Conheça a origem dos 10 mandamentos, as suas versões na Bíblia e a sua relação com a lei natural e a tradição da Igreja.
Conheça a origem dos 10 mandamentos, as suas versões na Bíblia e a sua relação com a lei natural e a tradição da Igreja.
Os 10 mandamentos de Deus são um caminho para o bem, não só terreno, mas para o verdadeiro Bem, na eternidade. Há quem diga que são restrições de um deus “estraga prazeres”, no entanto essas orientações estão gravadas no coração de cada um de nós e o que nos impede de segui-las é o pecado, pois a distância de Deus cega o nosso olhar para a bondade.
Neste artigo, vamos abordar o que são os 10 mandamentos, explorando as suas versões bíblicas e comentando a sua relação com a lei da natureza, infundida em nós na criação. Além disso, veremos como o cumprimento pleno da lei se dá em Jesus e recordaremos que o nosso Deus de amor nunca exige sem antes conceder algo, pois tudo o que possuímos — material ou espiritualmente — recebemos dEle.
Os 10 Mandamentos têm sua origem na própria ação de Deus ao inscrevê-los inicialmente no coração humano. 1. Essas regras, que resumem e proclamam a Lei Divina 2, também foram gravadas pelo próprio Deus em tábuas de pedra, conhecidas como Tábuas da Aliança — como narrado nos livros do Êxodo 3 e do Deuteronômio. 4 Este Decálogo não apenas estabelece as condições para uma vida livre do domínio do pecado, mas também revela a verdadeira humanidade do homem, lançando luz tanto sobre os deveres essenciais quanto sobre os direitos fundamentais inerentes à natureza da pessoa humana. 5 Em essência, os 10 Mandamentos constituem um caminho de vida que nos conduz a viver em liberdade, como filhos de Deus.
As diferenças entre as versões dos 10 Mandamentos no Êxodo e no Deuteronômio refletem nuances no contexto histórico e religioso em que foram apresentados ao povo de Israel. No Êxodo, os mandamentos são proclamados quando o povo ainda está no deserto, pouco após sua libertação do Egito, diante do monte Sinai. Nesse momento de temor e reverência, a ênfase está na imponente revelação da Lei, marcando o compromisso direto entre Deus e o povo recém-libertado.
Já no Deuteronômio, Moisés reitera os mandamentos enquanto o povo se prepara para entrar na Terra Prometida, após quarenta anos de peregrinação no deserto. Aqui, a ênfase se volta à renovação da aliança entre Deus e Israel. O discurso de Moisés visa fortalecer a importância da fidelidade à aliança, à medida que o povo enfrenta os desafios da conquista da nova terra. A ligação entre obediência aos mandamentos e prosperidade na Terra Prometida ganha destaque, assim como as consequências da desobediência.
Um exemplo disso é o mandamento do sábado. O livro do Êxodo enfatiza a observância do sábado como um dia de descanso ordenado por Deus após os seis dias de criação, destacando a santificação deste dia como testemunho da aliança. 6 Já no Deuteronômio, esse mandamento é reafirmado com uma ênfase ligeiramente diferente.
