Formação

O que é o Credo?

O que é o Credo? Conheça a profissão de fé da Igreja Católica, sua origem, estrutura e papel central na liturgia e na vida dos fiéis.

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O que é o Credo?

O que é o Credo? Conheça a profissão de fé da Igreja Católica, sua origem, estrutura e papel central na liturgia e na vida dos fiéis.

Data da Publicação: 15/12/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 15/12/2025
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Autor: Redação MBC

O que é o Credo? Mais do que uma fórmula recitada na Missa, o Credo é a profissão fundamental da fé da Igreja, na qual se exprime aquilo que ela crê, ensina e transmite desde os Apóstolos. Conhecer o Credo é entrar no núcleo da fé católica e compreender as verdades que sustentam a caminhada do cristão. A seguir, aprofundamos o significado do Credo na fé católica, sua origem, seu conteúdo e seu lugar na vida da Igreja.

O que é o Credo na fé católica?

O Credo é a profissão solene da fé cristã, uma fórmula sagrada que expressa as verdades essenciais da Revelação. Recitado por milhões de fiéis em todo o mundo, especialmente na liturgia da Santa Missa, o Credo condensa em poucas palavras o coração da fé católica. Seu nome vem do latim Credo, que significa “eu creio”, e já nos primeiros séculos era usado como sinal de pertença à Igreja, um verdadeiro distintivo da ortodoxia cristã.

Desde os tempos apostólicos, a Igreja considerou essencial professar com os lábios a fé que arde no coração (cf. Rm 10,9-10). Essa profissão pública vai além de uma formalidade: é um ato de adesão amorosa a Deus, uma entrega total à verdade revelada. O Catecismo da Igreja Católica ensina: “’Crer’ é um ato humano, consciente e livre, que corresponde à dignidade da pessoa humana” (CIC 154). O Credo, assim, estabelece uma ponte entre a fé recebida da Igreja e a fé vivida por cada fiel.

Por que se chama “Credo”?

A palavra Credo significa “eu creio”. Ela inicia os dois principais símbolos da fé na tradição católica: o Credo dos Apóstolos e o Credo Niceno-Constantinopolitano. Ambos começam com essa expressão que traduz a adesão interior à verdade revelada: “Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso…”.

O uso do termo no singular também possui profundo significado teológico. Embora a fé seja professada por muitos, trata-se de um único e mesmo ato de fé, recebido da mesma Igreja e proclamado com uma só voz (cf. CIC 172). Desse modo, o Credo não é apenas uma declaração de convicções individuais, mas a afirmação de uma fé una e católica.

Símbolo, profissão e oração

A oração do Credo recorda que crer não consiste apenas em aceitar verdades, mas em entrar em comunhão viva com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Por isso, sua recitação é feita com solenidade e reverência, sobretudo durante a Santa Missa, como expressão litúrgica da fé da Igreja.

Além disso, o Credo ocupa lugar de destaque nos sacramentos da iniciação cristã — especialmente no Batismo e na Crisma —, nos quais a fé é professada de forma explícita por quem entra na vida cristã ou confirma sua adesão a Cristo e à Igreja.

O que o Catecismo diz sobre o Credo?
Origem e a história

Desde os primeiros séculos da Igreja, os cristãos sentiram a necessidade de expressar publicamente sua fé em fórmulas breves e doutrinariamente precisas. A origem do Credo remonta ao tempo dos Apóstolos, quando os primeiros cristãos, ao se prepararem para o Batismo, eram instruídos nas verdades fundamentais da fé.

Essas verdades eram professadas de forma solene, geralmente com a simples afirmação: “Creio”. O Catecismo confirma essa tradição ao ensinar: “O primeiro ‘Credo’ foi a profissão de fé do Batismo. Dado que o Batismo é conferido ‘em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’ (Mt 28,19), as verdades de fé professadas no Batismo são articuladas em função da sua referência às três Pessoas da Santíssima Trindade” (CIC 189).

Assim, desde o princípio, o Credo não surgiu como invenção teológica, mas como resposta fiel à Revelação recebida.

Quando surgiu o Credo?

O Credo não tem origem em um único momento ou documento, mas em um processo orgânico de transmissão da fé. Nos primeiros séculos, os catecúmenos aprendiam as verdades fundamentais antes de receberem o Batismo e as professavam numa fórmula breve, memorizada e transmitida oralmente. Isso revela o caráter litúrgico e eclesial do Credo desde o início.

Essas fórmulas primitivas, ainda que variáveis em detalhes, já continham os elementos essenciais da fé trinitária e cristológica. O Catecismo explica: “Desde os tempos mais remotos, a Igreja expressou e transmitiu a sua fé em fórmulas breves e normativas para todos” (CIC 186).

O Credo dos Apóstolos e o Credo Niceno-Constantinopolitano

Na Tradição da Igreja, dois Credos gozam de autoridade universal: o Credo dos Apóstolos e o Credo Niceno-Constantinopolitano. O primeiro é uma fórmula mais breve que, segundo antiga tradição, teria sido composta pelos próprios Apóstolos antes de se dispersarem para pregar o Evangelho. Embora isso não seja historicamente comprovado, sua origem apostólica é reconhecida por resumir fielmente a doutrina transmitida desde os primeiros tempos.

O Credo Niceno-Constantinopolitano foi elaborado nos Concílios ecumênicos de Niceia (325) e Constantinopla (381), com o objetivo de defender a fé contra heresias, especialmente o arianismo, que negava a divindade de Cristo. Essa fórmula mais desenvolvida é a que se recita habitualmente nas celebrações dominicais e solenidades.

O Catecismo reconhece a autoridade dessas duas fórmulas: “Entre todos os símbolos da fé, dois ocupam um lugar especial na vida da Igreja: o Símbolo dos Apóstolos e o Símbolo chamado de Niceno-Constantinopolitano” (CIC 193).

Saiba mais sobre o Credo Niceno-Constantinopolitano.

O Credo como resposta às heresias

Ao longo da história da Igreja, o Credo também teve uma função apologética e disciplinar: proteger a fé contra os erros. As heresias que surgiram nos primeiros séculos — como o gnosticismo, o arianismo, o monofisismo e outros — exigiram da Igreja uma resposta clara e inequívoca sobre quem é Jesus Cristo, qual é a sua relação com o Pai e o Espírito Santo, e qual é a verdadeira natureza da Igreja.

Foi nesse contexto que os Concílios elaboraram e definiram os Credos. Eles não criaram uma nova fé, mas organizaram e afirmaram, com autoridade apostólica, a fé já vivida e crida pelo povo de Deus. Como ensina o Catecismo: “Os primeiros concílios procuraram articular de forma normativa a fé da Igreja […] para enfrentar as heresias e conservar a unidade da fé” (cf. CIC 192).

O conteúdo do Credo católico

O que é o Credo, senão a síntese mais fiel da fé da Igreja? Nele se encontram condensadas as verdades centrais da Revelação: a Santíssima Trindade, a Encarnação do Verbo, a Redenção, a Igreja, os sacramentos e a esperança na vida eterna. O Credo não é uma criação humana nem uma construção filosófica; é a expressão do depósito da fé confiado por Cristo aos Apóstolos e transmitido de geração em geração sob a assistência do Espírito Santo.

