Há três grandes vias de conversão a Deus que são como etapas da nossa vida espiritual. Confira quais são elas com o exemplo de Santa Clara.
Há três grandes vias de conversão a Deus que são como etapas da nossa vida espiritual. Confira quais são elas com o exemplo de Santa Clara.
Em algum momento de sua vida devocional, um católico vai se deparar, nem que seja brevemente, com a história de Santa Clara de Assis, em cuja vida as vias de conversão a Deus estão escancaradas.
Amiga de São Francisco de Assis. Fundadora das Clarissas. Amante da Eucaristia. Padroeira das televisões. Todos esses títulos carregam histórias que eventualmente já chegaram ao conhecimento do fiél.
Contudo, apenas aqueles que conhecem mais intimamente a vida de Santa Clara conseguem encarnar em si mesmos a figura daquele homem do evangelho, que encontra o tesouro precioso escondido em um campo e toma a decisão de vender todos os seus bens para comprar o campo e guardá-lo para si.
O encontro com esse mesmo tesouro é o que o desenvolvimento de uma amizade com esta querida santa vai te proporcionar.
Este artigo, tem a humilde pretensão de te ajudar a percorrer as vias de conversão — ou do progresso espiritual —, seguindo os conselhos deste luminoso exemplo de pureza e desapego.
O primeiro passo que a alma dá na busca pela amizade com Cristo é o de fechar os seus ouvidos para o tempo, tirar seu coração dos amores deste mundo enganador e perseguir laboriosamente a eterna recompensa.
Não seria diferente o conselho que Santa Clara de Assis daria à sua irmã mais velha ao ver que esta havia acabado de deixar a lama do século e converter seu coração a Jesus Cristo.
Ao longo da via purgativa, no entanto, a alma necessita de auxílio na jornada para não tombar à beira do caminho.
Clara faz, portanto, o papel de instrumento salvífico de Deus ao compartilhar, em uma de suas poucas confidências de que se tem registro, como a alma deve se portar para engrenhar-se no caminho da devoção para perseverar até a segunda via.
Eis o que diz nossa santa à sua irmã:
“Breve é o nosso trabalho, e a recompensa é eterna; que o barulho do mundo, que foge como uma sombra, não te engane; que os vãos fantasmas deste mundo enganador não te façam perder o juízo; fecha os ouvidos com fortaleza aos assobios do Inferno e seus assaltos; suporta de boa vontade os males adversos e que os bens da riqueza não te ensoberbeçam: pois estes pedem fé e aqueles exigem-na; cumpre com fidelidade o que prometeste a Deus, e Ele te retribuirá.”
(Carta a Ermentrudes. Escritos Completos de Santa Clara de Assis.)
Uma vez convertida, a alma devota, em um dado momento da vida espiritual, se depara com mesmo chamado de Cristo feito ao jovem rico: “Vá, vende todos os seus bens e segue-me!”
O drama dessa etapa é o mesmo do servo fiel quando se coloca diante do convite à perfeição: ele se entristece ao ouvir o chamado do Senhor.
Seria possível, entretanto, fortalecer o nosso coração para dar uma resposta à altura deste chamado?
Haveria um meio de não entristecermo-nos ao ouvir o chamado às águas mais profundas?
Ei-lo: o contato próximo com aqueles que já venderam tudo para abraçar o tesouro verdadeiro.
A voz que fala ao coração do jovem rico foi a mesma que sussurrou ao coração de Clara.
É a mesma voz que sussurra o nosso coração.
A capacidade de responder a esse chamado cresce na medida em que também aumenta nossa proximidade com aqueles que já o fizeram. E fizeram de forma santa, de forma pura.
Além de amiga e confidente, esta santa se torna uma conselheira para o leitor com o olhar atento e com a consciência aberta para aprender com as disposições mais íntimas reveladas na história de sua vida.
Em um dos episódios de sua vida, Clara dá-nos um exemplo milagroso dos frutos desse abandono às mãos de Deus:
“Um dia já era hora do jantar, e no convento não havia mais que um pão. A freira encarregada do refeitório não conseguia se decidir a tocar o sininho. Clara perguntou-lhe o motivo do atraso.
– Esta noite vamos jejuar, respondeu a freira. Só temos um pão. Não bastarão nem mesmo para os dois frades que estão lá fora.
– Vai, minha filha – disse Clara – e quebra-o. Dá metade aos frades e da outra metade faz cinquenta pedaços, tantos quantas somos nós.
– Como é possível cortar meio pão em cinquenta pedaços? Respondeu a dispensadora. Sobraria uma migalha para cada uma.
Mas Clara, segura de si, repetiu a ordem.
– Vai, minha filha, faz o que te disse e tem boa confiança na Providência de Deus.
E, enquanto a dispensadora partia o pão, Clara rezava e o pão crescia, tornando-se suficiente para a fome das cinquenta freiras jejuantes.
(Vida e Milagres de Santa Clara, p. 169)
Quanto não deve aquecer-se o nosso coração com este relato da vida da Santa…
“Jovens, dizia o papa Bento XVI. Não tenhais medo, Cristo não nos tira nada, Ele vos dá tudo”
Por que, então, deveríamos temer de também nós entregarmos tudo a Deus?
