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Apologética Católica: grandes nomes da defesa da fé no séc. XX

Já ouviu falar sobre apologética católica? Aprenda mais sobre a defesa da fé e os grandes apologistas católicos contemporâneos.

Apologética Católica: grandes nomes da defesa da fé no séc. XX
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Apologética Católica: grandes nomes da defesa da fé no séc. XX

Já ouviu falar sobre apologética católica? Aprenda mais sobre a defesa da fé e os grandes apologistas católicos contemporâneos.

Data da Publicação: 24/05/2023
Tempo de leitura:
Autor: MBC
Data da Publicação: 24/05/2023
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Autor: MBC

Já ouviu falar sobre apologética católica? Aprenda mais sobre a defesa da fé e os grandes apologistas católicos contemporâneos.

Quem se depara com a Verdade do cristianismo está disposto a abrir mão de tudo para testemunhar e defender o tesouro encontrado. O cristianismo, desde seu surgimento em Jesus Cristo, é marcado por grandes perseguições e por heresias que pretendem distorcer a doutrina, mas, da mesma forma, é marcado por grandes santos que se dispuseram a perder inclusive a vida pela a defesa da fé.

A apologética católica, sobretudo nos momentos da história moderna, com o surgimento do protestantismo e do modernismo, foi responsável por clarificar a reta doutrina quando os erros tentavam tomar conta de todo mundo, e garantir que a única e mesma Igreja Católica, fundada por Cristo, Nosso Senhor, continuasse a resplandecer pelos séculos.

Apologética Católica: o que é?


Desde o surgimento do cristianismo, lá no início da pregação dos apóstolos no meio dos judeus e dos pagãos, em culturas que eram inclusive extremamente agressivas à mensagem evangélica, a ousadia e a apologética católica foram o que fizeram com que o cristianismo se expandisse com muita rapidez em todo o Império Romano, já nos primeiros séculos, bem como até os confins do Universo.

O termo usado para designar esse ardor missionário e essa coragem em anunciar, mesmo ante ameaças, torturas e mortes, é chamada de parresia, que, do grego, significa a “liberdade de dizer tudo”. O catecismo nos apresenta este conceito como consistindo de uma simplicidade sem rodeios, confiança filial, jovial segurança, audácia humilde, certeza de ser amado. 1. Os relatos da Escritura, tanto no Antigo como no Novo Testamento, estão permeados por essa força, que vem do alto, e impulsiona a defender a Verdade, custe o que custar.

A apologética católica é precisamente isso: estar, primeiramente, profundamente e realmente convicto da nossa esperança e das razões da nossa fé. Sem esse primeiro passo, sem essa certeza interior e esse cultivo da fé, nossa alma, fraca e exposta às tempestades do mundo, tombará ao fragor do primeiro vento de heresia que soprar sobre nós. Aí sim, depois de fortificados, é que se dá o passo de defender a fé e dar razões da mesma, sempre e em toda parte, mesmo que isso signifique ser humilhado, ser perseguido, ser cancelado ou censurado, e, mesmo que em perigo de morte.  

Entenda o papel do Papa na defesa da fé católica.

Desenvolvimento da apologética católica na Idade Moderna


O surgimento de heresias e de dúvidas doutrinais, bem como perseguições aos cristãos, ocorrem desde o início da Igreja, com o manifestação das primeiras heresias. Mas é sobretudo no advento da Idade Moderna e do racionalismo, com o florescimento da heresia protestante, que a apologética católica tem seu maior desenvolvimento. 

Pela apologética, contra os aspectos de sola scriptura, sola fide, sola gratia de Lutero, a Igreja passou a defender a fé pela objetividade dos dogmas e das verdades reveladas na própria Tradição. Contra o subjetivismo protestante, a apologética católica demonstrava, racionalmente, a objetividade da Verdade.

A apologética, que lança as bases da própria teologia dos dogmas dos dias de hoje, permaneceu sendo essencial no século XX, com o advento do racionalismo e do subjetivismo. Por ela, o homem é capaz de conjugar a razão com a fé de modo adequado e equilibrado. Ela ultrapassa os limites da razão, mas nunca a contradiz, e dá solidez à fé que professamos como católicos. 2

Os Doutores da Igreja foram fundamentais para a defesa da fé católica. Saiba quem são eles neste artigo.

Por que devemos defender a nossa fé?


