Conheça o mandamento de honrar pai e mãe, o que a Igreja ensina sobre ele e como viver este preceito na prática.
Conheça o mandamento de honrar pai e mãe, o que a Igreja ensina sobre ele e como viver este preceito na prática.
O quarto mandamento, honrar pai e mãe, indica a ordem da caridade ao mandar que honremos nossos pais, aqueles a quem devemos a vida e o conhecimento de Deus. No entanto, essa reverência não se limita apenas aos pais biológicos, mas abrange todas as figuras de autoridade as quais Deus investiu para nosso benefício. 1
“Honrar pai e mãe” também engloba uma variedade de deveres, desde o respeito à vida e ao matrimônio até aos relacionamentos familiares, educacionais e cívicos. 2 Dessa forma, o mandamento implica obrigações não apenas dos filhos para com os pais, mas também dos pais, tutores, professores, líderes e governantes para com aqueles sob sua autoridade.
Vamos, neste artigo, explorar o cumprimento e as promessas deste mandamento. Assim como a sua observância gera bons frutos temporais e espirituais, seu descumprimento implica danos não só à família, mas à sociedade em geral. 3
“Se queres entrar na vida, observa os mandamentos” 4, essa é a resposta de Cristo ao jovem que lhe perguntou “Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna.” 5 Essas palavras são o próprio Deus falando conosco, tornando o Decálogo um guia para a vida. Antes de tudo, esses mandamentos estavam inscritos no coração do homem quando Deus o criou, representando a lei natural que nos instrui sobre o que é certo e errado.
No entanto, o pecado obscureceu nossa razão e enfraqueceu nossa vontade, levando-nos a inclinar-nos para o mal, mesmo quando desejamos o bem. Então, mais uma vez, Deus vem em nosso auxílio e escreve pessoalmente os Dez Mandamentos, com Seu próprio dedo, em tábuas de pedra — que ficaram conhecidas como as Tábuas da Lei. Esses mandamentos estão registrados nos livros do Êxodo e do Deuteronômio.
Saiba mais sobre os 10 mandamentos da lei de Deus.
No livro do Êxodo, encontramos a primeira versão deste mandamento: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” 6 Nesta formulação, a ligação entre a honra aos pais e a duração dos dias na terra é explícita. Isso sugere que o respeito aos pais, além de ser um dever moral, está relacionado a bênçãos materiais e espirituais concedidas por Deus.
Já no livro do Deuteronômio, a versão é ligeiramente diferente: “Honra teu pai e tua mãe, como o Senhor teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na terra que o Senhor teu Deus te dá.” 7 A ênfase, neste caso, está na obediência direta ao comando de Deus, tornando claro que honrar os pais é uma ordem divina. Além disso, novamente é destacada a relação entre a obediência a este mandamento e o bem-estar na terra prometida.
No Novo Testamento, durante um debate com os fariseus sobre as tradições religiosas e os mandamentos, Jesus afirma: “Honra teu pai e tua mãe; aquele que amaldiçoar seu pai ou sua mãe será castigado de morte.” 8 Assim, Jesus não apenas reafirma a ordem de honrar os pais, mas também condena aqueles que a negligenciam ou desrespeitam, destacando a gravidade da transgressão.
Além disso, quando um jovem rico pergunta a Jesus sobre como obter a vida eterna, Jesus responde: “Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.” 9 Nesta resposta, Jesus coloca a honra aos pais em paralelo com o segundo grande mandamento, enfatizando sua importância igual à do amor ao próximo.
Deus, ao criar o homem e a mulher, estabeleceu a família humana e a dotou de uma estrutura fundamental. Ela é composta por um homem e uma mulher, juntamente com seus filhos — isso precede o reconhecimento de autoridades públicas. 10 Ademais, esta configuração familiar é considerada a referência fundamental para avaliar outras formas de parentesco. 10
A união matrimonial se baseia no acordo mútuo dos cônjuges. O casamento e a família têm o propósito de promover o bem-estar dos maridos e esposas, assim como a criação e educação dos filhos. O amor entre os cônjuges e a geração de filhos estabelecem relações pessoais e responsabilidades fundamentais entre os membros de uma família. 11
Todos os membros da família têm igual dignidade. Além disso, ela desempenha um papel vital tanto para o bem de seus membros quanto para a sociedade como um todo. 12 As relações são sustentadas pelo mútuo respeito e envolvem afinidade de sentimentos, afetos e interesses.