O Catecismo ensina que “como no dia do nosso Batismo, quando toda a nossa vida foi confiada à ‘regra de doutrina’ (Rm 6,17), acolhamos o Credo da nossa vida, a profissão de fé” (CIC 197). Isso significa que conhecer o Credo é conhecer a estrutura do que cremos, em sua totalidade e coerência.

O Credo e os dogmas centrais da fé

Cada artigo do Credo corresponde a um núcleo dogmático do cristianismo. Ao proclamar “Creio em Deus Pai todo-poderoso”, afirmamos o primeiro dogma fundamental: a existência de Deus, Criador e Senhor do céu e da terra. A seguir, professamos a divindade de Jesus Cristo, sua Encarnação, Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão — todos dogmas fundamentais da cristologia e da soteriologia.

Além disso, o Credo declara a fé no Espírito Santo, na Igreja, na comunhão dos santos, no perdão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Trata-se de um percurso doutrinal que vai da origem (Deus Criador) ao fim último (a glória eterna).

Karl Adam comenta: “Trazem assim todos os dogmas da Igreja Católica a marca do Cristo; exprimem um aspecto da sua revelação e nos põem sob os olhos, em toda a extensão do seu desenvolvimento histórico, o Cristo vivo, Salvador, Rei, Juiz” (A Essência do Catolicismo, p. 36).

A estrutura trinitária do Credo

O que é o Credo, senão uma profissão de fé trinitária? Sua divisão em três partes reflete precisamente as três Pessoas divinas. O Catecismo explica: “Esta estrutura trinitária do Símbolo da fé remonta ao Batismo dos novos discípulos ‘em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’ (Mt 28,19)” (CIC 189).

  • Primeira parte: fé em Deus Pai, Criador do céu e da terra;
  • Segunda parte: fé em Jesus Cristo, Filho de Deus, e na obra da Redenção;
  • Terceira parte: fé no Espírito Santo e na ação da graça na Igreja e no mundo.

Essa estrutura não é apenas lógica, mas também litúrgica e existencial: crer no Pai que nos cria, no Filho que nos salva e no Espírito que nos santifica.

Cada artigo do Credo em resumo

1. Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra
Este primeiro artigo afirma a existência de Deus como Pai amoroso e todo-poderoso, origem de toda a criação. Ele não é uma força impessoal, mas uma Pessoa que age com sabedoria e providência. A criação “do céu e da terra” indica tudo o que existe: o mundo visível e o invisível (cf. CIC 198–199, 279–324).
“No princípio, Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1) — esta é a primeira verdade da fé.

2. E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor
Proclamamos aqui a fé na segunda Pessoa da Trindade, verdadeira Deus e verdadeiro homem, enviado pelo Pai para a nossa salvação. Ele é o Filho Unigênito, eterno, consubstancial ao Pai (cf. CIC 430–451). Ao chamá-lo de “nosso Senhor”, reconhecemos sua soberania divina e sua autoridade messiânica (cf. At 2,36).

3. Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo e nasceu da Virgem Maria
Este artigo celebra o mistério da Encarnação: o Verbo eterno se fez carne (Jo 1,14). Ele foi concebido no seio de Maria por obra do Espírito Santo, sem intervenção humana, o que confirma sua divindade. Ao mesmo tempo, nasceu de uma mulher, o que confirma sua plena humanidade (cf. CIC 456–478).

4. Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado
Esta é a proclamação do mistério da Paixão e Morte de Cristo. A menção a Pôncio Pilatos indica que a Redenção se deu na história concreta. A morte de Cristo não foi um fracasso, mas um sacrifício voluntário de amor, em expiação pelos pecados da humanidade (cf. CIC 595–618).

5. Desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia
Ao descer à mansão dos mortos, Cristo manifestou sua vitória sobre a morte e anunciou a salvação aos justos que o precederam (cf. CIC 631–635). Sua Ressurreição ao terceiro dia é o ponto culminante da fé cristã: prova sua divindade e garante a nossa própria ressurreição (cf. CIC 638–658).

6. Subiu aos céus e está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso
Cristo não apenas ressuscitou, mas ascendeu ao céu, onde reina com o Pai. A imagem de “sentar-se à direita” indica sua participação plena no poder e na glória divina. Ele intercede por nós e governa a Igreja como cabeça do Corpo Místico (cf. CIC 659–667).

7. Donde há de vir a julgar os vivos e os mortos
Professamos a fé na segunda vinda de Cristo, quando Ele julgará com justiça todas as pessoas. Esse juízo será pessoal (após a morte) e universal (no fim dos tempos). O Cristo que veio salvar, virá também como Juiz soberano (cf. CIC 668–682).

8. Creio no Espírito Santo
O que é o Credo, senão uma profissão trinitária? Aqui, proclamamos a fé no Espírito Santo, terceira Pessoa da Trindade, que procede do Pai e do Filho, e é “Senhor que dá a vida”. É Ele quem santifica a Igreja, distribui os dons e conduz à verdade plena (cf. CIC 683–747).

9. Na Santa Igreja Católica
Esta é a fé no Mistério da Igreja una, santa, católica e apostólica. Fundada por Cristo e guiada pelo Espírito Santo, a Igreja é sacramento universal de salvação. Ao professar essa fé, reconhecemos a Igreja como nossa Mãe e Mestra na fé (cf. CIC 748–945).

10. Na comunhão dos santos
Trata-se da união espiritual de todos os fiéis em Cristo: os que peregrinam na terra, os que estão no purgatório e os que já gozam da glória celeste. É a solidariedade sobrenatural do Corpo Místico, na qual todos participam dos méritos de Cristo e das orações da Igreja (cf. CIC 946–962).

11. Na remissão dos pecados
Afirma-se aqui a fé no perdão dado por Deus, especialmente por meio dos sacramentos do Batismo e da Penitência. O poder de perdoar os pecados foi confiado à Igreja por Cristo (cf. Jo 20,23; CIC 976–987).

12. Na ressurreição da carne e na vida eterna
A fé cristã não é apenas espiritual: cremos na ressurreição dos corpos, no fim dos tempos, e na vida eterna com Deus. Esse artigo expressa a esperança na plenitude da Redenção e no cumprimento das promessas de Cristo (cf. CIC 988–1060).

O que é o Credo segundo o Catecismo?

O Catecismo da Igreja Católica dedica sua primeira grande parte à profissão de fé, isto é, à explicação do Credo. A partir do parágrafo 142, ele mostra que crer é uma resposta ao Deus que se revela. Essa fé não é uma adesão a ideias abstratas, mas uma entrega confiante à Pessoa de Deus que se manifesta em Cristo e é acolhida na Igreja.

Segundo o Catecismo, “crer” é um ato ao mesmo tempo pessoal e comunitário. Por isso, o Credo, embora seja recitado no singular (“Creio”), expressa a fé da Igreja una e universal: “A fé da Igreja precede, gera, conduz e alimenta a nossa fé. A Igreja é a mãe de todos os crentes” (CIC 168).

O Credo como resposta ao dom da fé (CIC 142–197)

A fé é um dom de Deus e uma resposta livre do homem. Quando recitamos o Credo, estamos acolhendo esse dom com todo o nosso ser: inteligência, vontade e coração. O Catecismo ensina que “crer é um ato do intelecto, que assente à verdade divina por imperativo da vontade movida por Deus através da graça” (CIC 155).

