Formação

Credo Niceno-Constantinopolitano: o que é e qual a diferença para o Credo Apostólico

Entenda o que é o Credo Niceno-Constantinopolitano, sua origem, significado e as diferenças em relação ao Credo Apostólico na fé católica.

Credo Niceno-Constantinopolitano: o que é e qual a diferença para o Credo Apostólico
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Credo Niceno-Constantinopolitano: o que é e qual a diferença para o Credo Apostólico

Entenda o que é o Credo Niceno-Constantinopolitano, sua origem, significado e as diferenças em relação ao Credo Apostólico na fé católica.

Data da Publicação: 15/12/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 15/12/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Ao recitarmos o Credo Niceno-Constantinopolitano nas Missas dominicais e solenidades, professamos em unidade a fé da Igreja desde os primeiros séculos. Mas você sabe qual é a origem desse credo e em que ele difere do chamado Credo dos Apóstolos? Neste artigo, vamos entender o significado, a história e a importância dessa profissão de fé que une católicos do Oriente e do Ocidente.

O que é o Credo Niceno-Constantinopolitano?

O Credo Niceno-Constantinopolitano é uma das mais solenes e completas profissões de fé da Igreja Católica. Redigido nos primeiros séculos do Cristianismo, ele expressa com profundidade as verdades fundamentais da fé cristã, especialmente sobre a Santíssima Trindade, a encarnação do Verbo e a missão do Espírito Santo. Seu texto tem grande autoridade doutrinal, pois foi formulado e aprovado pelos dois primeiros Concílios Ecumênicos da Igreja: o de Niceia (325) e o de Constantinopla (381), como atesta o Catecismo: “O Credo Niceno-Constantinopolitano ou de Niceia deriva sua grande autoridade do fato de provir dos dois primeiros concílios ecumênicos. Ele continua sendo comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente até os nossos dias.” (CIC, 195–197)

Na liturgia romana atual, esse credo é recitado especialmente em solenidades. Em muitas Missas dominicais ordinárias, sobretudo nas paróquias do Ocidente, costuma-se usar o Credo dos Apóstolos, por sua forma mais breve e catequética. No entanto, o Credo Niceno-Constantinopolitano permanece como a fórmula mais completa e tradicional da fé, recomendada para momentos mais solenes da liturgia.

O que significa a palavra “Credo”?

A palavra “Credo” vem do latim e significa “eu creio”. Ela marca o início tanto do Credo dos Apóstolos quanto do Credo Niceno-Constantinopolitano, expressando a adesão pessoal do fiel à fé da Igreja. Ao dizer “Creio”, o cristão proclama sua confiança nas verdades reveladas por Deus e acolhidas pela Igreja desde os tempos apostólicos.

No contexto litúrgico, o “Credo” não é apenas uma afirmação doutrinal, mas um verdadeiro ato de fé. Após ouvir a Palavra de Deus proclamada, a assembleia responde com convicção, unida numa só voz, aquilo em que crê. Esse gesto, ensina o Catecismo, é profundamente humano e espiritual: “Crer” é um ato humano, consciente e livre, que corresponde à dignidade da pessoa humana. (CIC, 154)

Credo Niceno-Constantinopolitano é o mesmo da missa dominical?

Sim, no sentido de que expressa a mesma fé católica. Nas Missas dominicais do rito romano, a Igreja permite duas fórmulas legítimas de profissão de fé: o Credo Niceno-Constantinopolitano e o Credo dos Apóstolos. Ambas contêm os principais artigos de fé, ainda que com diferentes níveis de elaboração. A Instrução Geral do Missal Romano (n. 68) prevê o uso do credo após a homilia aos domingos e solenidades, cabendo ao celebrante escolher entre as duas versões.

Na prática, muitas paróquias optam pelo Credo dos Apóstolos, por sua brevidade e clareza catequética. O Credo Niceno-Constantinopolitano, por sua densidade teológica, costuma ser preferido em celebrações mais solenes, como festas maiores do calendário da Igreja, nas quais se deseja enfatizar com mais profundidade a integridade da fé professada.

A origem do Credo Niceno-Constantinopolitano

O Credo Niceno-Constantinopolitano tem sua origem nos dois primeiros Concílios Ecumênicos da história da Igreja: o Concílio de Niceia (325) e o Concílio de Constantinopla (381). Esses encontros reuniram os bispos do mundo cristão para defender a fé apostólica diante das heresias que ameaçavam a unidade doutrinal da Igreja nascente.