Além de lembrar o descanso divino na criação, ele é justificado pelo fato de o povo ter sido liberto da escravidão no Egito. Aqui, o contexto realça que, como Deus libertou Israel da opressão egípcia, eles também devem proporcionar descanso a seus servos, animais e estrangeiros em sua terra. “Lembra-te de que foste escravo no Egito, de onde a mão forte e o braço poderoso do teu Senhor te tirou. É por isso que o Senhor, teu Deus, te ordenou observasses o dia do sábado.” 7
Êxodo 20, 2-17 | Deuteronômio 5, 6-21 |
Eu sou o Senhor teu Deus,Que te tirei da terra do Egipto,dessa casa da escravidão. Não terás outros deuses perante Mim. Não farás de ti nenhuma imagem esculpida,nem figura que existe lá no alto do céu ou cá embaixo na terra ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas nem lhes prestarás culto porque eu, o Senhor teu Deus, sou um Deus cios: castigo a ofensa dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me ofendem; mas uso de misericórdia até à milésima geração com aqueles que Me amam e guardam os meus mandamentos. | Eu sou o Senhor teu Deus,que te fiz tirei da terra do Egipto dessa da casa da escravidão. Não terás outros deuses diante de Mim. |
Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus, porque o Senhor não deixa sem castigo quem invocar o seu Nome em vão. | Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus. |
Lembrar-te do dia do Sábado para o santificar. Durante seis dias trabalharás e farás todos os trabalhos. Mas o sétimo dia é sábado do Senhor teu Deus. Não farás nele nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho ou tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu gado, nem o estrangeiro que vive em tua cidade. Porque em seis dias o Senhor fez o céu e a terra, o mar e tudo o que eles contêm: mas ao sétimo dia descansou. Por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou. | Guarda o dia do sábado santificando-o. |
Honra pai mãe, a fim de prolongares os teus diasna terra que o Senhor teu Deus te vai dar. | Honra teu pai e tua mãe. |
Não matarás. | Não matarás. |
Não cometerás adultério. | Não cometerás adultério. |
Não roubarás. | Não roubarás. |
Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo. | Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo. |
Não cobiçarás a casa do teu próximo. | Não desejarás a mulher do teu próximo. |
Não desejarás a mulher do próximo, nem o seu servo nem a sua serva, o seu boi ou o seu jumento, nem nada que lhe pertença. | Não cobiçarás nada que pertença ao teu próximo. |
A pergunta sobre a relevância contínua dos 10 Mandamentos no contexto da Nova Aliança é respondida pelo próprio Jesus no Evangelho de Mateus capítulo 5 versículo 17: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir.” Ele estabelece uma ligação profunda entre a antiga Lei e sua missão, não para abolir a Lei e os ensinamentos dos Profetas, mas para dar-lhes pleno cumprimento — “A lei moral encontra em Cristo a sua plenitude e unidade.” 8
Sendo assim, Cristo, em seus ensinamentos, não apenas reitera muitos dos princípios contidos nos Mandamentos, mas também os eleva a um nível mais profundo de significado espiritual. Por exemplo, enquanto a lei diz apenas “não matarás”, Jesus exorta até mesmo a não nutrimos ódio em nosso coração 9, e eleva a moral ao ponto de amar os inimigos 10 — e não somente os amigos, como a lei era interpretada.
Além disso, Ele não apenas condena o adultério, mas também acentua a importância de guardar a pureza interior. 11 Dessa forma, Jesus demonstra a continuidade e a relevância do cumprimento dos mandamentos — de maneira mais profunda e abrangente — na Nova Aliança. A Lei, assim interpretada, não perde o seu valor, mas — ao contrário, — encontra sua plenitude em Cristo. Seu sacrifício na cruz traz uma dimensão de redenção e transformação que ultrapassa a simples observância externa, enfatizando a transformação interna do coração humano, uma vez que no amor está o pleno cumprimento da Lei. 12
Nas Sagradas Escrituras, encontramos o Decálogo, os Dez Mandamentos, revelando-se como um caminho de vida. No livro de Deuteronômio, é proclamado: “Se amares o teu Deus, andares nos seus caminhos e guardares os seus mandamentos, leis e costumes, viverás e multiplicar-te-ás.” 13 Essas palavras destacam que os Dez Mandamentos estabelecem as condições para uma vida livre da escravidão do pecado, sobretudo no contexto do êxodo, o evento libertador de Deus na Antiga Aliança.
Os 10 mandamentos, também conhecidos como “Decálogo”, que significa “dez palavras”, foram revelados diretamente por Deus. O Senhor entregou essas “dez palavras” a Moisés no monte Sinai, escrevendo-as com o Seu próprio dedo. 14 As principais referências ao Decálogo estão no Êxodo (capítulo 20) e no Deuteronômio (capítulo 5). No entanto, seu significado pleno só foi revelado na Nova Aliança através de Jesus Cristo. 15
O Decálogo resume e proclama a Lei de Deus, além de ser também conhecido como “o testemunho”, representando a aliança entre Deus e Seu povo. Ademais, faz parte da revelação que Deus fez de Si mesmo, bem como da Sua glória e da Sua vontade. 16.
