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Formação

Antigo Testamento: origem, divisão e principais temas

O Antigo Testamento é fundamental na história da nossa salvação. Confira neste artigo sua origem, divisões e temas.

Antigo Testamento: origem, divisão e principais temas
Formação

Antigo Testamento: origem, divisão e principais temas

O Antigo Testamento é fundamental na história da nossa salvação. Confira neste artigo sua origem, divisões e temas.

Data da Publicação: 25/09/2023
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 25/09/2023
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Iremos apresentar uma série de artigos que podem te ajudar a aprofundar os conhecimentos sobre a Sagrada Escritura, que é a Palavra de Deus. Confira, abaixo, o que preparamos sobre a realidade do Antigo Testamento.

O que é o Antigo Testamento?

O Antigo Testamento nada mais é do que a nomenclatura cristã dada ao conjunto dos livros que compõem as Escrituras Sagradas dos judeus. A expressão Antigo Testamento deve ser compreendida como primordial, primeira, e não simplesmente como algo antiquado. Nele é descrita a eleição dos judeus como povo de Deus. São, ao todo, 46 livros, que variam entre temáticas que vão desde a lei dada por Deus, até escritos históricos, contos, poemas e profecias.

O sacrifício de Isaac, uma das principais cenas do Antigo Testamento.
Sacrifício de Isaac por Caravaggio.

A origem do Antigo Testamento

O Antigo Testamento começou a se desenvolver, de modo escrito, por volta do ano 1200 a.C, quando o povo judeu, depois do êxodo do Egito, começou a tomar consciência de sua identidade como povo. Todas as tradições que já existiam de modo oral passaram a ser escritas em livros, que, na época, eram pergaminhos. 

Mas esse processo foi longo. Somente depois do exílio da Babilônia, por volta de 500 a.C, que a bíblia judaica passou a existir na busca por reconstruir a identidade nacional e religiosa. Digamos que foi um processo gradativo.

Assim, num processo que demorou séculos, é que foi surgindo o que entendemos por Antigo Testamento. Ainda que tenha sido influenciado por vários fatores culturais e sociais, permanece a firme convicção, já entre os judeus, da inspiração divina das Escrituras.

Em resumo: ocorriam fatos entre os judeus que manifestavam, sobretudo, sua relação com Deus. Esses fatos eram narrados de pai para filho, surgindo a tradição oral. Com o passar dos séculos, essa tradição oral passou a ser escrita a fim de garantir uma identidade como povo, e para que estes textos se difundissem com precisão para uso litúrgico e social.

Os Deuterocanônicos: a principal diferença entre a Bíblia Católica e a Evangélica

Você já deve ter se deparado com diferentes “tipos” de Bíblia, não é mesmo? Essas diferenças, que já percebemos na constituição do Antigo Testamento, sobretudo entre Bíblias de tradução católica e Bíblias de tradução protestante, são facilmente compreendidas a partir da própria história.

Já no tempo de Jesus, a religião judaica possuía duas formas de transmitir as Escrituras: uma, nas sinagogas da região de Israel, sendo essa de língua hebraica; e outra, na língua grega, na chamada diáspora dos países helenísticos. A versão grega foi traduzida pelos anos 250 a.C, por um grupo de 70 anciãos (por isso chamada septuaginta ou Bíblia dos setenta), em Alexandria, no Egito.

Os macabeus, deuterocanônicos
Os Macabeus, de Wojciech Stattler. O livro dos Macabeus é um dos deuterocanônicos.

Resumo da ópera: a tradução grega possuía alguns livros a mais que a tradução hebraica, já naquela época. Os judeus de língua hebraica, por questões nacionalistas, excluíram quaisquer textos que não fossem em hebraico ou escritos fora da Terra Santa.

Na época do início do cristianismo, os cristãos passaram a adotar a lista dos livros da tradução grega, por entenderem que toda ela era inspirada por Deus, mesmo que alguns livros fossem escritos em grego, enquanto os judeus se apegaram mais à tradução hebraica. Na reforma protestante, em 1500, Lutero e Calvino optaram por usar somente a versão hebraica nas suas traduções da Bíblia, em vez de se usarem da versão grega (ainda que incluíram os livros que existem a mais na versão grega no final de suas traduções).

