homens que servem à Igreja em comunhão com o Sucessor de Pedro.

O que é um Cardeal na Igreja Católica?

Na hierarquia da Igreja, o cardeal é uma figura de grande relevância, mas não representa um novo grau do sacramento da Ordem. Trata-se de uma dignidade eclesiástica concedida pelo Papa, geralmente a bispos, em reconhecimento por sua fidelidade, serviço pastoral ou competência doutrinal e administrativa. É um título honorífico que confere responsabilidades específicas e uma estreita colaboração com o Santo Padre.

Reunidos no Colégio Cardinalício, os cardeais formam um corpo consultivo que auxilia o Papa no governo da Igreja. Participam de dicastérios, missões diplomáticas e, sobretudo, do conclave, reservado aos que têm menos de 80 anos, para a eleição de um novo Papa.

O termo “cardeal” vem do latim cardo, “eixo”, e simboliza sua posição central nas decisões e na vida da Igreja. Embora não recebam novos poderes sacramentais, os cardeais assumem funções de alta responsabilidade, sendo os conselheiros mais próximos do Papa e colaboradores diretos na missão de evangelizar e conduzir o rebanho de Cristo.

Confira também o Guia completo sobre os Cardeais, os Príncipes da Igreja Católica.

Como um bispo se torna cardeal?

A nomeação de um cardeal é prerrogativa exclusiva do Papa, que escolhe livremente os clérigos a serem elevados, geralmente bispos com destaque pastoral, doutrinário ou administrativo. Embora raros, também podem ser nomeados presbíteros ou leigos, considerando critérios como fidelidade, serviço à Igreja e representatividade geográfica.

A criação dos novos cardeais ocorre em uma cerimônia solene chamada Consistório. Nela, o Papa anuncia os nomes, entrega o barrete vermelho – símbolo do testemunho até o martírio – e o anel cardinalício, sinal de comunhão com a Sé Apostólica. Cada cardeal também recebe o título de uma igreja em Roma, ligando-o simbolicamente ao Bispo de Roma.

A história dos cardeais brasileiros

A presença de cardeais brasileiros no Colégio Cardinalício é relativamente recente, considerando a longa história da Igreja Católica. Por muitos séculos, a escolha de cardeais concentrou-se na Europa, especialmente na Itália, refletindo a configuração histórica e geográfica da Igreja. Com o tempo, o crescimento do catolicismo, sobretudo nas Américas, levou o Papa a ampliar essa representação.

Foi nesse contexto que, em 1905, o Papa São Pio X nomeou Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, arcebispo do Rio de Janeiro, como o primeiro cardeal do Brasil e da América Latina. Sua criação simbolizou o reconhecimento da fé viva no país, já então um dos mais populosos em número de católicos.

A nomeação de Dom Joaquim teve grande impacto entre clero e fiéis, marcando uma virada: o Brasil deixava de ser apenas território de missão e passava a ser protagonista na vida da Igreja. Desde então, a atuação dos cardeais brasileiros tem refletido o amadurecimento pastoral e doutrinal da Igreja no país.

Dioceses brasileiras tradicionalmente cardinalícias

Embora não exista uma regra formal, algumas arquidioceses brasileiras se tornaram tradicionalmente representadas no Colégio Cardinalício, devido à sua importância histórica, pastoral e simbólica tanto no Brasil quanto na América Latina.

A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro foi a primeira a ter um cardeal brasileiro, Dom Joaquim Arcoverde, e segue sendo referência pela relevância histórica e cultural da cidade. Já a Arquidiocese de São Paulo, maior metrópole do país, destacou-se pela atuação de figuras como Dom Paulo Evaristo Arns, marcando presença em temas sociais e na defesa dos direitos humanos.

A Arquidiocese de Salvador, por ser a primeira diocese do Brasil e sede do Primaz, possui valor simbólico especial e costuma ser honrada com a púrpura cardinalícia. A Arquidiocese de Aparecida, por sua vez, tornou-se uma referência nacional, e seus arcebispos, como Dom Raymundo Damasceno Assis, têm representado a força da devoção mariana no país.

Cardeais brasileiros mais influentes da história

Ao longo da história da Igreja no Brasil, alguns cardeais se destacaram não apenas pelo serviço prestado a suas arquidioceses, mas também pela influência nacional e internacional que exerceram. Seja na defesa dos direitos humanos, na fidelidade doutrinal, nos debates teológicos ou no fortalecimento da ação evangelizadora, esses homens marcaram de forma profunda a vida da Igreja e deixaram um legado que ultrapassa suas épocas.