A família cristã é um grupo de pessoas unidas que remete à união entre Deus Pai e Filho, com a presença do Espírito Santo. Além disso, a sua responsabilidade de criar e educar reflete o trabalho criativo de Deus Pai. Ela também tem o chamado de participar da oração e do sacrifício de Cristo, sendo assim, a oração cotidiana e a leitura da Palavra de Deus fortalecem o amor dentro dela.
Ademais, a família é uma comunidade privilegiada, destinada a promover a comunhão entre os cônjuges e a colaboração diligente dos pais na educação dos filhos. E, além de ser uma “igreja doméstica”, ela tem um papel evangelizador e missionário.
A família é a unidade básica da vida social, nela homens e mulheres são chamados a se doar no amor e na geração da vida. 13 Os valores morais, o respeito a Deus e o bom uso da liberdade devem ser aprendidos na família desde a infância, a fim de preparar as pessoas para viver na sociedade. 13
A família também tem a responsabilidade de cuidar dos jovens, dos idosos, dos doentes e dos pobres, ensinando a preocupação e o cuidado pelo próximo. Quando a família não pode cumprir essa tarefa, outras pessoas, outras famílias e a sociedade em geral devem assumir esse dever. 14
A sociedade também tem a obrigação de apoiar e proteger a família, especialmente quando ela não consegue cumprir suas funções. No entanto, deve respeitar as responsabilidades únicas da família e não interferir injustamente. 15.
A importância da família na sociedade exige que a autoridade civil reconheça e proteja a verdadeira natureza do casamento e da família. 16 Além disso, a comunidade política tem o dever de honrar, apoiar e garantir à família uma série de direitos. Entre eles, a liberdade de fundar um lar, de ter filhos e de educá-los de acordo com suas convicções. Proteger a estabilidade do casamento, permitir a livre prática da fé e fornecer assistência médica e apoio aos idosos também estão incluídos nesses direitos. 17
“Honrar pai e mãe” estabelece as bases para todas as outras relações na sociedade. Relações entre patrões e empregados, governantes e cidadãos devem ser são baseadas na dignidade de cada indivíduo e pressupõem, por isso, certa bondade natural, assim como justiça. 18.
O respeito pelos pais surge dos laços afetivos naturais e do reconhecimento do dom da vida que receberam deles. Esse respeito se manifesta na docilidade e obediência autênticas, reconhecendo as ordens e ensinamentos dos pais como guias valiosos. 19
Enquanto vivem na casa dos pais, os filhos têm a obrigação de obedecer às instruções que lhes são dadas — a menos que o filho, em consciência, acredite que seguir uma ordem específica é moralmente errado. 20
À medida que crescem, os filhos continuam a respeitar e honrar seus pais, buscando seus conselhos e aceitando admoestações justificadas. Embora a obediência formal aos pais cessa com a emancipação, o respeito permanece, uma vez que tem sua raiz no temor de Deus. 20
Além disso, o quarto mandamento lembra aos filhos adultos suas responsabilidades para com os pais. Isso inclui fornecer ajuda material e moral durante a velhice, doença ou em tempos de necessidade. 21 Este é um dever de gratidão lembrado em vários ensinamentos da Escritura, como no capítulo terceiro do Eclesiástico.
O respeito filial promove a harmonia na vida familiar e se estende às relações entre os irmãos. 22 Além disso, os cristãos também têm o dever de serem gratos àqueles que os conduziram à fé, como pais, avós, catequistas, amigos etc. 23
Em primeiro lugar, os pais têm o dever de não apenas gerar filhos, mas também de educá-los moral e espiritualmente. Os pais são os principais educadores de seus filhos e desempenham um papel insubstituível na formação de valores. Eles devem respeitar seus filhos como filhos de Deus, modelando obediência à vontade divina.
A educação dos filhos não se restringe apenas aos ensinamentos religiosos, mas também inclui as virtudes e responsabilidades sociais. Os pais devem criar um ambiente propício para a formação de virtudes, baseado em valores como ternura, perdão, respeito e serviço desinteressado. Além disso, eles têm a responsabilidade de dar bons exemplos aos filhos, reconhecendo seus próprios defeitos para melhor orientá-los e corrigi-los.