A diferença consiste, basicamente, no fato de que a versão grega possui sete livros a mais que a Bíblia hebraica. Esses sete livros são chamados de Deuterocanônicos, que significa que foram acrescentados ao cânon num segundo momento da constituição da Bíblia.

Confira também nosso artigo sobre grandes defensores da fé católica no século XXI.

Lista dos livros deuterocanônicos

  • Tobias.
  • Judite.
  • I Macabeus.
  • II Macabeus.
  • Sabedoria de Salomão.
  • Eclesiástico
  • Baruque

Quais são os livros do Antigo Testamento?

LivroAbreviatura
GênesisGn
ÊxodoEx
LevíticoLv
NúmerosNm
DeuteronômioDt
JosuéJs
JuízesJz
RuteRt
I SamuelI Sm
II SamuelII Sm
I ReisI Rs
II ReisII Rs
I CrônicasI Cr
II CrônicasII Cr
EsdrasEsd
NeemiasNe
TobiasTb
JuditeJt
EsterEst
I MacabeusI Mc
II MacabeusII Mc
SalmosSl
ProvérbiosPr
EclesiastesEcl
Cântico dos cânticosCt
SabedoriaSb
SirácidaSr
IsaíasIs
JeremiasJr
LamentaçõesLm
BarucBr
EzequielEz
DanielDn
OséiasOs
JoelJl
AmósAm
AbdiasAbd
JonasJn
MiquéiasMq
NaumNa
HabacucHab
SofoniasSf
AgeuAg
ZacariasZc
MalaquiasMl

Os principais temas do Antigo Testamento

A Aliança com Deus

Quando falamos de Aliança com Deus, vemos, várias vezes, no Antigo Testamento, momentos marcantes em que Ele, escolhendo o povo de Israel como sendo o Seu povo, sela uma Aliança definitiva. Aliás, essas alianças são uma mesma aliança, renovada de geração em geração. Já para os judeus, recordar o feitos do passado e como devemos ser fieis à Aliança selada com Deus, é o que garante a certeza de que o Senhor é fiel e espera nossa fidelidade.

A Promessa do Messias

O Antigo Testamento, com seus profetas e escritos, surge como uma forma de Deus preparar o seu povo para acolher o Messias, que viria. De fato, Deus não havia indicado quando seria, mas era uma promessa, e era nessa promessa que os judeus se ancoravam para manter a esperança frente a qualquer adversidade e perseguição que surgisse.

A história do povo de Israel

A unção de Davi por Samuel, uma cena famosa do Antigo Testamento
A unção de Davi por Samuel.

O povo que não conhece sua história está prestes a sumir. Com efeito, lemos no Antigo Testamento toda a narração, no Pentateuco e nos Livros históricos, de como os judeus passaram de não-povo a povo de Deus. De como Deus libertou da escravidão do Egito um povo insignificante para o contexto, e o fez numeroso, dando-o uma Terra abundante. Essa história, primeiro transmitida de geração em geração de modo oral, depois escrita, foi decisiva para que os judeus se consolidassem como nação. 

A lei e a justiça

Deus, ao escolher o Povo e prometer caminhar com ele, os apresenta, também, uma forma de viver que corresponda com a dignidade própria de um Povo de Deus. No Antigo Testamento, sobretudo na Torah, Deus dita leis que devem ser seguidas para a prosperidade da nação. Ao mesmo tempo, por meio dos profetas, é assegurado da parte de Deus que se viva sempre na justiça e na paz, sempre denunciando aqueles que buscam subjugar os outros com atos de injustiça.

Veja também: Os 10 Mandamentos

Como o Antigo Testamento é dividido?

