Devoção

O novo mundo: os efeitos da vida de Santo Inácio no Brasil

O novo mundo: os efeitos da vida de Santo Inácio no Brasil
Devoção

O novo mundo: os efeitos da vida de Santo Inácio no Brasil

Data da Publicação: 19/05/2022
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 19/05/2022
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Por Felipe Botelho

SÃO JOSÉ DE ANCHEIETA: O apóstolo do Brasil

José de Anchieta nasceu em São Cristóvão da Laguna, nas Ilhas Canárias, pertencentes à Espanha, no dia 19 de março do ano de 1534, dia da Solenidade de São José. Era filho de João Lopez de Anchieta e Mência Dias de Clavijo y Lerena, nobres locais. 

Desde de cedo José manifestou vocação à para a vida religiosa. Após concluir os estudos das primeiras letras, foi enviado junto com um irmão à Universidade de Coimbra, onde estudou humanidades e filosofia. Estudante Aluno dedicado, José tinha inclinação natural às letras e à poesia.

Ainda muito jovem, Anchieta faz voto de castidade. 

Aos 17 anos Anchieta ingressa no noviciado da Companhia de Jesus. Os jesuítas recebiam em suas fileiras um dos corações mais angélicos, um dos soldados mais heroicos, e um dos maiores missionário de toda a história. Amante da disciplina e das penitências, tinha uma união com Deus impressionante: permanecia ajoelhado em êxtase horas seguidas, em profunda oração, totalmente alheio aos interesses mundanos. Tinha amor tão extraordinário pela Santíssima Eucaristia e pelo Santo Sacrifício da Missa que prestava auxílio em até sete missas por dia.

Casa de São José de Anchieta em Laguna, Ilhas Canárias. 

José tinha saúde fraca, mas nem por isso se deixava abater o espírito. Nos dois anos em que ficou prostado pela doença, não podendo assumir trabalhos físicos, José dedicava-se à adoração permanente do Santíssimo Sacramento.  

O Padre Manuel da Nóbrega, superior dos jesuítas no Brasil, querendo mais religiosos para trabalharem nas missões do imenso Brasilterritório, envia uma carta ao provincial da Companhia pedindo mais missionários, inclusive os doentes. Em 8 de maio de 1553, saía de Lisboa, aos 19 anos, Anchieta com mais seis religiosos, todos de saúde frágil, cruzando oceano para evangelizar uma terra desconhecida, expostos às mais diversas dificuldades e perigos, inclusive ao martírio. Antes de partir, despediu-se de seus parentes certo de não voltar mais: “Nos vemos no Céu!”, disse à sua família. 

Poderíamos nos perguntar: o que moviam esses homens? Sem dúvida, um ardente amor a Cristo, a glória de Deus e a salvação das almas. Com esse espirito é que os jesuítas dos bons tempos eram formados.

Retrato do Padre José de Anchieta. Obra de Benedito Calixto, 1902. 

No recém-nascido Brasil havia muitas tribos indígenas em contínuas batalhas; entre os índios eram muito comuns as práticas de infanticídio, feitiçaria e canibalismo. Muitos jesuítas foram martirizados levando o Evangelho e a salvação àqueles homens que ainda não conheciam Nosso Senhor Jesus Cristo e viviam afastados da lei natural. Tudo isso só aumenta a glória dos corajosos missionários, dispostos a darem suas vidas para cumprir o mandato evangélico: “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura” (cf. Mt 28,19).

O Irmão Anchieta chegou ao Brasil em 13 de julho de 1553, na Bahia. Logo ao chegar, pôs-se à obra e transformou a casa da companhia em escola: ensinava as letras e pregava o Evangelho. Em 1554, Anchieta e o Pe. Manoel da Nóbrega, com mais onze jesuítas, partiram para os campos do planalto de Piratininga, onde fundariam um colégio para os filhos dos portugueses e índios civilizados. No dia 25 de janeiro, conversão de São Paulo, foi celebrada a primeira Missa da nova fundação da cidade de São Paulo.

