Formação

Cerco de Jericó: a história bíblica

Neste artigo, você vai entender como aconteceu o Cerco de Jericó e a cidade foi conquistada através da fé do povo de Israel.

Cerco de Jericó: a história bíblica
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Cerco de Jericó: a história bíblica

Neste artigo, você vai entender como aconteceu o Cerco de Jericó e a cidade foi conquistada através da fé do povo de Israel.

Data da Publicação: 30/09/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 30/09/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Leia sobre a incrível história do Cerco de Jericó, um dos momentos mais marcantes do Antigo Testamento. Neste artigo, você vai entender como a cidade foi conquistada através da fé e da determinação do povo de Israel, sob a liderança de Josué – e por ordem de Deus. Descubra como esse episódio continua a impactar e ensinar valores importantes até os dias de hoje.

O que foi o Cerco de Jericó?

A história bíblica do cerco de Jericó – colocado como batalha também – é encontrada no livro de Josué, capítulo seis. Esta foi a primeira conquista dos israelitas quando partiram para conquistar a terra de Canaã.

Raab e seu papel no Cerco de Jericó

Os batedores israelitas invadiram a cidade murada de Jericó e se esconderam na casa de Raab, uma mulher de reputação duvidosa, mas com uma fé firme em Deus. Ela revelou aos espiões que os moradores de Jericó estavam aterrorizados com a chegada dos israelitas: “Eu sei que o Senhor lhes deu esta terra, e o medo de vocês tomou conta de todos”. Raab protegeu os batedores dos soldados do rei e, em troca, fez com que jurassem poupar sua família durante o cerco de Jericó. Como sinal, deveria amarrar uma corda escarlate em sua janela, que ficava junto à muralha (Josué 2,1-24).

Deus deu a Josué uma estratégia singular para o cerco: o exército deveria marchar em volta da cidade uma vez por dia durante seis dias, com trombetas soando e os sacerdotes carregando a Arca da Aliança. No sétimo dia, marchariam sete vezes, e ao som de um forte grito, os muros de Jericó desmoronaram milagrosamente. Assim, os israelitas tomaram a cidade, cumprindo a promessa de poupar apenas Raab e sua família.

Localização geográfica de Jericó

Jericó está localizada no atual território da Cisjordânia, no Oriente Médio. A cidade situa-se a cerca de 10 km a noroeste do Mar Morto e a aproximadamente 27 km a nordeste de Jerusalém. Ela está situada em um vale fértil, próximo ao rio Jordão, e é considerada uma das cidades mais antigas habitadas continuamente no mundo, com uma história que remonta a mais de 10.000 anos. Fica também a cerca de 250 metros abaixo do nível do mar, tornando-se uma das cidades de menor altitude em relação ao nível do mar no planeta.

Abaixo, temos as duas campanhas lançadas por Josué a partir do campo militar de Gilgal 1 – uma para a conquista do sul de Canaã e outra para o centro.

Em verde temos a campanha de invasão central e de vermelho a campanha de invasão do sul.

A cronologia bíblica do Cerco de Jericó

Campanha Central do Cerco a Jericó

Seguindo o mapa no caminho em verde, do número 1 a 4. Em Josué 3,1 os israelitas atravessam o Jordão a partir de Selim (Shittim): “Josué, pois, levantando-se de noite, moveu o acampamento. Saindo de Selim, chegaram ao Jordão ele e todos os filhos de Israel, e aí se detiveram três dias”.

Conquistam Jericó (Josué 6,20-21): “Levantando, pois, todo o povo um grande clamor, ao ouvir o som das trombetas dos sacerdotes, caíram de repente os muros; e cada um subiu pelo lugar que tinha diante de si; e tomaram a cidade, mataram tudo o que nela havia, desde os homens até as mulheres, e desde as crianças até os anciãos. Passaram também ao fio da espada os bois, as ovelhas e os jumentos.”

