Espiritualidade, Formação

O que significa “Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”?

Descubra o que realmente significa rezar "assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido" e o que a Igreja ensina sobre este trecho.

O que significa “Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”?
Espiritualidade, Formação

O que significa “Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”?

Descubra o que realmente significa rezar "assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido" e o que a Igreja ensina sobre este trecho.

Data da Publicação: 18/08/2023
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 18/08/2023
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Descubra o que realmente significa rezar “assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” e o que a Igreja ensina sobre este trecho.

Muitas vezes, rezamos diariamente a oração que o próprio Jesus nos ensinou, o Pai Nosso. No entanto, não percebemos o profundo sentido que tais palavras carregam. Sabemos que não basta repetirmos as palavras, é preciso rezar com fé e colocar a oração em prática na vida cotidiana.

Neste artigo, abordaremos o trecho “Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, a fim de explorarmos o que a Igreja nos ensina sobre ele, bem como sobre a necessidade do perdão e como exercê-lo.

A oração do Pai Nosso

Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido é um trecho do Pai Nosso, aqui ilustrado por James Tissot.
Pai Nosso, James Tissot.


A Oração do Pai Nosso é uma das mais importantes e conhecidas orações da tradição cristã. Sua origem remonta às Sagradas Escrituras, sendo encontrada nos Evangelhos de Mateus e Lucas. No Evangelho de Mateus 1, Jesus a ensina como parte do Sermão da Montanha. Já no Evangelho de Lucas 2, ela é ensinada aos discípulos em resposta ao pedido de um deles para que Jesus os ensinasse a rezar.

Estruturada em sete petições, a oração inclui uma série de súplicas que abrangem as necessidades humanas e espirituais, refletindo sobre a relação do fiel com Deus e com o próximo. Inclusive, o teólogo e filósofo Santo Tomás de Aquino comenta que a Oração do Pai Nosso contém todos os requisitos essenciais para uma oração adequada.

Além disso, devido à sua importância e ao fato de ter sido ensinada pelo próprio Jesus Cristo, a Oração do Pai Nosso é conhecida também como “Oração Dominical” e “Oração do Senhor”.

Descubra mais sobre a oração do Pai Nosso e o comentário de Santo Tomás sobre ela.

Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido


“Jesus, que pede ao Pai para perdoar quantos O crucificam, convida-nos ao difícil gesto de rezar também por aqueles que são injustos para connosco, que nos prejudicaram, sabendo perdoar sempre, a fim de que a luz de Deus possa iluminar o seu coração; e convida-nos a viver, na nossa oração, a mesma atitude de misericórdia e de amor que Deus tem por nós: «Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido», recitamos diariamente no «Pai-Nosso».” 3

Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido exemplificado pelo perdão de São João Paulo II com aquele que tentou assassiná-lo.
São João Paulo II com o homem que tentou assassiná-lo.

Conheça também a primeira petição do Pai Nosso, por meio da qual declaramos que o nome de Deus é santo.

A necessidade do perdão


No Evangelho de São Mateus, após falar da oração do Pai Nosso, Jesus reforça a necessidade do perdão. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.” 4

Sendo assim, perdoar a quem nos ofende é a resposta do homem ao dom do perdão divino. Além disso, o perdão humano torna-se instrumento do perdão misericordioso de Deus e também uma condição para ele, pois rezamos “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.” Dessa forma, há uma coerência profunda entre o pedido de perdão que nós dirigimos a Deus e o perdão que nós devemos conceder aos nossos irmãos. Ao perdoar, contribuímos para que o Reino de Deus e a Sua Vontade se façam presentes em nossa vida terrena.

O perdão brota do amor de Deus e do amor a Deus. A necessidade de perdoar vem do amor a Deus e não do merecimento humano. A falta de disposição para perdoar revela, portanto, uma falha em nossa memória. Pois quando não perdoamos, esquecemos que, em primeiro lugar, Deus entregou o Seu Filho para morrer na cruz pelos nossos pecados — quando éramos seus inimigos. 5 Por isso, o perdão divino impõe para nós a necessidade de perdoar não só os nossos amigos, mas também os inimigos, assim como Ele fez.

O que a Igreja ensina sobre o trecho “Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”?


