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Dom da Ciência: o que é, importância e como vivê-lo

O dom da Ciência nos ajuda a ver o valor das criaturas com os olhos da fé. Entenda seu sentido, sua ação na vida do cristão e como cultivá-lo.

Dom da Ciência: o que é, importância e como vivê-lo
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Dom da Ciência: o que é, importância e como vivê-lo

O dom da Ciência nos ajuda a ver o valor das criaturas com os olhos da fé. Entenda seu sentido, sua ação na vida do cristão e como cultivá-lo.

Data da Publicação: 03/06/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 03/06/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Entre os dons do Espírito Santo, o dom da Ciência ocupa um lugar especial por iluminar a mente do cristão sobre o verdadeiro valor das criaturas. Ao contrário da ciência humana, que se limita às causas imediatas e propriedades das coisas, o dom da Ciência revela, de forma sobrenatural, a vaidade do mundo e a presença divina que tudo sustenta. Por meio dele, a alma se desapega do efêmero e se eleva à contemplação do eterno.

A principal referência deste artigo é o livro O Espírito Santo: seus dons, seus frutos, sua ação 1

O que são os dons do Espírito Santo?

As Sagradas Escrituras, particularmente no livro do profeta Isaías, enumeram sete dons do Espírito Santo: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor do Senhor. Na teologia, esses “espíritos” mencionados por Isaías são denominados dons (MARTÍNEZ, 2024, p. 158).

Esses dons são, como diz Martínez, “receptores divinos, receptores prodigiosos para captar as inspirações do Espírito divino” (p. 149). São realidades sobrenaturais colocadas por Deus na alma, para que, além de receber a luz e os ensinamentos do Espírito Santo, possamos ser movidos por Suas moções divinas e realizar atos verdadeiramente celestes sob Sua influência.

Todos os que recebem a graça de Deus em suas almas possuem esses dons, pois os recebem no Batismo, juntamente com as virtudes e a própria graça santificante. Eles não são exclusivos dos santos, nem de almas altamente perfeitas: todos os batizados, enquanto em estado de graça, os possuem (MARTÍNEZ, 2024, p. 153).

Enquanto as virtudes são exercidas sob a direção da razão e trazem consigo um certo “selo humano”, os dons são movidos diretamente pelo Espírito Santo, carregando Seu selo sobre-humano. Assim, tornam-se instrumentos indispensáveis para a perfeição cristã e para a realização da obra santificadora do Espírito (MARTÍNEZ, 2024, p. 54-55).

Para saber mais, leia nosso artigo principal sobre os sete dons do Espírito Santo.

O que é o Dom do Espírito Santo: Ciência?

O dom da Ciência é uma graça especial do Espírito Santo que nos permite compreender o verdadeiro valor das criaturas. Não se trata de um conhecimento científico ou técnico, mas de uma intuição sobrenatural que nos revela duas verdades fundamentais: a vaidade do mundo e a presença de Deus em todas as coisas.

Como explica Martínez: “No mundo sobrenatural existe uma ciência mais profunda, vastíssima, que realiza descobertas maravilhosas: é o que a Escritura chama de ciência dos justos, ou, o que é o mesmo, ciência dos santos” (MARTÍNEZ, 2024, p. 211).

Diferente da ciência humana, que estuda as causas imediatas das coisas, o dom da Ciência nos leva a olhar para as criaturas como reflexos da bondade divina e como meios de nos elevarmos até Deus (p. 213). Ele nos dá uma visão penetrante e pura, na qual discernimos não apenas a beleza e a utilidade das criaturas, mas também sua limitação, sua finitude e sua vaidade.

Essa ciência divina é como um raio de luz que nos permite contemplar o mundo com olhos espirituais, vendo nas criaturas não o fim último, mas degraus luminosos para ascender ao Criador.

Confira também: Dom da Sabedoria

Como cultivar o Dom da Ciência?

Embora todos os cristãos batizados possuam o dom da Ciência, ele precisa ser cultivado para se desenvolver. Martínez aponta três caminhos principais para isso: aumentar a caridade, que é a raiz dos dons; praticar as virtudes, que preparam a alma; e ser dócil às inspirações do Espírito Santo (p. 154-157).

A caridade é o solo onde todos os dons florescem. Quanto mais amamos a Deus, mais sensíveis nos tornamos à ação do Espírito. As virtudes, por sua vez, afinam as potências da alma, tornando-a apta a receber as moções divinas. E a docilidade nos torna obedientes e atentos às inspirações discretas, porém poderosas, do Paráclito.

Além disso, é fundamental cultivar o recolhimento interior, a oração contínua e o exame de consciência. O dom da Ciência age muitas vezes no silêncio, quando a alma se recolhe para ouvir a voz de Deus e perceber o que, nas criaturas, é vaidade ou vestígio d’Ele.

Você também pode gostar de ler: Dom da Piedade

Como o Dom da Ciência age na vida do cristão?

O dom da Ciência se manifesta especialmente na capacidade de discernir o que, nas criaturas, conduz ou afasta de Deus. Ele purifica o olhar, retira as escamas da alma e mostra com clareza aquilo que é vaidade — ou seja, tudo aquilo que é passageiro e incapaz de satisfazer o coração humano.

