Formação

Padre Pio e o sentido cristão do sofrimento

Descubra como Padre Pio viveu o sofrimento com fé, transformando a dor em amor e caminho de santidade segundo o ensinamento da Igreja.

Padre Pio e o sentido cristão do sofrimento
Formação

Padre Pio e o sentido cristão do sofrimento

Descubra como Padre Pio viveu o sofrimento com fé, transformando a dor em amor e caminho de santidade segundo o ensinamento da Igreja.

Data da Publicação: 12/08/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 12/08/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Padre Pio de Pietrelcina, nascido Francesco Forgione, é recordado como um dos grandes santos do século XX. Sua vida, profundamente enraizada na oração e enriquecida por dons espirituais extraordinários, foi um testemunho vivo de como a fé é capaz de transformar o sofrimento em caminho de salvação. Para ele, a cruz não era castigo, mas presente: um meio seguro de unir-se intimamente a Deus e de amar, de forma concreta, os irmãos.

Neste artigo, vamos percorrer o caminho espiritual de Padre Pio para compreender como ele viveu o sofrimento, o que a Igreja ensina sobre essa realidade e de que modo também nós podemos transformar nossas próprias dores em um itinerário de santidade.

Quem foi Padre Pio?

Padre Pio nasceu em 25 de maio de 1887, na pequena cidade de Pietrelcina, no sul da Itália, em um lar simples e profundamente católico. Desde cedo, dedicou-se à oração e cultivou um amor sincero pela Igreja. Ao ingressar na vida religiosa, tomou o nome Pio de Pietrelcina, em honra a São Pio I.

Reconhecido como “possivelmente um dos personagens mais notáveis do século XX” 1, foi canonizado por São João Paulo II, que proclamou terem sido suas virtudes vividas “em grau heroico” 2. Seu ministério ficou marcado por longas horas no confessionário, profunda devoção à Eucaristia e um amor incansável pelas almas. Chegava a rezar com ousadia comovente: “Salvai este povo ou apagai-me do livro da vida!” 3.

Para saber mais sobre este grande santo, confira o nosso artigo completo sobre a vida do Padre Pio.

O que é o sofrimento e o que a Igreja ensina sobre ele

A Igreja reconhece o sofrimento como uma realidade inevitável da condição humana, consequência do pecado original, mas que, iluminada pela fé, pode tornar-se caminho de santificação. Quando é unido a Cristo, ele adquire valor redentor — participação no sacrifício do Senhor, que configura o cristão a Ele 4.

Cristo não removeu o sofrimento da vida humana, mas o assumiu plenamente na sua Paixão, transformando-o em instrumento de amor e de salvação. Assim, aquele que sofre em união com Ele participa do mistério pascal, sendo purificado e configurado ao próprio Cristo crucificado e ressuscitado.

O Catecismo da Igreja Católica afirma que o doente pode “unir-se mais intimamente à Paixão de Cristo” e, assim, “contribuir para o bem do Povo de Deus” 5. Essa comunhão espiritual com o Senhor oferece um sentido profundo ao sofrimento: ele se torna oferta, intercessão e meio de crescimento na caridade.

A Igreja ensina que não se deve buscar a dor por si mesma, pois esta não é um bem absoluto. O que importa é acolher, com amor e confiança, aquilo que Deus permite, sabendo que Ele é capaz de tirar um bem maior de qualquer provação. Como recorda São João Paulo II na encíclica Salvifici Doloris: “Na cruz de Cristo não só se realizou a Redenção mediante o sofrimento, mas também o próprio sofrimento humano foi redimido”.

Essa chave doutrinária é fundamental para compreender como Padre Pio viveu e ensinou a espiritualidade da cruz.

Como Padre Pio vivia o sofrimento?

Padre Pio não tratava do sofrimento como conceito abstrato, mas como realidade concreta que marcava cada dia de sua vida. Carregava dores físicas intensas, os estigmas visíveis e profundas incompreensões, além de perseguições dentro e fora da Igreja. Mesmo assim, sabia manter o espírito sereno, afirmando: “Sofro, é verdade, mas não me queixo, porque é assim que Jesus quer” 6.

Para ele, a dor era também espaço de encontro e comunhão com Cristo: “crê que é o próprio Jesus quem sofre em ti, por ti e contigo” 7. Nessa perspectiva, cada provação se tornava um ato concreto de caridade espiritual, oferecido em favor das almas — especialmente as do Purgatório — e sustentado por uma intercessão perseverante 8.