Anchieta submeteu-se a todos os tipos de trabalhos: além de ensinar a gramática e latim, fazia serviços braçais e auxiliava como médico. Também foi um grande defensor dos índios, contra aqueles que queriam escravizá-los.

A Fundação de São Paulo – Oscar Pereira da Silva (1865–1939)

Por volta de 1566, já no Rio de Janeiro, Anchieta foi ordenado sacerdote e lá acompanhou Estácio de Sá nos seus últimos momentos de luta contra os protestantes franceses, na Baía de Guanabara. Fez missões também no Espírito Santo, onde foi nomeado em 1577 superior da Companhia de Jesus no Brasil.  

Autor da primeira gramática da língua tupi e um dos primeiros autores da literatura brasileira, Anchieta compôs poemas, peças teatrais e até uma epopeia. Escreveu em espanhol, em português, em tupi e em latim. Construiu cidades, Igrejas, hospícios, colégios e instituições pias e beneficentes. O Padre Júlio Maria de Lombaerde, em sua história do catolicismo no Brasil, descreve: “Personagem histórico, legendário, quase bíblico.  Uns celebram nele o evangelizador das tribos selvagens, outros o gênio da poesia e das lendas; outros, enfim, o patriarca rodeado, no seio das florestas, de uma grande e descendência espiritual, que ele gerara no Cristo”.

Zacarias de Vizcarra descreve Anchieta como um dos maiores missionários de todo mundo. Segundo seus biógrafos, durante a sua vida batizou mais de dois milhões de índios. Conta-se que uma vez passou 24 horas batizando, sem interrupção, tendo que ser sustentado por dois homens que lhe sustentavam os braços enquanto ele derramava a água e pronunciava a fórmula do batismo. 

São José de Anchieta, assim como  e a Companhia de Jesus, foram responsáveis pela fundação e nascimento do Brasil católico, tudo para maior honra e glória de Deus. Seu maior legado foi, sem dúvidas, a salvação daquelas almas que foram alcançadas por suas pregações e catequeses. 

Evangelho nas Selvas, por Benedito Calixto (1893)
PADRE MANUEL DA NÓBREGA, O FUNDADOR DA CRISTANDADE BRASILEIRA

O Pe. Nóbrega abençoando Estácio de Sá e suas tropas, que partiam para reconquistar Guanabara e fundar a cidade do Rio de Janeiro. Ajoelhado, São José de Anchieta.

O Padre Manuel da Nóbrega nasceu no dia 18 de outubro de 1517, em uma vila na região norte de Portugal. Filho de um desembargador e chanceler-mor do reino, Nóbrega estudou nas universidades de Salamanca e Coimbra, recebendo título de bacharel e direito canônico e filosofia.

Aos 27 anos foi ordenado sacerdote na recém-fundada Companhia de Jesus. Pregou intensamente o Evangelho nas terras de Portugal e Espanha; logo depois, por convite do Rei Dom João III, foi enviado ao Brasil como missionário. Chegou ao Novo Mundo no dia 29 de março de 1949, tendo 31 anos, e logo se pôs a catequizar os índios levando a luz do Evangelho às almas obscurecidas pelas trevas da ignorância e do erro. 

Sendo o primeiro provincial da Companhia de Jesus no Brasil, o Pe. Manuel da Nóbrega participou das fundações de várias das principais cidades do Brasil, como Salvador e Rio de Janeiro, e idealizou junto com Anchieta e outros missionários a fundação de São Paulo. Foi Nóbrega quem solicitou ao Rei de Portugal a criação da primeira diocese do Brasil, São Salvador da Bahia. 

Padre Manuel da Nobrega e Padre Anchieta

Nóbrega pregou fortemente contra a antropofagia (canibalismo) e ao mesmo tempo defendeu os índios contra toda tentativa de exploração. Em 1558 convenceu o governador Mem de Sá a promulgar leis de “proteção dos índios”, proibindo a escravidão, o oposto das calúnias da “legenda negra” ensinadas nas instituições educacionais que ardilosamente falsificam a história. É graças aos esforços dos jesuítas que no Brasil não houve segregação racial contra os indígenas.