Martínez afirma que o primeiro efeito do dom da Ciência é “nos revelar, de forma intuitiva e profunda, com uma convicção irresistível, a vaidade das coisas” (p. 216). Essa revelação leva à conversão do coração e à decisão de buscar, acima de tudo, as coisas eternas.

Na vida espiritual, fala-se até de uma “segunda conversão”, momento em que a alma, já convertida ao bem, é chamada por Deus a uma entrega mais radical. Essa nova etapa é favorecida pelo dom da Ciência, que reforça a convicção de que as coisas da Terra não podem preencher o coração, e impulsiona a alma a uma união mais estreita com Deus (p. 216).

Além disso, o dom da Ciência nos ensina o verdadeiro sentido da criação. Mostra que tudo o que foi criado é bom, mas precisa ser usado com retidão de intenção e subordinado ao amor de Deus. Assim, o cristão aprende a desfrutar das coisas sem se apegar a elas, a usá-las sem idolatrá-las, a ver Deus em tudo sem confundir as criaturas com o Criador.

Confira também: Dom do Conselho

A bem-aventurança correspondente: os que choram

Cada dom do Espírito Santo se relaciona com uma bem-aventurança. No caso do dom da Ciência, a bem-aventurança correspondente é: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mt 5,5).

Segundo Martínez, essa bem-aventurança “caracteriza-se pela luminosa explosão do dom de ciência” (p. 369). Trata-se das lágrimas espirituais que brotam do coração quando se compreende profundamente a vaidade do mundo e se volta com dor amorosa para Deus.

São lágrimas de arrependimento, mas também de gratidão. Lágrimas que purificam a alma e que, nas palavras de Santa Catarina de Sena, “lavram o campo do coração”. É a dor que antecede a consolação, o esvaziamento que prepara a plenitude, a cruz que leva à ressurreição.

Essa bem-aventurança mostra que o dom da Ciência não conduz ao pessimismo, mas à esperança. Ele não nos leva a desprezar o mundo por ódio, mas a relativizar o mundo por amor a Deus.

Considerações finais

O dom da Ciência nos permite olhar para o mundo com os olhos da fé, discernir o que é vaidade e o que é vestígio de Deus. É um dom que purifica, ilumina e transforma.

Em tempos de materialismo e superficialidade, este dom é urgente. Peçamos ao Espírito Santo que o reavive em nós, para que possamos chorar com os que choram, alegrar-nos com os que esperam, e caminhar com os olhos fixos no Céu.

Você também pode gostar de ler: Dom da Fortaleza

Referências

  1. MARTÍNEZ, Luis Maria. O Espírito Santo: seus dons, seus frutos, sua ação. Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2024[]
Redação MBC

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Entre os dons do Espírito Santo, o dom da Ciência ocupa um lugar especial por iluminar a mente do cristão sobre o verdadeiro valor das criaturas. Ao contrário da ciência humana, que se limita às causas imediatas e propriedades das coisas, o dom da Ciência revela, de forma sobrenatural, a vaidade do mundo e a presença divina que tudo sustenta. Por meio dele, a alma se desapega do efêmero e se eleva à contemplação do eterno.

A principal referência deste artigo é o livro O Espírito Santo: seus dons, seus frutos, sua ação 1

O que são os dons do Espírito Santo?

As Sagradas Escrituras, particularmente no livro do profeta Isaías, enumeram sete dons do Espírito Santo: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor do Senhor. Na teologia, esses “espíritos” mencionados por Isaías são denominados dons (MARTÍNEZ, 2024, p. 158).

Esses dons são, como diz Martínez, “receptores divinos, receptores prodigiosos para captar as inspirações do Espírito divino” (p. 149). São realidades sobrenaturais colocadas por Deus na alma, para que, além de receber a luz e os ensinamentos do Espírito Santo, possamos ser movidos por Suas moções divinas e realizar atos verdadeiramente celestes sob Sua influência.

Todos os que recebem a graça de Deus em suas almas possuem esses dons, pois os recebem no Batismo, juntamente com as virtudes e a própria graça santificante. Eles não são exclusivos dos santos, nem de almas altamente perfeitas: todos os batizados, enquanto em estado de graça, os possuem (MARTÍNEZ, 2024, p. 153).

Enquanto as virtudes são exercidas sob a direção da razão e trazem consigo um certo “selo humano”, os dons são movidos diretamente pelo Espírito Santo, carregando Seu selo sobre-humano. Assim, tornam-se instrumentos indispensáveis para a perfeição cristã e para a realização da obra santificadora do Espírito (MARTÍNEZ, 2024, p. 54-55).

Para saber mais, leia nosso artigo principal sobre os sete dons do Espírito Santo.

O que é o Dom do Espírito Santo: Ciência?

O dom da Ciência é uma graça especial do Espírito Santo que nos permite compreender o verdadeiro valor das criaturas. Não se trata de um conhecimento científico ou técnico, mas de uma intuição sobrenatural que nos revela duas verdades fundamentais: a vaidade do mundo e a presença de Deus em todas as coisas.