Também é missão dos pais evangelizar seus filhos, envolvendo-os nos mistérios da fé desde tenra idade. A fé deve ser transmitida por meio do testemunho de vida cristã na família, da catequese familiar e da participação na vida da Igreja.
À medida que as crianças crescem, os pais devem continuar a respeitá-las e orientá-las, cuidando de suas necessidades físicas e espirituais. Eles têm o direito de escolher a escola que corresponda às suas convicções e devem apoiar seus filhos na escolha de profissão e do estado de vida, oferecendo conselhos ponderados, mas sem impor estas escolhas.
O mandamento “honrar pai e mãe” inclui honrar aqueles que, para o nosso bem, receberam de Deus alguma autoridade na sociedade. 1
As autoridades civis são orientadas a exercer sua posição como um serviço: “Quem quiser entre vós tornar-se grande, será vosso servo.” 24 O exercício da autoridade é moralmente regulado pela sua origem divina e pela sua natureza racional, assim como pelo seu propósito específico. Por isso, nenhuma autoridade tem permissão para instituir algo contrário à dignidade humana e à lei natural. 25
O objetivo da autoridade é estabelecer uma hierarquia de valores justos, a fim de promover a liberdade e a responsabilidade de todos. Além disso, os superiores são instruídos a aplicar a justiça distributiva com sabedoria, considerando as necessidades e contribuições individuais. 26.
Os poderes políticos também têm a obrigação de respeitar os direitos fundamentais das pessoas, administrar a justiça de maneira humana e reconhecer os direitos políticos inerentes à cidadania. Esses direitos não podem ser suspensos pelas autoridades sem motivo legítimo. 27
A relação entre os cidadãos e as autoridades exige que os cidadãos vejam seus superiores como representantes de Deus, colaborando de maneira leal e apresentando reclamações justas. Além disso, os cidadãos devem contribuir para o bem da sociedade, trabalhando com verdade, justiça, solidariedade e liberdade. 28
A submissão às autoridades legítimas e o compromisso com o bem comum envolvem o pagamento de impostos, o exercício do direito de voto e a defesa da nação. Isso é orientado pelo princípio de dar a cada um o que lhe é devido, assegurando a ordem e o bem-estar. 29
A Igreja ressalta que as autoridades políticas devem fundamentar suas decisões na verdade sobre Deus e o ser humano. Ela também promove a liberdade política e a responsabilidade dos cidadãos, sendo um símbolo do caráter transcendente da pessoa humana. A missão da Igreja envolve ainda emitir julgamentos morais sobre questões políticas quando os direitos fundamentais ou a salvação das almas estão em jogo, utilizando meios em conformidade com o Evangelho e o bem de todos. 30
Santo Tomás de Aquino discorre sobre o mandamento “honrar pai e mãe”, enfatizando que esse preceito destaca a importância da reverência e gratidão aos pais, bem como às figuras de autoridade. Ele sustenta que honrar os pais é um ato virtuoso ligado ao amor ao próximo e à busca do bem. Aqueles que amam verdadeiramente devem fugir do mal e praticar o bem.
Santo Tomás explica que os pais proporcionam três elementos fundamentais: a existência, o sustento e a educação. 31 O amor aos pais é um reflexo do amor a Deus e traz consigo uma série de promessas e bênçãos, incluindo a graça, a vida plena e a boa fama. 32) Ele ressalta que os filhos devem ser gratos e servir os pais, não apenas com palavras, mas por meio de ações que honram a generosidade e cuidado recebidos.
O ensinamento de Tomás também abrange outros aspectos de “pais”, como os líderes da fé e prelados. Ele sustenta que a obediência e o respeito devem ser oferecidos aos pais espirituais e líderes seculares, destacando a relação entre reverenciar as figuras de autoridade e a reverência a Deus.
O pensamento de Santo Tomás de Aquino ressoa, portanto, o princípio de que o respeito e a honra aos pais são fundamentais não apenas para a boa relação na família, mas também para uma sociedade justa e bem ordenada.
Leia mais sobre a vida de Santo Tomás e saiba por onde começar a estudá-lo.
Se você se interessou pelo tema dos 10 Mandamentos e gostaria de se aprofundar nele, Santo Tomás de Aquino deu algumas catequeses sobre cada um dos mandamentos. A obra Catequeses de Santo Tomás reúne não só essas catequeses, como também sermões do santo sobre o Pai Nosso, a Ave Maria, os Sacramentos e o Credo. Para saber como adquirir essa obra, acesse: Catequeses de Santo Tomás.