No Concílio de Niceia, foi redigida uma primeira fórmula de fé para combater a heresia de Ário, que negava a divindade plena de Jesus Cristo. O credo proclamava que o Filho é “Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai” – uma afirmação decisiva contra os erros arianos. Posteriormente, o Concílio de Constantinopla ampliou e completou esse texto, especialmente na parte referente ao Espírito Santo, que também era alvo de controvérsias teológicas.

Graças à sua clareza doutrinal e à autoridade dos concílios que o formularam, esse credo tornou-se referência da fé ortodoxa da Igreja e continua sendo, até hoje, uma das expressões mais universais da profissão de fé católica.

Por que o Credo Niceno-Constantinopolitano foi criado?

O Credo Niceno-Constantinopolitano nasceu da necessidade de proteger a fé da Igreja contra as heresias cristológicas e pneumatológicas que surgiram nos primeiros séculos. A principal delas foi o arianismo, doutrina difundida por Ário, presbítero de Alexandria, que negava que Jesus Cristo fosse verdadeiramente Deus, afirmando que Ele era uma criatura superior, mas não eterno nem consubstancial ao Pai.

Diante da ameaça à integridade da fé apostólica, os bispos reunidos em concílio viram a urgência de declarar com clareza quem é Jesus Cristo e qual é a verdadeira fé da Igreja. O mesmo ocorreu em relação ao Espírito Santo, cuja divindade também foi contestada por algumas correntes posteriores. Assim, o credo foi sendo elaborado como uma resposta magisterial e solene, reafirmando os fundamentos da fé trinitária e garantindo a unidade da Igreja.

Concílio de Niceia (325)

O Concílio de Niceia foi convocado pelo imperador Constantino e reuniu mais de 300 bispos em resposta à crise causada pelo arianismo. O principal fruto doutrinal desse concílio foi a definição da divindade de Jesus Cristo. O texto aprovado afirmava que o Filho é “gerado, não criado, consubstancial ao Pai” (homoousios tô Patri), ou seja, da mesma natureza divina do Pai.

Essa afirmação foi fundamental para preservar a verdade revelada nas Escrituras e vivida desde os Apóstolos: que o Verbo eterno se fez carne para nossa salvação, sendo plenamente Deus e plenamente homem. O símbolo da fé aprovado em Niceia foi a base do que, mais tarde, seria completado em Constantinopla.

Concílio de Constantinopla (381)

Cinquenta e seis anos após Niceia, o Concílio de Constantinopla, sob o imperador Teodósio I, reuniu 150 bispos, especialmente do Oriente, para enfrentar novas heresias, como o macedonianismo, que negava a divindade do Espírito Santo. Foi nesse concílio que se completou o símbolo da fé niceno, com a formulação clara do terceiro artigo: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai (e do Filho), e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado…”

Essa ampliação expressou a plena fé trinitária da Igreja, agora reafirmada contra os erros que surgiam. Desde então, o texto completo passou a ser conhecido como Credo Niceno-Constantinopolitano, e tornou-se norma de ortodoxia em todo o mundo cristão.

Qual a diferença entre o Credo Niceno-Constantinopolitano e o Credo Apostólico?

Estrutura e profundidade dos dois credos

O Credo dos Apóstolos e o Credo Niceno-Constantinopolitano professam a mesma fé católica, mas com estilos, origens e níveis de elaboração diferentes. O Credo dos Apóstolos é mais breve e direto, com estrutura simples e linguagem acessível. É considerado um símbolo batismal de origem muito antiga, usado sobretudo no Ocidente como uma síntese catequética da fé.

Já o Credo Niceno-Constantinopolitano é mais longo e teologicamente elaborado. Sua redação foi feita em contexto de combate a heresias que ameaçavam a compreensão correta da divindade de Cristo e do Espírito Santo. Por isso, ele contém expressões mais técnicas, como “consubstancial ao Pai” e “Senhor que dá a vida”, que reafirmam com precisão a doutrina da Trindade.

Enquanto o primeiro é um resumo da fé essencial, o segundo é uma declaração solene e doutrinal, aprovada pelos Concílios Ecumênicos e com uso mais universal. A diferença não está na fé em si — que é a mesma — mas no grau de desenvolvimento com que ela é expressa.

Quando a Igreja usa cada um dos credos?

A Igreja Católica utiliza tanto o Credo dos Apóstolos quanto o Credo Niceno-Constantinopolitano em sua vida litúrgica, de acordo com o contexto e o grau de solenidade da celebração. Ambos expressam a mesma fé, mas são usados de formas distintas.