A vida de Santa Clara não é uma mera biografia, é uma escola de perfeição através da qual encontramos uma via segura para responder ao chamado do Senhor e caminhar, sem nos entristecer, rumo ao vértice da vida cristã: a união plena a Cristo como alma esponsal. Seguiremos com as vias de conversão.
Santa Clara disse à sua amiga Santa Inês de Praga em uma de suas cartas:
“Amando-o, sois casta; quando O tocais, sois mais pura, e aceitando-o, sois virgem. Seu poder é mais forte, sua generosidade mais excelsa e seu aspecto mais formoso, seu amor mais suave e toda a sua graça mais elegante.”
(Carta I: A Santa Inês de Praga. Escritos Completos de Santa Clara de Assis.)
Todos somos chamados a este amor esponsal com Jesus. Este é o sentido último da vida humana e espiritual: entrarmos em uma espécie de “matrimônio” celeste com Cristo e fazer com que nossa alma orante entre em plena comunhão com o seu Redentor.
Essa disposição aparenta ser um tanto quanto escandalosa para a mentalidade moderna. Quando o casamento é considerado uma instituição falida, a natureza da sexualidade é relativizada, e o feminismo escraviza a feminilidade num ideal entorpecido de autonomia e liberdade, por que, afinal de contas, tornar-se esposa de Cristo deveria ser a finalidade última de nossa existência?
Diante do pensamento contemporâneo, a alma esponsal caminha sobre as águas pela terceira das vias de conversão — a via unitiva — ao encontro do Senhor.
Escutemos Sua voz e não tenhamos medo diante dos ventos turbulentos da modernidade. Nosso Senhor não nos deixará afogar se, rejeitando o mundo, buscarmos confiadamente a união plena com a Alma de Cristo, seguindo exemplo de seus santos, em especial de Santa Clara, luminoso exemplo de pureza para nossos tempos.
Finalizemos nossa meditação com uma oração especial à Santa Clara:
“Ó amável Santa Clara, por teu amor à infância de Jesus, alcança-nos a proteção sobre nossa família; Por teu amor à Paixão de Jesus, alcança-nos força e coragem na provação.
Por teu amor à Igreja, alcança-nos a fé, a esperança e a caridade. Por teu amor aos irmãos, alcança-nos a graça que vos pedimos. Por teu amor à oração, alcança-nos o desejo de estar com o Senhor.
Por teu amor à pobreza, alcança-nos desprender-nos dos vícios e pecados. Por tua Santa Morte, alcança-nos também a nós, uma vida e morte santas nas mãos da Virgem Maria.
Amém.“
O maior clube de leitores católicos do Brasil.
Em algum momento de sua vida devocional, um católico vai se deparar, nem que seja brevemente, com a história de Santa Clara de Assis, em cuja vida as vias de conversão a Deus estão escancaradas.
Amiga de São Francisco de Assis. Fundadora das Clarissas. Amante da Eucaristia. Padroeira das televisões. Todos esses títulos carregam histórias que eventualmente já chegaram ao conhecimento do fiél.
Contudo, apenas aqueles que conhecem mais intimamente a vida de Santa Clara conseguem encarnar em si mesmos a figura daquele homem do evangelho, que encontra o tesouro precioso escondido em um campo e toma a decisão de vender todos os seus bens para comprar o campo e guardá-lo para si.
O encontro com esse mesmo tesouro é o que o desenvolvimento de uma amizade com esta querida santa vai te proporcionar.
Este artigo, tem a humilde pretensão de te ajudar a percorrer as vias de conversão — ou do progresso espiritual —, seguindo os conselhos deste luminoso exemplo de pureza e desapego.
O primeiro passo que a alma dá na busca pela amizade com Cristo é o de fechar os seus ouvidos para o tempo, tirar seu coração dos amores deste mundo enganador e perseguir laboriosamente a eterna recompensa.
Não seria diferente o conselho que Santa Clara de Assis daria à sua irmã mais velha ao ver que esta havia acabado de deixar a lama do século e converter seu coração a Jesus Cristo.
Ao longo da via purgativa, no entanto, a alma necessita de auxílio na jornada para não tombar à beira do caminho.
Clara faz, portanto, o papel de instrumento salvífico de Deus ao compartilhar, em uma de suas poucas confidências de que se tem registro, como a alma deve se portar para engrenhar-se no caminho da devoção para perseverar até a segunda via.
Eis o que diz nossa santa à sua irmã:
“Breve é o nosso trabalho, e a recompensa é eterna; que o barulho do mundo, que foge como uma sombra, não te engane; que os vãos fantasmas deste mundo enganador não te façam perder o juízo; fecha os ouvidos com fortaleza aos assobios do Inferno e seus assaltos; suporta de boa vontade os males adversos e que os bens da riqueza não te ensoberbeçam: pois estes pedem fé e aqueles exigem-na; cumpre com fidelidade o que prometeste a Deus, e Ele te retribuirá.”
(Carta a Ermentrudes. Escritos Completos de Santa Clara de Assis.)
