Colunistas

A mulher cristã, sua dignidade e missão

Essa dignidade não se baseia em comparações com o homem, mas na complementaridade e na igualdade de valor diante de Deus

A mulher cristã, sua dignidade e missão
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A mulher cristã, sua dignidade e missão

Essa dignidade não se baseia em comparações com o homem, mas na complementaridade e na igualdade de valor diante de Deus

Data da Publicação: 24/08/2024
Tempo de leitura:
Autor: Aline Brodbeck
Data da Publicação: 24/08/2024
Tempo de leitura:
Autor: Aline Brodbeck

Na perspectiva cristã, a mulher é não apenas uma figura complementar, mas uma portadora de uma dignidade e missão únicas. Sua essência e contribuição para a sociedade e para a fé são profundamente valorizadas. Em primeiro lugar, ela é chamada a manifestar a ternura, a generosidade e a profundidade espiritual que são intrínsecas à sua natureza. Essa missão se desdobra não só no âmbito familiar, onde seu papel materno é fundamental na transmissão da fé e na formação dos filhos, mas também na comunidade e na Igreja como educadora, evangelizadora e testemunha da fé. 

A dignidade da mulher na fé cristã é compreendida como uma expressão da imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,27), onde sua singularidade e dons específicos são celebrados. Essa dignidade não se baseia em comparações com o homem, mas na complementaridade e na igualdade de valor diante de Deus, o que implica em um respeito profundo pela mulher em todas as suas dimensões: física, emocional, espiritual e intelectual. Ela é chamada a ser modelo de santidade, inspirando pela sua vida de fé, esperança e caridade, e pela sua capacidade de responder ao chamado de Cristo com uma entrega total e generosa.

Não esqueçamos, também, que a mulher cristã é encorajada a desempenhar um papel ativo e transformador, levando os valores do Evangelho para o mundo. Sua presença é vital em diversas áreas, desde o cuidado aos necessitados até o apoio às iniciativas de caridade e justiça social. Ela traz uma perspectiva única de sensibilidade e acolhimento, contribuindo para uma sociedade mais compassiva e amorosa. A missão da mulher é entendida como complementar à do homem, não em um sentido de sujeição e subserviência, mas de colaboração mútua. Ela possui dons e talentos únicos que enriquecem a comunidade cristã e a sociedade em geral. Sua capacidade de cuidar, nutrir, educar e guiar é vista como essencial não apenas dentro da família, mas também na igreja e na comunidade em que está inserida. Este papel de liderança espiritual e prática se manifesta em sua capacidade de influenciar positivamente os outros através de seu testemunho de vida e serviço desinteressado.

Há dois erros opostos na concepção sobre a mulher que se destacam ao longo da história. Primeiro, há a tentativa de subjugar e escravizar a mulher, considerando-a inferior ao homem, uma visão predominante no mundo antigo até o advento do Cristianismo. Em contrapartida, o igualitarismo de matriz marxista busca equiparar homem e mulher não apenas em essência, mas também em todos os aspectos. Foi somente na Idade Média, quando, segundo o Papa Leão XIII, o espírito do Evangelho influenciou as sociedades, que garantias jurídicas começaram a ser estabelecidas para as mulheres, reconhecendo sua dignidade igual à do homem. A verdadeira igualdade entre homens e mulheres reside na sua origem e destino comuns, no chamado universal à felicidade e na dignidade intrínseca de cada um, sem negar as diferenças naturais que os distinguem.

A união matrimonial entre homem e mulher, estabelecida e regulada pelo Criador com suas próprias leis, possui uma natureza intrínseca que aponta para diversos propósitos essenciais. São Paulo a denominava, em relação aos cristãos, um grande sacramento e que deveria ser interpretado em relação a Cristo e à Igreja (cf. Ef 5,32). Primeiramente, o matrimônio é ordenado à comunhão e ao bem mútuo dos cônjuges. Essa comunhão não se restringe apenas ao compartilhamento de vida e afetos, mas também abrange uma profunda união espiritual e emocional, onde ambos encontram apoio, amor, e crescimento pessoal.

Além disso, o matrimônio é destinado à geração e ao bem dos filhos. A capacidade de gerar e educar filhos é um dos fundamentos biológicos e sociais do matrimônio, sendo visto como um ambiente ideal para a procriação e a formação integral dos filhos. Os pais, ao unirem-se nesta relação, não apenas compartilham sua vida e amor, mas também colaboram na educação, na proteção e no desenvolvimento moral, intelectual e espiritual de seus descendentes.

Esses aspectos não são apenas concepções culturais ou sociais, mas são fundamentados na própria natureza humana e na ordem natural estabelecida pelo Criador. A complementaridade entre homem e mulher, tanto física quanto emocional e espiritual, é central para o entendimento do matrimônio como uma instituição que visa promover o bem integral das pessoas envolvidas e da sociedade como um todo.