Mais do que suportar a dor, Padre Pio a vivia como missão, com a certeza de que cada momento de sofrimento, quando entregue com amor, se tornava instrumento eficaz nas mãos de Deus para salvar e santificar.

Você já conhece a Novena ao Padre Pio?

As diversas dimensões do sofrimento segundo Padre Pio

O sofrimento como caminho de salvação e santidade

Para Padre Pio, “o caminho, misterioso e árduo, para alcançar essa meta é o da dor, revelado por Cristo em sua morte na cruz” 9. Movido por essa convicção, ofereceu-se como vítima pela conversão dos pecadores e pela libertação das almas do Purgatório 10.

Ensinava que nenhuma dor — por mais humilde que seja — fica sem mérito para a vida eterna, quando unida a Cristo 11. Para ele, “a dor não é o fim. É um meio de expiação” 12.

Em termos espirituais, resumia tudo com simplicidade desarmante. Quando lhe perguntavam “o que é o sofrimento?”, respondia sem hesitar: “Expiação” 13. Por isso, insistia na importância de sentir dor pelos próprios pecados e de carregar a cruz pessoal com “doce resignação” 14.

Como prova de amor e fidelidade a Deus

O amor verdadeiro se revela na hora amarga. É nesse ponto que Padre Pio insistia: “Amar a Deus na doçura até mesmo as crianças saberiam fazer; e amá-lo na amargura é o sinal da nossa amorosa fidelidade” 15. Tal visão conduz naturalmente à compreensão de um amor desinteressado, que serve a Deus sem esperar nada em troca — próprio das almas mais perfeitas 16. Para ele, o sofrimento aceito por amor é testemunho de entrega, assim como a cruz de Cristo foi prova suprema do amor de Deus pela humanidade 17.

Por isso, via seus próprios sofrimentos como um pedido do próprio Cristo em favor das almas 18. Repetia com frequência: “a prova segura do amor está somente nas dores” 19.

Diante da cruz sobre os ombros de Jesus, dizia sentir-se fortalecido e cheio de santa alegria 20. Recordava ainda que é o amor do Crucificado quem sustenta a alma no sacrifício: “quem te mantém estendida sobre a cruz é justamente quem te ama” 21.

Sofrimento como cooperação com a Redenção

Desde criança, Padre Pio se ofereceu para “colaborar com a Redenção de Cristo” — isto é, unir os próprios sofrimentos aos de Jesus pela salvação dos irmãos 22. Ensinava que “cada cristão, com seus sofrimentos aceitos por amor de Cristo e em comunhão com Ele, torna-se uma espécie de Cristo diante de Deus” 17. Por isso afirmava que Jesus “precisa de quem geme com Ele diante da impiedade humana” e, por amor, conduz certas almas por “vias dolorosas”, transformando penas transitórias em prêmio eterno 23.

Apesar de reconhecer sua pequenez — “o meu pobre sofrimento nada vale” —, sabia que Cristo se compraz nessa oferta de amor 24. Via o sofrimento, escândalo aos olhos do mundo, como “a maior de todas as riquezas para o cristão”, ecoando Santa Rosa de Lima: “Fora da Cruz não existe outra escada por onde subir ao Céu” 25. Não desejava a dor por si mesma, mas “pelos frutos que ela dá: glorifica a Deus e salva os irmãos” 26.

Quando lhe perguntavam sobre “o que falta à Paixão de Jesus”, respondia com clareza: “Jesus nos redimiu, mas quer a nossa cooperação. É isso que falta” 14.

Como purificação e crescimento espiritual

São Pio de Pietrelcina falava de um “martírio cotidiano e oculto” que purifica a alma e ensina a amar: “É sob a cruz que se aprende a amar” 27. Para ele, as cruzes diárias às quais Deus nos submete — sempre concedendo força abundante para suportá-las com mérito — são “sinais certíssimos” de Seu profundo amor 28.

A doença, por exemplo, pode amadurecer a pessoa, levá-la a buscar o essencial e fazê-la retornar a Deus 29. Do mesmo modo, as provações são permitidas pelo Senhor para que o fiel cresça na “escola do sacrifício” 30. Até mesmo as tentações, dizia o santo, têm valor pedagógico: “são como o sabão, que ao ser esfregado nos panos parece sujá-los, mas na verdade os limpa” 31.