Essa profissão de fé é, portanto, racional, mas também espiritual. Não é uma crença cega, mas uma adesão iluminada à verdade revelada. O Credo sintetiza essa resposta, como um “sim” integral e confiante à Revelação divina.

Fé, razão e autoridade da Igreja (CIC 150–154)

O Catecismo ressalta que crer implica confiar na autoridade de Deus e na Igreja que transmite essa fé. Deus não engana, nem se engana — por isso, a fé é certa. A Igreja, por sua vez, é “coluna e sustentáculo da verdade” (1Tm 3,15) e, com autoridade recebida de Cristo, apresenta à nossa fé os artigos do Credo.

O Credo é o conjunto de verdades que a Igreja, com autoridade divina, propõe como reveladas por Deus e necessárias à salvação. Por isso, recitar o Credo é também um ato de comunhão com o Magistério da Igreja.

A unidade da fé: “um só Credo” (CIC 172–175)

Ainda que haja diferentes fórmulas do Credo (como o dos Apóstolos ou o Niceno-Constantinopolitano), a fé professada é sempre a mesma. O Catecismo enfatiza que existe uma só fé, pois existe um só Deus, um só Senhor e um só Batismo (cf. Ef 4,5).

O Credo é a expressão dessa unidade. “Através dos séculos, em tantas línguas, culturas e nações, a Igreja confessa uma única fé, recebida de um só Senhor, transmitida por um só Batismo, enraizada na convicção de que todos creem no mesmo Deus” (cf. CIC 172).

O Credo na liturgia católica

Na liturgia da Igreja, o Credo ocupa um lugar de destaque como expressão pública da fé da assembleia cristã. Não se trata apenas de uma recitação simbólica, mas de um verdadeiro ato de culto, no qual os fiéis respondem à Palavra de Deus proclamada com a profissão da fé recebida no Batismo e vivida em comunhão com a Igreja universal.

A Instrução Geral do Missal Romano afirma que o Credo deve ser recitado ou cantado aos domingos e solenidades, após a homilia, como resposta à pregação e como reafirmação da fé antes da Liturgia Eucarística. Assim, a profissão de fé serve de elo entre o anúncio da Palavra e a celebração do Sacrifício.

Por que recitamos o Credo na Missa?

A recitação do Credo durante a Santa Missa tem valor doutrinal, litúrgico e comunitário. Liturgicamente, ele marca a passagem da Liturgia da Palavra para a Liturgia Eucarística. Doutrinalmente, reafirma que aquilo que ouvimos na Sagrada Escritura e na homilia é parte do depósito da fé. E, comunitariamente, une todos os fiéis na mesma confissão de fé.

Ao recitar o Credo de pé, com reverência e solenidade, manifestamos nossa adesão às verdades que nos salvam e nossa comunhão com toda a Igreja. É uma profissão viva e atualizada da fé que nos une ao Corpo de Cristo e nos prepara para recebê-lo na Eucaristia.

O Credo e a iniciação cristã

A relação entre o Credo e os sacramentos da iniciação cristã é profunda e essencial. No Batismo, o catecúmeno (ou seus pais e padrinhos, no caso do Batismo infantil) professa a fé da Igreja — a mesma fé que está contida no Credo. O rito batismal inclui uma renúncia ao pecado e uma tríplice profissão de fé trinitária, diretamente inspirada na fórmula do Credo.

Na Crisma, essa fé é confirmada, fortalecida pelo dom do Espírito Santo, e a renovação das promessas batismais é reafirmada. Na Eucaristia, essa mesma fé é celebrada e alimentada. O Catecismo afirma: “Desde os tempos mais remotos, o Batismo é conferido em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A profissão de fé do batizando é, pois, trinitária” (CIC 189).

O Credo e a Tradição da Igreja

O Credo não é apenas um texto fixo ou uma oração recitada de forma mecânica. Ele é a expressão da Tradição viva da Igreja, fruto da fé recebida dos Apóstolos, meditada, celebrada e transmitida com fidelidade ao longo dos séculos. O Catecismo afirma: “O Credo é a síntese da fé, da Revelação, que a Tradição da Igreja conservou, ensinou e celebrou” (cf. CIC 190–191).

Essa continuidade na fé não é estática, mas dinâmica: os conteúdos do Credo foram sendo explicitados com maior clareza ao longo da história, sobretudo em resposta a desafios doutrinais. No entanto, o núcleo da fé permanece imutável, pois está enraizado na Revelação divina confiada à Igreja.

Lex orandi, lex credendi

A antiga máxima da Tradição cristã, “lex orandi, lex credendi” — “a lei da oração é a lei da fé” —, exprime de forma perfeita o vínculo entre liturgia e doutrina. Em outras palavras, aquilo que a Igreja crê, ela o expressa em sua oração, especialmente na liturgia. E o que se celebra torna-se, por sua vez, fonte e confirmação da fé.

O Credo é fruto dessa interação viva entre fé e oração. Antes mesmo de ser fixado em fórmulas escritas, ele já estava presente na prática litúrgica dos primeiros cristãos, nas fórmulas do Batismo, nas orações eucarísticas e nos hinos da comunidade. Por isso, o Catecismo afirma que “a maneira de orar (lex orandi) precede a fórmula da fé (lex credendi)” (cf. CIC 1124).

A continuidade apostólica do Credo

Desde os tempos apostólicos, a fé foi transmitida oralmente antes de ser sistematizada em textos. Os Apóstolos ensinaram o que receberam de Cristo, e as comunidades conservaram com zelo essa doutrina. O Credo é fruto desse processo de transmissão fiel, que chamamos Tradição Apostólica.

Contra qualquer ideia de que os dogmas foram invenções posteriores, a Igreja sempre insistiu na fidelidade ao que foi recebido: “Timóteo, guarda o depósito da fé” (2Tm 1,14). Como ensina Karl Adam, “nenhum lugar se abriu para o fantasma estranho de uma invenção […] a fé se desenvolve a partir da pregação apostólica, vivida na comunidade” (A Essência do Catolicismo, p. 114–115).

Assim, o que hoje professamos no Credo é exatamente a mesma fé que ardeu no coração dos Apóstolos — formulada com clareza, transmitida com fidelidade, guardada com amor.

Por que é necessário crer no Credo?

Crer no Credo é mais do que aceitar um conjunto de doutrinas: é aderir plenamente à verdade revelada por Deus e confiada à Igreja para nossa salvação. A profissão de fé expressa no Credo não é facultativa, mas é exigência da própria fé cristã, como atesta a Tradição e o Magistério da Igreja.

O Catecismo afirma com clareza: “Crer em Jesus Cristo e naquele que o enviou para nossa salvação é necessário para obter essa salvação” (CIC 161). O Credo resume essa fé necessária e, por isso, é usado em contextos decisivos: no Batismo, na recepção de convertidos, na celebração da Missa e em momentos de renovação da fé.

A recitação do Credo é, portanto, um ato de fidelidade que compromete toda a vida. Como professava a antiga fórmula: “Sem fé, é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6).