Uma vez convertida, a alma devota, em um dado momento da vida espiritual, se depara com mesmo chamado de Cristo feito ao jovem rico: “Vá, vende todos os seus bens e segue-me!”
O drama dessa etapa é o mesmo do servo fiel quando se coloca diante do convite à perfeição: ele se entristece ao ouvir o chamado do Senhor.
Seria possível, entretanto, fortalecer o nosso coração para dar uma resposta à altura deste chamado?
Haveria um meio de não entristecermo-nos ao ouvir o chamado às águas mais profundas?
Ei-lo: o contato próximo com aqueles que já venderam tudo para abraçar o tesouro verdadeiro.
A voz que fala ao coração do jovem rico foi a mesma que sussurrou ao coração de Clara.
É a mesma voz que sussurra o nosso coração.
A capacidade de responder a esse chamado cresce na medida em que também aumenta nossa proximidade com aqueles que já o fizeram. E fizeram de forma santa, de forma pura.
Além de amiga e confidente, esta santa se torna uma conselheira para o leitor com o olhar atento e com a consciência aberta para aprender com as disposições mais íntimas reveladas na história de sua vida.
Em um dos episódios de sua vida, Clara dá-nos um exemplo milagroso dos frutos desse abandono às mãos de Deus:
“Um dia já era hora do jantar, e no convento não havia mais que um pão. A freira encarregada do refeitório não conseguia se decidir a tocar o sininho. Clara perguntou-lhe o motivo do atraso.
– Esta noite vamos jejuar, respondeu a freira. Só temos um pão. Não bastarão nem mesmo para os dois frades que estão lá fora.
– Vai, minha filha – disse Clara – e quebra-o. Dá metade aos frades e da outra metade faz cinquenta pedaços, tantos quantas somos nós.
– Como é possível cortar meio pão em cinquenta pedaços? Respondeu a dispensadora. Sobraria uma migalha para cada uma.
Mas Clara, segura de si, repetiu a ordem.
– Vai, minha filha, faz o que te disse e tem boa confiança na Providência de Deus.
E, enquanto a dispensadora partia o pão, Clara rezava e o pão crescia, tornando-se suficiente para a fome das cinquenta freiras jejuantes.
(Vida e Milagres de Santa Clara, p. 169)
Quanto não deve aquecer-se o nosso coração com este relato da vida da Santa…
“Jovens, dizia o papa Bento XVI. Não tenhais medo, Cristo não nos tira nada, Ele vos dá tudo”
Por que, então, deveríamos temer de também nós entregarmos tudo a Deus?
A vida de Santa Clara não é uma mera biografia, é uma escola de perfeição através da qual encontramos uma via segura para responder ao chamado do Senhor e caminhar, sem nos entristecer, rumo ao vértice da vida cristã: a união plena a Cristo como alma esponsal. Seguiremos com as vias de conversão.
Santa Clara disse à sua amiga Santa Inês de Praga em uma de suas cartas:
“Amando-o, sois casta; quando O tocais, sois mais pura, e aceitando-o, sois virgem. Seu poder é mais forte, sua generosidade mais excelsa e seu aspecto mais formoso, seu amor mais suave e toda a sua graça mais elegante.”
(Carta I: A Santa Inês de Praga. Escritos Completos de Santa Clara de Assis.)
Todos somos chamados a este amor esponsal com Jesus. Este é o sentido último da vida humana e espiritual: entrarmos em uma espécie de “matrimônio” celeste com Cristo e fazer com que nossa alma orante entre em plena comunhão com o seu Redentor.
Essa disposição aparenta ser um tanto quanto escandalosa para a mentalidade moderna. Quando o casamento é considerado uma instituição falida, a natureza da sexualidade é relativizada, e o feminismo escraviza a feminilidade num ideal entorpecido de autonomia e liberdade, por que, afinal de contas, tornar-se esposa de Cristo deveria ser a finalidade última de nossa existência?
Diante do pensamento contemporâneo, a alma esponsal caminha sobre as águas pela terceira das vias de conversão — a via unitiva — ao encontro do Senhor.
Escutemos Sua voz e não tenhamos medo diante dos ventos turbulentos da modernidade. Nosso Senhor não nos deixará afogar se, rejeitando o mundo, buscarmos confiadamente a união plena com a Alma de Cristo, seguindo exemplo de seus santos, em especial de Santa Clara, luminoso exemplo de pureza para nossos tempos.
Finalizemos nossa meditação com uma oração especial à Santa Clara:
“Ó amável Santa Clara, por teu amor à infância de Jesus, alcança-nos a proteção sobre nossa família; Por teu amor à Paixão de Jesus, alcança-nos força e coragem na provação.
Por teu amor à Igreja, alcança-nos a fé, a esperança e a caridade. Por teu amor aos irmãos, alcança-nos a graça que vos pedimos. Por teu amor à oração, alcança-nos o desejo de estar com o Senhor.
Por teu amor à pobreza, alcança-nos desprender-nos dos vícios e pecados. Por tua Santa Morte, alcança-nos também a nós, uma vida e morte santas nas mãos da Virgem Maria.
Amém.“