Há um novo ataque contra Hai e a cidade é tomada. E o Senhor disse a Josué: “Não temas nem te covardes: toma contigo todos os combatentes e, levantando-te, sobe à cidade de Hai; eis que te entreguei nas tuas mãos o seu rei, o povo, a cidade e o seu território. E farás à cidade de Hai e ao seu rei como fizeste a Jericó e ao seu rei; as repartireis entre vós a presa e todos os animais; põe uma emboscada à cidade por detrás dela”. Levantou-se, pois, Josué, e com ele todo o exército dos combatentes, para marcharem contra Hai. Mandou de noite trinta mil homens escolhidos dentre os mais valentes e ordenou-lhes, dizendo: “Armai uma emboscada por detrás da cidade; não vos afasteis muito, e estai todos preparados.2

E por fim, é feito o cerco entre Betel e Hai. “Despediu-os, e eles foram para o lugar da emboscada, e puseram-se entre Betel e Hai, ao ocidente da cidade de Hai. Josué ficou aquela noite no meio do povo e, levantando-se de madrugada, passou em revista a sua gente e marchou com os anciãos à frente do exército, sustentado com o grosso das suas tropas. Chegando e subindo na direção da cidade, detiveram-se no lado setentrional da cidade, entre a qual e eles mediava um vale. Ora, Josué tinha escolhido cinco mil homens, e tinha-os posto de emboscada entre Betel e Hai, ao ocidente da mesma cidade. E todo o resto do exército marchava em ordem de batalha para o Norte, de sorte que os últimos daquela multidão alcançavam até o ocidente da cidade. Josué, pois, marchou aquela noite e parou no meio do vale. O rei de Hai, ao ver isto, saiu à toda pressa da cidade ao amanhecer, com todo o exército, e encaminhou as suas tropas para o lado do deserto, ignorando que lhe ficava atrás uma emboscada. Porém, Josué e todo o Israel foram-se retirando, fingindo medo e fugindo pelo caminho do deserto. Os de Hai, levantando ao mesmo tempo uma grande gritaria e animando-se mutuamente, foram-nos perseguindo. E, quando já estavam longe da cidade, sem que tivesse ficado nem sequer um em Hai e em Betel que não saísse em perseguição de Israel (deixando abertas as cidades donde tinham saído de tropel). 3

Campanha ao sul

Seguindo o mapa no caminho em vermelho, é relatada a milagrosa passagem de Israel pelo Jordão.

I. A provisão que foi feita naquela época para preservar seu memorial, por doze pedras erguidas no Jordão (Josué 4,9) e outras doze pedras retiradas do Jordão, (Josué 4,1-8).

II. A marcha do povo através do canal do Jordão, primeiro as duas tribos, depois todo o povo, e por último os sacerdotes que carregavam a arca, (Josué 4,10-14).

III. O fechamento das águas novamente ao subirem com a arca, (Josué 4,15-19).

IV. A construção do monumento em Gilgal, para preservar a lembrança desta obra maravilhosa para a posteridade (Josué 4,20-24).

Número 6 em vermelho no mapa, é relatado o engano gibeonita (Josué 9). No capítulo 9 ocorre:

I. A confederação hostil dos reis de Canaã contra Israel (versículos 1 e 2).
II. A confederação diplomática dos habitantes de Gibeão com Israel:

Como ela foi sutilmente proposta e solicitada pelos gibeonitas, que fingiram vir de uma terra distante (versículos 3-13).
Como foi aceita imprudentemente por Josué e pelos israelitas, para o descontentamento da congregação quando a fraude foi descoberta (versículos 14-18). E, como a situação foi ajustada de maneira que satisfizesse todas as partes, poupando a vida dos gibeonitas por terem feito um pacto, mas privando-os de suas liberdades, pois o acordo não havia sido obtido de forma justa (versículos 19-27).

Do número 7 ao número 15 em vermelho é relatado no capítulo 10 do livro de Josué. Temos o relato da conquista dos reis e reinos da parte sul da terra de Canaã, assim como, no próximo capítulo, da redução das partes ao norte, o que completou os gloriosos sucessos das guerras de Canaã.
I. O desmantelamento das forças no campo de batalha, em que observamos:

a) A aliança dos reis contra os gibeonitas (versículos 1-5);
b) O pedido dos gibeonitas a Josué para ajudá-los (versículo 6);
c) A rápida marcha de Josué, encorajado divinamente, para socorrê-los (versículos 7-9);
d) A derrota dos exércitos desses reis confederados (versículos 10-11);
e) O prolongamento milagroso do dia, com a paralisação do sol, em favor dos conquistadores (versículos 12-14).