“Quem quiser salvar-se…”

O chamado “Símbolo de Santo Atanásio”, acolhido pela Tradição como uma das fórmulas da fé católica, começa com palavras fortes e solenes:

“Todo aquele que quiser salvar-se deve, antes de tudo, professar a fé católica. Quem não a guardar íntegra e inviolável, certamente perecerá eternamente.”

Embora essa linguagem possa soar severa, ela expressa a convicção da Igreja primitiva de que a verdade revelada por Deus não é opcional. A salvação é dom gratuito, mas exige adesão a Cristo e à fé que Ele instituiu. Por isso, conhecer e professar o Credo é participar conscientemente dessa fé que salva.

A intenção não é condenar, mas preservar a fé verdadeira como um bem que conduz à vida eterna. O Credo protege o fiel do erro e o orienta na comunhão com Deus.

Crer com o coração e com os lábios

A profissão de fé deve vir do íntimo do coração, mas também ser expressa publicamente. São Paulo ensina:

“Se com a tua boca confessares Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10,9).

Assim, a profissão do Credo une interioridade e testemunho. Não se trata apenas de repetir palavras, mas de confessar com os lábios o que o coração acolheu pela graça. Por isso, o Credo é tanto uma oração pessoal quanto um ato eclesial, que nos vincula ao Corpo de Cristo.

Aqueles que professam o Credo, sobretudo em meio às dificuldades e perseguições, realizam um verdadeiro ato de martírio espiritual, permanecendo fiéis à verdade recebida.

O Credo e a comunhão dos santos

Entre os artigos mais belos e misteriosos do Credo está aquele que afirma: “Creio na comunhão dos santos”. Com essas palavras, professamos nossa fé em uma realidade profundamente espiritual e eclesial: a união invisível entre todos os membros da Igreja — vivos e falecidos — unidos em Cristo pelo Espírito Santo.

O Catecismo explica: “A comunhão dos santos é precisamente a Igreja” (CIC 946). Essa comunhão se manifesta de duas formas: na participação comum aos bens espirituais (sacramentos, graças, carismas) e na solidariedade entre todos os fiéis, que formam um só Corpo em Cristo. “Se um membro sofre, todos sofrem com ele; se um membro é honrado, todos se alegram com ele” (1Cor 12,26).

O que é a comunhão dos santos?

A comunhão dos santos é a realidade sobrenatural que une os fiéis da Igreja peregrina na terra, da Igreja padecente no purgatório e da Igreja gloriosa no céu. Não estamos sozinhos em nossa caminhada de fé. A vida cristã se sustenta na intercessão dos santos, nas orações mútuas e na partilha dos méritos espirituais de Cristo e da Igreja.

Essa doutrina nos lembra que a salvação é comunitária. O bem que cada fiel realiza repercute em toda a Igreja, e os sofrimentos oferecidos com amor podem ser fonte de graças para outros. É a mística da caridade sobrenatural, que ultrapassa os limites do tempo e do espaço.

O Catecismo afirma: “Na comunhão dos santos, ‘cada um trabalha para o bem de todos e todos para o bem de cada um’” (CIC 953).

O Credo como expressão do Corpo Místico de Cristo

Ao professar o Credo, sobretudo este artigo, manifestamos nossa pertença ao Corpo Místico de Cristo, no qual Cristo é a Cabeça e nós somos os membros. Essa verdade, revelada por São Paulo, é vivida na Igreja como uma realidade espiritual e sacramental (cf. Ef 4,4-6; Cl 1,18).

O Credo nos recorda que não existe fé autêntica sem comunhão. Ao crer na comunhão dos santos, renovamos nossa fé na santidade da Igreja e nos unimos à multidão dos que, antes de nós, creram, sofreram, esperaram e amaram em nome de Cristo.

Essa comunhão é também fonte de consolação: ela nos garante que a morte não nos separa daqueles que estão em Cristo. Todos formamos uma só Igreja, em comunhão de fé, amor e oração.

O Credo católico em comparação com outras confissões de fé cristã

Embora outras tradições cristãs também possuam fórmulas de fé, o Credo católico se distingue pela sua origem apostólica, plenitude doutrinal e vínculo com a Tradição e o Magistério da Igreja. Ele é mais do que uma declaração de crenças: é a profissão pública da fé da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.

Desde os primeiros Concílios ecumênicos, o Credo católico foi formulado para expressar com precisão a doutrina revelada, preservando a verdade contra heresias e erros. Ele está em profunda continuidade com a fé dos Apóstolos e é guardado pela Igreja com autoridade e fidelidade.

Outras confissões cristãs, como as de tradição reformada, costumam adotar declarações doutrinárias próprias, muitas vezes centradas na Escritura isoladamente. Já a fé católica, expressa no Credo, une Escritura, Tradição e Magistério em uma única harmonia de fé.

O Credo diante do princípio da Sola Scriptura

​​Muitas comunidades protestantes seguem o princípio da Sola Scriptura, ou seja, a crença de que somente a Bíblia é fonte de autoridade doutrinária. Isso leva à ausência de uma fórmula universal de fé comum entre elas e a múltiplas interpretações da Escritura.

A fé católica, por outro lado, reconhece que a Revelação de Deus se deu tanto pela Sagrada Escritura quanto pela Tradição (cf. Dei Verbum, 9). O Credo é fruto dessa Tradição viva, iluminada pela Escritura e garantida pelo Magistério da Igreja, a quem Cristo confiou o encargo de ensinar “tudo o que vos mandei” (Mt 28,20).

Assim, enquanto o princípio da Sola Scriptura levou, ao longo do tempo, à fragmentação da fé em múltiplas interpretações e confissões, o Credo preserva a unidade da fé apostólica, professada com a mesma voz em todos os tempos e lugares., o Credo preserva a unidade da fé apostólica, professada com a mesma voz em todos os tempos e lugares.

O Credo na unidade doutrinal e autoridade da Igreja

O Credo católico está inseparavelmente ligado à unidade doutrinal da Igreja. Ele é professado em todos os continentes, por povos de diferentes línguas e culturas, sempre com o mesmo conteúdo, pois é garantido pela autoridade magisterial que Cristo conferiu aos Apóstolos e seus sucessores (cf. Mt 16,18-19).

Essa autoridade não é poder humano, mas serviço à verdade revelada. O Magistério não inventa doutrinas; ele conserva, interpreta e ensina fielmente o que foi transmitido. O Catecismo ensina: “O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja” (CIC 85).

Conclusão: o Credo é o coração da fé católica

O Credo é muito mais do que uma antiga fórmula recitada há séculos: ele é o coração da fé católica, a síntese viva daquilo que a Igreja crê, ensina, celebra e transmite desde os Apóstolos. Cada uma de suas palavras foi meditada, afirmada e vivida por gerações de fiéis que, como nós, buscaram conhecer, amar e seguir a verdade revelada por Deus.

Professar o Credo é colocar-se na grande corrente da fé que une o céu e a terra, o passado, o presente e o futuro da Igreja. É, ao mesmo tempo, um ato de adoração, de comunhão e de fidelidade. Como ensina o Catecismo: “Antes de tudo, a profissão da fé é um ato pessoal: é a resposta do homem a Deus que se revela e se entrega a ele” (CIC 166).

