Destaque, Espiritualidade

Terça-feira Santa: o coração de Jesus diante da traição

Na Terça-feira Santa, contemplamos a dor de Jesus diante da traição e aprendemos sobre fidelidade e misericórdia.

Terça-feira Santa: o coração de Jesus diante da traição
Destaque, Espiritualidade

Terça-feira Santa: o coração de Jesus diante da traição

Na Terça-feira Santa, contemplamos a dor de Jesus diante da traição e aprendemos sobre fidelidade e misericórdia.

Data da Publicação: 12/04/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 12/04/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Na Terça-feira Santa, contemplamos a dor de Jesus diante da traição e aprendemos sobre fidelidade e misericórdia.

A Terça-feira Santa nos coloca diante de um profundo drama espiritual: a dor de Jesus diante da traição e da negação de seus amigos. É o início da paixão interior de Cristo, marcada não apenas pelo sofrimento físico que virá, mas pela solidão e pela ferida provocada pela infidelidade dos mais próximos.

Neste artigo, vamos refletir sobre o Evangelho e a liturgia da Terça-feira Santa, compreendendo o significado das atitudes de Judas e Pedro, a paciência do coração de Jesus, e como essa cena nos ensina a viver com mais humildade, confiança e fidelidade durante a Semana Santa.

O drama da amizade ferida

A Terça-feira Santa mergulha o coração da Igreja em um dos episódios mais humanos e dolorosos da Paixão: a traição e a negação. Estamos diante de um dia marcado por tensões profundas e silenciosas — o tipo de dor que não se vê por fora, mas que fere até o mais íntimo da alma. Jesus, que amou até o fim, contempla o coração dos seus amigos e vê o que está prestes a acontecer: Judas o entregará. Pedro o negará. E mesmo assim, Ele continua amando.

A liturgia nos apresenta duas figuras centrais, dois homens profundamente diferentes, mas unidos por uma mesma realidade: a fraqueza humana. Judas e Pedro foram escolhidos, chamados pessoalmente, acompanharam o Mestre de perto. Mas naquele momento crucial, cada um deles falha. A Terça-feira Santa é o dia para contemplar esse drama — e, sobretudo, o modo como Jesus o atravessa: com misericórdia e fidelidade.

Conheça a história de São Pedro.

O Evangelho do dia: Jo 13,21-33.36-38

O capítulo 13 do Evangelho segundo São João traz um dos momentos mais solenes da vida de Cristo: a Última Ceia. Ali, entre pão e vinho, gestos de ternura e palavras de despedida, Jesus faz um anúncio que abala o coração dos discípulos: “Um de vós me trairá.” 1

O ambiente, antes de comunhão, agora se tinge de inquietação. Quem seria capaz disso? Os olhares se cruzam. Pedro, impetuoso, pede a João — o discípulo amado — que pergunte a Jesus de quem Ele está falando. Jesus então responde, com um gesto de intimidade silenciosa: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho”. 2 E o entrega a Judas.

O texto conclui: “Era noite” (Jo 13,30). Uma frase curta, mas carregada de sentido. A noite caiu sobre o mundo — mas, principalmente, sobre o coração de Judas.

A noite de Judas

Judas sai da ceia. Sai da comunhão. Sai da luz. E mergulha na escuridão. A expressão “era noite” é mais do que uma marca de tempo: é uma descrição espiritual. Judas entra na noite de sua própria vontade, da sua escolha. Ele abandona o Mestre e se isola, acreditando poder resolver as coisas do seu jeito.

A Igreja olha para Judas não com desprezo, mas com dor. Ele não foi rejeitado por Jesus. Pelo contrário: foi amado até o fim. Recebeu pão, conviveu, escutou, foi enviado. Mas seu coração foi se fechando. A tragédia de Judas é também um espelho para nós: o que acontece quando endurecemos o coração? Quando deixamos a comunhão e mergulhamos em nossas próprias trevas?

Descubra o que a traição de Judas pode nos ensinar e como pode ser comparada com a traição de São Pedro.

Negação de Pedro, por Rembrandt (1660)

O anúncio da negação de Pedro

Como se não bastasse o peso da traição, Jesus volta-se a Pedro e anuncia: “Antes que o galo cante, me negarás três vezes.” 3 Pedro, impulsivo e apaixonado, protesta que está pronto para morrer com Jesus, mas o Senhor, que conhece o coração humano, sabe que o medo o fará tropeçar.

