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As Cruzadas Medievais: a verdadeira história

Conheça a verdadeira história das Cruzadas Medievais. Entenda neste artigo o que foram as cruzadas, e confira um breve resumo de cada uma.

As Cruzadas Medievais: a verdadeira história
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As Cruzadas Medievais: a verdadeira história

Conheça a verdadeira história das Cruzadas Medievais. Entenda neste artigo o que foram as cruzadas, e confira um breve resumo de cada uma.

Data da Publicação: 22/06/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 22/06/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Conheça a verdadeira história das Cruzadas Medievais. Entenda neste artigo o que foram as cruzadas e confira um breve resumo de cada uma.

As Cruzadas Medievais representam um capítulo fascinante e complexo da história europeia e do Oriente Médio. Mas compreender bem esses eventos exige uma imersão no contexto histórico, social e espiritual da época. Muitos santos que apoiaram as Cruzadas, como Santa Teresinha do Menino Jesus, São Bernardo de Claraval, que pregou a Segunda Cruzada, Santa Catarina de Sena, São Luís IX — rei da França, que liderou duas delas — demonstram a profundidade do compromisso e da fé envolvidos nestas expedições.

Sendo assim, as Cruzadas não foram apenas confrontos militares; elas também moldaram a história cultural, científica e religiosa de ambos os mundos ocidental e oriental. Este artigo convida você a explorar as motivações, os eventos e as consequências das Cruzadas Medievais, oferecendo uma ampla visão dessas expedições que marcaram a Idade Média. Descubra, portanto, como esses eventos, muitas vezes mal compreendidos e deturpados ao longo dos séculos, refletem a fé e a determinação na busca pela paz e na defesa da cristandade.

O que foram as Cruzadas Medievais?

As Cruzadas Medievais foram movimentos militares e religiosos que surgiram como respostas ao apelo do Papa Urbano II em 1095, durante o Concílio de Clermont, para libertar a Terra Santa do domínio muçulmano.

Abalado pela descrição dos sofrimentos dos cristãos, o Papa […] concebe um projeto mais amplo que visa resgatar, libertar dos “pagãos”, a terra de Jesus. [..] A reação às palavras do Papa é de entusiasmo. Em pouco tempo, muitos costuram uma cruz no ombro direito e vão: Deus vult. 1

As Cruzadas medievais foram uma série de expedições militares e religiosas organizadas pelos povos da cristandade entre os séculos XI e XIII. Seu objetivo principal era recuperar e proteger os locais sagrados cristãos na Terra Santa, especialmente Jerusalém, que haviam caído sob o controle muçulmano. 2 Desse modo, elas visavam manter sob controle as recorrentes investidas dos muçulmanos, reconquistando territórios então perdidos.

E sob este propósito toda a sociedade se mobiliza: imperadores, reis, duques, camponeses e burgueses. Inclusive, aqueles que não podiam ir, ajudavam com orações e doações. 3

Após séculos de opressão e sofrimento, o Ocidente se lança com fervor para libertar seus irmãos e tornar possíveis e seguras as peregrinações à Terra Santa, a terra onde Jesus viveu, pregou, sofreu, morreu e ressuscitou. 4

Além disso, as Cruzadas representam um fenômeno histórico extraordinário, especialmente do ponto de vista militar. Todos os cruzados partiam em nome da cruz, buscando merecer o Paraíso e expiar seus pecados através da caridade cristã. 1

Quando iniciaram as Cruzadas?

Em 27 de novembro de 1095, Urbano, no concílio de Clermont, na presença de muitos cavaleiros e bispos, em sua maioria franceses, convoca os cristãos a libertarem Jerusalém. 1

O Papa Urbano II faz um verdadeiro apelo aos cristãos europeus a participarem de uma expedição militar para recuperar Jerusalém e outras terras sagradas do domínio muçulmano.

Que vos inspirem e encorajem as proezas de vossos ancestrais e predecessores, a virtude e a grandeza do rei Carlos Magno e de Luís, seu filho, e dos demais vossos reis que destruíram os reinos dos pagãos e em tais regiões dilataram as fronteiras da Santa Igreja. Que vos motive sobretudo o Santo Sepulcro de Nosso Senhor Salvador, que está sob o domínio de uma gente imunda , bem como os lugares santos que hoje são tratados com desonra e que sem veneração […] 5

Assim, o apelo foi uma resposta direta aos relatos de perseguição e profanação de lugares cristãos na Terra Santa pelos muçulmanos, como a destruição da Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém. Portanto, a partir do ano de 1096, começaram a ocorrer as primeiras Cruzadas, que se estenderam ao longo de vários séculos, com diferentes campanhas militares e objetivos.