“Esta terra é a nossa empresa”, disse o Pe. Manuel da Nóbrega, que, junto ao Padre Anchieta, pode ser considerado o fundador do Brasil. A Companhia de Jesus realizou no Brasil país uma obra de cristianização e de civilização sem precedentes na história. Os jesuítas catequizaram os nativos, reunindo-os em aldeamentos, abriram as primeiras escolas, construíram colégios, igrejas, estradas, cidades. 

“Verdadeiros heróis esses que no Brasil empregavam na catequese dos indígenas, (…) Verdadeiros heróis esses que, chegando ao seio das populações embrutecidas, torturados por tantas privações e sacrifícios, fundavam escolas e se empenhavam na civilização daquelas por meio da cultura de sua inteligência. Verdadeiros heróis esses que corajosamente se apresentavam aos festins das tribos aglomeradas em torno dos prisioneiros e salvavam as vítimas votadas à antropofagia”, assim descreve o Pe. Júlio Maria de Lombaerde em sua história do catolicismo no Brasil.

PADRE ANTÔNIO VIEIRA

Retrato de Padre Antônio Vieira em óleo sobre tela por um artista desconhecido, feito no início do século XVIII

Antônio Vieira nasceu em Lisboa no dia 6 de fevereiro de 1608. Nascido em lar humilde, seu pai era escrivão. Sua família mudou-se para o Brasil em 1618 para que seu pai pudesse assumir como escrivão em Salvador, na Bahia. Vieira iniciou seus estudos no Colégio dos Jesuítas em Salvador. Ingressou no noviciado da Companhia de Jesus em 5 de maio de 1623, tendo quinze anos.

Vieira é considerado por muitos o maior pregador e orador da nossa língua. “Imperador da Língua Portuguesa”, assim o chama Fernando Pessoa. O Padre Vieira alcançou os cumes da beleza expressiva. Escreveu mais de duzentos sermões, que se destacam por sua profundidade e beleza. Vieira foi o representante por excelência do barroco literário. 

  Ordenou-se sacerdote em 1634. Como pregador, Pe. Vieira defendia a colônia, clamava pela expulsão dos holandeses da Bahia e de Pernambuco, e se empenhava na revitalização do catolicismo. A atividade do orador era muito importante: em cima do púlpito da Igreja Nossa Senhora da Ajuda, em Salvador, sua fama se espalhou.

Retrato de Padre Antônio Vieira ensinando os índios

Antônio Vieira retornou a Portugal em 1641, em um momento muito importante da história portuguesa: a restauração da Coroa, depois de sessenta anos de subordinação à Espanha, desde o desaparecimento de Dom Sebastião. Vieira tornou-se o principal pregador da Capela Real. Desenvolveu também importante papel político negociando a questão da invasão holandesa no Nordeste, como embaixador. 

Voltou ao Brasil, em 1553, como líder das missões jesuíticas no Estado do Maranhão e Grão-Pará. Defensor dos índios, Vieira pregou fortemente contra as tentativas de escravidão e, em 1561, foi expulso do Maranhão pelos senhores de escravos. Para Vieira, a principal missão de Portugal era a conversão dos povos nativos à Fé Católica.

Sermões completos de Antônio Vieira

Em Portugal, sofreu processo do Santo Ofício e teve de ir até Roma, por causa do excesso de sebastianismo em sua obra. Somente quando o Papa condenou as suas proposições acerca do Quinto Império, Vieira retratou-se. 

Recebendo salvo-conduto do Papa Clemente X, voltou ao Brasil em 1681, onde permaneceu até a morte, em 18 de julho de 1697. O legado do Padre Antônio Vieira é impressionante. Sem dúvida foi dotado de uma grande personalidade e exerceu influência política impressionante a em favor dos povos nativos e da propagação da fé católica. Foi também o autor das mais belas páginas já escritas em nossa língua. 