Pedro é o exemplo do zelo que precisa ser purificado. Ele ama Jesus, de fato, porém sua confiança ainda está muito em si mesmo, na sua própria força. E é por isso que cairá. Contudo, ao contrário de Judas, que se afasta e se fecha, Pedro voltará. Chorará amargamente, converter-se-á e será confirmado na fé.

A liturgia da Terça-feira Santa

A Primeira Leitura, retirada do livro de Isaías 4, continua a nos apresentar os Cânticos do Servo Sofredor. O Servo é aquele que foi chamado desde o ventre, mas que experimenta a sensação de que tudo foi em vão. Contudo, ele se apoia no Senhor e permanece fiel. É uma figura de Cristo — mas também uma imagem de todos os que, mesmo diante do aparente fracasso, escolhem confiar.

O Salmo 70 ressoa como uma súplica sincera: “Minha boca anunciará vossa justiça”. É a oração dos que querem perseverar, mesmo na dor. Já o Evangelho revela que a Paixão de Jesus não começou no Calvário, mas no coração: Ele sente o peso do abandono, da infidelidade, da solidão.

O Evangelho 5 revela o início da paixão interior de Cristo. Antes mesmo das chagas físicas, Jesus sofre com as feridas da alma: Ele sente o peso da traição de Judas e prevê a negação de Pedro. Com poucas palavras, o texto nos conduz a um ambiente denso e silencioso, marcado pela dor da despedida, pela solidão e pela fidelidade de um amor que não se abala. É a noite em que a sombra da cruz começa a descer sobre o coração do Mestre — e que nos prepara para o mistério do Tríduo Pascal.

Confira a liturgia completa da Terça-feira Santa aqui.

Espiritualidade: Ele conhece nossas sombras

Jesus sabia, sabia o que Judas faria, sabia da negação de Pedro, e, mesmo assim, continuou a amá-los, a lavar os pés deles, a partir o pão com eles. Ele conhece nossas sombras, nossas fraquezas, nossas noites — e não desiste de nós.

A Terça-feira Santa nos ensina a não confiar demais em nossas próprias forças. Ninguém é forte por si mesmo. Ao mesmo tempo, somos chamados a não cair no desespero quando tropeçamos. Jesus olha com compaixão tanto para Judas quanto para Pedro. Um escolhe afastar-se. O outro, apesar da queda, se deixa alcançar pelo olhar de Jesus. E recomeça.

Este é o convite: recomeçar. Deixar-se olhar. Voltar ao Senhor.

Você tem o costume de rezar o Ato de Contrição? Aprenda a fazê-lo aqui.

Como viver bem a Terça-feira Santa

  • Meditar João 13, colocando-se na ceia com Jesus
    Reserve um tempo de silêncio para ler o Evangelho do dia. Imagine-se ali, entre os discípulos. Escute as palavras de Jesus, observe os gestos, sinta a tensão. Deixe que esse momento toque o seu coração e revele onde você se encontra: mais próximo de João? De Pedro? Ou de Judas?
  • Confessar-se, se ainda não o fez, e preparar-se para o Tríduo
    A proximidade do Tríduo Pascal faz da Terça-feira Santa um momento propício para a confissão. Voltar a Jesus com humildade é a melhor forma de preparar-se para viver a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor com profundidade.
  • Fazer um exame de consciência profundo: em que momentos fui Pedro? Em que momentos fui Judas?
    Reflita sobre suas atitudes. Houve momentos em que negou sua fé por medo? Ou ocasiões em que, como Judas, seguiu sua própria vontade, mesmo sabendo o que era certo? O objetivo não é alimentar a culpa, mas abrir espaço ao arrependimento sincero e à graça.

Aprenda a fazer um bom exame de consciência.

  • Pedir a graça de permanecer fiel mesmo diante do medo
    A fidelidade nasce da graça, não da força. Peça a Jesus a coragem de permanecer com Ele, mesmo quando tudo parecer escuro. Que, no momento da prova, você não fuja — mas confie.
  • Oferecer o dia pelas pessoas que estão longe da Igreja ou da fé
    A Terça-feira Santa é um bom momento para interceder por aqueles que, como Judas, se afastaram. Reze por eles. Ofereça suas orações, seus sacrifícios, seu dia. O amor de Cristo os alcança — e nossa oração pode ser ponte.