Quando terminaram as Cruzadas?

As Cruzadas terminaram oficialmente com a queda de Acre em 1291. Este foi o último reduto dos cruzados no Levante e sua perda marcou o fim da presença militar duradoura na Terra Santa e nas regiões adjacentes.

Quais foram todas as Cruzadas Medievais?

  1. Primeira Cruzada (1096-1099)
  2. Segunda Cruzada (1147-1149)
  3. Terceira Cruzada (1189-1192)
  4. Quarta Cruzada (1202-1204)
  5. Quinta Cruzada (1217-1221)
  6. Sexta Cruzada (1228-1229)
  7. Sétima Cruzada (1248-1254)
  8. Oitava Cruzada (1270)

A verdadeira história das Cruzadas Medievais

A verdadeira história das Cruzadas Medievais é frequentemente deturpada por aqueles que buscam manchar a imagem da Igreja. No entanto, é de suma importância entender que as Cruzadas não foram ações bárbaras ou obscuras, mas uma legítima defesa da fé cristã e dos lugares sagrados, num período de grande plenitude espiritual e intelectual. Deve-se entender o contexto e a motivação para entender sua verdadeira natureza e seu impacto.

As Cruzadas surgiram em um período conhecido como Cristandade, que vai do século XI até meados do século XIV, marcado pelo apogeu espiritual e intelectual da Europa medieval. Durante este tempo, os cristãos estavam sendo impedidos de peregrinar aos lugares santos, como Jerusalém, que estavam sob o controle de forças muçulmanas. A presença cristã e a liberdade de culto estavam em sério risco, e as peregrinações eram frequentemente perigosas, com relatos de perseguições e massacres.

Os muçulmanos sobrecarregavam os cristãos que viviam na Terra Santa com impostos e proibiam a celebração das suas festas. Além disso, lançavam pedras, lixos e outras coisas sobre suas casas, de modo que o povo cristão não tinha paz vivendo sob tal domínio.

Defesa da fé

As Cruzadas foram, portanto, uma resposta legítima à ameaça que os muçulmanos representavam para os lugares santos e para os peregrinos cristãos. Sendo assim, a Igreja reconheceu e apoiou esta defesa da fé como uma “guerra justa”. É preciso lembrar que era cabível e necessário, naquele contexto, lutar para proteger a fé e a liberdade dos cristãos.

Infelizmente, ao longo dos séculos, a história das Cruzadas tem sido distorcida por muitos historiadores e críticos da Igreja. Eles retratam as Cruzadas como fruto de uma mentalidade bárbara e irracional, ignorando o contexto de legítima defesa e a ameaça real que os cristãos enfrentavam. Esta visão distorcida ignora a complexidade das motivações dos cruzados, que incluíam tanto a defesa da fé quanto o desejo de proteger os locais sagrados.

Os cruzados, muitas vezes, sacrificaram suas vidas para defender a fé cristã e libertar os lugares santos da opressão. Portanto, a ideia de que eles lutaram apenas para dominar e controlar é uma simplificação grosseira e injusta. Na realidade, muitos dos que participaram das Cruzadas fizeram-no por um profundo senso de dever religioso e compromisso espiritual.

Autor: Francesco Hayez (1835) mostra o Papa Urbano II pregando na Primeira Cruzada.

Um breve resumo de cada uma das Cruzadas Medievais

O breve resumo das Cruzadas a seguir tem como referência o nosso Guia A Cruz e a Espada, que vem junto com o livro História das Cruzadas. Você pode adquirir este box na nossa loja do assinante.

1. Primeira Cruzada (1096-1099)

A Primeira Cruzada foi bem-sucedida e teve objetivos claros. Em 1096, católicos de várias regiões da França e do Sacro Império Romano-Germânico reuniram-se em Constantinopla. Eles conquistaram a cidade de Niceia e, em seguida, Antioquia. Guiados por Godofredo de Bulhão, os cruzados tomaram Jerusalém em 1099, estabelecendo o controle cristão na Cidade Santa.