Diante disso, a atitude deve ser de vigilância e firmeza: “Vigia, meu filho: estejamos vigilantes, o Inimigo não dorme. É preciso acertá-lo na cabeça de imediato” 32. E, sobretudo, é preciso sofrer com resignação filial, pois o Pai deseja conformar-nos ao Seu Filho unigênito 21.

Sofrimento como “joia” e herança dos eleitos

Padre Pio via a cruz como “penhor do amor” e “sinal seguro do perdão” 33. Costumava advertir: “Não se sai distribuindo as joias do Esposo”, indicando que certos sofrimentos são confiados apenas a almas muito amadas 34.

Em sua própria experiência espiritual, confessava: “Quando Jesus quer dar-me a conhecer que me ama, faz-me saborear a sua Paixão… Mas ser privado de sofrer, isso não suporto” 24. Nessa mesma lógica, afirmava que “o sofrimento é a prova mais certa do amor” 35.

Para ensinar os fiéis, recorria a uma imagem catequética: ouro, incenso e mirra. Mesmo que falte o ouro dos grandes méritos ou o incenso das orações elevadas, o cristão sempre pode oferecer a Jesus a “mirra” dos próprios sofrimentos vividos com fé 36. Afinal, Deus reserva a herança plena para a vida futura e, nesta vida, costuma conceder aos seus prediletos “a honra de sofrer muito e de carregar a cruz atrás dele” 37.

O que Padre Pio nos ensina sobre o sofrimento?

Em síntese, Padre Pio nos convida a contemplar a dor com os olhos de Cristo: não como um peso inútil, mas como oportunidade de amor, expiação e comunhão com a Igreja. Ensina a acolher as provações com fé — numa “doce resignação” —, a oferecer cada contrariedade pelas almas, a vigiar nas tentações, a carregar a cruz cotidiana e a deixar-se moldar pelas mãos de Deus.

É a pedagogia do amor provado, que guarda no coração a certeza de que “o sofrimento é breve, mas a recompensa é eterna” 38.

Que tal rezar a Ladainha da Humildade?

Referências

  1. Padre Pio: A história definitiva, p. 482[]
  2. Padre Pio: A história definitiva, p. 469[]
  3. Padre Pio: A história definitiva, p. 93[]
  4. cf. Cl 1,24[]
  5. Catecismo da Igreja Católica, 1521[]
  6. O Catecismo do Padre Pio, p. 429[]
  7. O Catecismo do Padre Pio, p. 441[]
  8. O Catecismo do Padre Pio, p. 352; p. 354[]
  9. O Catecismo do Padre Pio, p. 31[]
  10. O Catecismo do Padre Pio, p. 352[]
  11. O Catecismo do Padre Pio, p. 443[]
  12. O Catecismo do Padre Pio, p. 448[]
  13. O Catecismo do Padre Pio, p. 450[]
  14. O Catecismo do Padre Pio, p. 449[][]
  15. O Catecismo do Padre Pio, p. 97[]
  16. O Catecismo do Padre Pio, p. 68[]
  17. O Catecismo do Padre Pio, p. 147[][]
  18. O Catecismo do Padre Pio, p. 436[]
  19. O Catecismo do Padre Pio, p. 437[]
  20. O Catecismo do Padre Pio, p. 435[]
  21. O Catecismo do Padre Pio, p. 446[][]
  22. O Catecismo do Padre Pio, p. 139[]
  23. O Catecismo do Padre Pio, p. 150[]
  24. O Catecismo do Padre Pio, p. 190[][]
  25. O Catecismo do Padre Pio, p. 427[]
  26. O Catecismo do Padre Pio, p. 400[]
  27. O Catecismo do Padre Pio, p. 170[]
  28. O Catecismo do Padre Pio, p. 101[]
  29. O Catecismo do Padre Pio, p. 422[]
  30. O Catecismo do Padre Pio, p. 444[]
  31. O Catecismo do Padre Pio, p. 503[]
  32. O Catecismo do Padre Pio, p. 312[]
  33. O Catecismo do Padre Pio, p. 191[]
  34. O Catecismo do Padre Pio, p. 409; p. 191[]
  35. O Catecismo do Padre Pio, p. 192[]
  36. O Catecismo do Padre Pio, p. 259[]
  37. O Catecismo do Padre Pio, p. 447[]
  38. O Catecismo do Padre Pio, p. 445[]
Redação MBC

Redação MBC

O maior clube de leitores católicos do Brasil.