Leia também sobre a Segunda-feira Santa.

Referências

  1. Jo 13, 21[]
  2. Jo 13, 26[]
  3. Jo 13, 38[]
  4. Isaías 49,1-6[]
  5. João 13,21-33.36-38[]
Redação MBC

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Na Terça-feira Santa, contemplamos a dor de Jesus diante da traição e aprendemos sobre fidelidade e misericórdia.

A Terça-feira Santa nos coloca diante de um profundo drama espiritual: a dor de Jesus diante da traição e da negação de seus amigos. É o início da paixão interior de Cristo, marcada não apenas pelo sofrimento físico que virá, mas pela solidão e pela ferida provocada pela infidelidade dos mais próximos.

Neste artigo, vamos refletir sobre o Evangelho e a liturgia da Terça-feira Santa, compreendendo o significado das atitudes de Judas e Pedro, a paciência do coração de Jesus, e como essa cena nos ensina a viver com mais humildade, confiança e fidelidade durante a Semana Santa.

O drama da amizade ferida

A Terça-feira Santa mergulha o coração da Igreja em um dos episódios mais humanos e dolorosos da Paixão: a traição e a negação. Estamos diante de um dia marcado por tensões profundas e silenciosas — o tipo de dor que não se vê por fora, mas que fere até o mais íntimo da alma. Jesus, que amou até o fim, contempla o coração dos seus amigos e vê o que está prestes a acontecer: Judas o entregará. Pedro o negará. E mesmo assim, Ele continua amando.

A liturgia nos apresenta duas figuras centrais, dois homens profundamente diferentes, mas unidos por uma mesma realidade: a fraqueza humana. Judas e Pedro foram escolhidos, chamados pessoalmente, acompanharam o Mestre de perto. Mas naquele momento crucial, cada um deles falha. A Terça-feira Santa é o dia para contemplar esse drama — e, sobretudo, o modo como Jesus o atravessa: com misericórdia e fidelidade.

Conheça a história de São Pedro.

O Evangelho do dia: Jo 13,21-33.36-38

O capítulo 13 do Evangelho segundo São João traz um dos momentos mais solenes da vida de Cristo: a Última Ceia. Ali, entre pão e vinho, gestos de ternura e palavras de despedida, Jesus faz um anúncio que abala o coração dos discípulos: “Um de vós me trairá.” 1

O ambiente, antes de comunhão, agora se tinge de inquietação. Quem seria capaz disso? Os olhares se cruzam. Pedro, impetuoso, pede a João — o discípulo amado — que pergunte a Jesus de quem Ele está falando. Jesus então responde, com um gesto de intimidade silenciosa: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho”. 2 E o entrega a Judas.

O texto conclui: “Era noite” (Jo 13,30). Uma frase curta, mas carregada de sentido. A noite caiu sobre o mundo — mas, principalmente, sobre o coração de Judas.

A noite de Judas

Judas sai da ceia. Sai da comunhão. Sai da luz. E mergulha na escuridão. A expressão “era noite” é mais do que uma marca de tempo: é uma descrição espiritual. Judas entra na noite de sua própria vontade, da sua escolha. Ele abandona o Mestre e se isola, acreditando poder resolver as coisas do seu jeito.

A Igreja olha para Judas não com desprezo, mas com dor. Ele não foi rejeitado por Jesus. Pelo contrário: foi amado até o fim. Recebeu pão, conviveu, escutou, foi enviado. Mas seu coração foi se fechando. A tragédia de Judas é também um espelho para nós: o que acontece quando endurecemos o coração? Quando deixamos a comunhão e mergulhamos em nossas próprias trevas?

Descubra o que a traição de Judas pode nos ensinar e como pode ser comparada com a traição de São Pedro.

Negação de Pedro, por Rembrandt (1660)

O anúncio da negação de Pedro

Como se não bastasse o peso da traição, Jesus volta-se a Pedro e anuncia: “Antes que o galo cante, me negarás três vezes.” 3 Pedro, impulsivo e apaixonado, protesta que está pronto para morrer com Jesus, mas o Senhor, que conhece o coração humano, sabe que o medo o fará tropeçar.

Pedro é o exemplo do zelo que precisa ser purificado. Ele ama Jesus, de fato, porém sua confiança ainda está muito em si mesmo, na sua própria força. E é por isso que cairá. Contudo, ao contrário de Judas, que se afasta e se fecha, Pedro voltará. Chorará amargamente, converter-se-á e será confirmado na fé.