II. A execução dos reis que escaparam da batalha (versículos 15-27).

III. A tomada das cidades e a destruição total de todos os que foram encontrados nelas: Makkedá (versículo 28), Libna (versículos 29-30), Laquis (versículos 31-32) e o rei de Gezer, que tentou resgatá-la (versículo 33), Eglom (versículos 34-35), Hebrom (versículos 36-37), Debir (versículos 38-39), e a entrega de toda aquela região nas mãos de Israel (versículos 40-42). Finalmente, o retorno do exército ao quartel-general (versículo 43).

A circuncisão do povo e a celebração da Páscoa

A vasta multidão do acampamento de Israel nas planícies de Jericó, sem dúvida, causava grande impacto. O que foi por muito tempo a igreja no deserto, agora havia chegado, fortalecida, e se mostrava como um exército bem organizado. No capítulo 5, somos informados sobre o terror que causava em seus inimigos e, mais adiante, sobre a purificação de Israel, removendo a vergonha do Egito.

I. Primeiro, a passagem milagrosa do rio Jordão aterrorizou os cananeus (versículo 1). A notícia desse feito se espalhou rapidamente por toda a terra, alarmando os reis e povos de Canaã. O coração dos reis derreteu como cera, pois eles perceberam que a proteção natural de sua terra, o Jordão, havia sido quebrada de maneira milagrosa, com Deus lutando ao lado de Israel. Embora antes tivessem mantido alguma confiança em sua força, após esse milagre, perderam totalmente o ânimo.

II. Esse pavor deu aos israelitas uma oportunidade segura para realizar a circuncisão daqueles que ainda não tinham passado pelo rito. Deus ordenou a Josué que circuncidasse os filhos de Israel (versículo 2), e, mesmo em território inimigo, isso podia ser feito sem medo, já que os corações dos inimigos estavam tomados de medo, incapazes de atacar. Embora, aos olhos humanos, isso pudesse parecer um momento imprudente para realizar tal ação, Josué seguiu a ordem de Deus com confiança de que seriam protegidos.

A necessidade dessa circuncisão geral surgiu porque todos os que saíram do Egito tinham sido circuncidados (versículo 5), mas aqueles que nasceram no deserto não. Após o início de suas peregrinações e a sentença divina contra a geração rebelde, que morreria no deserto sem entrar na Terra Prometida, a circuncisão foi suspensa. Os filhos nascidos durante esse período não foram circuncidados, o que pode ser visto como um sinal da contínua reprovação de Deus contra a incredulidade e murmurações do povo.
Embora a circuncisão fosse o sinal da aliança que Deus fez com Abraão e seus descendentes, durante quase 40 anos ela foi suspensa, o que indica que esse rito não era de necessidade absoluta e que, no tempo oportuno, seria abolido, como foi suspenso por tanto tempo aqui.

A primeira Páscoa celebrada na Terra de Canaã foi um marco significativo para os israelitas, pois representou o cumprimento das promessas de Deus. A Páscoa foi celebrada em Gilgal, nas planícies de Jericó, no décimo quarto dia do primeiro mês, conforme ordenado por Deus a Moisés (Josué 5,10).

Essa Páscoa marcou a transição de uma vida de peregrinação no deserto para a posse da Terra Prometida. Pela primeira vez, os israelitas puderam comer do fruto da terra, pois até então, durante os 40 anos no deserto, haviam dependido do maná que Deus lhes fornecera diariamente. Após a celebração, o maná cessou, e eles passaram a se alimentar dos produtos da terra de Canaã, como trigo e cevada, o que simbolizou sua nova fase de vida, agora como povo estabelecido na terra que Deus lhes havia prometido.

Essa primeira Páscoa em Canaã relembra a libertação do Egito e marcando o início de uma nova era de fidelidade e dependência de Deus em sua própria terra.

Historicidade do Cerco de Jericó

De acordo com as escavações arqueológicas em Jericó, incluindo as realizadas por Kenyon4 e a escavação ítalo-palestina, a parede de tijolos de barro, situada no topo de uma muralha de pedra, colapsou e caiu para frente, em direção à muralha de contenção ao redor da maior parte da cidade, formando essencialmente uma pilha de tijolos inclinados, semelhante a uma rampa. 5 6 7 8

Esse desmoronamento externo das muralhas da cidade, seguido por um grande incêndio que consumiu Jericó, incluindo o colapso dos edifícios, foi sugerido pelos arqueólogos como possivelmente resultado de um terremoto, em vez de aríetes ou outros equipamentos de cerco. 9