O conceito de união matrimonial está diretamente ligado à dignidade da mulher na medida em que reconhece sua participação essencial e igualitária nesse contexto. Primeiramente, ao afirmar que a união matrimonial é ordenada à comunhão dos cônjuges, reconhece-se que a mulher, assim como o homem, é uma parte integral dessa comunhão. Ela não é vista como inferior ou subordinada na relação, mas como uma parceira igualmente digna, contribuindo de maneira única e essencial para a vida matrimonial e familiar.

Além disso, ao destacar que o matrimônio também é ordenado à geração e ao bem dos filhos, reconhece-se a importância da mulher como co-criadora, juntamente com o homem, na procriação e na formação dos filhos. Isso reafirma sua dignidade intrínseca como participante ativa no processo de perpetuação da vida e na transmissão de valores, educação e amor aos filhos.

Enfim, a mulher encontra sua realização primordialmente na vivência do amor no matrimônio e na maternidade, que são estados de vida santificados por Cristo através do sacramento do matrimônio. Nestes papéis, ela encontra um espaço vital para dar sentido pleno à sua existência, dedicando-se completamente ao bem de seu esposo e filhos. A ênfase inicial deve ser no desenvolvimento pessoal através desses papéis: como mãe e esposa, e também, em alguns casos, como consagrada. Independentemente da escolha, seja como mãe e esposa ou como consagrada, a mulher desempenha um papel essencial como educadora. Este dom pedagógico é uma característica intrínseca, que se manifesta não apenas na formação formal, mas também no aconselhamento e na orientação que oferece, graças ao seu instinto natural e sensibilidade.

A missão da mulher está intrinsecamente ligada à sua dignidade. A dignidade da mulher não reside apenas na igualdade de sua humanidade em relação ao homem, mas também na maneira única como ela contribui para a sociedade e para a Igreja através desses papéis. Na vivência do amor conjugal e na maternidade, a mulher exerce sua dignidade ao manifestar seu dom total de si mesma para o bem da família. Sua capacidade de educar, tanto dentro de casa como em contextos mais amplos, reflete sua sensibilidade e sua habilidade inata de nutrir e formar aqueles ao seu redor. Assim, a dignidade da mulher se realiza não apenas na igualdade de direitos e oportunidades, mas também na sua contribuição essencial para o florescimento humano e espiritual da sociedade. Pio XII ensinava que a mulher tem uma “missão nobilíssima de esposa, mãe e companheira.” (Encíclica Casti Connubii, 27)

Sua dignidade e missão são inseparáveis de sua identidade como filha amada de Deus, chamada a irradiar a luz de Cristo em todas as dimensões de sua vida e a oferecer ao mundo um testemunho vivo do amor e da graça divina.

Leia também: 7 mulheres santas para se inspirar

Aline Brodbeck

Aline Brodbeck

É advogada, autora de diversos livros, professora, formadora católica em temas de família e feminilidade. Mãe de cinco filhos.

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Na perspectiva cristã, a mulher é não apenas uma figura complementar, mas uma portadora de uma dignidade e missão únicas. Sua essência e contribuição para a sociedade e para a fé são profundamente valorizadas. Em primeiro lugar, ela é chamada a manifestar a ternura, a generosidade e a profundidade espiritual que são intrínsecas à sua natureza. Essa missão se desdobra não só no âmbito familiar, onde seu papel materno é fundamental na transmissão da fé e na formação dos filhos, mas também na comunidade e na Igreja como educadora, evangelizadora e testemunha da fé. 

A dignidade da mulher na fé cristã é compreendida como uma expressão da imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,27), onde sua singularidade e dons específicos são celebrados. Essa dignidade não se baseia em comparações com o homem, mas na complementaridade e na igualdade de valor diante de Deus, o que implica em um respeito profundo pela mulher em todas as suas dimensões: física, emocional, espiritual e intelectual. Ela é chamada a ser modelo de santidade, inspirando pela sua vida de fé, esperança e caridade, e pela sua capacidade de responder ao chamado de Cristo com uma entrega total e generosa.

Não esqueçamos, também, que a mulher cristã é encorajada a desempenhar um papel ativo e transformador, levando os valores do Evangelho para o mundo. Sua presença é vital em diversas áreas, desde o cuidado aos necessitados até o apoio às iniciativas de caridade e justiça social. Ela traz uma perspectiva única de sensibilidade e acolhimento, contribuindo para uma sociedade mais compassiva e amorosa. A missão da mulher é entendida como complementar à do homem, não em um sentido de sujeição e subserviência, mas de colaboração mútua. Ela possui dons e talentos únicos que enriquecem a comunidade cristã e a sociedade em geral. Sua capacidade de cuidar, nutrir, educar e guiar é vista como essencial não apenas dentro da família, mas também na igreja e na comunidade em que está inserida. Este papel de liderança espiritual e prática se manifesta em sua capacidade de influenciar positivamente os outros através de seu testemunho de vida e serviço desinteressado.