O Credo dos Apóstolos é tradicionalmente associado ao rito do Batismo, especialmente no Ocidente, onde é recitado em forma interrogativa durante a preparação dos catecúmenos. Ele também é usado com frequência nas orações diárias, na Liturgia das Horas e nas Missas dominicais comuns, em muitas paróquias, por ser mais breve e acessível.

Já o Credo Niceno-Constantinopolitano é geralmente reservado às Missas em dias de solenidade, como grandes festas litúrgicas e celebrações especiais. É também o credo oficial utilizado em muitos ritos orientais, tanto na Eucaristia quanto em outras ocasiões litúrgicas. Sua profundidade doutrinal o torna ideal para momentos em que se deseja enfatizar com mais clareza os mistérios centrais da fé, especialmente a Santíssima Trindade, a encarnação e a missão salvífica de Cristo.

O conteúdo do Credo Niceno-Constantinopolitano

O Credo Niceno-Constantinopolitano é estruturado em torno do mistério da Santíssima Trindade. A profissão de fé segue uma ordem clara: primeiro Deus Pai, depois Deus Filho e, por fim, Deus Espírito Santo. Cada artigo desenvolve, com profundidade teológica, a identidade e a missão de cada Pessoa divina.

Cremos em um só Deus Pai

A profissão de fé começa com a afirmação central do monoteísmo cristão: “Creio em um só Deus”. Essa declaração já distingue a fé cristã do paganismo politeísta da época e reafirma a continuidade com o credo de Israel: “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Dt 6,4). A unidade de Deus é o fundamento de toda a fé cristã, e a expressão “um só Deus” exclui qualquer forma de dualismo ou divisão.

Em seguida, o credo o identifica como Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Essa fórmula afirma que Deus é Pai não apenas de modo simbólico, mas em sentido verdadeiro: Ele é o Pai eterno do Filho unigênito, e também é Pai por ter criado o mundo com sabedoria e amor (cf. CIC, 238–240). A sua paternidade, portanto, é tanto geradora (em relação ao Filho) quanto criadora (em relação à criação).

Ao proclamar que Deus é criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, o credo reafirma a doutrina bíblica da criação do mundo a partir do nada (ex nihilo), contra os erros gnósticos e dualistas. Tudo quanto existe – tanto o mundo material quanto as realidades espirituais, como os anjos – provém de Deus, que é a causa primeira de tudo.

Essa primeira parte do credo nos introduz no mistério da Trindade, começando por Aquele que é origem sem origem: o Pai, fonte de toda vida e princípio da missão salvífica da Trindade.

Cremos em Jesus Cristo

A segunda parte do Credo Niceno-Constantinopolitano é dedicada a Jesus Cristo, centro da fé cristã. Proclamamos: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos”. Essa profissão afirma que Jesus não é apenas um homem iluminado por Deus, mas o Filho eterno, gerado e não criado, consubstancial ao Pai, ou seja, da mesma natureza divina.

Essas expressões foram cuidadosamente escolhidas para rejeitar a heresia ariana, que afirmava que o Filho teria sido criado no tempo e, portanto, não seria Deus verdadeiro. Contra isso, a Igreja declarou que o Filho é “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro” – uma linguagem poética e profundamente teológica, que expressa a geração eterna do Filho e sua divindade plena. Santo Atanásio, um dos grandes defensores da ortodoxia no Concílio de Niceia, dizia: “O Pai é eternamente Pai, e o Filho é eternamente Filho.”

O credo prossegue: “Por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus”. A encarnação do Verbo é o ponto central da história da salvação: Deus se fez homem para nos redimir. E o texto litúrgico destaca esse mistério com solenidade: “e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem” – reafirmando tanto a ação divina como a participação humana no mistério da salvação.

Em seguida, o credo resume a paixão, morte e ressurreição do Senhor: “Foi crucificado por nós sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras”. Esses eventos históricos são a base da fé cristã: como ensina São Paulo, “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé” (1Cor 15,14). A menção a Pilatos insere a fé em um contexto histórico concreto, afastando qualquer ideia de mito.

Por fim, a profissão de fé declara que Jesus “subiu aos céus”, “está sentado à direita do Pai” e “há de vir de novo, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos”. Essa dimensão escatológica recorda que a obra de Cristo não terminou com a Ascensão: Ele reina e voltará glorioso para levar a termo o plano de salvação.