Num tempo marcado por dúvidas, relativismos e crises de identidade espiritual, conhecer e rezar o Credo é um antídoto contra o erro e um alicerce seguro para a vida cristã. Ele é a chave para compreender a nossa fé, fortalecer nossa esperança e crescer no amor.

Redação MBC

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O que é o Credo? Mais do que uma fórmula recitada na Missa, o Credo é a profissão fundamental da fé da Igreja, na qual se exprime aquilo que ela crê, ensina e transmite desde os Apóstolos. Conhecer o Credo é entrar no núcleo da fé católica e compreender as verdades que sustentam a caminhada do cristão. A seguir, aprofundamos o significado do Credo na fé católica, sua origem, seu conteúdo e seu lugar na vida da Igreja.

O que é o Credo na fé católica?

O Credo é a profissão solene da fé cristã, uma fórmula sagrada que expressa as verdades essenciais da Revelação. Recitado por milhões de fiéis em todo o mundo, especialmente na liturgia da Santa Missa, o Credo condensa em poucas palavras o coração da fé católica. Seu nome vem do latim Credo, que significa “eu creio”, e já nos primeiros séculos era usado como sinal de pertença à Igreja, um verdadeiro distintivo da ortodoxia cristã.

Desde os tempos apostólicos, a Igreja considerou essencial professar com os lábios a fé que arde no coração (cf. Rm 10,9-10). Essa profissão pública vai além de uma formalidade: é um ato de adesão amorosa a Deus, uma entrega total à verdade revelada. O Catecismo da Igreja Católica ensina: “’Crer’ é um ato humano, consciente e livre, que corresponde à dignidade da pessoa humana” (CIC 154). O Credo, assim, estabelece uma ponte entre a fé recebida da Igreja e a fé vivida por cada fiel.

Por que se chama “Credo”?

A palavra Credo significa “eu creio”. Ela inicia os dois principais símbolos da fé na tradição católica: o Credo dos Apóstolos e o Credo Niceno-Constantinopolitano. Ambos começam com essa expressão que traduz a adesão interior à verdade revelada: “Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso…”.

O uso do termo no singular também possui profundo significado teológico. Embora a fé seja professada por muitos, trata-se de um único e mesmo ato de fé, recebido da mesma Igreja e proclamado com uma só voz (cf. CIC 172). Desse modo, o Credo não é apenas uma declaração de convicções individuais, mas a afirmação de uma fé una e católica.

Símbolo, profissão e oração

A oração do Credo recorda que crer não consiste apenas em aceitar verdades, mas em entrar em comunhão viva com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Por isso, sua recitação é feita com solenidade e reverência, sobretudo durante a Santa Missa, como expressão litúrgica da fé da Igreja.

Além disso, o Credo ocupa lugar de destaque nos sacramentos da iniciação cristã — especialmente no Batismo e na Crisma —, nos quais a fé é professada de forma explícita por quem entra na vida cristã ou confirma sua adesão a Cristo e à Igreja.

O que o Catecismo diz sobre o Credo?
Origem e a história

Desde os primeiros séculos da Igreja, os cristãos sentiram a necessidade de expressar publicamente sua fé em fórmulas breves e doutrinariamente precisas. A origem do Credo remonta ao tempo dos Apóstolos, quando os primeiros cristãos, ao se prepararem para o Batismo, eram instruídos nas verdades fundamentais da fé.

Essas verdades eram professadas de forma solene, geralmente com a simples afirmação: “Creio”. O Catecismo confirma essa tradição ao ensinar: “O primeiro ‘Credo’ foi a profissão de fé do Batismo. Dado que o Batismo é conferido ‘em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’ (Mt 28,19), as verdades de fé professadas no Batismo são articuladas em função da sua referência às três Pessoas da Santíssima Trindade” (CIC 189).

Assim, desde o princípio, o Credo não surgiu como invenção teológica, mas como resposta fiel à Revelação recebida.

Quando surgiu o Credo?

O Credo não tem origem em um único momento ou documento, mas em um processo orgânico de transmissão da fé. Nos primeiros séculos, os catecúmenos aprendiam as verdades fundamentais antes de receberem o Batismo e as professavam numa fórmula breve, memorizada e transmitida oralmente. Isso revela o caráter litúrgico e eclesial do Credo desde o início.

Essas fórmulas primitivas, ainda que variáveis em detalhes, já continham os elementos essenciais da fé trinitária e cristológica. O Catecismo explica: “Desde os tempos mais remotos, a Igreja expressou e transmitiu a sua fé em fórmulas breves e normativas para todos” (CIC 186).

O Credo dos Apóstolos e o Credo Niceno-Constantinopolitano

Na Tradição da Igreja, dois Credos gozam de autoridade universal: o Credo dos Apóstolos e o Credo Niceno-Constantinopolitano. O primeiro é uma fórmula mais breve que, segundo antiga tradição, teria sido composta pelos próprios Apóstolos antes de se dispersarem para pregar o Evangelho. Embora isso não seja historicamente comprovado, sua origem apostólica é reconhecida por resumir fielmente a doutrina transmitida desde os primeiros tempos.

O Credo Niceno-Constantinopolitano foi elaborado nos Concílios ecumênicos de Niceia (325) e Constantinopla (381), com o objetivo de defender a fé contra heresias, especialmente o arianismo, que negava a divindade de Cristo. Essa fórmula mais desenvolvida é a que se recita habitualmente nas celebrações dominicais e solenidades.

O Catecismo reconhece a autoridade dessas duas fórmulas: “Entre todos os símbolos da fé, dois ocupam um lugar especial na vida da Igreja: o Símbolo dos Apóstolos e o Símbolo chamado de Niceno-Constantinopolitano” (CIC 193).

Saiba mais sobre o Credo Niceno-Constantinopolitano.

O Credo como resposta às heresias

Ao longo da história da Igreja, o Credo também teve uma função apologética e disciplinar: proteger a fé contra os erros. As heresias que surgiram nos primeiros séculos — como o gnosticismo, o arianismo, o monofisismo e outros — exigiram da Igreja uma resposta clara e inequívoca sobre quem é Jesus Cristo, qual é a sua relação com o Pai e o Espírito Santo, e qual é a verdadeira natureza da Igreja.

Foi nesse contexto que os Concílios elaboraram e definiram os Credos. Eles não criaram uma nova fé, mas organizaram e afirmaram, com autoridade apostólica, a fé já vivida e crida pelo povo de Deus. Como ensina o Catecismo: “Os primeiros concílios procuraram articular de forma normativa a fé da Igreja […] para enfrentar as heresias e conservar a unidade da fé” (cf. CIC 192).

O conteúdo do Credo católico

O que é o Credo, senão a síntese mais fiel da fé da Igreja? Nele se encontram condensadas as verdades centrais da Revelação: a Santíssima Trindade, a Encarnação do Verbo, a Redenção, a Igreja, os sacramentos e a esperança na vida eterna. O Credo não é uma criação humana nem uma construção filosófica; é a expressão do depósito da fé confiado por Cristo aos Apóstolos e transmitido de geração em geração sob a assistência do Espírito Santo.

O Catecismo ensina que “como no dia do nosso Batismo, quando toda a nossa vida foi confiada à ‘regra de doutrina’ (Rm 6,17), acolhamos o Credo da nossa vida, a profissão de fé” (CIC 197). Isso significa que conhecer o Credo é conhecer a estrutura do que cremos, em sua totalidade e coerência.