Os mandamentos são, portanto, transmitidos no contexto da aliança do Senhor com Seu povo, como afirmado em Deuteronômio: “O Senhor nosso Deus firmou conosco uma Aliança no Horeb”. 17 Assim, os Mandamentos ganham significado completo na Aliança, expressando a resposta moral do homem à iniciativa amorosa do Senhor. 18
O Decálogo detém um papel central na Tradição da Igreja, harmonizando-se com a Sagrada Escritura e o exemplo de Jesus. 19 Desde Santo Agostinho, os “Dez Mandamentos” têm destaque na catequese dos batizados e fiéis, e essa ênfase levou à criação de fórmulas rimadas para facilitar a memorização — uma prática que teve início no século XV e é empregada até os dias de hoje. 20
Apesar das variações históricas na divisão dos mandamentos, o catecismo atual segue a abordagem de Santo Agostinho, que é adotada tanto pela Igreja Católica quanto pelas confissões luteranas; as Igrejas ortodoxas e as comunidades reformadas possuem divisões diferenciadas. No entanto, todos os Dez Mandamentos convergem para a exigência do amor a Deus e ao próximo. 21.
Além disso, a importância dos Dez Mandamentos é reforçada pelo Concílio de Trento, que enfatiza sua obrigação contínua para os cristãos, e pelo Concílio Vaticano II, que destaca a missão dos bispos de pregar o Evangelho por toda parte, a fim de que homens possam ser salvos através da fé, do Batismo e do cumprimento desses mandamentos. 22
Ademais, Santo Tomás de Aquino, em sua catequese sobre os mandamentos, argumenta que três coisas são necessárias para a salvação do homem: a ciência do que deve crer, a ciência do que deve desejar e a ciência do que deve fazer. Esta última, sendo a ciência do agir, é transmitida pela Lei. Ainda que a lei da natureza tenha sido infundida por Deus no coração do homem — mostrando o que ele deve fazer e o que deve evitar —, a concupiscência o leva a contradizê-la, sendo assim a lei da Escritura (os mandamentos) torna-se necessária, a fim de instruir o homem nas virtudes e dissuadi-lo dos vícios.
Desde a criação, Deus instruiu a humanidade com os preceitos da lei natural, gravados em seus corações, ou seja, a lei foi inscrita no interior do homem. 23 Essa lei da natureza, como Santo Tomás de Aquino observou, é “[…] uma luz intelectual infundida em nós por Deus, por meio da qual conhecemos o que fazer e o que evitar.” 24
No entanto, surge a indagação: se os seres humanos já possuíam esses preceitos em seu coração, por que os mandamentos precisaram ser revelados e escritos em tábuas? Embora os mandamentos do Decálogo possam ser compreendidos pela razão, a influência do pecado obscureceu a capacidade do homem de compreender plenamente a lei da razão, bem como desviou a sua vontade. 25
Santo Tomás explica que, após o diabo, por sugestão, ter desviado o homem dos preceitos divinos, a carne, que anteriormente obedecia à razão, passou a resistir à razão — e não mais obedecer-lhe. Assim, mesmo quando o homem deseja o bem segundo a razão, ele é inclinado ao contrário devido à concupiscência. 24
Portanto, a revelação e a explicação dos mandamentos foram necessárias — apesar da presença da lei natural no coração humano —, porque o pecado obscureceu a razão do homem e desviou a sua vontade do bem.
Conheça a história e o legado de Santo Tomás de Aquino.
“Todo aquele que peca transgride a Lei, porque o pecado é transgressão da Lei.” 26 A relação entre cada pecado e os Dez Mandamentos é profundamente enraizada na própria essência desses preceitos divinos, como explicitado nas Escrituras. Os mandamentos, revelados por Deus, indicam claramente o que é moralmente correto e, assim, fornecem um padrão pelo qual podemos medir as nossas ações.
Além disso, os exames de consciência — práticas essenciais na tradição cristã — partem dos Dez Mandamentos como um guia confiável para a autorreflexão. É muito valioso que o sacramento da penitência seja precedido por um bom exame de consciência, pois por meio deles medimos nossas ações em relação aos Mandamentos de Deus. 27 O Decálogo nos ajuda a reconhecer os nossos pecados e nos direciona ao arrependimento e à reconciliação com Deus.