Cremos no Espírito Santo

A terceira parte do Credo Niceno-Constantinopolitano proclama a fé na terceira Pessoa da Santíssima Trindade: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai [e do Filho], e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas.” Cada uma dessas expressões carrega um peso teológico significativo.

O Espírito Santo é chamado de “Senhor que dá a vida”, indicando sua plena divindade. Ele não é uma força impessoal, mas uma Pessoa divina, coeterna com o Pai e o Filho. Como ensina o Catecismo, o Espírito “é consubstancial ao Pai e ao Filho” e é “inseparável deles, tanto na vida íntima da Trindade quanto em sua missão no mundo” (cf. CIC, 685–686).

A expressão “procede do Pai” é de origem joanina (cf. Jo 15,26), e o acréscimo “e do Filho” (Filioque) foi introduzido na liturgia latina para afirmar a comunhão plena entre o Filho e o Espírito, especialmente em resposta a heresias que negavam essa relação. Esse ponto, embora teologicamente legítimo segundo a tradição ocidental, permanece uma diferença sensível no diálogo ecumênico com as Igrejas orientais, que preferem a fórmula original do Concílio de Constantinopla.

Ao declarar que o Espírito Santo é “adorado e glorificado com o Pai e o Filho”, o credo reafirma que Ele é igualmente Deus, digno da mesma honra e culto. E ao dizer que “falou pelos profetas”, reconhece-se sua ação inspiradora nas Escrituras e em toda a história da revelação. O Espírito Santo prepara a vinda de Cristo, atualiza sua obra na liturgia e santifica os fiéis por meio dos sacramentos.

Assim, a fé no Espírito Santo completa a profissão trinitária iniciada com o Pai e o Filho, expressando a plenitude do mistério cristão.

Por que o Credo Niceno-Constantinopolitano é importante hoje?

Aplicação espiritual e doutrinal: por que essa profissão de fé continua sendo central para os católicos no mundo inteiro.

Unidade da fé na Igreja

O Credo Niceno-Constantinopolitano não é apenas um texto litúrgico ou uma fórmula doutrinal: ele é um sinal visível da unidade da fé da Igreja em todo o mundo. Desde sua formulação nos concílios ecumênicos do século IV, esse símbolo da fé tem sido recitado por católicos, ortodoxos e muitas comunidades cristãs históricas, servindo como base comum de profissão trinitária.

Na celebração da Missa, ao recitar juntos o credo, os fiéis expressam sua comunhão com a fé da Igreja universal, superando barreiras de tempo, cultura e língua. Como ensina o Catecismo, “a fé da Igreja precede, gera, conduz e alimenta a nossa fé” (CIC, 168). Cada fiel é inserido nesse “nós cremos” da comunidade eclesial, que ecoa a voz dos Apóstolos e dos mártires.

Além disso, o uso comum do credo entre as grandes tradições cristãs mostra que, apesar das divisões históricas, ainda há um núcleo comum de fé que nos une. O próprio nome “Niceno-Constantinopolitano” lembra que essa profissão de fé tem origem nos concílios ecumênicos — expressão máxima da colegialidade e da unidade doutrinal da Igreja.

Essa unidade é não apenas teológica, mas também espiritual: professar o credo juntos é um ato de comunhão, um testemunho da nossa pertença à única Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica.

Defesa da ortodoxia católica

Desde sua origem, o Credo Niceno-Constantinopolitano teve um papel decisivo na defesa da fé ortodoxa contra os erros que ameaçavam a Igreja. Ao ser proclamado pelos dois primeiros concílios ecumênicos, ele não apenas consolidou a doutrina trinitária, mas tornou-se um critério de fidelidade à Revelação transmitida pelos Apóstolos.

O uso do credo como baliza da ortodoxia continua até hoje. Ele serve como referência doutrinal nos documentos do Magistério, nos catecismos e na formação teológica. Quando a Igreja quer reafirmar sua fé de maneira clara e inequívoca, recorre a essa profissão solene. Sua precisão doutrinária é um dom para os fiéis. Em um tempo marcado por confusões teológicas e relativismo religioso, professar o credo é um ato de resistência espiritual: afirma-se com clareza que Deus é Trindade, que Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que o Espírito Santo é Senhor e vivificador, que a Igreja é una, santa, católica e apostólica, e que nossa esperança está na vida eterna.

Por isso, o credo não deve ser apenas recitado, mas compreendido, meditado e guardado como um tesouro. Ele é síntese da fé, mas também escudo da verdade, que nos une a Cristo e à Igreja em todos os tempos.