2. Segunda Cruzada (1147-1149)

Em 1145, novos ataques muçulmanos ocorreram. São Bernardo de Claraval chamou os católicos para uma nova cruzada. O rei francês Luís VII e o rei do Sacro Império Romano-Germânico, Conrado III, atenderam ao chamado. No entanto, divergências internas entre os cruzados resultaram em uma derrota significativa.

3. Terceira Cruzada (1189-1192)

A Terceira Cruzada, conhecida como Cruzada dos Reis, contou com a participação de Filipe II da França, Ricardo I da Inglaterra e Frederico Barbarossa do Sacro Império Romano-Germânico. Apesar de conquistarem São João do Acre e a Ilha de Chipre, a falta de unidade e a morte de Frederico levaram ao fracasso na tomada de Jerusalém. No entanto, um acordo de Felipe Augusto (Felipe II) com Saladino, que havia tomado Jerusalém, permitiu a circulação dos fiéis aos lugares santos.

4. Quarta Cruzada (1202-1204)

Convocada pelo Papa Inocêncio III, a Quarta Cruzada se desviou de seu objetivo inicial. Cruzados, sob pressão dos venezianos, atacaram Zara e Constantinopla, em vez de Jerusalém. Desse modo, em vez de lutra contra os muçulmanos, os cristãos guerrearam entre si. Eles tomaram Constantinopla em 1203 e estabeleceram um reino latino na cidade, no entanto, pelo que fizeram com os próprios cristãos, o Papa Inocêncio III excomungou aqueles cruzados.

5. Quinta Cruzada (1217-1221)

Convocada também por Inocêncio III, a Quinta Cruzada foi liderada pelo Rei da Hungria, André, o Rei de Jerusalém, João de Brienne, e o duque da Áustria. Após tomar Damieta no Egito, tentaram negociar a cidade por Jerusalém, mas foram derrotados e forçados a trocar Damieta pela liberdade do rei e de seus homens.

6. Sexta Cruzada (1228-1229)

Frederico II organizou a Sexta Cruzada e conseguiu Jerusalém por meio de negociação com o sultão do Egito. No entanto, conflitos internos com João de Brienne levaram à vulnerabilidade da Cidade Santa, que eventualmente voltou ao controle muçulmano.

7. Sétima Cruzada (1248-1254)

Liderada pelo rei francês Luís IX, a Sétima Cruzada inicialmente teve sucesso ao conquistar Jerusalém e o Cairo. No entanto, uma epidemia de tifo e o uso do fogo grego pelos muçulmanos resultaram em derrotas. São Luís foi capturado e libertado após negociações.

8. Oitava Cruzada (1270)

Novamente sob a liderança de São Luís, a Oitava Cruzada atacou Túnis. Desembarcaram no verão e muitos soldados morreram devido ao calor, incluindo um filho de São Luís. O próprio São Luís faleceu em agosto de 1270. E, posteriormente, uma tentativa de retomar São João de Acre (alguns consideram a Nona Cruzada) falhou, resultando na dizimação das forças cristãs.

Saiba mais sobre a história da Igreja e a história do mundo.

Livro sobre a história da Igreja

De forma acessível e cativante, o livro “História da Igreja: marcas da presença de Cristo no mundo” narra os principais acontecimentos da história da Igreja, desde Pentecostes até o pontificado de São João Paulo II.

Escrito por Angela Pellicciari, renomada historiadora e professora no seminário Mater Ecclesiae, na Itália, o livro conta com um prefácio do Cardeal Robert Sarah, uma das mais importantes personalidades católicas na atualidade.

O box ainda acompanha brindes especiais para você e sua família mergulharem nessa história e, assim, conhecerem como Cristo se fez presente no mundo por meio da Sua Igreja!

Saiba mais sobre a obra e sobre o clube nesta página!

Referências

  1. Pellicciari, Angela, História da Igreja: marcas da presença de Cristo no mundo. Tradução: João Vítor Gonzaga & Veríssimo Anagnostopoulos. — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2024. p.128[][][]
  2. Editorial MBC. Guia A Cruz e a Espada. 1. ed. — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2022. p.7[]
  3. Pellicciari, Angela, História da Igreja: marcas da presença de Cristo no mundo. Tradução: João Vítor Gonzaga & Veríssimo Anagnostopoulos. — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2024.p.127[]
  4. Pellicciari, Angela, História da Igreja: marcas da presença de Cristo no mundo. Tradução: João Vítor Gonzaga & Veríssimo Anagnostopoulos. — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2024. p.127[]
  5. Editorial MBC. Guia A Cruz e a Espada. 1. ed. — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2022. p.20[]

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    Redação MBC

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    O que você vai encontrar neste artigo?