Em tempos de incertezas, de dúvidas, de crises de fé, de apostasias e confusões doutrinárias se requer, mais que nunca, homens e mulheres que sejam convictos da fé católica que professam. Como nos alerta Nosso Senhor:

“Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situa­da sobre uma montanha, nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa.” 3

A apologética católica nada mais é que a certa tranquilidade de saber-se socorrido por Deus e de saber-se conhecedor da Verdade. É isso que fez com que os Apóstolos, perseguidos e censurados pelo Império e pelos judeus, pregassem, sempre e em toda parte, o que receberam do Evangelho de Nosso Senhor. São Pedro, o primeiro Papa, em sua primeira carta, exorta aos fiéis o seguinte: “Se alguém vos pede explicações de vossa fé, estai dispostos a defendê-la”. 4 

A Igreja, com efeito, é o último bastião, que permanece de pé, a fim de iluminar os homens, quando estes já jazem nas trevas da ignorância. Aqueles que encontraram-se com a Verdade, como tantos santos da nossa história, devem estar dispostos e preparados para darem as razões da esperança, para serem um sinal profético num mundo que jaz no erro e na ignorância. A vida do católico, assim como dos apóstolos e mártires, deve testemunhar que a Verdade deve ser defendida a todo custo, inclusive até o sacrifício de si mesmo e da sua boa fama.

Conheça os Três pilares da Igreja Católica. e seu papel para a defesa da fé.

Como devemos defender a nossa fé?


A apologética católica, contudo, não se dá na defesa da fé de qualquer forma, com quaisquer palavras e gestos. Ela requer, sim, ousadia! Mas requer, também, discernimento e muita prudência. Não é à toa que São Pedro, ao exortar à defesa da fé, prossegue que ela seja, “com modéstia e respeito, com boa consciência.”5 A finalidade da verdadeira apologética católica jamais deve ser a de derrotar e humilhar o adversário.6 A finalidade deve ser única e exclusivamente levar os interlocutores ao conhecimento da verdade e à conversão de suas vidas e obras. É por isso que nunca se deve enxergar alguém, por mais que esteja em heresia e longe da verdade, como um inimigo e adversário, mas como uma alma a ser salva do erro. 

Para que a Apologética católica chegue à sua meta, que é a conversão de quem está no erro à Verdade, devemos ser exercitados nas virtudes da paciência e da humildade, para que resplandeça em nosso rosto a esperança que nos impulsiona. Claro que não podemos confundir essa humildade com fraqueza de caráter, que faz com que abramos mão de nossos princípios, nossos valores, e, em última análise, que deixemos o próprio Evangelho de lado, por medo ou por vergonha. É preciso obedecer antes a Deus que aos homens, mesmo que estes nos censurem por pregarmos a verdade, como ocorreu no início do cristianismo. 7

É saber o justo equilíbrio: devemos, como afirma o catecismo, ser simples e sem rodeios; audaciosos, sobretudo em tempos de crise e de apostasias, mas com humildade que convém a um católico; seguros e convictos, mas com espírito jovial.1 Em suma: devemos ter em nós os mesmos sentimentos de Cristo, nosso Senhor.8

Apologética Católica: grandes nomes da apologética católica no século XX


É fácil de se perceber que o século XX foi um século desafiador para a reta doutrina católica, com a ascensão do comunismo ateísta, da teologia da libertação, da revolução sexual, das grandes guerras que dizimaram a Europa. Mas, Deus não deixou de mandar homens que, com parresia, foram capazes de compreender a Verdade e defender a fé católica. Estes são alguns nomes que foram verdadeiros heróis da fé e da ortodoxia:

Chesterton: nasceu em 29 de maio de 1874, Kensington, Londres. Seus pais se chamavam Edward Chesterton e Marie Louise Keith. Gilbert Keith Chesterton foi um dos maiores escritores do século XX. Apesar de ter sido criado como Anglicano, foi uma dessas mentes brilhantes que se converteram ao catolicismo, por se depararem com a Verdade. 

Chesterton escreveu mais de 80 livros. Sua principal obra é uma biografia sobre Santo Tomás de Aquino (1933) e outra sobre São Francisco de Assis (1923); Também escreveu uma novela memorável: O Homem que foi quinta-feira (1908) e uma série de contos policiais do Padre Brown, além de cerca de 4.000 artigos. Faleceu em 1936, com 62 anos.9

Fulton Sheen: Fulton Sheen nasceu em 8 de maio de 1895, na cidade de El Paso, no estado de Illinois, EUA, e cresceu sendo educado na fé católica. Foi ordenado padre aos 24 anos. Grande pregador e professor, se destacou, sobretudo, já como bispo auxiliar de Nova York, com um programa de TV chamado Life is Worth Living, um dos programas católicos mais populares e influentes do século XX. Nos anos 60, iniciou outro programa de TV, no mesmo formato, chamado The Fulton Sheen Program, que durou de 1961 até 1968. Faleceu em 9 de dezembro de 1979. Em 2012 recebeu o título de Venerável, quando o Vaticano reconheceu suas virtudes heróicas no seu processo para canonização. Além de todo seu apostolado midiático e acadêmico, escreveu 66 livros, em sua grande parte, de defesa da fé. 