O maior clube de leitores católicos do Brasil.
O quarto mandamento, honrar pai e mãe, indica a ordem da caridade ao mandar que honremos nossos pais, aqueles a quem devemos a vida e o conhecimento de Deus. No entanto, essa reverência não se limita apenas aos pais biológicos, mas abrange todas as figuras de autoridade as quais Deus investiu para nosso benefício. 1
“Honrar pai e mãe” também engloba uma variedade de deveres, desde o respeito à vida e ao matrimônio até aos relacionamentos familiares, educacionais e cívicos. 2 Dessa forma, o mandamento implica obrigações não apenas dos filhos para com os pais, mas também dos pais, tutores, professores, líderes e governantes para com aqueles sob sua autoridade.
Vamos, neste artigo, explorar o cumprimento e as promessas deste mandamento. Assim como a sua observância gera bons frutos temporais e espirituais, seu descumprimento implica danos não só à família, mas à sociedade em geral. 3
“Se queres entrar na vida, observa os mandamentos” 4, essa é a resposta de Cristo ao jovem que lhe perguntou “Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna.” 5 Essas palavras são o próprio Deus falando conosco, tornando o Decálogo um guia para a vida. Antes de tudo, esses mandamentos estavam inscritos no coração do homem quando Deus o criou, representando a lei natural que nos instrui sobre o que é certo e errado.
No entanto, o pecado obscureceu nossa razão e enfraqueceu nossa vontade, levando-nos a inclinar-nos para o mal, mesmo quando desejamos o bem. Então, mais uma vez, Deus vem em nosso auxílio e escreve pessoalmente os Dez Mandamentos, com Seu próprio dedo, em tábuas de pedra — que ficaram conhecidas como as Tábuas da Lei. Esses mandamentos estão registrados nos livros do Êxodo e do Deuteronômio.
Saiba mais sobre os 10 mandamentos da lei de Deus.
No livro do Êxodo, encontramos a primeira versão deste mandamento: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” 6 Nesta formulação, a ligação entre a honra aos pais e a duração dos dias na terra é explícita. Isso sugere que o respeito aos pais, além de ser um dever moral, está relacionado a bênçãos materiais e espirituais concedidas por Deus.
Já no livro do Deuteronômio, a versão é ligeiramente diferente: “Honra teu pai e tua mãe, como o Senhor teu Deus te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na terra que o Senhor teu Deus te dá.” 7 A ênfase, neste caso, está na obediência direta ao comando de Deus, tornando claro que honrar os pais é uma ordem divina. Além disso, novamente é destacada a relação entre a obediência a este mandamento e o bem-estar na terra prometida.
No Novo Testamento, durante um debate com os fariseus sobre as tradições religiosas e os mandamentos, Jesus afirma: “Honra teu pai e tua mãe; aquele que amaldiçoar seu pai ou sua mãe será castigado de morte.” 8 Assim, Jesus não apenas reafirma a ordem de honrar os pais, mas também condena aqueles que a negligenciam ou desrespeitam, destacando a gravidade da transgressão.
Além disso, quando um jovem rico pergunta a Jesus sobre como obter a vida eterna, Jesus responde: “Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.” 9 Nesta resposta, Jesus coloca a honra aos pais em paralelo com o segundo grande mandamento, enfatizando sua importância igual à do amor ao próximo.
Deus, ao criar o homem e a mulher, estabeleceu a família humana e a dotou de uma estrutura fundamental. Ela é composta por um homem e uma mulher, juntamente com seus filhos — isso precede o reconhecimento de autoridades públicas. 10 Ademais, esta configuração familiar é considerada a referência fundamental para avaliar outras formas de parentesco. 10
A união matrimonial se baseia no acordo mútuo dos cônjuges. O casamento e a família têm o propósito de promover o bem-estar dos maridos e esposas, assim como a criação e educação dos filhos. O amor entre os cônjuges e a geração de filhos estabelecem relações pessoais e responsabilidades fundamentais entre os membros de uma família. 11
Todos os membros da família têm igual dignidade. Além disso, ela desempenha um papel vital tanto para o bem de seus membros quanto para a sociedade como um todo. 12 As relações são sustentadas pelo mútuo respeito e envolvem afinidade de sentimentos, afetos e interesses.