    Conheça a verdadeira história das Cruzadas Medievais. Entenda neste artigo o que foram as cruzadas e confira um breve resumo de cada uma.

    As Cruzadas Medievais representam um capítulo fascinante e complexo da história europeia e do Oriente Médio. Mas compreender bem esses eventos exige uma imersão no contexto histórico, social e espiritual da época. Muitos santos que apoiaram as Cruzadas, como Santa Teresinha do Menino Jesus, São Bernardo de Claraval, que pregou a Segunda Cruzada, Santa Catarina de Sena, São Luís IX — rei da França, que liderou duas delas — demonstram a profundidade do compromisso e da fé envolvidos nestas expedições.

    Sendo assim, as Cruzadas não foram apenas confrontos militares; elas também moldaram a história cultural, científica e religiosa de ambos os mundos ocidental e oriental. Este artigo convida você a explorar as motivações, os eventos e as consequências das Cruzadas Medievais, oferecendo uma ampla visão dessas expedições que marcaram a Idade Média. Descubra, portanto, como esses eventos, muitas vezes mal compreendidos e deturpados ao longo dos séculos, refletem a fé e a determinação na busca pela paz e na defesa da cristandade.

    O que foram as Cruzadas Medievais?

    As Cruzadas Medievais foram movimentos militares e religiosos que surgiram como respostas ao apelo do Papa Urbano II em 1095, durante o Concílio de Clermont, para libertar a Terra Santa do domínio muçulmano.

    Abalado pela descrição dos sofrimentos dos cristãos, o Papa […] concebe um projeto mais amplo que visa resgatar, libertar dos “pagãos”, a terra de Jesus. [..] A reação às palavras do Papa é de entusiasmo. Em pouco tempo, muitos costuram uma cruz no ombro direito e vão: Deus vult. 1

    As Cruzadas medievais foram uma série de expedições militares e religiosas organizadas pelos povos da cristandade entre os séculos XI e XIII. Seu objetivo principal era recuperar e proteger os locais sagrados cristãos na Terra Santa, especialmente Jerusalém, que haviam caído sob o controle muçulmano. 2 Desse modo, elas visavam manter sob controle as recorrentes investidas dos muçulmanos, reconquistando territórios então perdidos.

    E sob este propósito toda a sociedade se mobiliza: imperadores, reis, duques, camponeses e burgueses. Inclusive, aqueles que não podiam ir, ajudavam com orações e doações. 3

    Após séculos de opressão e sofrimento, o Ocidente se lança com fervor para libertar seus irmãos e tornar possíveis e seguras as peregrinações à Terra Santa, a terra onde Jesus viveu, pregou, sofreu, morreu e ressuscitou. 4

    Além disso, as Cruzadas representam um fenômeno histórico extraordinário, especialmente do ponto de vista militar. Todos os cruzados partiam em nome da cruz, buscando merecer o Paraíso e expiar seus pecados através da caridade cristã. 1

    Quando iniciaram as Cruzadas?

    Em 27 de novembro de 1095, Urbano, no concílio de Clermont, na presença de muitos cavaleiros e bispos, em sua maioria franceses, convoca os cristãos a libertarem Jerusalém. 1

    O Papa Urbano II faz um verdadeiro apelo aos cristãos europeus a participarem de uma expedição militar para recuperar Jerusalém e outras terras sagradas do domínio muçulmano.

    Que vos inspirem e encorajem as proezas de vossos ancestrais e predecessores, a virtude e a grandeza do rei Carlos Magno e de Luís, seu filho, e dos demais vossos reis que destruíram os reinos dos pagãos e em tais regiões dilataram as fronteiras da Santa Igreja. Que vos motive sobretudo o Santo Sepulcro de Nosso Senhor Salvador, que está sob o domínio de uma gente imunda , bem como os lugares santos que hoje são tratados com desonra e que sem veneração […] 5

    Assim, o apelo foi uma resposta direta aos relatos de perseguição e profanação de lugares cristãos na Terra Santa pelos muçulmanos, como a destruição da Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém. Portanto, a partir do ano de 1096, começaram a ocorrer as primeiras Cruzadas, que se estenderam ao longo de vários séculos, com diferentes campanhas militares e objetivos.