Os mandamentos são a âncora da moral cristã, o alicerce dos exames de consciência, a fim de nos conduzir ao caminho da graça e da santidade. Contudo, vale lembrar que o amor de Deus Pai é o fundamento deste dever. Assim, os mandamentos são um reflexo do amor de Deus que primeiro dá, depois manda. Esta ordem é crucial, pois os mandamentos não são impostos antes do estabelecimento de uma relação com Deus: primeiro Deus salvou Seu povo no Mar Vermelho e só depois lhes revelou os mandamentos no Monte Sinai. 28
Os mandamentos libertam-te do teu egoísmo, e libertam-te porque há o amor de Deus que te faz ir em frente. […]” 28 A gratidão e a obediência surgem, portanto, como expressões de um coração que reconhece os benefícios de Deus e deposita sua confiança Nele.
Os 10 Mandamentos como já apresentados acima, listados nas Escrituras e organizados pela Igreja Católica, não devem ser confundidos com os 5 mandamentos da Igreja Católica. São eles:
Os 5 mandamentos da Igreja Católica não são nada mais do que desdobramentos práticos dos 10 mandamentos. Ouvir a Missa aos domingos e festas, por exemplo, é o terceiro mandamento na prática.
Cristo, ao fundar a Igreja Católica, confiou aos apóstolos — e estes aos seus sucessores — a transmissão de todos os seus ensinamentos e a administração da Igreja. Por isso, as leis da Igreja tem a mesma autoridade dos dez mandamentos.
Saiba mais sobre Tradição, Magistério e Sagrada Escritura.
Se você se interessou pelo tema dos 10 Mandamentos e gostaria de se aprofundar nele, Santo Tomás de Aquino deu algumas catequeses sobre cada um dos mandamentos. A obra Catequeses de Santo Tomás reúne não só essas catequeses, como também sermões do santo sobre o Pai Nosso, a Ave Maria, os Sacramentos e o Credo. Para saber como adquirir essa obra, acesse: Catequeses de Santo Tomás.
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Os 10 mandamentos de Deus são um caminho para o bem, não só terreno, mas para o verdadeiro Bem, na eternidade. Há quem diga que são restrições de um deus “estraga prazeres”, no entanto essas orientações estão gravadas no coração de cada um de nós e o que nos impede de segui-las é o pecado, pois a distância de Deus cega o nosso olhar para a bondade.
Neste artigo, vamos abordar o que são os 10 mandamentos, explorando as suas versões bíblicas e comentando a sua relação com a lei da natureza, infundida em nós na criação. Além disso, veremos como o cumprimento pleno da lei se dá em Jesus e recordaremos que o nosso Deus de amor nunca exige sem antes conceder algo, pois tudo o que possuímos — material ou espiritualmente — recebemos dEle.
Os 10 Mandamentos têm sua origem na própria ação de Deus ao inscrevê-los inicialmente no coração humano. 1. Essas regras, que resumem e proclamam a Lei Divina 2, também foram gravadas pelo próprio Deus em tábuas de pedra, conhecidas como Tábuas da Aliança — como narrado nos livros do Êxodo 3 e do Deuteronômio. 4 Este Decálogo não apenas estabelece as condições para uma vida livre do domínio do pecado, mas também revela a verdadeira humanidade do homem, lançando luz tanto sobre os deveres essenciais quanto sobre os direitos fundamentais inerentes à natureza da pessoa humana. 5 Em essência, os 10 Mandamentos constituem um caminho de vida que nos conduz a viver em liberdade, como filhos de Deus.
As diferenças entre as versões dos 10 Mandamentos no Êxodo e no Deuteronômio refletem nuances no contexto histórico e religioso em que foram apresentados ao povo de Israel. No Êxodo, os mandamentos são proclamados quando o povo ainda está no deserto, pouco após sua libertação do Egito, diante do monte Sinai. Nesse momento de temor e reverência, a ênfase está na imponente revelação da Lei, marcando o compromisso direto entre Deus e o povo recém-libertado.
