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Entre sujeito e objeto: O reino dos ventos

Explorando o significado das obras, entre mecanicismo e subjetivismo, o vento do Espírito sopra livremente na interação sujeito e objeto.

Entre sujeito e objeto: O reino dos ventos
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Entre sujeito e objeto: O reino dos ventos

Explorando o significado das obras, entre mecanicismo e subjetivismo, o vento do Espírito sopra livremente na interação sujeito e objeto.

Data da Publicação: 14/06/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 14/06/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
A obra de Michelangelo “A criação de Adão”.

As estátuas nos olham ou nós olhamos para as estátuas? O significado de uma obra está encerrado nela mesma ou seu significado é uma escolha arbitrária do seu observador? Uma obra pode ser totalmente decifrada com um manual de instruções ou seu significado é fruto do gosto de cada um?

Se o significado da obra se encerra em um sentido unívoco que pode ser deduzido por silogismos, então toda produção poética poderia ser deduzida logicamente. Disso se concluiria que a produção de uma obra prima pode ser reproduzida assim como uma equação matemática se reproduz igualmente em qualquer lugar que seja feita. Haveria uma fórmula para uma obra prima.

Também se concluiria que a produção do espírito humano pode ser calculada matematicamente não restando espaço para o mistério. Não havendo mistério, inevitavelmente caímos em uma percepção do mundo como lugar perfeitamente quantificável. Nossa visão da realidade seria totalmente mecanicista.

Porém, se a obra não contém significado em si mesma, caberia a cada observador atribuir seu próprio significado aos objetos. Essa possibilidade destruiria todo senso de hierarquia, pois todas as opiniões teriam o mesmo valor sem nenhum critério de seleção. Ora, isso seria loucura pois estaríamos em um oceano de proposições subjetivas sem conexões umas com as outras. O domínio da subjetividade sobre a realidade nos leva à loucura generalizada de um mundo sem moral e sem princípios objetivos. Toda ciência, toda arte, toda religião inevitavelmente morreriam.

Entre mecanicismo e subjetivismo, a solução para esse enigma encontra-se exatamente no meio dos dois extremos. Não se trata de uma posição de ponderação entre as partes ou de uma tentativa de isenção. É questão de reconhecermos que a resposta para esse mistério se encontra no local do mistério: o espaço entre o sujeito e o objeto. Entre o observador e a obra temos o espaço preenchido pelo vento, pelo ar que vai desde os olhos do observador até o material da obra.

Esse entremeio posicionado entre consciência individual e objeto externo é o palco do Espírito. É o ambiente de liberdade onde não estamos nem condenados às regras matemáticas do mundo exterior e nem enclausurados a uma subjetividade sufocante. Temos que admitir e absorver esse vento que nos separa das obras. É o mesmo vento que nos faz comungar com elas, pois é justamente esse espaço que nos impede de cair no mecanicismo e no subjetivismo.

O mecanicismo retira o ar do mundo, nos impedindo de respirar. O subjetivismo desfalece nossos pulmões, nos impossibilitando absorver o ar que está no mundo. Esse meio entre obra e indivíduo é a habitação da Realidade, ali onde as coisas existem em ato puro.

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    Redação MBC

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    A obra de Michelangelo “A criação de Adão”.

    As estátuas nos olham ou nós olhamos para as estátuas? O significado de uma obra está encerrado nela mesma ou seu significado é uma escolha arbitrária do seu observador? Uma obra pode ser totalmente decifrada com um manual de instruções ou seu significado é fruto do gosto de cada um?

    Se o significado da obra se encerra em um sentido unívoco que pode ser deduzido por silogismos, então toda produção poética poderia ser deduzida logicamente. Disso se concluiria que a produção de uma obra prima pode ser reproduzida assim como uma equação matemática se reproduz igualmente em qualquer lugar que seja feita. Haveria uma fórmula para uma obra prima.

    Também se concluiria que a produção do espírito humano pode ser calculada matematicamente não restando espaço para o mistério. Não havendo mistério, inevitavelmente caímos em uma percepção do mundo como lugar perfeitamente quantificável. Nossa visão da realidade seria totalmente mecanicista.

    Porém, se a obra não contém significado em si mesma, caberia a cada observador atribuir seu próprio significado aos objetos. Essa possibilidade destruiria todo senso de hierarquia, pois todas as opiniões teriam o mesmo valor sem nenhum critério de seleção. Ora, isso seria loucura pois estaríamos em um oceano de proposições subjetivas sem conexões umas com as outras. O domínio da subjetividade sobre a realidade nos leva à loucura generalizada de um mundo sem moral e sem princípios objetivos. Toda ciência, toda arte, toda religião inevitavelmente morreriam.

    Entre mecanicismo e subjetivismo, a solução para esse enigma encontra-se exatamente no meio dos dois extremos. Não se trata de uma posição de ponderação entre as partes ou de uma tentativa de isenção. É questão de reconhecermos que a resposta para esse mistério se encontra no local do mistério: o espaço entre o sujeito e o objeto. Entre o observador e a obra temos o espaço preenchido pelo vento, pelo ar que vai desde os olhos do observador até o material da obra.

    Esse entremeio posicionado entre consciência individual e objeto externo é o palco do Espírito. É o ambiente de liberdade onde não estamos nem condenados às regras matemáticas do mundo exterior e nem enclausurados a uma subjetividade sufocante. Temos que admitir e absorver esse vento que nos separa das obras. É o mesmo vento que nos faz comungar com elas, pois é justamente esse espaço que nos impede de cair no mecanicismo e no subjetivismo.

    O mecanicismo retira o ar do mundo, nos impedindo de respirar. O subjetivismo desfalece nossos pulmões, nos impossibilitando absorver o ar que está no mundo. Esse meio entre obra e indivíduo é a habitação da Realidade, ali onde as coisas existem em ato puro.

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