O Credo e os dogmas centrais da fé

Cada artigo do Credo corresponde a um núcleo dogmático do cristianismo. Ao proclamar “Creio em Deus Pai todo-poderoso”, afirmamos o primeiro dogma fundamental: a existência de Deus, Criador e Senhor do céu e da terra. A seguir, professamos a divindade de Jesus Cristo, sua Encarnação, Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão — todos dogmas fundamentais da cristologia e da soteriologia.

Além disso, o Credo declara a fé no Espírito Santo, na Igreja, na comunhão dos santos, no perdão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Trata-se de um percurso doutrinal que vai da origem (Deus Criador) ao fim último (a glória eterna).

Karl Adam comenta: “Trazem assim todos os dogmas da Igreja Católica a marca do Cristo; exprimem um aspecto da sua revelação e nos põem sob os olhos, em toda a extensão do seu desenvolvimento histórico, o Cristo vivo, Salvador, Rei, Juiz” (A Essência do Catolicismo, p. 36).

A estrutura trinitária do Credo

O que é o Credo, senão uma profissão de fé trinitária? Sua divisão em três partes reflete precisamente as três Pessoas divinas. O Catecismo explica: “Esta estrutura trinitária do Símbolo da fé remonta ao Batismo dos novos discípulos ‘em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’ (Mt 28,19)” (CIC 189).

  • Primeira parte: fé em Deus Pai, Criador do céu e da terra;
  • Segunda parte: fé em Jesus Cristo, Filho de Deus, e na obra da Redenção;
  • Terceira parte: fé no Espírito Santo e na ação da graça na Igreja e no mundo.

Essa estrutura não é apenas lógica, mas também litúrgica e existencial: crer no Pai que nos cria, no Filho que nos salva e no Espírito que nos santifica.

Cada artigo do Credo em resumo

1. Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra
Este primeiro artigo afirma a existência de Deus como Pai amoroso e todo-poderoso, origem de toda a criação. Ele não é uma força impessoal, mas uma Pessoa que age com sabedoria e providência. A criação “do céu e da terra” indica tudo o que existe: o mundo visível e o invisível (cf. CIC 198–199, 279–324).
“No princípio, Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1) — esta é a primeira verdade da fé.

2. E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor
Proclamamos aqui a fé na segunda Pessoa da Trindade, verdadeira Deus e verdadeiro homem, enviado pelo Pai para a nossa salvação. Ele é o Filho Unigênito, eterno, consubstancial ao Pai (cf. CIC 430–451). Ao chamá-lo de “nosso Senhor”, reconhecemos sua soberania divina e sua autoridade messiânica (cf. At 2,36).

3. Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo e nasceu da Virgem Maria
Este artigo celebra o mistério da Encarnação: o Verbo eterno se fez carne (Jo 1,14). Ele foi concebido no seio de Maria por obra do Espírito Santo, sem intervenção humana, o que confirma sua divindade. Ao mesmo tempo, nasceu de uma mulher, o que confirma sua plena humanidade (cf. CIC 456–478).

4. Padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado
Esta é a proclamação do mistério da Paixão e Morte de Cristo. A menção a Pôncio Pilatos indica que a Redenção se deu na história concreta. A morte de Cristo não foi um fracasso, mas um sacrifício voluntário de amor, em expiação pelos pecados da humanidade (cf. CIC 595–618).

5. Desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia
Ao descer à mansão dos mortos, Cristo manifestou sua vitória sobre a morte e anunciou a salvação aos justos que o precederam (cf. CIC 631–635). Sua Ressurreição ao terceiro dia é o ponto culminante da fé cristã: prova sua divindade e garante a nossa própria ressurreição (cf. CIC 638–658).

6. Subiu aos céus e está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso
Cristo não apenas ressuscitou, mas ascendeu ao céu, onde reina com o Pai. A imagem de “sentar-se à direita” indica sua participação plena no poder e na glória divina. Ele intercede por nós e governa a Igreja como cabeça do Corpo Místico (cf. CIC 659–667).

7. Donde há de vir a julgar os vivos e os mortos
Professamos a fé na segunda vinda de Cristo, quando Ele julgará com justiça todas as pessoas. Esse juízo será pessoal (após a morte) e universal (no fim dos tempos). O Cristo que veio salvar, virá também como Juiz soberano (cf. CIC 668–682).

8. Creio no Espírito Santo
O que é o Credo, senão uma profissão trinitária? Aqui, proclamamos a fé no Espírito Santo, terceira Pessoa da Trindade, que procede do Pai e do Filho, e é “Senhor que dá a vida”. É Ele quem santifica a Igreja, distribui os dons e conduz à verdade plena (cf. CIC 683–747).

9. Na Santa Igreja Católica
Esta é a fé no Mistério da Igreja una, santa, católica e apostólica. Fundada por Cristo e guiada pelo Espírito Santo, a Igreja é sacramento universal de salvação. Ao professar essa fé, reconhecemos a Igreja como nossa Mãe e Mestra na fé (cf. CIC 748–945).

10. Na comunhão dos santos
Trata-se da união espiritual de todos os fiéis em Cristo: os que peregrinam na terra, os que estão no purgatório e os que já gozam da glória celeste. É a solidariedade sobrenatural do Corpo Místico, na qual todos participam dos méritos de Cristo e das orações da Igreja (cf. CIC 946–962).

11. Na remissão dos pecados
Afirma-se aqui a fé no perdão dado por Deus, especialmente por meio dos sacramentos do Batismo e da Penitência. O poder de perdoar os pecados foi confiado à Igreja por Cristo (cf. Jo 20,23; CIC 976–987).

12. Na ressurreição da carne e na vida eterna
A fé cristã não é apenas espiritual: cremos na ressurreição dos corpos, no fim dos tempos, e na vida eterna com Deus. Esse artigo expressa a esperança na plenitude da Redenção e no cumprimento das promessas de Cristo (cf. CIC 988–1060).

O que é o Credo segundo o Catecismo?

O Catecismo da Igreja Católica dedica sua primeira grande parte à profissão de fé, isto é, à explicação do Credo. A partir do parágrafo 142, ele mostra que crer é uma resposta ao Deus que se revela. Essa fé não é uma adesão a ideias abstratas, mas uma entrega confiante à Pessoa de Deus que se manifesta em Cristo e é acolhida na Igreja.

Segundo o Catecismo, “crer” é um ato ao mesmo tempo pessoal e comunitário. Por isso, o Credo, embora seja recitado no singular (“Creio”), expressa a fé da Igreja una e universal: “A fé da Igreja precede, gera, conduz e alimenta a nossa fé. A Igreja é a mãe de todos os crentes” (CIC 168).

O Credo como resposta ao dom da fé (CIC 142–197)

A fé é um dom de Deus e uma resposta livre do homem. Quando recitamos o Credo, estamos acolhendo esse dom com todo o nosso ser: inteligência, vontade e coração. O Catecismo ensina que “crer é um ato do intelecto, que assente à verdade divina por imperativo da vontade movida por Deus através da graça” (CIC 155).