Pentateuco

Pentateuco é a coleção dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento. Significa, do grego, penta, cinco, e teukhoi, rolos. É, para os judeus, a chamada Torá ou Lei de Moisés, que possui os seguintes livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Foi escrito em definitivo por volta de 450 a.C, depois do exílio da babilônia, a partir de documentos e tradições de muitos séculos antes.

O dilúvio, por Gustave Doré., cena do Antigo Testamento.
O dilúvio, por Gustave Doré.

Os judeus chamam de Torah, que significa “instrução” ou “ensinamento”. Nestes livros, é narrada a história de Israel e da humanidade, bem como as leis, costumes e histórias morais que devem ser critério para o povo. É, com efeito, a instrução da vontade de Deus a respeito do povo eleito.

Livros históricos

A segunda parte do Antigo Testamento compreende o que são chamados de “livros históricos”. É composta dos seguintes livros: Js, Jz, Rt, 1 e 2Sm, 1 e 2Cr, Esd, Ne, Tb, Jt, Est, 1 e 2Mc. Mas não podemos confundir: história para o povo judeu não tem a mesma conotação que existe para a idade moderna, e nem por isso deve ser tratada com menos seriedade. Na Antiguidade, a história era o que chamamos hoje de crônica, relato ou história exemplar. Buscava-se contar uma história, e bem, de modo que esta pudesse ficar na memória e ser conhecida por todos, deixando clara a sua mensagem.

Livros poéticos e sapienciais

A literatura sapiencial é composta pelos livros de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico do Cânticos, Sabedoria e Sirácida (Eclesiástico). Essa seção é composta por escritos diversos. Os Salmos possuem seu lugar especial na vida litúrgica, sobretudo no culto do Templo de Jerusalém. Jó e Eclesiastes são escritos de teor “quase que filosófico”. Provérbios e Sirácida (Eclesiástico) são coleções de sentenças populares. O Cântico é uma coleção de poesias de amor, de enredo romântico.

Livros proféticos

Para entender os livros proféticos, convém diferenciar o que se entende por livros proféticos na bíblia cristã e na bíblia hebraica. A bíblia hebraica chama de “profetas” tanto a historiografia da época dos principais profetas, chamada de “profetas anteriores”, como os oráculos proferidos por eles (profetas posteriores). A bíblia cristã, seguindo o modelo da bíblia grega, coloca dentro da seção “profetas” somente os pronunciamentos dos profetas, deixando a hagiografia para os livros históricos. 

Conjunto de esculturas "Os Doze Profetas" de  Aleijadinho.
Conjunto de esculturas “Os Doze Profetas” de Aleijadinho.

Profeta, ainda que seja um termo amplo, significa o “porta-voz”, a pessoa intermediária entre o ser humano e a divindade. Progressivamente, assume-se uma tarefa ética, cuidando da observância do pacto entre Deus e o povo, e, por isso, denunciando a injustiça e anunciando a salvação.

São subdivididos em dois grupos: quatro “grandes profetas” (Isaias, Jeremias – com Lamentações e Baruc – Ezequiel e Daniel), e doze “profetas menores”. Essa divisão se dá pelo tamanho dos textos conservados e não pela importância dos mesmos.

A unidade entre Antigo e Novo Testamento

Como foi falado acima, devemos ler o Antigo Testamento não como algo ultrapassado, retrógrado, mas como primordial. Olhando da parte de Deus, vemos uma só Aliança para salvação da humanidade. A Antiga Aliança serve de preparação para a Eterna Aliança em Jesus Cristo. Com efeito, “o antigo não é abolido pelo novo, mas assumido nele e levado à plenitude.” 1.

O Antigo Testamento é visto, pela Igreja, como sendo uma sombra do Novo Testamento, uma preparação para que a humanidade acolha o Messias. O Novo Testamento, por sua vez, é visto como plenitude da Aliança e cumprimento perfeito da Lei. A primeira Aliança de Deus para com povo não é revogada, mas transformada e levada à plenitude. Em Jesus, essa Aliança recebe uma amplidão maior. 