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    Redação MBC

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    Por Felipe Botelho

    SÃO JOSÉ DE ANCHEIETA: O apóstolo do Brasil

    José de Anchieta nasceu em São Cristóvão da Laguna, nas Ilhas Canárias, pertencentes à Espanha, no dia 19 de março do ano de 1534, dia da Solenidade de São José. Era filho de João Lopez de Anchieta e Mência Dias de Clavijo y Lerena, nobres locais. 

    Desde de cedo José manifestou vocação à para a vida religiosa. Após concluir os estudos das primeiras letras, foi enviado junto com um irmão à Universidade de Coimbra, onde estudou humanidades e filosofia. Estudante Aluno dedicado, José tinha inclinação natural às letras e à poesia.

    Ainda muito jovem, Anchieta faz voto de castidade. 

    Aos 17 anos Anchieta ingressa no noviciado da Companhia de Jesus. Os jesuítas recebiam em suas fileiras um dos corações mais angélicos, um dos soldados mais heroicos, e um dos maiores missionário de toda a história. Amante da disciplina e das penitências, tinha uma união com Deus impressionante: permanecia ajoelhado em êxtase horas seguidas, em profunda oração, totalmente alheio aos interesses mundanos. Tinha amor tão extraordinário pela Santíssima Eucaristia e pelo Santo Sacrifício da Missa que prestava auxílio em até sete missas por dia.

    Casa de São José de Anchieta em Laguna, Ilhas Canárias. 

    José tinha saúde fraca, mas nem por isso se deixava abater o espírito. Nos dois anos em que ficou prostado pela doença, não podendo assumir trabalhos físicos, José dedicava-se à adoração permanente do Santíssimo Sacramento.  

    O Padre Manuel da Nóbrega, superior dos jesuítas no Brasil, querendo mais religiosos para trabalharem nas missões do imenso Brasilterritório, envia uma carta ao provincial da Companhia pedindo mais missionários, inclusive os doentes. Em 8 de maio de 1553, saía de Lisboa, aos 19 anos, Anchieta com mais seis religiosos, todos de saúde frágil, cruzando oceano para evangelizar uma terra desconhecida, expostos às mais diversas dificuldades e perigos, inclusive ao martírio. Antes de partir, despediu-se de seus parentes certo de não voltar mais: “Nos vemos no Céu!”, disse à sua família. 

    Poderíamos nos perguntar: o que moviam esses homens? Sem dúvida, um ardente amor a Cristo, a glória de Deus e a salvação das almas. Com esse espirito é que os jesuítas dos bons tempos eram formados.

    Retrato do Padre José de Anchieta. Obra de Benedito Calixto, 1902. 

    No recém-nascido Brasil havia muitas tribos indígenas em contínuas batalhas; entre os índios eram muito comuns as práticas de infanticídio, feitiçaria e canibalismo. Muitos jesuítas foram martirizados levando o Evangelho e a salvação àqueles homens que ainda não conheciam Nosso Senhor Jesus Cristo e viviam afastados da lei natural. Tudo isso só aumenta a glória dos corajosos missionários, dispostos a darem suas vidas para cumprir o mandato evangélico: “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura” (cf. Mt 28,19).

    O Irmão Anchieta chegou ao Brasil em 13 de julho de 1553, na Bahia. Logo ao chegar, pôs-se à obra e transformou a casa da companhia em escola: ensinava as letras e pregava o Evangelho. Em 1554, Anchieta e o Pe. Manoel da Nóbrega, com mais onze jesuítas, partiram para os campos do planalto de Piratininga, onde fundariam um colégio para os filhos dos portugueses e índios civilizados. No dia 25 de janeiro, conversão de São Paulo, foi celebrada a primeira Missa da nova fundação da cidade de São Paulo.