O que você vai encontrar neste artigo?

Padre Pio de Pietrelcina, nascido Francesco Forgione, é recordado como um dos grandes santos do século XX. Sua vida, profundamente enraizada na oração e enriquecida por dons espirituais extraordinários, foi um testemunho vivo de como a fé é capaz de transformar o sofrimento em caminho de salvação. Para ele, a cruz não era castigo, mas presente: um meio seguro de unir-se intimamente a Deus e de amar, de forma concreta, os irmãos.

Neste artigo, vamos percorrer o caminho espiritual de Padre Pio para compreender como ele viveu o sofrimento, o que a Igreja ensina sobre essa realidade e de que modo também nós podemos transformar nossas próprias dores em um itinerário de santidade.

Quem foi Padre Pio?

Padre Pio nasceu em 25 de maio de 1887, na pequena cidade de Pietrelcina, no sul da Itália, em um lar simples e profundamente católico. Desde cedo, dedicou-se à oração e cultivou um amor sincero pela Igreja. Ao ingressar na vida religiosa, tomou o nome Pio de Pietrelcina, em honra a São Pio I.

Reconhecido como “possivelmente um dos personagens mais notáveis do século XX” 1, foi canonizado por São João Paulo II, que proclamou terem sido suas virtudes vividas “em grau heroico” 2. Seu ministério ficou marcado por longas horas no confessionário, profunda devoção à Eucaristia e um amor incansável pelas almas. Chegava a rezar com ousadia comovente: “Salvai este povo ou apagai-me do livro da vida!” 3.

Para saber mais sobre este grande santo, confira o nosso artigo completo sobre a vida do Padre Pio.

O que é o sofrimento e o que a Igreja ensina sobre ele

A Igreja reconhece o sofrimento como uma realidade inevitável da condição humana, consequência do pecado original, mas que, iluminada pela fé, pode tornar-se caminho de santificação. Quando é unido a Cristo, ele adquire valor redentor — participação no sacrifício do Senhor, que configura o cristão a Ele 4.

Cristo não removeu o sofrimento da vida humana, mas o assumiu plenamente na sua Paixão, transformando-o em instrumento de amor e de salvação. Assim, aquele que sofre em união com Ele participa do mistério pascal, sendo purificado e configurado ao próprio Cristo crucificado e ressuscitado.

O Catecismo da Igreja Católica afirma que o doente pode “unir-se mais intimamente à Paixão de Cristo” e, assim, “contribuir para o bem do Povo de Deus” 5. Essa comunhão espiritual com o Senhor oferece um sentido profundo ao sofrimento: ele se torna oferta, intercessão e meio de crescimento na caridade.

A Igreja ensina que não se deve buscar a dor por si mesma, pois esta não é um bem absoluto. O que importa é acolher, com amor e confiança, aquilo que Deus permite, sabendo que Ele é capaz de tirar um bem maior de qualquer provação. Como recorda São João Paulo II na encíclica Salvifici Doloris: “Na cruz de Cristo não só se realizou a Redenção mediante o sofrimento, mas também o próprio sofrimento humano foi redimido”.

Essa chave doutrinária é fundamental para compreender como Padre Pio viveu e ensinou a espiritualidade da cruz.

Como Padre Pio vivia o sofrimento?

Padre Pio não tratava do sofrimento como conceito abstrato, mas como realidade concreta que marcava cada dia de sua vida. Carregava dores físicas intensas, os estigmas visíveis e profundas incompreensões, além de perseguições dentro e fora da Igreja. Mesmo assim, sabia manter o espírito sereno, afirmando: “Sofro, é verdade, mas não me queixo, porque é assim que Jesus quer” 6.

Para ele, a dor era também espaço de encontro e comunhão com Cristo: “crê que é o próprio Jesus quem sofre em ti, por ti e contigo” 7. Nessa perspectiva, cada provação se tornava um ato concreto de caridade espiritual, oferecido em favor das almas — especialmente as do Purgatório — e sustentado por uma intercessão perseverante 8.

Mais do que suportar a dor, Padre Pio a vivia como missão, com a certeza de que cada momento de sofrimento, quando entregue com amor, se tornava instrumento eficaz nas mãos de Deus para salvar e santificar.

Você já conhece a Novena ao Padre Pio?