Há dois erros opostos na concepção sobre a mulher que se destacam ao longo da história. Primeiro, há a tentativa de subjugar e escravizar a mulher, considerando-a inferior ao homem, uma visão predominante no mundo antigo até o advento do Cristianismo. Em contrapartida, o igualitarismo de matriz marxista busca equiparar homem e mulher não apenas em essência, mas também em todos os aspectos. Foi somente na Idade Média, quando, segundo o Papa Leão XIII, o espírito do Evangelho influenciou as sociedades, que garantias jurídicas começaram a ser estabelecidas para as mulheres, reconhecendo sua dignidade igual à do homem. A verdadeira igualdade entre homens e mulheres reside na sua origem e destino comuns, no chamado universal à felicidade e na dignidade intrínseca de cada um, sem negar as diferenças naturais que os distinguem.

A união matrimonial entre homem e mulher, estabelecida e regulada pelo Criador com suas próprias leis, possui uma natureza intrínseca que aponta para diversos propósitos essenciais. São Paulo a denominava, em relação aos cristãos, um grande sacramento e que deveria ser interpretado em relação a Cristo e à Igreja (cf. Ef 5,32). Primeiramente, o matrimônio é ordenado à comunhão e ao bem mútuo dos cônjuges. Essa comunhão não se restringe apenas ao compartilhamento de vida e afetos, mas também abrange uma profunda união espiritual e emocional, onde ambos encontram apoio, amor, e crescimento pessoal.

Além disso, o matrimônio é destinado à geração e ao bem dos filhos. A capacidade de gerar e educar filhos é um dos fundamentos biológicos e sociais do matrimônio, sendo visto como um ambiente ideal para a procriação e a formação integral dos filhos. Os pais, ao unirem-se nesta relação, não apenas compartilham sua vida e amor, mas também colaboram na educação, na proteção e no desenvolvimento moral, intelectual e espiritual de seus descendentes.

Esses aspectos não são apenas concepções culturais ou sociais, mas são fundamentados na própria natureza humana e na ordem natural estabelecida pelo Criador. A complementaridade entre homem e mulher, tanto física quanto emocional e espiritual, é central para o entendimento do matrimônio como uma instituição que visa promover o bem integral das pessoas envolvidas e da sociedade como um todo.

O conceito de união matrimonial está diretamente ligado à dignidade da mulher na medida em que reconhece sua participação essencial e igualitária nesse contexto. Primeiramente, ao afirmar que a união matrimonial é ordenada à comunhão dos cônjuges, reconhece-se que a mulher, assim como o homem, é uma parte integral dessa comunhão. Ela não é vista como inferior ou subordinada na relação, mas como uma parceira igualmente digna, contribuindo de maneira única e essencial para a vida matrimonial e familiar.

Além disso, ao destacar que o matrimônio também é ordenado à geração e ao bem dos filhos, reconhece-se a importância da mulher como co-criadora, juntamente com o homem, na procriação e na formação dos filhos. Isso reafirma sua dignidade intrínseca como participante ativa no processo de perpetuação da vida e na transmissão de valores, educação e amor aos filhos.

Enfim, a mulher encontra sua realização primordialmente na vivência do amor no matrimônio e na maternidade, que são estados de vida santificados por Cristo através do sacramento do matrimônio. Nestes papéis, ela encontra um espaço vital para dar sentido pleno à sua existência, dedicando-se completamente ao bem de seu esposo e filhos. A ênfase inicial deve ser no desenvolvimento pessoal através desses papéis: como mãe e esposa, e também, em alguns casos, como consagrada. Independentemente da escolha, seja como mãe e esposa ou como consagrada, a mulher desempenha um papel essencial como educadora. Este dom pedagógico é uma característica intrínseca, que se manifesta não apenas na formação formal, mas também no aconselhamento e na orientação que oferece, graças ao seu instinto natural e sensibilidade.

A missão da mulher está intrinsecamente ligada à sua dignidade. A dignidade da mulher não reside apenas na igualdade de sua humanidade em relação ao homem, mas também na maneira única como ela contribui para a sociedade e para a Igreja através desses papéis. Na vivência do amor conjugal e na maternidade, a mulher exerce sua dignidade ao manifestar seu dom total de si mesma para o bem da família. Sua capacidade de educar, tanto dentro de casa como em contextos mais amplos, reflete sua sensibilidade e sua habilidade inata de nutrir e formar aqueles ao seu redor. Assim, a dignidade da mulher se realiza não apenas na igualdade de direitos e oportunidades, mas também na sua contribuição essencial para o florescimento humano e espiritual da sociedade. Pio XII ensinava que a mulher tem uma “missão nobilíssima de esposa, mãe e companheira.” (Encíclica Casti Connubii, 27)

Sua dignidade e missão são inseparáveis de sua identidade como filha amada de Deus, chamada a irradiar a luz de Cristo em todas as dimensões de sua vida e a oferecer ao mundo um testemunho vivo do amor e da graça divina.

Leia também: 7 mulheres santas para se inspirar

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