Conheça alguns dos mais influentes:

Dom Paulo Evaristo Arns
Arcebispo de São Paulo entre 1970 e 1998, Dom Paulo Evaristo Arns foi uma das figuras mais emblemáticas da história recente da Igreja no Brasil. Conhecido como “o cardeal dos pobres”, destacou-se pela defesa intransigente dos direitos humanos durante o regime militar brasileiro, denunciando abusos e promovendo a proteção dos perseguidos. Além disso, implementou uma pastoral voltada às periferias urbanas, incentivando as comunidades eclesiais de base e a promoção da justiça social.

Dom Eugênio de Araújo Sales
Cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro de 1971 a 2001, Dom Eugênio Sales é lembrado por sua profunda fidelidade à doutrina católica e por sua longa atuação em organismos vaticanos, especialmente relacionados à caridade e à promoção da fé. Com um perfil pastoral firme e diplomático, desempenhou papel fundamental na evangelização das grandes cidades e na orientação do laicato. Sua liderança discreta e segura foi um ponto de estabilidade para a Igreja brasileira em tempos de grandes mudanças.

Dom Aloísio Lorscheider
Arcebispo de Fortaleza e posteriormente de Aparecida, Dom Aloísio foi uma voz ativa nos debates teológicos e pastorais do pós-Concílio Vaticano II. Participou de maneira decisiva das Conferências de Medellín (1968) e Puebla (1979), marcos da reflexão sobre a missão da Igreja na América Latina. Sua atuação ajudou a articular uma compreensão mais comprometida com os pobres, sem romper com a fidelidade ao magistério. Era reconhecido também por seu espírito de diálogo e seu trabalho em favor da renovação pastoral.

Dom Serafim Fernandes de Araújo
À frente da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Serafim destacou-se pela promoção da educação católica e pela formação de leigos comprometidos com a missão da Igreja no mundo. Foi um dos grandes incentivadores da participação de leigos nas estruturas eclesiais e sociais, além de colaborar ativamente nas atividades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Sua liderança discreta e formativa deixou frutos duradouros na renovação pastoral da arquidiocese e no fortalecimento das instituições educacionais católicas.

Dom Cláudio Hummes
Arcebispo de São Paulo e posteriormente prefeito da Congregação para o Clero no Vaticano, Dom Cláudio Hummes continuou a servir a Igreja mesmo após sua aposentadoria, tornando-se uma figura de grande relevância no Sínodo para a Amazônia, como presidente da REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazônica). Defensor da evangelização inculturada e do cuidado com os povos indígenas, contribuiu para colocar a questão da Amazônia no centro da atenção da Igreja universal, em consonância com a visão missionária do Papa Francisco.

Quantos cardeais brasileiros existem hoje?

Atualmente, o Brasil conta com um número expressivo de cardeais vivos, evidenciando a relevância da Igreja no cenário mundial. Esses cardeais se dividem em duas categorias: os cardeais eleitores, que têm menos de 80 anos e podem participar de um conclave, e os cardeais eméritos, que, tendo ultrapassado essa idade, já não possuem direito de voto, mas continuam a integrar o Colégio Cardinalício.

Cardeais eleitores

Os cardeais brasileiros eleitores – ou seja, aqueles que ainda podem votar em um eventual conclave – são cinco:

Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de São Salvador da Bahia.

Dom Orani João Tempesta, O.Cist., arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo.

Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM, arcebispo de Manaus.

Dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília.

Cardeais eméritos

Os três cardeais brasileiros eméritos, que ultrapassaram os 80 anos e já não participam mais do conclave são:

Dom João Braz de Aviz, prefeito emérito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.

Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida.

Dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de São Salvador da Bahia.

Quem são os cardeais brasileiros hoje?

Confira a lista atualizada dos cardeais brasileiros vivos, ativos e eméritos, com seus respectivos dados:

Cardeais eleitores (com menos de 80 anos)

Dom Sérgio da Rocha

Data de nomeação: 19 de novembro de 2016, pelo Papa Francisco.
Arquidiocese: São Salvador da Bahia.
Cargo atual: Arcebispo de São Salvador da Bahia.