Arcebispo Fulton Sheen sendo abraçado por São João Paulo II. (Imagem: Fundação Sheen)

Hilaire Belloc: Na esteira de Chesterton, Hilaire Pierre René Belloc, nascido em 1870 e falecido em 1953, foi um grande escritor e historiador anglo-francês, naturalizado britânico. Foi importantíssimo na defesa da fé católica no início do século XX. Ao lado de Chesterton, foi influente na política britânica e no ativismo como católico.

Ronald Knox: Nascido em 1888 e falecido em 1957, é mais um desses convertidos da Igreja anglicana à Igreja católica. Era pastor, e se tornou sacerdote. Ele tornou-se conhecido pelos seus livros e por traduzir a Bíblia, que até hoje é utilizada na Inglaterra.

Frank Sheed: nasceu na Austrália, em 1897. De família presbiteriana, converteu-se ao catolicismo com 16 anos. No ano de 1926, sendo já influente como teólogo leigo, funda, com sua esposa, a editora Sheed & Ward, que se dedica a publicar autores ortodoxos, como Chesterton, Belloc, Knox, Gilson, Karl Adam. Recebeu, como leigo, reconhecimento da Sagrada Congregação para Seminário e Universidades. Faleceu em 1981, nos Estados Unidos.10

Grandes nomes contemporâneos da apologética católica


Além desses grandes expoentes do século passado, a contemporaneidade também tem grandes nomes que defendem a fé, através de livros, de conferências e das mídias.

Dois grandes nomes, que ainda vivem, e que todo mundo deveria acompanhar: Scott Hahn e Bispo Barron. 

Bispo Barron e Scott Hahn, dois grandes defensores da fé católica do nosso tempo.

Scott Hahn, que nasceu em 1957 na Pensilvânia, Estados Unidos, e que, como pastor presbiteriano, depois de uma busca maior no conhecimento de quem é Jesus Cristo, descobre a verdade da própria Igreja Católica, e se converte, levando ainda, posteriormente, à conversão de sua esposa, Kimberly Hahn. Atualmente, é o mais influente biblista do mundo católico. Autor de mais de 10 livros, dentre os quais se destacam Rome, Sweet Home11, escrito em colaboração com sua esposa, Kimberly, em que ambos narram a sua conversão ao catolicismo; The Supper of the Lamb  12; e Trabalho ordinário, graça extraordinária 13.

Bispo Barron é um dos mais influentes bispos dos Estados Unidos na atualidade. Nasceu em 1959, em Chicago, Estados Unidos. Em 2015, é feito bispo auxiliar de Los Angeles. Escreveu diversos livros para a apologética católica, e é mundialmente famoso pelo modo com que evangeliza a cultura. Sua fama se dá pela plataforma multimídia Word on Fire.

Muitos são os que defendem ainda, hoje em dia, a fé católica: Dave Armstrong, Jimmy Akin, Mark Shea, Mike Aquilina, Patrick Madrid, Peter Kreeft, Robert Sungenis, Steve Ray, Tim Staples, Trent Horn. Cada qual a seu modo, faz com que a fé católica permaneça fiel àquilo que Jesus ensinou.

Grandes defensores da fé católica no Brasil


O Brasil, Terra de Santa Cruz, possui, também, grandes nomes da defesa da fé contra os erros doutrinais e heresias. Confira alguns destes grandes nomes:

Padre Júlio Maria Lombaerde: nascido na Bélgica em 1878, atraído à vida missionária, depois de missão na África e França, é enviado, em 1912, ao Brasil, mais precisamente na Amazônia, onde trabalhou por 15 anos. Em 1928, se dirige até Minas Gerais. Foi duramente perseguido pela maçonaria local, por ser um destes pregadores que denunciou erros doutrinais, sem medo e com ardor. Possuía um jornal próprio, chamado “o lutador”, e pela sua oratória, era chamado de “o terror dos hereges”. Faleceu em 1944.