    Quando terminaram as Cruzadas?

    As Cruzadas terminaram oficialmente com a queda de Acre em 1291. Este foi o último reduto dos cruzados no Levante e sua perda marcou o fim da presença militar duradoura na Terra Santa e nas regiões adjacentes.

    Quais foram todas as Cruzadas Medievais?

    1. Primeira Cruzada (1096-1099)
    2. Segunda Cruzada (1147-1149)
    3. Terceira Cruzada (1189-1192)
    4. Quarta Cruzada (1202-1204)
    5. Quinta Cruzada (1217-1221)
    6. Sexta Cruzada (1228-1229)
    7. Sétima Cruzada (1248-1254)
    8. Oitava Cruzada (1270)

    A verdadeira história das Cruzadas Medievais

    A verdadeira história das Cruzadas Medievais é frequentemente deturpada por aqueles que buscam manchar a imagem da Igreja. No entanto, é de suma importância entender que as Cruzadas não foram ações bárbaras ou obscuras, mas uma legítima defesa da fé cristã e dos lugares sagrados, num período de grande plenitude espiritual e intelectual. Deve-se entender o contexto e a motivação para entender sua verdadeira natureza e seu impacto.

    As Cruzadas surgiram em um período conhecido como Cristandade, que vai do século XI até meados do século XIV, marcado pelo apogeu espiritual e intelectual da Europa medieval. Durante este tempo, os cristãos estavam sendo impedidos de peregrinar aos lugares santos, como Jerusalém, que estavam sob o controle de forças muçulmanas. A presença cristã e a liberdade de culto estavam em sério risco, e as peregrinações eram frequentemente perigosas, com relatos de perseguições e massacres.

    Os muçulmanos sobrecarregavam os cristãos que viviam na Terra Santa com impostos e proibiam a celebração das suas festas. Além disso, lançavam pedras, lixos e outras coisas sobre suas casas, de modo que o povo cristão não tinha paz vivendo sob tal domínio.

    Defesa da fé

    As Cruzadas foram, portanto, uma resposta legítima à ameaça que os muçulmanos representavam para os lugares santos e para os peregrinos cristãos. Sendo assim, a Igreja reconheceu e apoiou esta defesa da fé como uma “guerra justa”. É preciso lembrar que era cabível e necessário, naquele contexto, lutar para proteger a fé e a liberdade dos cristãos.

    Infelizmente, ao longo dos séculos, a história das Cruzadas tem sido distorcida por muitos historiadores e críticos da Igreja. Eles retratam as Cruzadas como fruto de uma mentalidade bárbara e irracional, ignorando o contexto de legítima defesa e a ameaça real que os cristãos enfrentavam. Esta visão distorcida ignora a complexidade das motivações dos cruzados, que incluíam tanto a defesa da fé quanto o desejo de proteger os locais sagrados.

    Os cruzados, muitas vezes, sacrificaram suas vidas para defender a fé cristã e libertar os lugares santos da opressão. Portanto, a ideia de que eles lutaram apenas para dominar e controlar é uma simplificação grosseira e injusta. Na realidade, muitos dos que participaram das Cruzadas fizeram-no por um profundo senso de dever religioso e compromisso espiritual.

    Autor: Francesco Hayez (1835) mostra o Papa Urbano II pregando na Primeira Cruzada.

    Um breve resumo de cada uma das Cruzadas Medievais

    O breve resumo das Cruzadas a seguir tem como referência o nosso Guia A Cruz e a Espada, que vem junto com o livro História das Cruzadas. Você pode adquirir este box na nossa loja do assinante.

    1. Primeira Cruzada (1096-1099)

    A Primeira Cruzada foi bem-sucedida e teve objetivos claros. Em 1096, católicos de várias regiões da França e do Sacro Império Romano-Germânico reuniram-se em Constantinopla. Eles conquistaram a cidade de Niceia e, em seguida, Antioquia. Guiados por Godofredo de Bulhão, os cruzados tomaram Jerusalém em 1099, estabelecendo o controle cristão na Cidade Santa.

    2. Segunda Cruzada (1147-1149)

    Em 1145, novos ataques muçulmanos ocorreram. São Bernardo de Claraval chamou os católicos para uma nova cruzada. O rei francês Luís VII e o rei do Sacro Império Romano-Germânico, Conrado III, atenderam ao chamado. No entanto, divergências internas entre os cruzados resultaram em uma derrota significativa.