As diversas dimensões do sofrimento segundo Padre Pio

O sofrimento como caminho de salvação e santidade

Para Padre Pio, “o caminho, misterioso e árduo, para alcançar essa meta é o da dor, revelado por Cristo em sua morte na cruz” 9. Movido por essa convicção, ofereceu-se como vítima pela conversão dos pecadores e pela libertação das almas do Purgatório 10.

Ensinava que nenhuma dor — por mais humilde que seja — fica sem mérito para a vida eterna, quando unida a Cristo 11. Para ele, “a dor não é o fim. É um meio de expiação” 12.

Em termos espirituais, resumia tudo com simplicidade desarmante. Quando lhe perguntavam “o que é o sofrimento?”, respondia sem hesitar: “Expiação” 13. Por isso, insistia na importância de sentir dor pelos próprios pecados e de carregar a cruz pessoal com “doce resignação” 14.

Como prova de amor e fidelidade a Deus

O amor verdadeiro se revela na hora amarga. É nesse ponto que Padre Pio insistia: “Amar a Deus na doçura até mesmo as crianças saberiam fazer; e amá-lo na amargura é o sinal da nossa amorosa fidelidade” 15. Tal visão conduz naturalmente à compreensão de um amor desinteressado, que serve a Deus sem esperar nada em troca — próprio das almas mais perfeitas 16. Para ele, o sofrimento aceito por amor é testemunho de entrega, assim como a cruz de Cristo foi prova suprema do amor de Deus pela humanidade 17.

Por isso, via seus próprios sofrimentos como um pedido do próprio Cristo em favor das almas 18. Repetia com frequência: “a prova segura do amor está somente nas dores” 19.

Diante da cruz sobre os ombros de Jesus, dizia sentir-se fortalecido e cheio de santa alegria 20. Recordava ainda que é o amor do Crucificado quem sustenta a alma no sacrifício: “quem te mantém estendida sobre a cruz é justamente quem te ama” 21.

Sofrimento como cooperação com a Redenção

Desde criança, Padre Pio se ofereceu para “colaborar com a Redenção de Cristo” — isto é, unir os próprios sofrimentos aos de Jesus pela salvação dos irmãos 22. Ensinava que “cada cristão, com seus sofrimentos aceitos por amor de Cristo e em comunhão com Ele, torna-se uma espécie de Cristo diante de Deus” 17. Por isso afirmava que Jesus “precisa de quem geme com Ele diante da impiedade humana” e, por amor, conduz certas almas por “vias dolorosas”, transformando penas transitórias em prêmio eterno 23.

Apesar de reconhecer sua pequenez — “o meu pobre sofrimento nada vale” —, sabia que Cristo se compraz nessa oferta de amor 24. Via o sofrimento, escândalo aos olhos do mundo, como “a maior de todas as riquezas para o cristão”, ecoando Santa Rosa de Lima: “Fora da Cruz não existe outra escada por onde subir ao Céu” 25. Não desejava a dor por si mesma, mas “pelos frutos que ela dá: glorifica a Deus e salva os irmãos” 26.

Quando lhe perguntavam sobre “o que falta à Paixão de Jesus”, respondia com clareza: “Jesus nos redimiu, mas quer a nossa cooperação. É isso que falta” 14.

Como purificação e crescimento espiritual

São Pio de Pietrelcina falava de um “martírio cotidiano e oculto” que purifica a alma e ensina a amar: “É sob a cruz que se aprende a amar” 27. Para ele, as cruzes diárias às quais Deus nos submete — sempre concedendo força abundante para suportá-las com mérito — são “sinais certíssimos” de Seu profundo amor 28.

A doença, por exemplo, pode amadurecer a pessoa, levá-la a buscar o essencial e fazê-la retornar a Deus 29. Do mesmo modo, as provações são permitidas pelo Senhor para que o fiel cresça na “escola do sacrifício” 30. Até mesmo as tentações, dizia o santo, têm valor pedagógico: “são como o sabão, que ao ser esfregado nos panos parece sujá-los, mas na verdade os limpa” 31.

Diante disso, a atitude deve ser de vigilância e firmeza: “Vigia, meu filho: estejamos vigilantes, o Inimigo não dorme. É preciso acertá-lo na cabeça de imediato” 32. E, sobretudo, é preciso sofrer com resignação filial, pois o Pai deseja conformar-nos ao Seu Filho unigênito 21.