Essa “terrível destruição” de Jericó pelo fogo foi considerada por diversos arqueólogos e pesquisadores como resultado de um ataque violento, seja por um inimigo estrangeiro ou por outro estado-cidade, sem consenso sobre a identidade dos atacantes.10 11

O colapso da muralha foi a primeira fase, enquanto a destruição pelo fogo foi a segunda. A queda da muralha da cidade, construída na Idade Média do Bronze III, e outras arquiteturas associadas na fase final da Cidade de Jericó são datadas com base no período de sua construção. As descobertas seladas pela camada de destruição sobre as arquiteturas colapsadas e as estruturas posteriormente construídas, como o “Edifício Médio”, indicam que o colapso dessa muralha, o desmoronamento dos edifícios e a destruição da cidade ocorreram entre o final da Idade Média do Bronze e o início da Idade do Bronze Tardio.

Embora Kenyon tenha separado a queda das muralhas e a destruição por fogo em fases distintas, os dois eventos podem não ter sido separados por grandes intervalos de tempo, e não há indícios de que a cidade tenha sido abandonada entre o colapso e o incêndio.

Talvez não seja coincidência que essa sequência de eventos seja a mesma registrada no livro de Josué — a queda das muralhas seguida pela queima intencional da cidade pelos israelitas (Josué 6,20-24). Como aríetes geralmente causariam a queda das muralhas para dentro da cidade em pontos específicos de ataque, em vez de cair para fora e diante da muralha de contenção em praticamente toda a cidade, essa característica da destruição é frequentemente atribuída a um terremoto, embora outras explicações possam ser possíveis.

Mais importante do que a causa específica do colapso é o fato de que, segundo observações arqueológicas, as muralhas da Cidade de Jericó caíram pela encosta, resultando na formação de uma rampa simples que permitiu a entrada na cidade. Esse fenômeno de uma muralha desmoronada formando uma pilha que as pessoas poderiam usar para marchar sobre as muralhas e adentrar a cidade está de acordo com a descrição narrativa em Josué, sobre as muralhas caindo sobre si mesmas e o exército então subindo para dentro de Jericó (Josué 6,20).

O cerco de Jericó, conforme descrito no livro de Josué, tem paralelo nas evidências arqueológicas que apontam para o colapso das muralhas da cidade seguido por um incêndio destruidor. Embora os arqueólogos não concordem inteiramente sobre as causas exatas desse colapso — se foi um terremoto ou outra força natural —, o relato bíblico encontra suporte nas observações de que as muralhas caíram para fora, criando uma rampa que permitiu aos israelitas invadirem a cidade. Esse evento simboliza a intervenção divina e o cumprimento das promessas de Deus, marcando o início da conquista da Terra Prometida.

Referências

  1. o primeiro acampamento do povo de Israel após cruzar o rio Jordão[]
  2. Josué 8, 1-4.[]
  3. Josué 8,9-17.[]
  4. KENYON, Kathleen M. Digging up Jericho: the results of the Jericho excavations, 1952-1956. 1957.[]
  5. MARCHETTI, Nicolo; NIGRO, Lorenzo; SARIE, Issa. Preliminary report on the first season of excavations of the Italian–Palestinian expedition at Tell es-Sultan/Jericho, April–May 1997. Palestine exploration quarterly, v. 130, n. 2, p. 121-144, 1998.[]
  6. KENYON, Kathleen M.; HOLLAND, Thomas A. Excavations at Jericho: The pottery phases of the tell and other finds. British School of Archaeology in Jerusalem, 1983.[]
  7. WOOD, Bryant G. Did the Israelites conquer Jericho? A new look at the archaeological evidence. The Biblical archaeology review, v. 16, n. 1, p. 44-58, 1990.[]
  8. WOOD, Bryant. The walls of Jericho. Bible and Spade, v. 12, n. 2, p. 35-42, 1999.[]
  9. GARSTANG, John. The Story of Jericho: Further Light on the Biblical Narrative. The American Journal of Semitic Languages and Literatures, v. 58, n. 4, p. 368-372, 1941.[]
  10. NIGRO, Lorenzo. Tell es-Sultan 2015: A pilot project for archaeology in Palestine. Near Eastern Archaeology, v. 79, n. 1, p. 4-17, 2016.[]
  11. NIGRO, Lorenzo et al. The Italian-Palestinian expedition to Tell es-Sultan, ancient Jericho (1997–2015): Archaeology and valorisation of material and immaterial heritage. Digging up Jericho: Past, present and future, p. 175-214, 2020.[]
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Leia sobre a incrível história do Cerco de Jericó, um dos momentos mais marcantes do Antigo Testamento. Neste artigo, você vai entender como a cidade foi conquistada através da fé e da determinação do povo de Israel, sob a liderança de Josué – e por ordem de Deus. Descubra como esse episódio continua a impactar e ensinar valores importantes até os dias de hoje.