A Igreja Católica sempre buscou tratar com cuidado as Escrituras de Israel. Ela tem destaque na primeira leitura e nos salmos da própria liturgia dominical e em toda vida da Igreja, que fala com Deus e deixa-se interpelar por Ele através da Palavra eterna.

Referências

  1. Mt 5,17-20; 13,42[]

Redação MBC

Iremos apresentar uma série de artigos que podem te ajudar a aprofundar os conhecimentos sobre a Sagrada Escritura, que é a Palavra de Deus. Confira, abaixo, o que preparamos sobre a realidade do Antigo Testamento.

O que é o Antigo Testamento?

O Antigo Testamento nada mais é do que a nomenclatura cristã dada ao conjunto dos livros que compõem as Escrituras Sagradas dos judeus. A expressão Antigo Testamento deve ser compreendida como primordial, primeira, e não simplesmente como algo antiquado. Nele é descrita a eleição dos judeus como povo de Deus. São, ao todo, 46 livros, que variam entre temáticas que vão desde a lei dada por Deus, até escritos históricos, contos, poemas e profecias.

O sacrifício de Isaac, uma das principais cenas do Antigo Testamento.
Sacrifício de Isaac por Caravaggio.

A origem do Antigo Testamento

O Antigo Testamento começou a se desenvolver, de modo escrito, por volta do ano 1200 a.C, quando o povo judeu, depois do êxodo do Egito, começou a tomar consciência de sua identidade como povo. Todas as tradições que já existiam de modo oral passaram a ser escritas em livros, que, na época, eram pergaminhos. 

Mas esse processo foi longo. Somente depois do exílio da Babilônia, por volta de 500 a.C, que a bíblia judaica passou a existir na busca por reconstruir a identidade nacional e religiosa. Digamos que foi um processo gradativo.

Assim, num processo que demorou séculos, é que foi surgindo o que entendemos por Antigo Testamento. Ainda que tenha sido influenciado por vários fatores culturais e sociais, permanece a firme convicção, já entre os judeus, da inspiração divina das Escrituras.

Em resumo: ocorriam fatos entre os judeus que manifestavam, sobretudo, sua relação com Deus. Esses fatos eram narrados de pai para filho, surgindo a tradição oral. Com o passar dos séculos, essa tradição oral passou a ser escrita a fim de garantir uma identidade como povo, e para que estes textos se difundissem com precisão para uso litúrgico e social.

Os Deuterocanônicos: a principal diferença entre a Bíblia Católica e a Evangélica

Você já deve ter se deparado com diferentes “tipos” de Bíblia, não é mesmo? Essas diferenças, que já percebemos na constituição do Antigo Testamento, sobretudo entre Bíblias de tradução católica e Bíblias de tradução protestante, são facilmente compreendidas a partir da própria história.

Já no tempo de Jesus, a religião judaica possuía duas formas de transmitir as Escrituras: uma, nas sinagogas da região de Israel, sendo essa de língua hebraica; e outra, na língua grega, na chamada diáspora dos países helenísticos. A versão grega foi traduzida pelos anos 250 a.C, por um grupo de 70 anciãos (por isso chamada septuaginta ou Bíblia dos setenta), em Alexandria, no Egito.

Os macabeus, deuterocanônicos
Os Macabeus, de Wojciech Stattler. O livro dos Macabeus é um dos deuterocanônicos.

Resumo da ópera: a tradução grega possuía alguns livros a mais que a tradução hebraica, já naquela época. Os judeus de língua hebraica, por questões nacionalistas, excluíram quaisquer textos que não fossem em hebraico ou escritos fora da Terra Santa.

Na época do início do cristianismo, os cristãos passaram a adotar a lista dos livros da tradução grega, por entenderem que toda ela era inspirada por Deus, mesmo que alguns livros fossem escritos em grego, enquanto os judeus se apegaram mais à tradução hebraica. Na reforma protestante, em 1500, Lutero e Calvino optaram por usar somente a versão hebraica nas suas traduções da Bíblia, em vez de se usarem da versão grega (ainda que incluíram os livros que existem a mais na versão grega no final de suas traduções).