A família cristã é um grupo de pessoas unidas que remete à união entre Deus Pai e Filho, com a presença do Espírito Santo. Além disso, a sua responsabilidade de criar e educar reflete o trabalho criativo de Deus Pai. Ela também tem o chamado de participar da oração e do sacrifício de Cristo, sendo assim, a oração cotidiana e a leitura da Palavra de Deus fortalecem o amor dentro dela.
Ademais, a família é uma comunidade privilegiada, destinada a promover a comunhão entre os cônjuges e a colaboração diligente dos pais na educação dos filhos. E, além de ser uma “igreja doméstica”, ela tem um papel evangelizador e missionário.
A família é a unidade básica da vida social, nela homens e mulheres são chamados a se doar no amor e na geração da vida. 13 Os valores morais, o respeito a Deus e o bom uso da liberdade devem ser aprendidos na família desde a infância, a fim de preparar as pessoas para viver na sociedade. 13
A família também tem a responsabilidade de cuidar dos jovens, dos idosos, dos doentes e dos pobres, ensinando a preocupação e o cuidado pelo próximo. Quando a família não pode cumprir essa tarefa, outras pessoas, outras famílias e a sociedade em geral devem assumir esse dever. 14
A sociedade também tem a obrigação de apoiar e proteger a família, especialmente quando ela não consegue cumprir suas funções. No entanto, deve respeitar as responsabilidades únicas da família e não interferir injustamente. 15.
A importância da família na sociedade exige que a autoridade civil reconheça e proteja a verdadeira natureza do casamento e da família. 16 Além disso, a comunidade política tem o dever de honrar, apoiar e garantir à família uma série de direitos. Entre eles, a liberdade de fundar um lar, de ter filhos e de educá-los de acordo com suas convicções. Proteger a estabilidade do casamento, permitir a livre prática da fé e fornecer assistência médica e apoio aos idosos também estão incluídos nesses direitos. 17
“Honrar pai e mãe” estabelece as bases para todas as outras relações na sociedade. Relações entre patrões e empregados, governantes e cidadãos devem ser são baseadas na dignidade de cada indivíduo e pressupõem, por isso, certa bondade natural, assim como justiça. 18.
O respeito pelos pais surge dos laços afetivos naturais e do reconhecimento do dom da vida que receberam deles. Esse respeito se manifesta na docilidade e obediência autênticas, reconhecendo as ordens e ensinamentos dos pais como guias valiosos. 19
Enquanto vivem na casa dos pais, os filhos têm a obrigação de obedecer às instruções que lhes são dadas — a menos que o filho, em consciência, acredite que seguir uma ordem específica é moralmente errado. 20
À medida que crescem, os filhos continuam a respeitar e honrar seus pais, buscando seus conselhos e aceitando admoestações justificadas. Embora a obediência formal aos pais cessa com a emancipação, o respeito permanece, uma vez que tem sua raiz no temor de Deus. 20
Além disso, o quarto mandamento lembra aos filhos adultos suas responsabilidades para com os pais. Isso inclui fornecer ajuda material e moral durante a velhice, doença ou em tempos de necessidade. 21 Este é um dever de gratidão lembrado em vários ensinamentos da Escritura, como no capítulo terceiro do Eclesiástico.
O respeito filial promove a harmonia na vida familiar e se estende às relações entre os irmãos. 22 Além disso, os cristãos também têm o dever de serem gratos àqueles que os conduziram à fé, como pais, avós, catequistas, amigos etc. 23
Em primeiro lugar, os pais têm o dever de não apenas gerar filhos, mas também de educá-los moral e espiritualmente. Os pais são os principais educadores de seus filhos e desempenham um papel insubstituível na formação de valores. Eles devem respeitar seus filhos como filhos de Deus, modelando obediência à vontade divina.
A educação dos filhos não se restringe apenas aos ensinamentos religiosos, mas também inclui as virtudes e responsabilidades sociais. Os pais devem criar um ambiente propício para a formação de virtudes, baseado em valores como ternura, perdão, respeito e serviço desinteressado. Além disso, eles têm a responsabilidade de dar bons exemplos aos filhos, reconhecendo seus próprios defeitos para melhor orientá-los e corrigi-los.
Também é missão dos pais evangelizar seus filhos, envolvendo-os nos mistérios da fé desde tenra idade. A fé deve ser transmitida por meio do testemunho de vida cristã na família, da catequese familiar e da participação na vida da Igreja.