O que foi o Cerco de Jericó?

A história bíblica do cerco de Jericó – colocado como batalha também – é encontrada no livro de Josué, capítulo seis. Esta foi a primeira conquista dos israelitas quando partiram para conquistar a terra de Canaã.

Raab e seu papel no Cerco de Jericó

Os batedores israelitas invadiram a cidade murada de Jericó e se esconderam na casa de Raab, uma mulher de reputação duvidosa, mas com uma fé firme em Deus. Ela revelou aos espiões que os moradores de Jericó estavam aterrorizados com a chegada dos israelitas: “Eu sei que o Senhor lhes deu esta terra, e o medo de vocês tomou conta de todos”. Raab protegeu os batedores dos soldados do rei e, em troca, fez com que jurassem poupar sua família durante o cerco de Jericó. Como sinal, deveria amarrar uma corda escarlate em sua janela, que ficava junto à muralha (Josué 2,1-24).

Deus deu a Josué uma estratégia singular para o cerco: o exército deveria marchar em volta da cidade uma vez por dia durante seis dias, com trombetas soando e os sacerdotes carregando a Arca da Aliança. No sétimo dia, marchariam sete vezes, e ao som de um forte grito, os muros de Jericó desmoronaram milagrosamente. Assim, os israelitas tomaram a cidade, cumprindo a promessa de poupar apenas Raab e sua família.

Localização geográfica de Jericó

Jericó está localizada no atual território da Cisjordânia, no Oriente Médio. A cidade situa-se a cerca de 10 km a noroeste do Mar Morto e a aproximadamente 27 km a nordeste de Jerusalém. Ela está situada em um vale fértil, próximo ao rio Jordão, e é considerada uma das cidades mais antigas habitadas continuamente no mundo, com uma história que remonta a mais de 10.000 anos. Fica também a cerca de 250 metros abaixo do nível do mar, tornando-se uma das cidades de menor altitude em relação ao nível do mar no planeta.

Abaixo, temos as duas campanhas lançadas por Josué a partir do campo militar de Gilgal 1 – uma para a conquista do sul de Canaã e outra para o centro.

Em verde temos a campanha de invasão central e de vermelho a campanha de invasão do sul.

A cronologia bíblica do Cerco de Jericó

Campanha Central do Cerco a Jericó

Seguindo o mapa no caminho em verde, do número 1 a 4. Em Josué 3,1 os israelitas atravessam o Jordão a partir de Selim (Shittim): “Josué, pois, levantando-se de noite, moveu o acampamento. Saindo de Selim, chegaram ao Jordão ele e todos os filhos de Israel, e aí se detiveram três dias”.

Conquistam Jericó (Josué 6,20-21): “Levantando, pois, todo o povo um grande clamor, ao ouvir o som das trombetas dos sacerdotes, caíram de repente os muros; e cada um subiu pelo lugar que tinha diante de si; e tomaram a cidade, mataram tudo o que nela havia, desde os homens até as mulheres, e desde as crianças até os anciãos. Passaram também ao fio da espada os bois, as ovelhas e os jumentos.”

Há um novo ataque contra Hai e a cidade é tomada. E o Senhor disse a Josué: “Não temas nem te covardes: toma contigo todos os combatentes e, levantando-te, sobe à cidade de Hai; eis que te entreguei nas tuas mãos o seu rei, o povo, a cidade e o seu território. E farás à cidade de Hai e ao seu rei como fizeste a Jericó e ao seu rei; as repartireis entre vós a presa e todos os animais; põe uma emboscada à cidade por detrás dela”. Levantou-se, pois, Josué, e com ele todo o exército dos combatentes, para marcharem contra Hai. Mandou de noite trinta mil homens escolhidos dentre os mais valentes e ordenou-lhes, dizendo: “Armai uma emboscada por detrás da cidade; não vos afasteis muito, e estai todos preparados.2