Já no Deuteronômio, Moisés reitera os mandamentos enquanto o povo se prepara para entrar na Terra Prometida, após quarenta anos de peregrinação no deserto. Aqui, a ênfase se volta à renovação da aliança entre Deus e Israel. O discurso de Moisés visa fortalecer a importância da fidelidade à aliança, à medida que o povo enfrenta os desafios da conquista da nova terra. A ligação entre obediência aos mandamentos e prosperidade na Terra Prometida ganha destaque, assim como as consequências da desobediência.
Um exemplo disso é o mandamento do sábado. O livro do Êxodo enfatiza a observância do sábado como um dia de descanso ordenado por Deus após os seis dias de criação, destacando a santificação deste dia como testemunho da aliança. 6 Já no Deuteronômio, esse mandamento é reafirmado com uma ênfase ligeiramente diferente.
Além de lembrar o descanso divino na criação, ele é justificado pelo fato de o povo ter sido liberto da escravidão no Egito. Aqui, o contexto realça que, como Deus libertou Israel da opressão egípcia, eles também devem proporcionar descanso a seus servos, animais e estrangeiros em sua terra. “Lembra-te de que foste escravo no Egito, de onde a mão forte e o braço poderoso do teu Senhor te tirou. É por isso que o Senhor, teu Deus, te ordenou observasses o dia do sábado.” 7
Êxodo 20, 2-17 | Deuteronômio 5, 6-21 |
Eu sou o Senhor teu Deus,Que te tirei da terra do Egipto,dessa casa da escravidão. Não terás outros deuses perante Mim. Não farás de ti nenhuma imagem esculpida,nem figura que existe lá no alto do céu ou cá embaixo na terra ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas nem lhes prestarás culto porque eu, o Senhor teu Deus, sou um Deus cios: castigo a ofensa dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me ofendem; mas uso de misericórdia até à milésima geração com aqueles que Me amam e guardam os meus mandamentos. | Eu sou o Senhor teu Deus,que te fiz tirei da terra do Egipto dessa da casa da escravidão. Não terás outros deuses diante de Mim. |
Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus, porque o Senhor não deixa sem castigo quem invocar o seu Nome em vão. | Não invocarás em vão o Nome do Senhor teu Deus. |
Lembrar-te do dia do Sábado para o santificar. Durante seis dias trabalharás e farás todos os trabalhos. Mas o sétimo dia é sábado do Senhor teu Deus. Não farás nele nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho ou tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu gado, nem o estrangeiro que vive em tua cidade. Porque em seis dias o Senhor fez o céu e a terra, o mar e tudo o que eles contêm: mas ao sétimo dia descansou. Por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou. | Guarda o dia do sábado santificando-o. |
Honra pai mãe, a fim de prolongares os teus diasna terra que o Senhor teu Deus te vai dar. | Honra teu pai e tua mãe. |
Não matarás. | Não matarás. |
Não cometerás adultério. | Não cometerás adultério. |
Não roubarás. | Não roubarás. |
Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo. | Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo. |
Não cobiçarás a casa do teu próximo. | Não desejarás a mulher do teu próximo. |
Não desejarás a mulher do próximo, nem o seu servo nem a sua serva, o seu boi ou o seu jumento, nem nada que lhe pertença. | Não cobiçarás nada que pertença ao teu próximo. |
A pergunta sobre a relevância contínua dos 10 Mandamentos no contexto da Nova Aliança é respondida pelo próprio Jesus no Evangelho de Mateus capítulo 5 versículo 17: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir.” Ele estabelece uma ligação profunda entre a antiga Lei e sua missão, não para abolir a Lei e os ensinamentos dos Profetas, mas para dar-lhes pleno cumprimento — “A lei moral encontra em Cristo a sua plenitude e unidade.” 8
Sendo assim, Cristo, em seus ensinamentos, não apenas reitera muitos dos princípios contidos nos Mandamentos, mas também os eleva a um nível mais profundo de significado espiritual. Por exemplo, enquanto a lei diz apenas “não matarás”, Jesus exorta até mesmo a não nutrimos ódio em nosso coração 9, e eleva a moral ao ponto de amar os inimigos 10 — e não somente os amigos, como a lei era interpretada.