Texto completo do Credo Niceno-Constantinopolitano

A seguir, apresentamos a formulação oficial do Credo Niceno-Constantinopolitano, conforme é proclamado na liturgia da Igreja:

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para a nossa salvação desceu dos céus: e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem.

Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho. Com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: e falou pelos profetas.Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professo um só batismo para a remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Amém.

Redação MBC

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Ao recitarmos o Credo Niceno-Constantinopolitano nas Missas dominicais e solenidades, professamos em unidade a fé da Igreja desde os primeiros séculos. Mas você sabe qual é a origem desse credo e em que ele difere do chamado Credo dos Apóstolos? Neste artigo, vamos entender o significado, a história e a importância dessa profissão de fé que une católicos do Oriente e do Ocidente.

O que é o Credo Niceno-Constantinopolitano?

O Credo Niceno-Constantinopolitano é uma das mais solenes e completas profissões de fé da Igreja Católica. Redigido nos primeiros séculos do Cristianismo, ele expressa com profundidade as verdades fundamentais da fé cristã, especialmente sobre a Santíssima Trindade, a encarnação do Verbo e a missão do Espírito Santo. Seu texto tem grande autoridade doutrinal, pois foi formulado e aprovado pelos dois primeiros Concílios Ecumênicos da Igreja: o de Niceia (325) e o de Constantinopla (381), como atesta o Catecismo: “O Credo Niceno-Constantinopolitano ou de Niceia deriva sua grande autoridade do fato de provir dos dois primeiros concílios ecumênicos. Ele continua sendo comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente até os nossos dias.” (CIC, 195–197)

Na liturgia romana atual, esse credo é recitado especialmente em solenidades. Em muitas Missas dominicais ordinárias, sobretudo nas paróquias do Ocidente, costuma-se usar o Credo dos Apóstolos, por sua forma mais breve e catequética. No entanto, o Credo Niceno-Constantinopolitano permanece como a fórmula mais completa e tradicional da fé, recomendada para momentos mais solenes da liturgia.

O que significa a palavra “Credo”?

A palavra “Credo” vem do latim e significa “eu creio”. Ela marca o início tanto do Credo dos Apóstolos quanto do Credo Niceno-Constantinopolitano, expressando a adesão pessoal do fiel à fé da Igreja. Ao dizer “Creio”, o cristão proclama sua confiança nas verdades reveladas por Deus e acolhidas pela Igreja desde os tempos apostólicos.

No contexto litúrgico, o “Credo” não é apenas uma afirmação doutrinal, mas um verdadeiro ato de fé. Após ouvir a Palavra de Deus proclamada, a assembleia responde com convicção, unida numa só voz, aquilo em que crê. Esse gesto, ensina o Catecismo, é profundamente humano e espiritual: “Crer” é um ato humano, consciente e livre, que corresponde à dignidade da pessoa humana. (CIC, 154)

Credo Niceno-Constantinopolitano é o mesmo da missa dominical?

Sim, no sentido de que expressa a mesma fé católica. Nas Missas dominicais do rito romano, a Igreja permite duas fórmulas legítimas de profissão de fé: o Credo Niceno-Constantinopolitano e o Credo dos Apóstolos. Ambas contêm os principais artigos de fé, ainda que com diferentes níveis de elaboração. A Instrução Geral do Missal Romano (n. 68) prevê o uso do credo após a homilia aos domingos e solenidades, cabendo ao celebrante escolher entre as duas versões.

Na prática, muitas paróquias optam pelo Credo dos Apóstolos, por sua brevidade e clareza catequética. O Credo Niceno-Constantinopolitano, por sua densidade teológica, costuma ser preferido em celebrações mais solenes, como festas maiores do calendário da Igreja, nas quais se deseja enfatizar com mais profundidade a integridade da fé professada.

A origem do Credo Niceno-Constantinopolitano

O Credo Niceno-Constantinopolitano tem sua origem nos dois primeiros Concílios Ecumênicos da história da Igreja: o Concílio de Niceia (325) e o Concílio de Constantinopla (381). Esses encontros reuniram os bispos do mundo cristão para defender a fé apostólica diante das heresias que ameaçavam a unidade doutrinal da Igreja nascente.

No Concílio de Niceia, foi redigida uma primeira fórmula de fé para combater a heresia de Ário, que negava a divindade plena de Jesus Cristo. O credo proclamava que o Filho é “Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai” – uma afirmação decisiva contra os erros arianos. Posteriormente, o Concílio de Constantinopla ampliou e completou esse texto, especialmente na parte referente ao Espírito Santo, que também era alvo de controvérsias teológicas.