Dom Estevão Bettencourt: monge beneditino, nascido no Rio de Janeiro em 1919 e falecido na mesma cidade em 2008, é considerado um dos maiores teólogos brasileiros do século XX. De inteligência destacada dentro dos estudos do mosteiro, foi editor da revista Communio, de 1982 até 2001, diretor e redator da revista sobre a Apologética Católica do Brasil. Possui mais de 26 mil páginas de artigos publicados. A revista Pergunte e Responderemos, de sua autoria, mesmo após sua morte, é ainda essencial para a conversão de muitos brasileiros.

Padre Leonel Franca: nascido em 1893 na cidade de São Gabriel, e falecido em 1948, disputa, com São José de Anchieta o título de “Apóstolo do Brasil”. Tornou-se jesuíta e grande apologista da fé católica em seu meio. Já como seminarista publicou livros que combatiam os erros do protestantismo. É um dos fundadores do Conselho Nacional de Educação, em 1931. Em 1939, foi o encarregado de criar a primeira faculdade católica do Brasil, que é a PUC-Rio, e foi seu reitor até sua morte.14

Frei Boaventura Kloppenburg: nasceu em 1919, na Alemanha, de nome Karl Josef Boaventura Kloppenburg. Faleceu na cidade de Novo Hamburgo, em 2009, no Rio Grande do Sul, Brasil, tendo sido o segundo bispo desta diocese. É um dos grandes teólogos do século XX, com diversos livros que buscavam sanar toda confusão religiosa que havia no Brasil, sobretudo no sincretismo espírita e nos erros da maçonaria.

Gustavo Corção: nascido e falecido no Rio de Janeiro (1896-1978), e formado em engenharia. Como leigo, é um dos maiores pilares do pensamento cristão e da defesa da fé no Brasil. Tem estilo semelhante ao de Chesterton, com suas obras formadas especialmente por crônicas.15

Padre Paulo Ricardo e Professor Felipe Aquino, importantes apologistas católicos contemporâneos.

Padre Paulo Ricardo: Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior nasceu em 1967 no estado de Pernambuco, Brasil. É do clero da Arquidiocese de Cuiabá, no Mato Grosso. É considerado por muitos como sendo “o pároco do Brasil”. Desde 2006 desenvolve trabalho incansável pelo seu site na internet, com diversos cursos, homilias, formações e pregações. Sua influência no catolicismo do Brasil, sobretudo entre os jovens, é inegável, pois muitas são as conversões alcançadas através deste grande sacerdote. Padre Paulo Ricardo é um desses grandes sacerdotes que serão lembrados por décadas por todo apostolado realizado.16

Professor Felipe Aquino: outro grande teólogo da atualidade, que ainda exerce grande apostolado até hoje, é o Professor Felipe Aquino, nascido em 1949, na cidade de Lorena, São Paulo. Escreveu mais de 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas (fundada pela sua falecida esposa), além da Loyola e da Canção Nova. Seus livros possuem uma linguagem acessível para os fiéis, sempre em defesa da fé da Igreja católica. Na Tv Canção Nova, possui um programa chamado “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, e, na Rádio, apresenta o programa “No Coração da Igreja”. É pregador exímio, sendo convidado até no exterior para formações e encontros. Junto com Padre Paulo Ricardo, o professor Felipe Aquino tem sido, em seu apostolado incansável, decisivo para a santidade e para a conversão de toda uma multidão de fieis do Brasil. Por este dois grandes teólogos, muitos que estavam no erro puderam se encontrar com a Verdade da fé católica, e muitos mais ainda serão conduzidos à luz da Verdade.17

Referências

  1. cf. CIC 2778[][]
  2. cf. Libanio SJ, J.B., Introdução à Teologia Fundamental. p. 31[]
  3. Mt 5, 14-15[]
  4. cf. IPd 3, 15b[]
  5. Cf. IPd 3, 16[]
  6. cf. Sl 63, 12[]
  7. cf. At 5, 29[]
  8. cf. Fl 2, 5[]
  9. cf. CHESTERTON, G.K., Autobiografia e PEARCE, Joseph. G.K.Chesterton: sabidúria e inocencia. Madrid: Encuentro. 2009[]
  10. cf. Sheed, Frabk J., Um mapa para a vida: uma explicação simples da fé católica. Quadrante[]
  11. tradução portuguesa: Todos os caminhos vão dar a Roma, Diel, Lisboa, 2002[]
  12. tradução portuguesa: O banquete do Cordeiro, Loyola, São Paulo, 2003[]
  13. Quadrante, São Paulo, 2007[]
  14. cf. Luiz G. S. D’Elboux, O padre Leonel Franca. Rio de Janeiro: Agir, 1952[]
  15. cf. CORÇÃO, Gustavo. A Descoberta do outro. Vide editorial[]
  16. https://padrepauloricardo.org/padre[]
  17. https://blog.cancaonova.com/felipeaquino/sobre/[]

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    Já ouviu falar sobre apologética católica? Aprenda mais sobre a defesa da fé e os grandes apologistas católicos contemporâneos.