Essa profissão de fé é, portanto, racional, mas também espiritual. Não é uma crença cega, mas uma adesão iluminada à verdade revelada. O Credo sintetiza essa resposta, como um “sim” integral e confiante à Revelação divina.

Fé, razão e autoridade da Igreja (CIC 150–154)

O Catecismo ressalta que crer implica confiar na autoridade de Deus e na Igreja que transmite essa fé. Deus não engana, nem se engana — por isso, a fé é certa. A Igreja, por sua vez, é “coluna e sustentáculo da verdade” (1Tm 3,15) e, com autoridade recebida de Cristo, apresenta à nossa fé os artigos do Credo.

O Credo é o conjunto de verdades que a Igreja, com autoridade divina, propõe como reveladas por Deus e necessárias à salvação. Por isso, recitar o Credo é também um ato de comunhão com o Magistério da Igreja.

A unidade da fé: “um só Credo” (CIC 172–175)

Ainda que haja diferentes fórmulas do Credo (como o dos Apóstolos ou o Niceno-Constantinopolitano), a fé professada é sempre a mesma. O Catecismo enfatiza que existe uma só fé, pois existe um só Deus, um só Senhor e um só Batismo (cf. Ef 4,5).

O Credo é a expressão dessa unidade. “Através dos séculos, em tantas línguas, culturas e nações, a Igreja confessa uma única fé, recebida de um só Senhor, transmitida por um só Batismo, enraizada na convicção de que todos creem no mesmo Deus” (cf. CIC 172).

O Credo na liturgia católica

Na liturgia da Igreja, o Credo ocupa um lugar de destaque como expressão pública da fé da assembleia cristã. Não se trata apenas de uma recitação simbólica, mas de um verdadeiro ato de culto, no qual os fiéis respondem à Palavra de Deus proclamada com a profissão da fé recebida no Batismo e vivida em comunhão com a Igreja universal.

A Instrução Geral do Missal Romano afirma que o Credo deve ser recitado ou cantado aos domingos e solenidades, após a homilia, como resposta à pregação e como reafirmação da fé antes da Liturgia Eucarística. Assim, a profissão de fé serve de elo entre o anúncio da Palavra e a celebração do Sacrifício.

Por que recitamos o Credo na Missa?

A recitação do Credo durante a Santa Missa tem valor doutrinal, litúrgico e comunitário. Liturgicamente, ele marca a passagem da Liturgia da Palavra para a Liturgia Eucarística. Doutrinalmente, reafirma que aquilo que ouvimos na Sagrada Escritura e na homilia é parte do depósito da fé. E, comunitariamente, une todos os fiéis na mesma confissão de fé.

Ao recitar o Credo de pé, com reverência e solenidade, manifestamos nossa adesão às verdades que nos salvam e nossa comunhão com toda a Igreja. É uma profissão viva e atualizada da fé que nos une ao Corpo de Cristo e nos prepara para recebê-lo na Eucaristia.

O Credo e a iniciação cristã

A relação entre o Credo e os sacramentos da iniciação cristã é profunda e essencial. No Batismo, o catecúmeno (ou seus pais e padrinhos, no caso do Batismo infantil) professa a fé da Igreja — a mesma fé que está contida no Credo. O rito batismal inclui uma renúncia ao pecado e uma tríplice profissão de fé trinitária, diretamente inspirada na fórmula do Credo.

Na Crisma, essa fé é confirmada, fortalecida pelo dom do Espírito Santo, e a renovação das promessas batismais é reafirmada. Na Eucaristia, essa mesma fé é celebrada e alimentada. O Catecismo afirma: “Desde os tempos mais remotos, o Batismo é conferido em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A profissão de fé do batizando é, pois, trinitária” (CIC 189).

O Credo e a Tradição da Igreja

O Credo não é apenas um texto fixo ou uma oração recitada de forma mecânica. Ele é a expressão da Tradição viva da Igreja, fruto da fé recebida dos Apóstolos, meditada, celebrada e transmitida com fidelidade ao longo dos séculos. O Catecismo afirma: “O Credo é a síntese da fé, da Revelação, que a Tradição da Igreja conservou, ensinou e celebrou” (cf. CIC 190–191).

Essa continuidade na fé não é estática, mas dinâmica: os conteúdos do Credo foram sendo explicitados com maior clareza ao longo da história, sobretudo em resposta a desafios doutrinais. No entanto, o núcleo da fé permanece imutável, pois está enraizado na Revelação divina confiada à Igreja.

Lex orandi, lex credendi

A antiga máxima da Tradição cristã, “lex orandi, lex credendi” — “a lei da oração é a lei da fé” —, exprime de forma perfeita o vínculo entre liturgia e doutrina. Em outras palavras, aquilo que a Igreja crê, ela o expressa em sua oração, especialmente na liturgia. E o que se celebra torna-se, por sua vez, fonte e confirmação da fé.

O Credo é fruto dessa interação viva entre fé e oração. Antes mesmo de ser fixado em fórmulas escritas, ele já estava presente na prática litúrgica dos primeiros cristãos, nas fórmulas do Batismo, nas orações eucarísticas e nos hinos da comunidade. Por isso, o Catecismo afirma que “a maneira de orar (lex orandi) precede a fórmula da fé (lex credendi)” (cf. CIC 1124).

A continuidade apostólica do Credo

Desde os tempos apostólicos, a fé foi transmitida oralmente antes de ser sistematizada em textos. Os Apóstolos ensinaram o que receberam de Cristo, e as comunidades conservaram com zelo essa doutrina. O Credo é fruto desse processo de transmissão fiel, que chamamos Tradição Apostólica.

Contra qualquer ideia de que os dogmas foram invenções posteriores, a Igreja sempre insistiu na fidelidade ao que foi recebido: “Timóteo, guarda o depósito da fé” (2Tm 1,14). Como ensina Karl Adam, “nenhum lugar se abriu para o fantasma estranho de uma invenção […] a fé se desenvolve a partir da pregação apostólica, vivida na comunidade” (A Essência do Catolicismo, p. 114–115).

Assim, o que hoje professamos no Credo é exatamente a mesma fé que ardeu no coração dos Apóstolos — formulada com clareza, transmitida com fidelidade, guardada com amor.

Por que é necessário crer no Credo?

Crer no Credo é mais do que aceitar um conjunto de doutrinas: é aderir plenamente à verdade revelada por Deus e confiada à Igreja para nossa salvação. A profissão de fé expressa no Credo não é facultativa, mas é exigência da própria fé cristã, como atesta a Tradição e o Magistério da Igreja.

O Catecismo afirma com clareza: “Crer em Jesus Cristo e naquele que o enviou para nossa salvação é necessário para obter essa salvação” (CIC 161). O Credo resume essa fé necessária e, por isso, é usado em contextos decisivos: no Batismo, na recepção de convertidos, na celebração da Missa e em momentos de renovação da fé.

A recitação do Credo é, portanto, um ato de fidelidade que compromete toda a vida. Como professava a antiga fórmula: “Sem fé, é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6).

“Quem quiser salvar-se…”

O chamado “Símbolo de Santo Atanásio”, acolhido pela Tradição como uma das fórmulas da fé católica, começa com palavras fortes e solenes:

“Todo aquele que quiser salvar-se deve, antes de tudo, professar a fé católica. Quem não a guardar íntegra e inviolável, certamente perecerá eternamente.”