Além disso, Ele não apenas condena o adultério, mas também acentua a importância de guardar a pureza interior. 11 Dessa forma, Jesus demonstra a continuidade e a relevância do cumprimento dos mandamentos — de maneira mais profunda e abrangente — na Nova Aliança. A Lei, assim interpretada, não perde o seu valor, mas — ao contrário, — encontra sua plenitude em Cristo. Seu sacrifício na cruz traz uma dimensão de redenção e transformação que ultrapassa a simples observância externa, enfatizando a transformação interna do coração humano, uma vez que no amor está o pleno cumprimento da Lei. 12
Nas Sagradas Escrituras, encontramos o Decálogo, os Dez Mandamentos, revelando-se como um caminho de vida. No livro de Deuteronômio, é proclamado: “Se amares o teu Deus, andares nos seus caminhos e guardares os seus mandamentos, leis e costumes, viverás e multiplicar-te-ás.” 13 Essas palavras destacam que os Dez Mandamentos estabelecem as condições para uma vida livre da escravidão do pecado, sobretudo no contexto do êxodo, o evento libertador de Deus na Antiga Aliança.
Os 10 mandamentos, também conhecidos como “Decálogo”, que significa “dez palavras”, foram revelados diretamente por Deus. O Senhor entregou essas “dez palavras” a Moisés no monte Sinai, escrevendo-as com o Seu próprio dedo. 14 As principais referências ao Decálogo estão no Êxodo (capítulo 20) e no Deuteronômio (capítulo 5). No entanto, seu significado pleno só foi revelado na Nova Aliança através de Jesus Cristo. 15
O Decálogo resume e proclama a Lei de Deus, além de ser também conhecido como “o testemunho”, representando a aliança entre Deus e Seu povo. Ademais, faz parte da revelação que Deus fez de Si mesmo, bem como da Sua glória e da Sua vontade. 16.
Os mandamentos são, portanto, transmitidos no contexto da aliança do Senhor com Seu povo, como afirmado em Deuteronômio: “O Senhor nosso Deus firmou conosco uma Aliança no Horeb”. 17 Assim, os Mandamentos ganham significado completo na Aliança, expressando a resposta moral do homem à iniciativa amorosa do Senhor. 18
O Decálogo detém um papel central na Tradição da Igreja, harmonizando-se com a Sagrada Escritura e o exemplo de Jesus. 19 Desde Santo Agostinho, os “Dez Mandamentos” têm destaque na catequese dos batizados e fiéis, e essa ênfase levou à criação de fórmulas rimadas para facilitar a memorização — uma prática que teve início no século XV e é empregada até os dias de hoje. 20
Apesar das variações históricas na divisão dos mandamentos, o catecismo atual segue a abordagem de Santo Agostinho, que é adotada tanto pela Igreja Católica quanto pelas confissões luteranas; as Igrejas ortodoxas e as comunidades reformadas possuem divisões diferenciadas. No entanto, todos os Dez Mandamentos convergem para a exigência do amor a Deus e ao próximo. 21.
Além disso, a importância dos Dez Mandamentos é reforçada pelo Concílio de Trento, que enfatiza sua obrigação contínua para os cristãos, e pelo Concílio Vaticano II, que destaca a missão dos bispos de pregar o Evangelho por toda parte, a fim de que homens possam ser salvos através da fé, do Batismo e do cumprimento desses mandamentos. 22
Ademais, Santo Tomás de Aquino, em sua catequese sobre os mandamentos, argumenta que três coisas são necessárias para a salvação do homem: a ciência do que deve crer, a ciência do que deve desejar e a ciência do que deve fazer. Esta última, sendo a ciência do agir, é transmitida pela Lei. Ainda que a lei da natureza tenha sido infundida por Deus no coração do homem — mostrando o que ele deve fazer e o que deve evitar —, a concupiscência o leva a contradizê-la, sendo assim a lei da Escritura (os mandamentos) torna-se necessária, a fim de instruir o homem nas virtudes e dissuadi-lo dos vícios.