Sofrimento como “joia” e herança dos eleitos

Padre Pio via a cruz como “penhor do amor” e “sinal seguro do perdão” 33. Costumava advertir: “Não se sai distribuindo as joias do Esposo”, indicando que certos sofrimentos são confiados apenas a almas muito amadas 34.

Em sua própria experiência espiritual, confessava: “Quando Jesus quer dar-me a conhecer que me ama, faz-me saborear a sua Paixão… Mas ser privado de sofrer, isso não suporto” 24. Nessa mesma lógica, afirmava que “o sofrimento é a prova mais certa do amor” 35.

Para ensinar os fiéis, recorria a uma imagem catequética: ouro, incenso e mirra. Mesmo que falte o ouro dos grandes méritos ou o incenso das orações elevadas, o cristão sempre pode oferecer a Jesus a “mirra” dos próprios sofrimentos vividos com fé 36. Afinal, Deus reserva a herança plena para a vida futura e, nesta vida, costuma conceder aos seus prediletos “a honra de sofrer muito e de carregar a cruz atrás dele” 37.

O que Padre Pio nos ensina sobre o sofrimento?

Em síntese, Padre Pio nos convida a contemplar a dor com os olhos de Cristo: não como um peso inútil, mas como oportunidade de amor, expiação e comunhão com a Igreja. Ensina a acolher as provações com fé — numa “doce resignação” —, a oferecer cada contrariedade pelas almas, a vigiar nas tentações, a carregar a cruz cotidiana e a deixar-se moldar pelas mãos de Deus.

É a pedagogia do amor provado, que guarda no coração a certeza de que “o sofrimento é breve, mas a recompensa é eterna” 38.

Que tal rezar a Ladainha da Humildade?

Referências

  1. Padre Pio: A história definitiva, p. 482[]
  2. Padre Pio: A história definitiva, p. 469[]
  3. Padre Pio: A história definitiva, p. 93[]
  4. cf. Cl 1,24[]
  5. Catecismo da Igreja Católica, 1521[]
  6. O Catecismo do Padre Pio, p. 429[]
  7. O Catecismo do Padre Pio, p. 441[]
  8. O Catecismo do Padre Pio, p. 352; p. 354[]
  9. O Catecismo do Padre Pio, p. 31[]
  10. O Catecismo do Padre Pio, p. 352[]
  11. O Catecismo do Padre Pio, p. 443[]
  12. O Catecismo do Padre Pio, p. 448[]
  13. O Catecismo do Padre Pio, p. 450[]
  14. O Catecismo do Padre Pio, p. 449[][]
  15. O Catecismo do Padre Pio, p. 97[]
  16. O Catecismo do Padre Pio, p. 68[]
  17. O Catecismo do Padre Pio, p. 147[][]
  18. O Catecismo do Padre Pio, p. 436[]
  19. O Catecismo do Padre Pio, p. 437[]
  20. O Catecismo do Padre Pio, p. 435[]
  21. O Catecismo do Padre Pio, p. 446[][]
  22. O Catecismo do Padre Pio, p. 139[]
  23. O Catecismo do Padre Pio, p. 150[]
  24. O Catecismo do Padre Pio, p. 190[][]
  25. O Catecismo do Padre Pio, p. 427[]
  26. O Catecismo do Padre Pio, p. 400[]
  27. O Catecismo do Padre Pio, p. 170[]
  28. O Catecismo do Padre Pio, p. 101[]
  29. O Catecismo do Padre Pio, p. 422[]
  30. O Catecismo do Padre Pio, p. 444[]
  31. O Catecismo do Padre Pio, p. 503[]
  32. O Catecismo do Padre Pio, p. 312[]
  33. O Catecismo do Padre Pio, p. 191[]
  34. O Catecismo do Padre Pio, p. 409; p. 191[]
  35. O Catecismo do Padre Pio, p. 192[]
  36. O Catecismo do Padre Pio, p. 259[]
  37. O Catecismo do Padre Pio, p. 447[]
  38. O Catecismo do Padre Pio, p. 445[]

Cadastre-se para receber nossos conteúdos exclusivos e fique por dentro de todas as novidades!

Insira seu nome e e-mail para receber atualizações da MBC.
Selecione os conteúdos que mais te interessam e fique por dentro de todas as novidades!

Ao clicar em quero assinar você declara aceita receber conteúdos em seu email e concorda com a nossa política de privacidade.