    Quem se depara com a Verdade do cristianismo está disposto a abrir mão de tudo para testemunhar e defender o tesouro encontrado. O cristianismo, desde seu surgimento em Jesus Cristo, é marcado por grandes perseguições e por heresias que pretendem distorcer a doutrina, mas, da mesma forma, é marcado por grandes santos que se dispuseram a perder inclusive a vida pela a defesa da fé.

    A apologética católica, sobretudo nos momentos da história moderna, com o surgimento do protestantismo e do modernismo, foi responsável por clarificar a reta doutrina quando os erros tentavam tomar conta de todo mundo, e garantir que a única e mesma Igreja Católica, fundada por Cristo, Nosso Senhor, continuasse a resplandecer pelos séculos.

    Apologética Católica: o que é?


    Desde o surgimento do cristianismo, lá no início da pregação dos apóstolos no meio dos judeus e dos pagãos, em culturas que eram inclusive extremamente agressivas à mensagem evangélica, a ousadia e a apologética católica foram o que fizeram com que o cristianismo se expandisse com muita rapidez em todo o Império Romano, já nos primeiros séculos, bem como até os confins do Universo.

    O termo usado para designar esse ardor missionário e essa coragem em anunciar, mesmo ante ameaças, torturas e mortes, é chamada de parresia, que, do grego, significa a “liberdade de dizer tudo”. O catecismo nos apresenta este conceito como consistindo de uma simplicidade sem rodeios, confiança filial, jovial segurança, audácia humilde, certeza de ser amado. 1. Os relatos da Escritura, tanto no Antigo como no Novo Testamento, estão permeados por essa força, que vem do alto, e impulsiona a defender a Verdade, custe o que custar.

    A apologética católica é precisamente isso: estar, primeiramente, profundamente e realmente convicto da nossa esperança e das razões da nossa fé. Sem esse primeiro passo, sem essa certeza interior e esse cultivo da fé, nossa alma, fraca e exposta às tempestades do mundo, tombará ao fragor do primeiro vento de heresia que soprar sobre nós. Aí sim, depois de fortificados, é que se dá o passo de defender a fé e dar razões da mesma, sempre e em toda parte, mesmo que isso signifique ser humilhado, ser perseguido, ser cancelado ou censurado, e, mesmo que em perigo de morte.  

    Entenda o papel do Papa na defesa da fé católica.

    Desenvolvimento da apologética católica na Idade Moderna


    O surgimento de heresias e de dúvidas doutrinais, bem como perseguições aos cristãos, ocorrem desde o início da Igreja, com o manifestação das primeiras heresias. Mas é sobretudo no advento da Idade Moderna e do racionalismo, com o florescimento da heresia protestante, que a apologética católica tem seu maior desenvolvimento. 

    Pela apologética, contra os aspectos de sola scriptura, sola fide, sola gratia de Lutero, a Igreja passou a defender a fé pela objetividade dos dogmas e das verdades reveladas na própria Tradição. Contra o subjetivismo protestante, a apologética católica demonstrava, racionalmente, a objetividade da Verdade.

    A apologética, que lança as bases da própria teologia dos dogmas dos dias de hoje, permaneceu sendo essencial no século XX, com o advento do racionalismo e do subjetivismo. Por ela, o homem é capaz de conjugar a razão com a fé de modo adequado e equilibrado. Ela ultrapassa os limites da razão, mas nunca a contradiz, e dá solidez à fé que professamos como católicos. 2

    Os Doutores da Igreja foram fundamentais para a defesa da fé católica. Saiba quem são eles neste artigo.

    Por que devemos defender a nossa fé?