À medida que as crianças crescem, os pais devem continuar a respeitá-las e orientá-las, cuidando de suas necessidades físicas e espirituais. Eles têm o direito de escolher a escola que corresponda às suas convicções e devem apoiar seus filhos na escolha de profissão e do estado de vida, oferecendo conselhos ponderados, mas sem impor estas escolhas.
O mandamento “honrar pai e mãe” inclui honrar aqueles que, para o nosso bem, receberam de Deus alguma autoridade na sociedade. 1
As autoridades civis são orientadas a exercer sua posição como um serviço: “Quem quiser entre vós tornar-se grande, será vosso servo.” 24 O exercício da autoridade é moralmente regulado pela sua origem divina e pela sua natureza racional, assim como pelo seu propósito específico. Por isso, nenhuma autoridade tem permissão para instituir algo contrário à dignidade humana e à lei natural. 25
O objetivo da autoridade é estabelecer uma hierarquia de valores justos, a fim de promover a liberdade e a responsabilidade de todos. Além disso, os superiores são instruídos a aplicar a justiça distributiva com sabedoria, considerando as necessidades e contribuições individuais. 26.
Os poderes políticos também têm a obrigação de respeitar os direitos fundamentais das pessoas, administrar a justiça de maneira humana e reconhecer os direitos políticos inerentes à cidadania. Esses direitos não podem ser suspensos pelas autoridades sem motivo legítimo. 27
A relação entre os cidadãos e as autoridades exige que os cidadãos vejam seus superiores como representantes de Deus, colaborando de maneira leal e apresentando reclamações justas. Além disso, os cidadãos devem contribuir para o bem da sociedade, trabalhando com verdade, justiça, solidariedade e liberdade. 28
A submissão às autoridades legítimas e o compromisso com o bem comum envolvem o pagamento de impostos, o exercício do direito de voto e a defesa da nação. Isso é orientado pelo princípio de dar a cada um o que lhe é devido, assegurando a ordem e o bem-estar. 29
A Igreja ressalta que as autoridades políticas devem fundamentar suas decisões na verdade sobre Deus e o ser humano. Ela também promove a liberdade política e a responsabilidade dos cidadãos, sendo um símbolo do caráter transcendente da pessoa humana. A missão da Igreja envolve ainda emitir julgamentos morais sobre questões políticas quando os direitos fundamentais ou a salvação das almas estão em jogo, utilizando meios em conformidade com o Evangelho e o bem de todos. 30
Santo Tomás de Aquino discorre sobre o mandamento “honrar pai e mãe”, enfatizando que esse preceito destaca a importância da reverência e gratidão aos pais, bem como às figuras de autoridade. Ele sustenta que honrar os pais é um ato virtuoso ligado ao amor ao próximo e à busca do bem. Aqueles que amam verdadeiramente devem fugir do mal e praticar o bem.
Santo Tomás explica que os pais proporcionam três elementos fundamentais: a existência, o sustento e a educação. 31 O amor aos pais é um reflexo do amor a Deus e traz consigo uma série de promessas e bênçãos, incluindo a graça, a vida plena e a boa fama. 32) Ele ressalta que os filhos devem ser gratos e servir os pais, não apenas com palavras, mas por meio de ações que honram a generosidade e cuidado recebidos.
O ensinamento de Tomás também abrange outros aspectos de “pais”, como os líderes da fé e prelados. Ele sustenta que a obediência e o respeito devem ser oferecidos aos pais espirituais e líderes seculares, destacando a relação entre reverenciar as figuras de autoridade e a reverência a Deus.
O pensamento de Santo Tomás de Aquino ressoa, portanto, o princípio de que o respeito e a honra aos pais são fundamentais não apenas para a boa relação na família, mas também para uma sociedade justa e bem ordenada.
Leia mais sobre a vida de Santo Tomás e saiba por onde começar a estudá-lo.
Se você se interessou pelo tema dos 10 Mandamentos e gostaria de se aprofundar nele, Santo Tomás de Aquino deu algumas catequeses sobre cada um dos mandamentos. A obra Catequeses de Santo Tomás reúne não só essas catequeses, como também sermões do santo sobre o Pai Nosso, a Ave Maria, os Sacramentos e o Credo. Para saber como adquirir essa obra, acesse: Catequeses de Santo Tomás.