A liturgia da Terça-feira Santa

A Primeira Leitura, retirada do livro de Isaías 4, continua a nos apresentar os Cânticos do Servo Sofredor. O Servo é aquele que foi chamado desde o ventre, mas que experimenta a sensação de que tudo foi em vão. Contudo, ele se apoia no Senhor e permanece fiel. É uma figura de Cristo — mas também uma imagem de todos os que, mesmo diante do aparente fracasso, escolhem confiar.

O Salmo 70 ressoa como uma súplica sincera: “Minha boca anunciará vossa justiça”. É a oração dos que querem perseverar, mesmo na dor. Já o Evangelho revela que a Paixão de Jesus não começou no Calvário, mas no coração: Ele sente o peso do abandono, da infidelidade, da solidão.

O Evangelho 5 revela o início da paixão interior de Cristo. Antes mesmo das chagas físicas, Jesus sofre com as feridas da alma: Ele sente o peso da traição de Judas e prevê a negação de Pedro. Com poucas palavras, o texto nos conduz a um ambiente denso e silencioso, marcado pela dor da despedida, pela solidão e pela fidelidade de um amor que não se abala. É a noite em que a sombra da cruz começa a descer sobre o coração do Mestre — e que nos prepara para o mistério do Tríduo Pascal.

Confira a liturgia completa da Terça-feira Santa aqui.

Espiritualidade: Ele conhece nossas sombras

Jesus sabia, sabia o que Judas faria, sabia da negação de Pedro, e, mesmo assim, continuou a amá-los, a lavar os pés deles, a partir o pão com eles. Ele conhece nossas sombras, nossas fraquezas, nossas noites — e não desiste de nós.

A Terça-feira Santa nos ensina a não confiar demais em nossas próprias forças. Ninguém é forte por si mesmo. Ao mesmo tempo, somos chamados a não cair no desespero quando tropeçamos. Jesus olha com compaixão tanto para Judas quanto para Pedro. Um escolhe afastar-se. O outro, apesar da queda, se deixa alcançar pelo olhar de Jesus. E recomeça.

Este é o convite: recomeçar. Deixar-se olhar. Voltar ao Senhor.

Você tem o costume de rezar o Ato de Contrição? Aprenda a fazê-lo aqui.

Como viver bem a Terça-feira Santa

  • Meditar João 13, colocando-se na ceia com Jesus
    Reserve um tempo de silêncio para ler o Evangelho do dia. Imagine-se ali, entre os discípulos. Escute as palavras de Jesus, observe os gestos, sinta a tensão. Deixe que esse momento toque o seu coração e revele onde você se encontra: mais próximo de João? De Pedro? Ou de Judas?
  • Confessar-se, se ainda não o fez, e preparar-se para o Tríduo
    A proximidade do Tríduo Pascal faz da Terça-feira Santa um momento propício para a confissão. Voltar a Jesus com humildade é a melhor forma de preparar-se para viver a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor com profundidade.
  • Fazer um exame de consciência profundo: em que momentos fui Pedro? Em que momentos fui Judas?
    Reflita sobre suas atitudes. Houve momentos em que negou sua fé por medo? Ou ocasiões em que, como Judas, seguiu sua própria vontade, mesmo sabendo o que era certo? O objetivo não é alimentar a culpa, mas abrir espaço ao arrependimento sincero e à graça.

Aprenda a fazer um bom exame de consciência.

  • Pedir a graça de permanecer fiel mesmo diante do medo
    A fidelidade nasce da graça, não da força. Peça a Jesus a coragem de permanecer com Ele, mesmo quando tudo parecer escuro. Que, no momento da prova, você não fuja — mas confie.
  • Oferecer o dia pelas pessoas que estão longe da Igreja ou da fé
    A Terça-feira Santa é um bom momento para interceder por aqueles que, como Judas, se afastaram. Reze por eles. Ofereça suas orações, seus sacrifícios, seu dia. O amor de Cristo os alcança — e nossa oração pode ser ponte.

Leia também sobre a Segunda-feira Santa.

Referências

  1. Jo 13, 21[]
  2. Jo 13, 26[]
  3. Jo 13, 38[]
  4. Isaías 49,1-6[]
  5. João 13,21-33.36-38[]

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