Como explica Martínez: “No mundo sobrenatural existe uma ciência mais profunda, vastíssima, que realiza descobertas maravilhosas: é o que a Escritura chama de ciência dos justos, ou, o que é o mesmo, ciência dos santos” (MARTÍNEZ, 2024, p. 211).

Diferente da ciência humana, que estuda as causas imediatas das coisas, o dom da Ciência nos leva a olhar para as criaturas como reflexos da bondade divina e como meios de nos elevarmos até Deus (p. 213). Ele nos dá uma visão penetrante e pura, na qual discernimos não apenas a beleza e a utilidade das criaturas, mas também sua limitação, sua finitude e sua vaidade.

Essa ciência divina é como um raio de luz que nos permite contemplar o mundo com olhos espirituais, vendo nas criaturas não o fim último, mas degraus luminosos para ascender ao Criador.

Confira também: Dom da Sabedoria

Como cultivar o Dom da Ciência?

Embora todos os cristãos batizados possuam o dom da Ciência, ele precisa ser cultivado para se desenvolver. Martínez aponta três caminhos principais para isso: aumentar a caridade, que é a raiz dos dons; praticar as virtudes, que preparam a alma; e ser dócil às inspirações do Espírito Santo (p. 154-157).

A caridade é o solo onde todos os dons florescem. Quanto mais amamos a Deus, mais sensíveis nos tornamos à ação do Espírito. As virtudes, por sua vez, afinam as potências da alma, tornando-a apta a receber as moções divinas. E a docilidade nos torna obedientes e atentos às inspirações discretas, porém poderosas, do Paráclito.

Além disso, é fundamental cultivar o recolhimento interior, a oração contínua e o exame de consciência. O dom da Ciência age muitas vezes no silêncio, quando a alma se recolhe para ouvir a voz de Deus e perceber o que, nas criaturas, é vaidade ou vestígio d’Ele.

Você também pode gostar de ler: Dom da Piedade

Como o Dom da Ciência age na vida do cristão?

O dom da Ciência se manifesta especialmente na capacidade de discernir o que, nas criaturas, conduz ou afasta de Deus. Ele purifica o olhar, retira as escamas da alma e mostra com clareza aquilo que é vaidade — ou seja, tudo aquilo que é passageiro e incapaz de satisfazer o coração humano.

Martínez afirma que o primeiro efeito do dom da Ciência é “nos revelar, de forma intuitiva e profunda, com uma convicção irresistível, a vaidade das coisas” (p. 216). Essa revelação leva à conversão do coração e à decisão de buscar, acima de tudo, as coisas eternas.

Na vida espiritual, fala-se até de uma “segunda conversão”, momento em que a alma, já convertida ao bem, é chamada por Deus a uma entrega mais radical. Essa nova etapa é favorecida pelo dom da Ciência, que reforça a convicção de que as coisas da Terra não podem preencher o coração, e impulsiona a alma a uma união mais estreita com Deus (p. 216).

Além disso, o dom da Ciência nos ensina o verdadeiro sentido da criação. Mostra que tudo o que foi criado é bom, mas precisa ser usado com retidão de intenção e subordinado ao amor de Deus. Assim, o cristão aprende a desfrutar das coisas sem se apegar a elas, a usá-las sem idolatrá-las, a ver Deus em tudo sem confundir as criaturas com o Criador.

Confira também: Dom do Conselho

A bem-aventurança correspondente: os que choram

Cada dom do Espírito Santo se relaciona com uma bem-aventurança. No caso do dom da Ciência, a bem-aventurança correspondente é: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mt 5,5).

Segundo Martínez, essa bem-aventurança “caracteriza-se pela luminosa explosão do dom de ciência” (p. 369). Trata-se das lágrimas espirituais que brotam do coração quando se compreende profundamente a vaidade do mundo e se volta com dor amorosa para Deus.

São lágrimas de arrependimento, mas também de gratidão. Lágrimas que purificam a alma e que, nas palavras de Santa Catarina de Sena, “lavram o campo do coração”. É a dor que antecede a consolação, o esvaziamento que prepara a plenitude, a cruz que leva à ressurreição.

Essa bem-aventurança mostra que o dom da Ciência não conduz ao pessimismo, mas à esperança. Ele não nos leva a desprezar o mundo por ódio, mas a relativizar o mundo por amor a Deus.

Considerações finais

O dom da Ciência nos permite olhar para o mundo com os olhos da fé, discernir o que é vaidade e o que é vestígio de Deus. É um dom que purifica, ilumina e transforma.

Em tempos de materialismo e superficialidade, este dom é urgente. Peçamos ao Espírito Santo que o reavive em nós, para que possamos chorar com os que choram, alegrar-nos com os que esperam, e caminhar com os olhos fixos no Céu.

Você também pode gostar de ler: Dom da Fortaleza

Referências

  1. MARTÍNEZ, Luis Maria. O Espírito Santo: seus dons, seus frutos, sua ação. Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2024[]

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