A diferença consiste, basicamente, no fato de que a versão grega possui sete livros a mais que a Bíblia hebraica. Esses sete livros são chamados de Deuterocanônicos, que significa que foram acrescentados ao cânon num segundo momento da constituição da Bíblia.

Confira também nosso artigo sobre grandes defensores da fé católica no século XXI.

Lista dos livros deuterocanônicos

  • Tobias.
  • Judite.
  • I Macabeus.
  • II Macabeus.
  • Sabedoria de Salomão.
  • Eclesiástico
  • Baruque

Quais são os livros do Antigo Testamento?

LivroAbreviatura
GênesisGn
ÊxodoEx
LevíticoLv
NúmerosNm
DeuteronômioDt
JosuéJs
JuízesJz
RuteRt
I SamuelI Sm
II SamuelII Sm
I ReisI Rs
II ReisII Rs
I CrônicasI Cr
II CrônicasII Cr
EsdrasEsd
NeemiasNe
TobiasTb
JuditeJt
EsterEst
I MacabeusI Mc
II MacabeusII Mc
SalmosSl
ProvérbiosPr
EclesiastesEcl
Cântico dos cânticosCt
SabedoriaSb
SirácidaSr
IsaíasIs
JeremiasJr
LamentaçõesLm
BarucBr
EzequielEz
DanielDn
OséiasOs
JoelJl
AmósAm
AbdiasAbd
JonasJn
MiquéiasMq
NaumNa
HabacucHab
SofoniasSf
AgeuAg
ZacariasZc
MalaquiasMl

Os principais temas do Antigo Testamento

A Aliança com Deus

Quando falamos de Aliança com Deus, vemos, várias vezes, no Antigo Testamento, momentos marcantes em que Ele, escolhendo o povo de Israel como sendo o Seu povo, sela uma Aliança definitiva. Aliás, essas alianças são uma mesma aliança, renovada de geração em geração. Já para os judeus, recordar o feitos do passado e como devemos ser fieis à Aliança selada com Deus, é o que garante a certeza de que o Senhor é fiel e espera nossa fidelidade.

A Promessa do Messias

O Antigo Testamento, com seus profetas e escritos, surge como uma forma de Deus preparar o seu povo para acolher o Messias, que viria. De fato, Deus não havia indicado quando seria, mas era uma promessa, e era nessa promessa que os judeus se ancoravam para manter a esperança frente a qualquer adversidade e perseguição que surgisse.

A história do povo de Israel

A unção de Davi por Samuel, uma cena famosa do Antigo Testamento
A unção de Davi por Samuel.

O povo que não conhece sua história está prestes a sumir. Com efeito, lemos no Antigo Testamento toda a narração, no Pentateuco e nos Livros históricos, de como os judeus passaram de não-povo a povo de Deus. De como Deus libertou da escravidão do Egito um povo insignificante para o contexto, e o fez numeroso, dando-o uma Terra abundante. Essa história, primeiro transmitida de geração em geração de modo oral, depois escrita, foi decisiva para que os judeus se consolidassem como nação. 

A lei e a justiça

Deus, ao escolher o Povo e prometer caminhar com ele, os apresenta, também, uma forma de viver que corresponda com a dignidade própria de um Povo de Deus. No Antigo Testamento, sobretudo na Torah, Deus dita leis que devem ser seguidas para a prosperidade da nação. Ao mesmo tempo, por meio dos profetas, é assegurado da parte de Deus que se viva sempre na justiça e na paz, sempre denunciando aqueles que buscam subjugar os outros com atos de injustiça.

Veja também: Os 10 Mandamentos

Como o Antigo Testamento é dividido?

Pentateuco

Pentateuco é a coleção dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento. Significa, do grego, penta, cinco, e teukhoi, rolos. É, para os judeus, a chamada Torá ou Lei de Moisés, que possui os seguintes livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Foi escrito em definitivo por volta de 450 a.C, depois do exílio da babilônia, a partir de documentos e tradições de muitos séculos antes.