    Anchieta submeteu-se a todos os tipos de trabalhos: além de ensinar a gramática e latim, fazia serviços braçais e auxiliava como médico. Também foi um grande defensor dos índios, contra aqueles que queriam escravizá-los.

    A Fundação de São Paulo – Oscar Pereira da Silva (1865–1939)

    Por volta de 1566, já no Rio de Janeiro, Anchieta foi ordenado sacerdote e lá acompanhou Estácio de Sá nos seus últimos momentos de luta contra os protestantes franceses, na Baía de Guanabara. Fez missões também no Espírito Santo, onde foi nomeado em 1577 superior da Companhia de Jesus no Brasil.  

    Autor da primeira gramática da língua tupi e um dos primeiros autores da literatura brasileira, Anchieta compôs poemas, peças teatrais e até uma epopeia. Escreveu em espanhol, em português, em tupi e em latim. Construiu cidades, Igrejas, hospícios, colégios e instituições pias e beneficentes. O Padre Júlio Maria de Lombaerde, em sua história do catolicismo no Brasil, descreve: “Personagem histórico, legendário, quase bíblico.  Uns celebram nele o evangelizador das tribos selvagens, outros o gênio da poesia e das lendas; outros, enfim, o patriarca rodeado, no seio das florestas, de uma grande e descendência espiritual, que ele gerara no Cristo”.

    Zacarias de Vizcarra descreve Anchieta como um dos maiores missionários de todo mundo. Segundo seus biógrafos, durante a sua vida batizou mais de dois milhões de índios. Conta-se que uma vez passou 24 horas batizando, sem interrupção, tendo que ser sustentado por dois homens que lhe sustentavam os braços enquanto ele derramava a água e pronunciava a fórmula do batismo. 

    São José de Anchieta, assim como  e a Companhia de Jesus, foram responsáveis pela fundação e nascimento do Brasil católico, tudo para maior honra e glória de Deus. Seu maior legado foi, sem dúvidas, a salvação daquelas almas que foram alcançadas por suas pregações e catequeses. 

    Evangelho nas Selvas, por Benedito Calixto (1893)
    PADRE MANUEL DA NÓBREGA, O FUNDADOR DA CRISTANDADE BRASILEIRA

    O Pe. Nóbrega abençoando Estácio de Sá e suas tropas, que partiam para reconquistar Guanabara e fundar a cidade do Rio de Janeiro. Ajoelhado, São José de Anchieta.

    O Padre Manuel da Nóbrega nasceu no dia 18 de outubro de 1517, em uma vila na região norte de Portugal. Filho de um desembargador e chanceler-mor do reino, Nóbrega estudou nas universidades de Salamanca e Coimbra, recebendo título de bacharel e direito canônico e filosofia.

    Aos 27 anos foi ordenado sacerdote na recém-fundada Companhia de Jesus. Pregou intensamente o Evangelho nas terras de Portugal e Espanha; logo depois, por convite do Rei Dom João III, foi enviado ao Brasil como missionário. Chegou ao Novo Mundo no dia 29 de março de 1949, tendo 31 anos, e logo se pôs a catequizar os índios levando a luz do Evangelho às almas obscurecidas pelas trevas da ignorância e do erro. 

    Sendo o primeiro provincial da Companhia de Jesus no Brasil, o Pe. Manuel da Nóbrega participou das fundações de várias das principais cidades do Brasil, como Salvador e Rio de Janeiro, e idealizou junto com Anchieta e outros missionários a fundação de São Paulo. Foi Nóbrega quem solicitou ao Rei de Portugal a criação da primeira diocese do Brasil, São Salvador da Bahia. 

    Padre Manuel da Nobrega e Padre Anchieta

    Nóbrega pregou fortemente contra a antropofagia (canibalismo) e ao mesmo tempo defendeu os índios contra toda tentativa de exploração. Em 1558 convenceu o governador Mem de Sá a promulgar leis de “proteção dos índios”, proibindo a escravidão, o oposto das calúnias da “legenda negra” ensinadas nas instituições educacionais que ardilosamente falsificam a história. É graças aos esforços dos jesuítas que no Brasil não houve segregação racial contra os indígenas.