    3. Terceira Cruzada (1189-1192)

    A Terceira Cruzada, conhecida como Cruzada dos Reis, contou com a participação de Filipe II da França, Ricardo I da Inglaterra e Frederico Barbarossa do Sacro Império Romano-Germânico. Apesar de conquistarem São João do Acre e a Ilha de Chipre, a falta de unidade e a morte de Frederico levaram ao fracasso na tomada de Jerusalém. No entanto, um acordo de Felipe Augusto (Felipe II) com Saladino, que havia tomado Jerusalém, permitiu a circulação dos fiéis aos lugares santos.

    4. Quarta Cruzada (1202-1204)

    Convocada pelo Papa Inocêncio III, a Quarta Cruzada se desviou de seu objetivo inicial. Cruzados, sob pressão dos venezianos, atacaram Zara e Constantinopla, em vez de Jerusalém. Desse modo, em vez de lutra contra os muçulmanos, os cristãos guerrearam entre si. Eles tomaram Constantinopla em 1203 e estabeleceram um reino latino na cidade, no entanto, pelo que fizeram com os próprios cristãos, o Papa Inocêncio III excomungou aqueles cruzados.

    5. Quinta Cruzada (1217-1221)

    Convocada também por Inocêncio III, a Quinta Cruzada foi liderada pelo Rei da Hungria, André, o Rei de Jerusalém, João de Brienne, e o duque da Áustria. Após tomar Damieta no Egito, tentaram negociar a cidade por Jerusalém, mas foram derrotados e forçados a trocar Damieta pela liberdade do rei e de seus homens.

    6. Sexta Cruzada (1228-1229)

    Frederico II organizou a Sexta Cruzada e conseguiu Jerusalém por meio de negociação com o sultão do Egito. No entanto, conflitos internos com João de Brienne levaram à vulnerabilidade da Cidade Santa, que eventualmente voltou ao controle muçulmano.

    7. Sétima Cruzada (1248-1254)

    Liderada pelo rei francês Luís IX, a Sétima Cruzada inicialmente teve sucesso ao conquistar Jerusalém e o Cairo. No entanto, uma epidemia de tifo e o uso do fogo grego pelos muçulmanos resultaram em derrotas. São Luís foi capturado e libertado após negociações.

    8. Oitava Cruzada (1270)

    Novamente sob a liderança de São Luís, a Oitava Cruzada atacou Túnis. Desembarcaram no verão e muitos soldados morreram devido ao calor, incluindo um filho de São Luís. O próprio São Luís faleceu em agosto de 1270. E, posteriormente, uma tentativa de retomar São João de Acre (alguns consideram a Nona Cruzada) falhou, resultando na dizimação das forças cristãs.

    Saiba mais sobre a história da Igreja e a história do mundo.

    Livro sobre a história da Igreja

    De forma acessível e cativante, o livro “História da Igreja: marcas da presença de Cristo no mundo” narra os principais acontecimentos da história da Igreja, desde Pentecostes até o pontificado de São João Paulo II.

    Escrito por Angela Pellicciari, renomada historiadora e professora no seminário Mater Ecclesiae, na Itália, o livro conta com um prefácio do Cardeal Robert Sarah, uma das mais importantes personalidades católicas na atualidade.

    O box ainda acompanha brindes especiais para você e sua família mergulharem nessa história e, assim, conhecerem como Cristo se fez presente no mundo por meio da Sua Igreja!

    Saiba mais sobre a obra e sobre o clube nesta página!

    Referências

    1. Pellicciari, Angela, História da Igreja: marcas da presença de Cristo no mundo. Tradução: João Vítor Gonzaga & Veríssimo Anagnostopoulos. — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2024. p.128[][][]
    2. Editorial MBC. Guia A Cruz e a Espada. 1. ed. — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2022. p.7[]
    3. Pellicciari, Angela, História da Igreja: marcas da presença de Cristo no mundo. Tradução: João Vítor Gonzaga & Veríssimo Anagnostopoulos. — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2024.p.127[]
    4. Pellicciari, Angela, História da Igreja: marcas da presença de Cristo no mundo. Tradução: João Vítor Gonzaga & Veríssimo Anagnostopoulos. — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2024. p.127[]
    5. Editorial MBC. Guia A Cruz e a Espada. 1. ed. — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2022. p.20[]

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