Graças à sua clareza doutrinal e à autoridade dos concílios que o formularam, esse credo tornou-se referência da fé ortodoxa da Igreja e continua sendo, até hoje, uma das expressões mais universais da profissão de fé católica.

Por que o Credo Niceno-Constantinopolitano foi criado?

O Credo Niceno-Constantinopolitano nasceu da necessidade de proteger a fé da Igreja contra as heresias cristológicas e pneumatológicas que surgiram nos primeiros séculos. A principal delas foi o arianismo, doutrina difundida por Ário, presbítero de Alexandria, que negava que Jesus Cristo fosse verdadeiramente Deus, afirmando que Ele era uma criatura superior, mas não eterno nem consubstancial ao Pai.

Diante da ameaça à integridade da fé apostólica, os bispos reunidos em concílio viram a urgência de declarar com clareza quem é Jesus Cristo e qual é a verdadeira fé da Igreja. O mesmo ocorreu em relação ao Espírito Santo, cuja divindade também foi contestada por algumas correntes posteriores. Assim, o credo foi sendo elaborado como uma resposta magisterial e solene, reafirmando os fundamentos da fé trinitária e garantindo a unidade da Igreja.

Concílio de Niceia (325)

O Concílio de Niceia foi convocado pelo imperador Constantino e reuniu mais de 300 bispos em resposta à crise causada pelo arianismo. O principal fruto doutrinal desse concílio foi a definição da divindade de Jesus Cristo. O texto aprovado afirmava que o Filho é “gerado, não criado, consubstancial ao Pai” (homoousios tô Patri), ou seja, da mesma natureza divina do Pai.

Essa afirmação foi fundamental para preservar a verdade revelada nas Escrituras e vivida desde os Apóstolos: que o Verbo eterno se fez carne para nossa salvação, sendo plenamente Deus e plenamente homem. O símbolo da fé aprovado em Niceia foi a base do que, mais tarde, seria completado em Constantinopla.

Concílio de Constantinopla (381)

Cinquenta e seis anos após Niceia, o Concílio de Constantinopla, sob o imperador Teodósio I, reuniu 150 bispos, especialmente do Oriente, para enfrentar novas heresias, como o macedonianismo, que negava a divindade do Espírito Santo. Foi nesse concílio que se completou o símbolo da fé niceno, com a formulação clara do terceiro artigo: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai (e do Filho), e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado…”

Essa ampliação expressou a plena fé trinitária da Igreja, agora reafirmada contra os erros que surgiam. Desde então, o texto completo passou a ser conhecido como Credo Niceno-Constantinopolitano, e tornou-se norma de ortodoxia em todo o mundo cristão.

Qual a diferença entre o Credo Niceno-Constantinopolitano e o Credo Apostólico?

Estrutura e profundidade dos dois credos

O Credo dos Apóstolos e o Credo Niceno-Constantinopolitano professam a mesma fé católica, mas com estilos, origens e níveis de elaboração diferentes. O Credo dos Apóstolos é mais breve e direto, com estrutura simples e linguagem acessível. É considerado um símbolo batismal de origem muito antiga, usado sobretudo no Ocidente como uma síntese catequética da fé.

Já o Credo Niceno-Constantinopolitano é mais longo e teologicamente elaborado. Sua redação foi feita em contexto de combate a heresias que ameaçavam a compreensão correta da divindade de Cristo e do Espírito Santo. Por isso, ele contém expressões mais técnicas, como “consubstancial ao Pai” e “Senhor que dá a vida”, que reafirmam com precisão a doutrina da Trindade.

Enquanto o primeiro é um resumo da fé essencial, o segundo é uma declaração solene e doutrinal, aprovada pelos Concílios Ecumênicos e com uso mais universal. A diferença não está na fé em si — que é a mesma — mas no grau de desenvolvimento com que ela é expressa.

Quando a Igreja usa cada um dos credos?

A Igreja Católica utiliza tanto o Credo dos Apóstolos quanto o Credo Niceno-Constantinopolitano em sua vida litúrgica, de acordo com o contexto e o grau de solenidade da celebração. Ambos expressam a mesma fé, mas são usados de formas distintas.

O Credo dos Apóstolos é tradicionalmente associado ao rito do Batismo, especialmente no Ocidente, onde é recitado em forma interrogativa durante a preparação dos catecúmenos. Ele também é usado com frequência nas orações diárias, na Liturgia das Horas e nas Missas dominicais comuns, em muitas paróquias, por ser mais breve e acessível.