    “Esta terra é a nossa empresa”, disse o Pe. Manuel da Nóbrega, que, junto ao Padre Anchieta, pode ser considerado o fundador do Brasil. A Companhia de Jesus realizou no Brasil país uma obra de cristianização e de civilização sem precedentes na história. Os jesuítas catequizaram os nativos, reunindo-os em aldeamentos, abriram as primeiras escolas, construíram colégios, igrejas, estradas, cidades. 

    “Verdadeiros heróis esses que no Brasil empregavam na catequese dos indígenas, (…) Verdadeiros heróis esses que, chegando ao seio das populações embrutecidas, torturados por tantas privações e sacrifícios, fundavam escolas e se empenhavam na civilização daquelas por meio da cultura de sua inteligência. Verdadeiros heróis esses que corajosamente se apresentavam aos festins das tribos aglomeradas em torno dos prisioneiros e salvavam as vítimas votadas à antropofagia”, assim descreve o Pe. Júlio Maria de Lombaerde em sua história do catolicismo no Brasil.

    PADRE ANTÔNIO VIEIRA

    Retrato de Padre Antônio Vieira em óleo sobre tela por um artista desconhecido, feito no início do século XVIII

    Antônio Vieira nasceu em Lisboa no dia 6 de fevereiro de 1608. Nascido em lar humilde, seu pai era escrivão. Sua família mudou-se para o Brasil em 1618 para que seu pai pudesse assumir como escrivão em Salvador, na Bahia. Vieira iniciou seus estudos no Colégio dos Jesuítas em Salvador. Ingressou no noviciado da Companhia de Jesus em 5 de maio de 1623, tendo quinze anos.

    Vieira é considerado por muitos o maior pregador e orador da nossa língua. “Imperador da Língua Portuguesa”, assim o chama Fernando Pessoa. O Padre Vieira alcançou os cumes da beleza expressiva. Escreveu mais de duzentos sermões, que se destacam por sua profundidade e beleza. Vieira foi o representante por excelência do barroco literário. 

      Ordenou-se sacerdote em 1634. Como pregador, Pe. Vieira defendia a colônia, clamava pela expulsão dos holandeses da Bahia e de Pernambuco, e se empenhava na revitalização do catolicismo. A atividade do orador era muito importante: em cima do púlpito da Igreja Nossa Senhora da Ajuda, em Salvador, sua fama se espalhou.

    Retrato de Padre Antônio Vieira ensinando os índios

    Antônio Vieira retornou a Portugal em 1641, em um momento muito importante da história portuguesa: a restauração da Coroa, depois de sessenta anos de subordinação à Espanha, desde o desaparecimento de Dom Sebastião. Vieira tornou-se o principal pregador da Capela Real. Desenvolveu também importante papel político negociando a questão da invasão holandesa no Nordeste, como embaixador. 

    Voltou ao Brasil, em 1553, como líder das missões jesuíticas no Estado do Maranhão e Grão-Pará. Defensor dos índios, Vieira pregou fortemente contra as tentativas de escravidão e, em 1561, foi expulso do Maranhão pelos senhores de escravos. Para Vieira, a principal missão de Portugal era a conversão dos povos nativos à Fé Católica.

    Sermões completos de Antônio Vieira

    Em Portugal, sofreu processo do Santo Ofício e teve de ir até Roma, por causa do excesso de sebastianismo em sua obra. Somente quando o Papa condenou as suas proposições acerca do Quinto Império, Vieira retratou-se. 

    Recebendo salvo-conduto do Papa Clemente X, voltou ao Brasil em 1681, onde permaneceu até a morte, em 18 de julho de 1697. O legado do Padre Antônio Vieira é impressionante. Sem dúvida foi dotado de uma grande personalidade e exerceu influência política impressionante a em favor dos povos nativos e da propagação da fé católica. Foi também o autor das mais belas páginas já escritas em nossa língua. 

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