    Em tempos de incertezas, de dúvidas, de crises de fé, de apostasias e confusões doutrinárias se requer, mais que nunca, homens e mulheres que sejam convictos da fé católica que professam. Como nos alerta Nosso Senhor:

    “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situa­da sobre uma montanha, nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa.” 3

    A apologética católica nada mais é que a certa tranquilidade de saber-se socorrido por Deus e de saber-se conhecedor da Verdade. É isso que fez com que os Apóstolos, perseguidos e censurados pelo Império e pelos judeus, pregassem, sempre e em toda parte, o que receberam do Evangelho de Nosso Senhor. São Pedro, o primeiro Papa, em sua primeira carta, exorta aos fiéis o seguinte: “Se alguém vos pede explicações de vossa fé, estai dispostos a defendê-la”. 4 

    A Igreja, com efeito, é o último bastião, que permanece de pé, a fim de iluminar os homens, quando estes já jazem nas trevas da ignorância. Aqueles que encontraram-se com a Verdade, como tantos santos da nossa história, devem estar dispostos e preparados para darem as razões da esperança, para serem um sinal profético num mundo que jaz no erro e na ignorância. A vida do católico, assim como dos apóstolos e mártires, deve testemunhar que a Verdade deve ser defendida a todo custo, inclusive até o sacrifício de si mesmo e da sua boa fama.

    Conheça os Três pilares da Igreja Católica. e seu papel para a defesa da fé.

    Como devemos defender a nossa fé?


    A apologética católica, contudo, não se dá na defesa da fé de qualquer forma, com quaisquer palavras e gestos. Ela requer, sim, ousadia! Mas requer, também, discernimento e muita prudência. Não é à toa que São Pedro, ao exortar à defesa da fé, prossegue que ela seja, “com modéstia e respeito, com boa consciência.”5 A finalidade da verdadeira apologética católica jamais deve ser a de derrotar e humilhar o adversário.6 A finalidade deve ser única e exclusivamente levar os interlocutores ao conhecimento da verdade e à conversão de suas vidas e obras. É por isso que nunca se deve enxergar alguém, por mais que esteja em heresia e longe da verdade, como um inimigo e adversário, mas como uma alma a ser salva do erro. 

    Para que a Apologética católica chegue à sua meta, que é a conversão de quem está no erro à Verdade, devemos ser exercitados nas virtudes da paciência e da humildade, para que resplandeça em nosso rosto a esperança que nos impulsiona. Claro que não podemos confundir essa humildade com fraqueza de caráter, que faz com que abramos mão de nossos princípios, nossos valores, e, em última análise, que deixemos o próprio Evangelho de lado, por medo ou por vergonha. É preciso obedecer antes a Deus que aos homens, mesmo que estes nos censurem por pregarmos a verdade, como ocorreu no início do cristianismo. 7

    É saber o justo equilíbrio: devemos, como afirma o catecismo, ser simples e sem rodeios; audaciosos, sobretudo em tempos de crise e de apostasias, mas com humildade que convém a um católico; seguros e convictos, mas com espírito jovial.1 Em suma: devemos ter em nós os mesmos sentimentos de Cristo, nosso Senhor.8

    Apologética Católica: grandes nomes da apologética católica no século XX


    É fácil de se perceber que o século XX foi um século desafiador para a reta doutrina católica, com a ascensão do comunismo ateísta, da teologia da libertação, da revolução sexual, das grandes guerras que dizimaram a Europa. Mas, Deus não deixou de mandar homens que, com parresia, foram capazes de compreender a Verdade e defender a fé católica. Estes são alguns nomes que foram verdadeiros heróis da fé e da ortodoxia:

    Chesterton: nasceu em 29 de maio de 1874, Kensington, Londres. Seus pais se chamavam Edward Chesterton e Marie Louise Keith. Gilbert Keith Chesterton foi um dos maiores escritores do século XX. Apesar de ter sido criado como Anglicano, foi uma dessas mentes brilhantes que se converteram ao catolicismo, por se depararem com a Verdade. 

    Chesterton escreveu mais de 80 livros. Sua principal obra é uma biografia sobre Santo Tomás de Aquino (1933) e outra sobre São Francisco de Assis (1923); Também escreveu uma novela memorável: O Homem que foi quinta-feira (1908) e uma série de contos policiais do Padre Brown, além de cerca de 4.000 artigos. Faleceu em 1936, com 62 anos.9

    Fulton Sheen: Fulton Sheen nasceu em 8 de maio de 1895, na cidade de El Paso, no estado de Illinois, EUA, e cresceu sendo educado na fé católica. Foi ordenado padre aos 24 anos. Grande pregador e professor, se destacou, sobretudo, já como bispo auxiliar de Nova York, com um programa de TV chamado Life is Worth Living, um dos programas católicos mais populares e influentes do século XX. Nos anos 60, iniciou outro programa de TV, no mesmo formato, chamado The Fulton Sheen Program, que durou de 1961 até 1968. Faleceu em 9 de dezembro de 1979. Em 2012 recebeu o título de Venerável, quando o Vaticano reconheceu suas virtudes heróicas no seu processo para canonização. Além de todo seu apostolado midiático e acadêmico, escreveu 66 livros, em sua grande parte, de defesa da fé. 