E por fim, é feito o cerco entre Betel e Hai. “Despediu-os, e eles foram para o lugar da emboscada, e puseram-se entre Betel e Hai, ao ocidente da cidade de Hai. Josué ficou aquela noite no meio do povo e, levantando-se de madrugada, passou em revista a sua gente e marchou com os anciãos à frente do exército, sustentado com o grosso das suas tropas. Chegando e subindo na direção da cidade, detiveram-se no lado setentrional da cidade, entre a qual e eles mediava um vale. Ora, Josué tinha escolhido cinco mil homens, e tinha-os posto de emboscada entre Betel e Hai, ao ocidente da mesma cidade. E todo o resto do exército marchava em ordem de batalha para o Norte, de sorte que os últimos daquela multidão alcançavam até o ocidente da cidade. Josué, pois, marchou aquela noite e parou no meio do vale. O rei de Hai, ao ver isto, saiu à toda pressa da cidade ao amanhecer, com todo o exército, e encaminhou as suas tropas para o lado do deserto, ignorando que lhe ficava atrás uma emboscada. Porém, Josué e todo o Israel foram-se retirando, fingindo medo e fugindo pelo caminho do deserto. Os de Hai, levantando ao mesmo tempo uma grande gritaria e animando-se mutuamente, foram-nos perseguindo. E, quando já estavam longe da cidade, sem que tivesse ficado nem sequer um em Hai e em Betel que não saísse em perseguição de Israel (deixando abertas as cidades donde tinham saído de tropel). 3

Campanha ao sul

Seguindo o mapa no caminho em vermelho, é relatada a milagrosa passagem de Israel pelo Jordão.

I. A provisão que foi feita naquela época para preservar seu memorial, por doze pedras erguidas no Jordão (Josué 4,9) e outras doze pedras retiradas do Jordão, (Josué 4,1-8).

II. A marcha do povo através do canal do Jordão, primeiro as duas tribos, depois todo o povo, e por último os sacerdotes que carregavam a arca, (Josué 4,10-14).

III. O fechamento das águas novamente ao subirem com a arca, (Josué 4,15-19).

IV. A construção do monumento em Gilgal, para preservar a lembrança desta obra maravilhosa para a posteridade (Josué 4,20-24).

Número 6 em vermelho no mapa, é relatado o engano gibeonita (Josué 9). No capítulo 9 ocorre:

I. A confederação hostil dos reis de Canaã contra Israel (versículos 1 e 2).
II. A confederação diplomática dos habitantes de Gibeão com Israel:

Como ela foi sutilmente proposta e solicitada pelos gibeonitas, que fingiram vir de uma terra distante (versículos 3-13).
Como foi aceita imprudentemente por Josué e pelos israelitas, para o descontentamento da congregação quando a fraude foi descoberta (versículos 14-18). E, como a situação foi ajustada de maneira que satisfizesse todas as partes, poupando a vida dos gibeonitas por terem feito um pacto, mas privando-os de suas liberdades, pois o acordo não havia sido obtido de forma justa (versículos 19-27).

Do número 7 ao número 15 em vermelho é relatado no capítulo 10 do livro de Josué. Temos o relato da conquista dos reis e reinos da parte sul da terra de Canaã, assim como, no próximo capítulo, da redução das partes ao norte, o que completou os gloriosos sucessos das guerras de Canaã.
I. O desmantelamento das forças no campo de batalha, em que observamos:

a) A aliança dos reis contra os gibeonitas (versículos 1-5);
b) O pedido dos gibeonitas a Josué para ajudá-los (versículo 6);
c) A rápida marcha de Josué, encorajado divinamente, para socorrê-los (versículos 7-9);
d) A derrota dos exércitos desses reis confederados (versículos 10-11);
e) O prolongamento milagroso do dia, com a paralisação do sol, em favor dos conquistadores (versículos 12-14).

II. A execução dos reis que escaparam da batalha (versículos 15-27).

III. A tomada das cidades e a destruição total de todos os que foram encontrados nelas: Makkedá (versículo 28), Libna (versículos 29-30), Laquis (versículos 31-32) e o rei de Gezer, que tentou resgatá-la (versículo 33), Eglom (versículos 34-35), Hebrom (versículos 36-37), Debir (versículos 38-39), e a entrega de toda aquela região nas mãos de Israel (versículos 40-42). Finalmente, o retorno do exército ao quartel-general (versículo 43).