Embora essa linguagem possa soar severa, ela expressa a convicção da Igreja primitiva de que a verdade revelada por Deus não é opcional. A salvação é dom gratuito, mas exige adesão a Cristo e à fé que Ele instituiu. Por isso, conhecer e professar o Credo é participar conscientemente dessa fé que salva.

A intenção não é condenar, mas preservar a fé verdadeira como um bem que conduz à vida eterna. O Credo protege o fiel do erro e o orienta na comunhão com Deus.

Crer com o coração e com os lábios

A profissão de fé deve vir do íntimo do coração, mas também ser expressa publicamente. São Paulo ensina:

“Se com a tua boca confessares Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10,9).

Assim, a profissão do Credo une interioridade e testemunho. Não se trata apenas de repetir palavras, mas de confessar com os lábios o que o coração acolheu pela graça. Por isso, o Credo é tanto uma oração pessoal quanto um ato eclesial, que nos vincula ao Corpo de Cristo.

Aqueles que professam o Credo, sobretudo em meio às dificuldades e perseguições, realizam um verdadeiro ato de martírio espiritual, permanecendo fiéis à verdade recebida.

O Credo e a comunhão dos santos

Entre os artigos mais belos e misteriosos do Credo está aquele que afirma: “Creio na comunhão dos santos”. Com essas palavras, professamos nossa fé em uma realidade profundamente espiritual e eclesial: a união invisível entre todos os membros da Igreja — vivos e falecidos — unidos em Cristo pelo Espírito Santo.

O Catecismo explica: “A comunhão dos santos é precisamente a Igreja” (CIC 946). Essa comunhão se manifesta de duas formas: na participação comum aos bens espirituais (sacramentos, graças, carismas) e na solidariedade entre todos os fiéis, que formam um só Corpo em Cristo. “Se um membro sofre, todos sofrem com ele; se um membro é honrado, todos se alegram com ele” (1Cor 12,26).

O que é a comunhão dos santos?

A comunhão dos santos é a realidade sobrenatural que une os fiéis da Igreja peregrina na terra, da Igreja padecente no purgatório e da Igreja gloriosa no céu. Não estamos sozinhos em nossa caminhada de fé. A vida cristã se sustenta na intercessão dos santos, nas orações mútuas e na partilha dos méritos espirituais de Cristo e da Igreja.

Essa doutrina nos lembra que a salvação é comunitária. O bem que cada fiel realiza repercute em toda a Igreja, e os sofrimentos oferecidos com amor podem ser fonte de graças para outros. É a mística da caridade sobrenatural, que ultrapassa os limites do tempo e do espaço.

O Catecismo afirma: “Na comunhão dos santos, ‘cada um trabalha para o bem de todos e todos para o bem de cada um’” (CIC 953).

O Credo como expressão do Corpo Místico de Cristo

Ao professar o Credo, sobretudo este artigo, manifestamos nossa pertença ao Corpo Místico de Cristo, no qual Cristo é a Cabeça e nós somos os membros. Essa verdade, revelada por São Paulo, é vivida na Igreja como uma realidade espiritual e sacramental (cf. Ef 4,4-6; Cl 1,18).

O Credo nos recorda que não existe fé autêntica sem comunhão. Ao crer na comunhão dos santos, renovamos nossa fé na santidade da Igreja e nos unimos à multidão dos que, antes de nós, creram, sofreram, esperaram e amaram em nome de Cristo.

Essa comunhão é também fonte de consolação: ela nos garante que a morte não nos separa daqueles que estão em Cristo. Todos formamos uma só Igreja, em comunhão de fé, amor e oração.

O Credo católico em comparação com outras confissões de fé cristã

Embora outras tradições cristãs também possuam fórmulas de fé, o Credo católico se distingue pela sua origem apostólica, plenitude doutrinal e vínculo com a Tradição e o Magistério da Igreja. Ele é mais do que uma declaração de crenças: é a profissão pública da fé da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.

Desde os primeiros Concílios ecumênicos, o Credo católico foi formulado para expressar com precisão a doutrina revelada, preservando a verdade contra heresias e erros. Ele está em profunda continuidade com a fé dos Apóstolos e é guardado pela Igreja com autoridade e fidelidade.

Outras confissões cristãs, como as de tradição reformada, costumam adotar declarações doutrinárias próprias, muitas vezes centradas na Escritura isoladamente. Já a fé católica, expressa no Credo, une Escritura, Tradição e Magistério em uma única harmonia de fé.

O Credo diante do princípio da Sola Scriptura

​​Muitas comunidades protestantes seguem o princípio da Sola Scriptura, ou seja, a crença de que somente a Bíblia é fonte de autoridade doutrinária. Isso leva à ausência de uma fórmula universal de fé comum entre elas e a múltiplas interpretações da Escritura.

A fé católica, por outro lado, reconhece que a Revelação de Deus se deu tanto pela Sagrada Escritura quanto pela Tradição (cf. Dei Verbum, 9). O Credo é fruto dessa Tradição viva, iluminada pela Escritura e garantida pelo Magistério da Igreja, a quem Cristo confiou o encargo de ensinar “tudo o que vos mandei” (Mt 28,20).

Assim, enquanto o princípio da Sola Scriptura levou, ao longo do tempo, à fragmentação da fé em múltiplas interpretações e confissões, o Credo preserva a unidade da fé apostólica, professada com a mesma voz em todos os tempos e lugares., o Credo preserva a unidade da fé apostólica, professada com a mesma voz em todos os tempos e lugares.

O Credo na unidade doutrinal e autoridade da Igreja

O Credo católico está inseparavelmente ligado à unidade doutrinal da Igreja. Ele é professado em todos os continentes, por povos de diferentes línguas e culturas, sempre com o mesmo conteúdo, pois é garantido pela autoridade magisterial que Cristo conferiu aos Apóstolos e seus sucessores (cf. Mt 16,18-19).

Essa autoridade não é poder humano, mas serviço à verdade revelada. O Magistério não inventa doutrinas; ele conserva, interpreta e ensina fielmente o que foi transmitido. O Catecismo ensina: “O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja” (CIC 85).

Conclusão: o Credo é o coração da fé católica

O Credo é muito mais do que uma antiga fórmula recitada há séculos: ele é o coração da fé católica, a síntese viva daquilo que a Igreja crê, ensina, celebra e transmite desde os Apóstolos. Cada uma de suas palavras foi meditada, afirmada e vivida por gerações de fiéis que, como nós, buscaram conhecer, amar e seguir a verdade revelada por Deus.

Professar o Credo é colocar-se na grande corrente da fé que une o céu e a terra, o passado, o presente e o futuro da Igreja. É, ao mesmo tempo, um ato de adoração, de comunhão e de fidelidade. Como ensina o Catecismo: “Antes de tudo, a profissão da fé é um ato pessoal: é a resposta do homem a Deus que se revela e se entrega a ele” (CIC 166).

Num tempo marcado por dúvidas, relativismos e crises de identidade espiritual, conhecer e rezar o Credo é um antídoto contra o erro e um alicerce seguro para a vida cristã. Ele é a chave para compreender a nossa fé, fortalecer nossa esperança e crescer no amor.

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