O dilúvio, por Gustave Doré., cena do Antigo Testamento.
O dilúvio, por Gustave Doré.

Os judeus chamam de Torah, que significa “instrução” ou “ensinamento”. Nestes livros, é narrada a história de Israel e da humanidade, bem como as leis, costumes e histórias morais que devem ser critério para o povo. É, com efeito, a instrução da vontade de Deus a respeito do povo eleito.

Livros históricos

A segunda parte do Antigo Testamento compreende o que são chamados de “livros históricos”. É composta dos seguintes livros: Js, Jz, Rt, 1 e 2Sm, 1 e 2Cr, Esd, Ne, Tb, Jt, Est, 1 e 2Mc. Mas não podemos confundir: história para o povo judeu não tem a mesma conotação que existe para a idade moderna, e nem por isso deve ser tratada com menos seriedade. Na Antiguidade, a história era o que chamamos hoje de crônica, relato ou história exemplar. Buscava-se contar uma história, e bem, de modo que esta pudesse ficar na memória e ser conhecida por todos, deixando clara a sua mensagem.

Livros poéticos e sapienciais

A literatura sapiencial é composta pelos livros de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico do Cânticos, Sabedoria e Sirácida (Eclesiástico). Essa seção é composta por escritos diversos. Os Salmos possuem seu lugar especial na vida litúrgica, sobretudo no culto do Templo de Jerusalém. Jó e Eclesiastes são escritos de teor “quase que filosófico”. Provérbios e Sirácida (Eclesiástico) são coleções de sentenças populares. O Cântico é uma coleção de poesias de amor, de enredo romântico.

Livros proféticos

Para entender os livros proféticos, convém diferenciar o que se entende por livros proféticos na bíblia cristã e na bíblia hebraica. A bíblia hebraica chama de “profetas” tanto a historiografia da época dos principais profetas, chamada de “profetas anteriores”, como os oráculos proferidos por eles (profetas posteriores). A bíblia cristã, seguindo o modelo da bíblia grega, coloca dentro da seção “profetas” somente os pronunciamentos dos profetas, deixando a hagiografia para os livros históricos. 

Conjunto de esculturas "Os Doze Profetas" de  Aleijadinho.
Conjunto de esculturas “Os Doze Profetas” de Aleijadinho.

Profeta, ainda que seja um termo amplo, significa o “porta-voz”, a pessoa intermediária entre o ser humano e a divindade. Progressivamente, assume-se uma tarefa ética, cuidando da observância do pacto entre Deus e o povo, e, por isso, denunciando a injustiça e anunciando a salvação.

São subdivididos em dois grupos: quatro “grandes profetas” (Isaias, Jeremias – com Lamentações e Baruc – Ezequiel e Daniel), e doze “profetas menores”. Essa divisão se dá pelo tamanho dos textos conservados e não pela importância dos mesmos.

A unidade entre Antigo e Novo Testamento

Como foi falado acima, devemos ler o Antigo Testamento não como algo ultrapassado, retrógrado, mas como primordial. Olhando da parte de Deus, vemos uma só Aliança para salvação da humanidade. A Antiga Aliança serve de preparação para a Eterna Aliança em Jesus Cristo. Com efeito, “o antigo não é abolido pelo novo, mas assumido nele e levado à plenitude.” 1.

O Antigo Testamento é visto, pela Igreja, como sendo uma sombra do Novo Testamento, uma preparação para que a humanidade acolha o Messias. O Novo Testamento, por sua vez, é visto como plenitude da Aliança e cumprimento perfeito da Lei. A primeira Aliança de Deus para com povo não é revogada, mas transformada e levada à plenitude. Em Jesus, essa Aliança recebe uma amplidão maior. 

A Igreja Católica sempre buscou tratar com cuidado as Escrituras de Israel. Ela tem destaque na primeira leitura e nos salmos da própria liturgia dominical e em toda vida da Igreja, que fala com Deus e deixa-se interpelar por Ele através da Palavra eterna.

Referências

  1. Mt 5,17-20; 13,42[]

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