A circuncisão do povo e a celebração da Páscoa

A vasta multidão do acampamento de Israel nas planícies de Jericó, sem dúvida, causava grande impacto. O que foi por muito tempo a igreja no deserto, agora havia chegado, fortalecida, e se mostrava como um exército bem organizado. No capítulo 5, somos informados sobre o terror que causava em seus inimigos e, mais adiante, sobre a purificação de Israel, removendo a vergonha do Egito.

I. Primeiro, a passagem milagrosa do rio Jordão aterrorizou os cananeus (versículo 1). A notícia desse feito se espalhou rapidamente por toda a terra, alarmando os reis e povos de Canaã. O coração dos reis derreteu como cera, pois eles perceberam que a proteção natural de sua terra, o Jordão, havia sido quebrada de maneira milagrosa, com Deus lutando ao lado de Israel. Embora antes tivessem mantido alguma confiança em sua força, após esse milagre, perderam totalmente o ânimo.

II. Esse pavor deu aos israelitas uma oportunidade segura para realizar a circuncisão daqueles que ainda não tinham passado pelo rito. Deus ordenou a Josué que circuncidasse os filhos de Israel (versículo 2), e, mesmo em território inimigo, isso podia ser feito sem medo, já que os corações dos inimigos estavam tomados de medo, incapazes de atacar. Embora, aos olhos humanos, isso pudesse parecer um momento imprudente para realizar tal ação, Josué seguiu a ordem de Deus com confiança de que seriam protegidos.

A necessidade dessa circuncisão geral surgiu porque todos os que saíram do Egito tinham sido circuncidados (versículo 5), mas aqueles que nasceram no deserto não. Após o início de suas peregrinações e a sentença divina contra a geração rebelde, que morreria no deserto sem entrar na Terra Prometida, a circuncisão foi suspensa. Os filhos nascidos durante esse período não foram circuncidados, o que pode ser visto como um sinal da contínua reprovação de Deus contra a incredulidade e murmurações do povo.
Embora a circuncisão fosse o sinal da aliança que Deus fez com Abraão e seus descendentes, durante quase 40 anos ela foi suspensa, o que indica que esse rito não era de necessidade absoluta e que, no tempo oportuno, seria abolido, como foi suspenso por tanto tempo aqui.

A primeira Páscoa celebrada na Terra de Canaã foi um marco significativo para os israelitas, pois representou o cumprimento das promessas de Deus. A Páscoa foi celebrada em Gilgal, nas planícies de Jericó, no décimo quarto dia do primeiro mês, conforme ordenado por Deus a Moisés (Josué 5,10).

Essa Páscoa marcou a transição de uma vida de peregrinação no deserto para a posse da Terra Prometida. Pela primeira vez, os israelitas puderam comer do fruto da terra, pois até então, durante os 40 anos no deserto, haviam dependido do maná que Deus lhes fornecera diariamente. Após a celebração, o maná cessou, e eles passaram a se alimentar dos produtos da terra de Canaã, como trigo e cevada, o que simbolizou sua nova fase de vida, agora como povo estabelecido na terra que Deus lhes havia prometido.

Essa primeira Páscoa em Canaã relembra a libertação do Egito e marcando o início de uma nova era de fidelidade e dependência de Deus em sua própria terra.

Historicidade do Cerco de Jericó

De acordo com as escavações arqueológicas em Jericó, incluindo as realizadas por Kenyon4 e a escavação ítalo-palestina, a parede de tijolos de barro, situada no topo de uma muralha de pedra, colapsou e caiu para frente, em direção à muralha de contenção ao redor da maior parte da cidade, formando essencialmente uma pilha de tijolos inclinados, semelhante a uma rampa. 5 6 7 8

Esse desmoronamento externo das muralhas da cidade, seguido por um grande incêndio que consumiu Jericó, incluindo o colapso dos edifícios, foi sugerido pelos arqueólogos como possivelmente resultado de um terremoto, em vez de aríetes ou outros equipamentos de cerco. 9

Essa “terrível destruição” de Jericó pelo fogo foi considerada por diversos arqueólogos e pesquisadores como resultado de um ataque violento, seja por um inimigo estrangeiro ou por outro estado-cidade, sem consenso sobre a identidade dos atacantes.10 11