    Arcebispo Fulton Sheen sendo abraçado por São João Paulo II. (Imagem: Fundação Sheen)

    Hilaire Belloc: Na esteira de Chesterton, Hilaire Pierre René Belloc, nascido em 1870 e falecido em 1953, foi um grande escritor e historiador anglo-francês, naturalizado britânico. Foi importantíssimo na defesa da fé católica no início do século XX. Ao lado de Chesterton, foi influente na política britânica e no ativismo como católico.

    Ronald Knox: Nascido em 1888 e falecido em 1957, é mais um desses convertidos da Igreja anglicana à Igreja católica. Era pastor, e se tornou sacerdote. Ele tornou-se conhecido pelos seus livros e por traduzir a Bíblia, que até hoje é utilizada na Inglaterra.

    Frank Sheed: nasceu na Austrália, em 1897. De família presbiteriana, converteu-se ao catolicismo com 16 anos. No ano de 1926, sendo já influente como teólogo leigo, funda, com sua esposa, a editora Sheed & Ward, que se dedica a publicar autores ortodoxos, como Chesterton, Belloc, Knox, Gilson, Karl Adam. Recebeu, como leigo, reconhecimento da Sagrada Congregação para Seminário e Universidades. Faleceu em 1981, nos Estados Unidos.10

    Grandes nomes contemporâneos da apologética católica


    Além desses grandes expoentes do século passado, a contemporaneidade também tem grandes nomes que defendem a fé, através de livros, de conferências e das mídias.

    Dois grandes nomes, que ainda vivem, e que todo mundo deveria acompanhar: Scott Hahn e Bispo Barron. 

    Bispo Barron e Scott Hahn, dois grandes defensores da fé católica do nosso tempo.

    Scott Hahn, que nasceu em 1957 na Pensilvânia, Estados Unidos, e que, como pastor presbiteriano, depois de uma busca maior no conhecimento de quem é Jesus Cristo, descobre a verdade da própria Igreja Católica, e se converte, levando ainda, posteriormente, à conversão de sua esposa, Kimberly Hahn. Atualmente, é o mais influente biblista do mundo católico. Autor de mais de 10 livros, dentre os quais se destacam Rome, Sweet Home11, escrito em colaboração com sua esposa, Kimberly, em que ambos narram a sua conversão ao catolicismo; The Supper of the Lamb  12; e Trabalho ordinário, graça extraordinária 13.

    Bispo Barron é um dos mais influentes bispos dos Estados Unidos na atualidade. Nasceu em 1959, em Chicago, Estados Unidos. Em 2015, é feito bispo auxiliar de Los Angeles. Escreveu diversos livros para a apologética católica, e é mundialmente famoso pelo modo com que evangeliza a cultura. Sua fama se dá pela plataforma multimídia Word on Fire.

    Muitos são os que defendem ainda, hoje em dia, a fé católica: Dave Armstrong, Jimmy Akin, Mark Shea, Mike Aquilina, Patrick Madrid, Peter Kreeft, Robert Sungenis, Steve Ray, Tim Staples, Trent Horn. Cada qual a seu modo, faz com que a fé católica permaneça fiel àquilo que Jesus ensinou.

    Grandes defensores da fé católica no Brasil


    O Brasil, Terra de Santa Cruz, possui, também, grandes nomes da defesa da fé contra os erros doutrinais e heresias. Confira alguns destes grandes nomes:

    Padre Júlio Maria Lombaerde: nascido na Bélgica em 1878, atraído à vida missionária, depois de missão na África e França, é enviado, em 1912, ao Brasil, mais precisamente na Amazônia, onde trabalhou por 15 anos. Em 1928, se dirige até Minas Gerais. Foi duramente perseguido pela maçonaria local, por ser um destes pregadores que denunciou erros doutrinais, sem medo e com ardor. Possuía um jornal próprio, chamado “o lutador”, e pela sua oratória, era chamado de “o terror dos hereges”. Faleceu em 1944.

    Dom Estevão Bettencourt: monge beneditino, nascido no Rio de Janeiro em 1919 e falecido na mesma cidade em 2008, é considerado um dos maiores teólogos brasileiros do século XX. De inteligência destacada dentro dos estudos do mosteiro, foi editor da revista Communio, de 1982 até 2001, diretor e redator da revista sobre a Apologética Católica do Brasil. Possui mais de 26 mil páginas de artigos publicados. A revista Pergunte e Responderemos, de sua autoria, mesmo após sua morte, é ainda essencial para a conversão de muitos brasileiros.