Já o Credo Niceno-Constantinopolitano é geralmente reservado às Missas em dias de solenidade, como grandes festas litúrgicas e celebrações especiais. É também o credo oficial utilizado em muitos ritos orientais, tanto na Eucaristia quanto em outras ocasiões litúrgicas. Sua profundidade doutrinal o torna ideal para momentos em que se deseja enfatizar com mais clareza os mistérios centrais da fé, especialmente a Santíssima Trindade, a encarnação e a missão salvífica de Cristo.

O conteúdo do Credo Niceno-Constantinopolitano

O Credo Niceno-Constantinopolitano é estruturado em torno do mistério da Santíssima Trindade. A profissão de fé segue uma ordem clara: primeiro Deus Pai, depois Deus Filho e, por fim, Deus Espírito Santo. Cada artigo desenvolve, com profundidade teológica, a identidade e a missão de cada Pessoa divina.

Cremos em um só Deus Pai

A profissão de fé começa com a afirmação central do monoteísmo cristão: “Creio em um só Deus”. Essa declaração já distingue a fé cristã do paganismo politeísta da época e reafirma a continuidade com o credo de Israel: “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Dt 6,4). A unidade de Deus é o fundamento de toda a fé cristã, e a expressão “um só Deus” exclui qualquer forma de dualismo ou divisão.

Em seguida, o credo o identifica como Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Essa fórmula afirma que Deus é Pai não apenas de modo simbólico, mas em sentido verdadeiro: Ele é o Pai eterno do Filho unigênito, e também é Pai por ter criado o mundo com sabedoria e amor (cf. CIC, 238–240). A sua paternidade, portanto, é tanto geradora (em relação ao Filho) quanto criadora (em relação à criação).

Ao proclamar que Deus é criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, o credo reafirma a doutrina bíblica da criação do mundo a partir do nada (ex nihilo), contra os erros gnósticos e dualistas. Tudo quanto existe – tanto o mundo material quanto as realidades espirituais, como os anjos – provém de Deus, que é a causa primeira de tudo.

Essa primeira parte do credo nos introduz no mistério da Trindade, começando por Aquele que é origem sem origem: o Pai, fonte de toda vida e princípio da missão salvífica da Trindade.

Cremos em Jesus Cristo

A segunda parte do Credo Niceno-Constantinopolitano é dedicada a Jesus Cristo, centro da fé cristã. Proclamamos: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos”. Essa profissão afirma que Jesus não é apenas um homem iluminado por Deus, mas o Filho eterno, gerado e não criado, consubstancial ao Pai, ou seja, da mesma natureza divina.

Essas expressões foram cuidadosamente escolhidas para rejeitar a heresia ariana, que afirmava que o Filho teria sido criado no tempo e, portanto, não seria Deus verdadeiro. Contra isso, a Igreja declarou que o Filho é “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro” – uma linguagem poética e profundamente teológica, que expressa a geração eterna do Filho e sua divindade plena. Santo Atanásio, um dos grandes defensores da ortodoxia no Concílio de Niceia, dizia: “O Pai é eternamente Pai, e o Filho é eternamente Filho.”

O credo prossegue: “Por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus”. A encarnação do Verbo é o ponto central da história da salvação: Deus se fez homem para nos redimir. E o texto litúrgico destaca esse mistério com solenidade: “e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem” – reafirmando tanto a ação divina como a participação humana no mistério da salvação.

Em seguida, o credo resume a paixão, morte e ressurreição do Senhor: “Foi crucificado por nós sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras”. Esses eventos históricos são a base da fé cristã: como ensina São Paulo, “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé” (1Cor 15,14). A menção a Pilatos insere a fé em um contexto histórico concreto, afastando qualquer ideia de mito.

Por fim, a profissão de fé declara que Jesus “subiu aos céus”, “está sentado à direita do Pai” e “há de vir de novo, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos”. Essa dimensão escatológica recorda que a obra de Cristo não terminou com a Ascensão: Ele reina e voltará glorioso para levar a termo o plano de salvação.

Cremos no Espírito Santo

A terceira parte do Credo Niceno-Constantinopolitano proclama a fé na terceira Pessoa da Santíssima Trindade: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai [e do Filho], e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas.” Cada uma dessas expressões carrega um peso teológico significativo.