O colapso da muralha foi a primeira fase, enquanto a destruição pelo fogo foi a segunda. A queda da muralha da cidade, construída na Idade Média do Bronze III, e outras arquiteturas associadas na fase final da Cidade de Jericó são datadas com base no período de sua construção. As descobertas seladas pela camada de destruição sobre as arquiteturas colapsadas e as estruturas posteriormente construídas, como o “Edifício Médio”, indicam que o colapso dessa muralha, o desmoronamento dos edifícios e a destruição da cidade ocorreram entre o final da Idade Média do Bronze e o início da Idade do Bronze Tardio.

Embora Kenyon tenha separado a queda das muralhas e a destruição por fogo em fases distintas, os dois eventos podem não ter sido separados por grandes intervalos de tempo, e não há indícios de que a cidade tenha sido abandonada entre o colapso e o incêndio.

Talvez não seja coincidência que essa sequência de eventos seja a mesma registrada no livro de Josué — a queda das muralhas seguida pela queima intencional da cidade pelos israelitas (Josué 6,20-24). Como aríetes geralmente causariam a queda das muralhas para dentro da cidade em pontos específicos de ataque, em vez de cair para fora e diante da muralha de contenção em praticamente toda a cidade, essa característica da destruição é frequentemente atribuída a um terremoto, embora outras explicações possam ser possíveis.

Mais importante do que a causa específica do colapso é o fato de que, segundo observações arqueológicas, as muralhas da Cidade de Jericó caíram pela encosta, resultando na formação de uma rampa simples que permitiu a entrada na cidade. Esse fenômeno de uma muralha desmoronada formando uma pilha que as pessoas poderiam usar para marchar sobre as muralhas e adentrar a cidade está de acordo com a descrição narrativa em Josué, sobre as muralhas caindo sobre si mesmas e o exército então subindo para dentro de Jericó (Josué 6,20).

O cerco de Jericó, conforme descrito no livro de Josué, tem paralelo nas evidências arqueológicas que apontam para o colapso das muralhas da cidade seguido por um incêndio destruidor. Embora os arqueólogos não concordem inteiramente sobre as causas exatas desse colapso — se foi um terremoto ou outra força natural —, o relato bíblico encontra suporte nas observações de que as muralhas caíram para fora, criando uma rampa que permitiu aos israelitas invadirem a cidade. Esse evento simboliza a intervenção divina e o cumprimento das promessas de Deus, marcando o início da conquista da Terra Prometida.

Referências

  1. o primeiro acampamento do povo de Israel após cruzar o rio Jordão[]
  2. Josué 8, 1-4.[]
  3. Josué 8,9-17.[]
  4. KENYON, Kathleen M. Digging up Jericho: the results of the Jericho excavations, 1952-1956. 1957.[]
  5. MARCHETTI, Nicolo; NIGRO, Lorenzo; SARIE, Issa. Preliminary report on the first season of excavations of the Italian–Palestinian expedition at Tell es-Sultan/Jericho, April–May 1997. Palestine exploration quarterly, v. 130, n. 2, p. 121-144, 1998.[]
  6. KENYON, Kathleen M.; HOLLAND, Thomas A. Excavations at Jericho: The pottery phases of the tell and other finds. British School of Archaeology in Jerusalem, 1983.[]
  7. WOOD, Bryant G. Did the Israelites conquer Jericho? A new look at the archaeological evidence. The Biblical archaeology review, v. 16, n. 1, p. 44-58, 1990.[]
  8. WOOD, Bryant. The walls of Jericho. Bible and Spade, v. 12, n. 2, p. 35-42, 1999.[]
  9. GARSTANG, John. The Story of Jericho: Further Light on the Biblical Narrative. The American Journal of Semitic Languages and Literatures, v. 58, n. 4, p. 368-372, 1941.[]
  10. NIGRO, Lorenzo. Tell es-Sultan 2015: A pilot project for archaeology in Palestine. Near Eastern Archaeology, v. 79, n. 1, p. 4-17, 2016.[]
  11. NIGRO, Lorenzo et al. The Italian-Palestinian expedition to Tell es-Sultan, ancient Jericho (1997–2015): Archaeology and valorisation of material and immaterial heritage. Digging up Jericho: Past, present and future, p. 175-214, 2020.[]

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