Desde a criação, Deus instruiu a humanidade com os preceitos da lei natural, gravados em seus corações, ou seja, a lei foi inscrita no interior do homem. 23 Essa lei da natureza, como Santo Tomás de Aquino observou, é “[…] uma luz intelectual infundida em nós por Deus, por meio da qual conhecemos o que fazer e o que evitar.” 24
No entanto, surge a indagação: se os seres humanos já possuíam esses preceitos em seu coração, por que os mandamentos precisaram ser revelados e escritos em tábuas? Embora os mandamentos do Decálogo possam ser compreendidos pela razão, a influência do pecado obscureceu a capacidade do homem de compreender plenamente a lei da razão, bem como desviou a sua vontade. 25
Santo Tomás explica que, após o diabo, por sugestão, ter desviado o homem dos preceitos divinos, a carne, que anteriormente obedecia à razão, passou a resistir à razão — e não mais obedecer-lhe. Assim, mesmo quando o homem deseja o bem segundo a razão, ele é inclinado ao contrário devido à concupiscência. 24
Portanto, a revelação e a explicação dos mandamentos foram necessárias — apesar da presença da lei natural no coração humano —, porque o pecado obscureceu a razão do homem e desviou a sua vontade do bem.
Conheça a história e o legado de Santo Tomás de Aquino.
“Todo aquele que peca transgride a Lei, porque o pecado é transgressão da Lei.” 26 A relação entre cada pecado e os Dez Mandamentos é profundamente enraizada na própria essência desses preceitos divinos, como explicitado nas Escrituras. Os mandamentos, revelados por Deus, indicam claramente o que é moralmente correto e, assim, fornecem um padrão pelo qual podemos medir as nossas ações.
Além disso, os exames de consciência — práticas essenciais na tradição cristã — partem dos Dez Mandamentos como um guia confiável para a autorreflexão. É muito valioso que o sacramento da penitência seja precedido por um bom exame de consciência, pois por meio deles medimos nossas ações em relação aos Mandamentos de Deus. 27 O Decálogo nos ajuda a reconhecer os nossos pecados e nos direciona ao arrependimento e à reconciliação com Deus.
Os mandamentos são a âncora da moral cristã, o alicerce dos exames de consciência, a fim de nos conduzir ao caminho da graça e da santidade. Contudo, vale lembrar que o amor de Deus Pai é o fundamento deste dever. Assim, os mandamentos são um reflexo do amor de Deus que primeiro dá, depois manda. Esta ordem é crucial, pois os mandamentos não são impostos antes do estabelecimento de uma relação com Deus: primeiro Deus salvou Seu povo no Mar Vermelho e só depois lhes revelou os mandamentos no Monte Sinai. 28
Os mandamentos libertam-te do teu egoísmo, e libertam-te porque há o amor de Deus que te faz ir em frente. […]” 28 A gratidão e a obediência surgem, portanto, como expressões de um coração que reconhece os benefícios de Deus e deposita sua confiança Nele.
Os 10 Mandamentos como já apresentados acima, listados nas Escrituras e organizados pela Igreja Católica, não devem ser confundidos com os 5 mandamentos da Igreja Católica. São eles:
Os 5 mandamentos da Igreja Católica não são nada mais do que desdobramentos práticos dos 10 mandamentos. Ouvir a Missa aos domingos e festas, por exemplo, é o terceiro mandamento na prática.
Cristo, ao fundar a Igreja Católica, confiou aos apóstolos — e estes aos seus sucessores — a transmissão de todos os seus ensinamentos e a administração da Igreja. Por isso, as leis da Igreja tem a mesma autoridade dos dez mandamentos.
Saiba mais sobre Tradição, Magistério e Sagrada Escritura.
Se você se interessou pelo tema dos 10 Mandamentos e gostaria de se aprofundar nele, Santo Tomás de Aquino deu algumas catequeses sobre cada um dos mandamentos. A obra Catequeses de Santo Tomás reúne não só essas catequeses, como também sermões do santo sobre o Pai Nosso, a Ave Maria, os Sacramentos e o Credo. Para saber como adquirir essa obra, acesse: Catequeses de Santo Tomás.