O Espírito Santo é chamado de “Senhor que dá a vida”, indicando sua plena divindade. Ele não é uma força impessoal, mas uma Pessoa divina, coeterna com o Pai e o Filho. Como ensina o Catecismo, o Espírito “é consubstancial ao Pai e ao Filho” e é “inseparável deles, tanto na vida íntima da Trindade quanto em sua missão no mundo” (cf. CIC, 685–686).

A expressão “procede do Pai” é de origem joanina (cf. Jo 15,26), e o acréscimo “e do Filho” (Filioque) foi introduzido na liturgia latina para afirmar a comunhão plena entre o Filho e o Espírito, especialmente em resposta a heresias que negavam essa relação. Esse ponto, embora teologicamente legítimo segundo a tradição ocidental, permanece uma diferença sensível no diálogo ecumênico com as Igrejas orientais, que preferem a fórmula original do Concílio de Constantinopla.

Ao declarar que o Espírito Santo é “adorado e glorificado com o Pai e o Filho”, o credo reafirma que Ele é igualmente Deus, digno da mesma honra e culto. E ao dizer que “falou pelos profetas”, reconhece-se sua ação inspiradora nas Escrituras e em toda a história da revelação. O Espírito Santo prepara a vinda de Cristo, atualiza sua obra na liturgia e santifica os fiéis por meio dos sacramentos.

Assim, a fé no Espírito Santo completa a profissão trinitária iniciada com o Pai e o Filho, expressando a plenitude do mistério cristão.

Por que o Credo Niceno-Constantinopolitano é importante hoje?

Aplicação espiritual e doutrinal: por que essa profissão de fé continua sendo central para os católicos no mundo inteiro.

Unidade da fé na Igreja

O Credo Niceno-Constantinopolitano não é apenas um texto litúrgico ou uma fórmula doutrinal: ele é um sinal visível da unidade da fé da Igreja em todo o mundo. Desde sua formulação nos concílios ecumênicos do século IV, esse símbolo da fé tem sido recitado por católicos, ortodoxos e muitas comunidades cristãs históricas, servindo como base comum de profissão trinitária.

Na celebração da Missa, ao recitar juntos o credo, os fiéis expressam sua comunhão com a fé da Igreja universal, superando barreiras de tempo, cultura e língua. Como ensina o Catecismo, “a fé da Igreja precede, gera, conduz e alimenta a nossa fé” (CIC, 168). Cada fiel é inserido nesse “nós cremos” da comunidade eclesial, que ecoa a voz dos Apóstolos e dos mártires.

Além disso, o uso comum do credo entre as grandes tradições cristãs mostra que, apesar das divisões históricas, ainda há um núcleo comum de fé que nos une. O próprio nome “Niceno-Constantinopolitano” lembra que essa profissão de fé tem origem nos concílios ecumênicos — expressão máxima da colegialidade e da unidade doutrinal da Igreja.

Essa unidade é não apenas teológica, mas também espiritual: professar o credo juntos é um ato de comunhão, um testemunho da nossa pertença à única Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica.

Defesa da ortodoxia católica

Desde sua origem, o Credo Niceno-Constantinopolitano teve um papel decisivo na defesa da fé ortodoxa contra os erros que ameaçavam a Igreja. Ao ser proclamado pelos dois primeiros concílios ecumênicos, ele não apenas consolidou a doutrina trinitária, mas tornou-se um critério de fidelidade à Revelação transmitida pelos Apóstolos.

O uso do credo como baliza da ortodoxia continua até hoje. Ele serve como referência doutrinal nos documentos do Magistério, nos catecismos e na formação teológica. Quando a Igreja quer reafirmar sua fé de maneira clara e inequívoca, recorre a essa profissão solene. Sua precisão doutrinária é um dom para os fiéis. Em um tempo marcado por confusões teológicas e relativismo religioso, professar o credo é um ato de resistência espiritual: afirma-se com clareza que Deus é Trindade, que Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que o Espírito Santo é Senhor e vivificador, que a Igreja é una, santa, católica e apostólica, e que nossa esperança está na vida eterna.

Por isso, o credo não deve ser apenas recitado, mas compreendido, meditado e guardado como um tesouro. Ele é síntese da fé, mas também escudo da verdade, que nos une a Cristo e à Igreja em todos os tempos.

Texto completo do Credo Niceno-Constantinopolitano

A seguir, apresentamos a formulação oficial do Credo Niceno-Constantinopolitano, conforme é proclamado na liturgia da Igreja:

Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para a nossa salvação desceu dos céus: e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem.

Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu Reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho. Com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: e falou pelos profetas.Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professo um só batismo para a remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Amém.

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