    Padre Leonel Franca: nascido em 1893 na cidade de São Gabriel, e falecido em 1948, disputa, com São José de Anchieta o título de “Apóstolo do Brasil”. Tornou-se jesuíta e grande apologista da fé católica em seu meio. Já como seminarista publicou livros que combatiam os erros do protestantismo. É um dos fundadores do Conselho Nacional de Educação, em 1931. Em 1939, foi o encarregado de criar a primeira faculdade católica do Brasil, que é a PUC-Rio, e foi seu reitor até sua morte.14

    Frei Boaventura Kloppenburg: nasceu em 1919, na Alemanha, de nome Karl Josef Boaventura Kloppenburg. Faleceu na cidade de Novo Hamburgo, em 2009, no Rio Grande do Sul, Brasil, tendo sido o segundo bispo desta diocese. É um dos grandes teólogos do século XX, com diversos livros que buscavam sanar toda confusão religiosa que havia no Brasil, sobretudo no sincretismo espírita e nos erros da maçonaria.

    Gustavo Corção: nascido e falecido no Rio de Janeiro (1896-1978), e formado em engenharia. Como leigo, é um dos maiores pilares do pensamento cristão e da defesa da fé no Brasil. Tem estilo semelhante ao de Chesterton, com suas obras formadas especialmente por crônicas.15

    Padre Paulo Ricardo e Professor Felipe Aquino, importantes apologistas católicos contemporâneos.

    Padre Paulo Ricardo: Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior nasceu em 1967 no estado de Pernambuco, Brasil. É do clero da Arquidiocese de Cuiabá, no Mato Grosso. É considerado por muitos como sendo “o pároco do Brasil”. Desde 2006 desenvolve trabalho incansável pelo seu site na internet, com diversos cursos, homilias, formações e pregações. Sua influência no catolicismo do Brasil, sobretudo entre os jovens, é inegável, pois muitas são as conversões alcançadas através deste grande sacerdote. Padre Paulo Ricardo é um desses grandes sacerdotes que serão lembrados por décadas por todo apostolado realizado.16

    Professor Felipe Aquino: outro grande teólogo da atualidade, que ainda exerce grande apostolado até hoje, é o Professor Felipe Aquino, nascido em 1949, na cidade de Lorena, São Paulo. Escreveu mais de 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas (fundada pela sua falecida esposa), além da Loyola e da Canção Nova. Seus livros possuem uma linguagem acessível para os fiéis, sempre em defesa da fé da Igreja católica. Na Tv Canção Nova, possui um programa chamado “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, e, na Rádio, apresenta o programa “No Coração da Igreja”. É pregador exímio, sendo convidado até no exterior para formações e encontros. Junto com Padre Paulo Ricardo, o professor Felipe Aquino tem sido, em seu apostolado incansável, decisivo para a santidade e para a conversão de toda uma multidão de fieis do Brasil. Por este dois grandes teólogos, muitos que estavam no erro puderam se encontrar com a Verdade da fé católica, e muitos mais ainda serão conduzidos à luz da Verdade.17

    Referências

    1. cf. CIC 2778[][]
    2. cf. Libanio SJ, J.B., Introdução à Teologia Fundamental. p. 31[]
    3. Mt 5, 14-15[]
    4. cf. IPd 3, 15b[]
    5. Cf. IPd 3, 16[]
    6. cf. Sl 63, 12[]
    7. cf. At 5, 29[]
    8. cf. Fl 2, 5[]
    9. cf. CHESTERTON, G.K., Autobiografia e PEARCE, Joseph. G.K.Chesterton: sabidúria e inocencia. Madrid: Encuentro. 2009[]
    10. cf. Sheed, Frabk J., Um mapa para a vida: uma explicação simples da fé católica. Quadrante[]
    11. tradução portuguesa: Todos os caminhos vão dar a Roma, Diel, Lisboa, 2002[]
    12. tradução portuguesa: O banquete do Cordeiro, Loyola, São Paulo, 2003[]
    13. Quadrante, São Paulo, 2007[]
    14. cf. Luiz G. S. D’Elboux, O padre Leonel Franca. Rio de Janeiro: Agir, 1952[]
    15. cf. CORÇÃO, Gustavo. A Descoberta do outro. Vide editorial[]
    16. https://padrepauloricardo.org/padre[]
    17. https://blog.cancaonova.com/felipeaquino/sobre/[]
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