Dom Orani João Tempesta, O.Cist.

Data de nomeação: 22 de fevereiro de 2014, pelo Papa Francisco.
Arquidiocese: São Sebastião do Rio de Janeiro.
Cargo atual: Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Dom Odilo Pedro Scherer

Data de nomeação: 24 de novembro de 2007, pelo Papa Bento XVI.
Arquidiocese: São Paulo.
Cargo atual: Arcebispo de São Paulo.

Dom Leonardo Ulrich Steiner, OFM

Data de nomeação: 27 de agosto de 2022, pelo Papa Francisco.
Arquidiocese: Manaus.
Cargo atual: Arcebispo de Manaus.

Dom Paulo Cezar Costa

Data de nomeação: 27 de agosto de 2022, pelo Papa Francisco.
Arquidiocese: Brasília.
Cargo atual: Arcebispo de Brasília.

Saiba tudo sobre como funciona o processo de eleição de um Papa, o Conclave.

Cardeais eméritos (com mais de 80 anos)

Dom João Braz de Aviz

Data de nomeação: 18 de fevereiro de 2012, pelo Papa Bento XVI.
Arquidiocese: Antes arcebispo de Brasília; posteriormente prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.
Cargo atual: Emérito do Dicastério (aposentado, mas atuante em algumas missões pontifícias).

Dom Raymundo Damasceno Assis

Data de nomeação: 20 de novembro de 2010, pelo Papa Bento XVI.
Arquidiocese: Aparecida.
Cargo atual: Arcebispo emérito de Aparecida.

Dom Geraldo Majella Agnelo

Data de nomeação: 21 de fevereiro de 2001, pelo Papa João Paulo II.
Arquidiocese: São Salvador da Bahia.
Cargo atual: Arcebispo emérito de São Salvador da Bahia.

Qual a importância dos cardeais brasileiros na Igreja?

A presença de cardeais brasileiros no Colégio Cardinalício vai além de um reconhecimento simbólico: reflete a importância da Igreja no Brasil dentro da comunhão católica universal. Sendo a maior nação católica em número de fiéis, o país oferece à Igreja figuras de grande projeção pastoral, teológica e missionária, que colaboram diretamente com o Papa nos rumos da Igreja.

Vários desses cardeais já ocuparam cargos estratégicos no Vaticano. Dom João Braz de Aviz, por exemplo, liderou o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada, promovendo o diálogo com as ordens religiosas. Dom Cláudio Hummes, além de seu papel como prefeito da Congregação para o Clero, foi um dos grandes articuladores do Sínodo da Amazônia, ressaltando o cuidado com os povos indígenas e a missão da Igreja na região.

Também no CELAM, a atuação dos cardeais brasileiros tem sido expressiva. Dom Aloísio Lorscheider marcou presença nas conferências de Medellín e Puebla, e mais recentemente, Dom Leonardo Steiner deu continuidade à reflexão sobre os desafios sociais e ecológicos da América Latina, sempre em sintonia com o magistério do Papa Francisco.

A participação ativa dos cardeais brasileiros nos conclaves e nos organismos eclesiais é um testemunho da maturidade e vitalidade da fé no Brasil. Eles representam, diante do mundo, a riqueza espiritual de um povo que evangeliza com esperança, celebra com devoção e caminha, com coragem, ao lado do Papa. Que conhecê-los nos inspire também a viver nossa fé com fidelidade e entrega.

Que tal rezar a oração para o período de sé vacante?


Fontes:

Vatican News – Nomeação de cardeais brasileiros em 2022
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2022-08/brasil-tem-novos-cardeais-leonardo-steiner-paulo-cezar-costa.html

Santa Sé – Lista oficial dos cardeais criados por Bento XVI e Francisco
https://press.vatican.va/content/salastampa/en/documentation/cardinals_biographies/cardinals_creati_da_benedetto_xvi.html
https://press.vatican.va/content/salastampa/en/documentation/cardinals_biographies/cardinals_creati_da_francesco.html

CNBB – Apresentação dos cardeais brasileiros
https://www.cnbb.org.br/cardeais-brasileiros-conheca-os-novos/

REPAM – Dom Cláudio Hummes e o Sínodo da Amazônia
https://repam.net.br/dom-claudio-hummes-e-o-sinodo-da-amazonia/CELAM – História das Conferências Episcopais da América Latina
https://celam.org/historia/

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