O perdão é um elemento central do ensinamento de Jesus Cristo. Ele nos exorta a sermos perfeitos como nosso Pai celeste é perfeito e a sermos misericordiosos como Ele é misericordioso. Por isso, o novo mandamento dado por Jesus é amar uns aos outros como Ele nos amou. 6

No entanto, o perdão genuíno não se trata apenas de imitar externamente o modelo divino, mas de uma participação vital, uma transformação interior. E essa mudança é operada pelo Espírito Santo em nós, fazendo com que nossos sentimentos e atitudes se assemelhem aos de Cristo. 6 Afinal, “não está no nosso poder deixar de sentir e esquecer a ofensa; mas o coração que se entrega ao Espírito Santo muda a ferida em compaixão e purifica a memória, transformando a ofensa em intercessão.” 7

A parábola do servo desapiedado 8, por exemplo, enfatiza a importância do perdão ao concluir que Deus nos perdoará na medida em que perdoarmos de coração nossos irmãos. 7 A oração do Senhor tem o seu ápice no perdão, portanto, inclui o perdão dos inimigos transfigurando o discípulo à imagem de Cristo. 9

Sendo assim, esse perdão deve ser ilimitado, assim como o perdão divino, uma vez que somos sempre devedores quando se trata de ofensas 10. Além disso, a Igreja enfatiza que o maior sacrifício agradável a Deus é que vivamos em paz uns com os outros. 10 O que só é possível através do perdão. 

“O Pai, que é Deus de perdão e de misericórdia, deseja agir precisamente neste espaço do perdão humano — deseja perdoar àqueles que são reciprocamente capazes de perdoar, àqueles que procuram pôr em prática aquelas palavras: “Perdoai-nos… como nós perdoamos”.” 11

Referências

  1. Mateus 6, 9-13[]
  2. Lucas 11, 1-4[]
  3. Papa Bento XVI, AUDIÊNCIA GERAL, 15 de fevereiro de 2012[]
  4. Mt 6, 14-15[]
  5. Rm 5, 10[]
  6. CIC 2842[][]
  7. CIC 2843[][]
  8. Mt 18, 23-35[]
  9. CIC 2844[]
  10. CIC 2845[][]
  11. São João Paulo II, AUDIÊNCIA GERAL, 21 de outubro de 1981[]
Redação MBC

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Descubra o que realmente significa rezar “assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” e o que a Igreja ensina sobre este trecho.

Muitas vezes, rezamos diariamente a oração que o próprio Jesus nos ensinou, o Pai Nosso. No entanto, não percebemos o profundo sentido que tais palavras carregam. Sabemos que não basta repetirmos as palavras, é preciso rezar com fé e colocar a oração em prática na vida cotidiana.

Neste artigo, abordaremos o trecho “Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, a fim de explorarmos o que a Igreja nos ensina sobre ele, bem como sobre a necessidade do perdão e como exercê-lo.

A oração do Pai Nosso

Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido é um trecho do Pai Nosso, aqui ilustrado por James Tissot.
Pai Nosso, James Tissot.


A Oração do Pai Nosso é uma das mais importantes e conhecidas orações da tradição cristã. Sua origem remonta às Sagradas Escrituras, sendo encontrada nos Evangelhos de Mateus e Lucas. No Evangelho de Mateus 1, Jesus a ensina como parte do Sermão da Montanha. Já no Evangelho de Lucas 2, ela é ensinada aos discípulos em resposta ao pedido de um deles para que Jesus os ensinasse a rezar.

Estruturada em sete petições, a oração inclui uma série de súplicas que abrangem as necessidades humanas e espirituais, refletindo sobre a relação do fiel com Deus e com o próximo. Inclusive, o teólogo e filósofo Santo Tomás de Aquino comenta que a Oração do Pai Nosso contém todos os requisitos essenciais para uma oração adequada.

Além disso, devido à sua importância e ao fato de ter sido ensinada pelo próprio Jesus Cristo, a Oração do Pai Nosso é conhecida também como “Oração Dominical” e “Oração do Senhor”.

Descubra mais sobre a oração do Pai Nosso e o comentário de Santo Tomás sobre ela.

Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido


“Jesus, que pede ao Pai para perdoar quantos O crucificam, convida-nos ao difícil gesto de rezar também por aqueles que são injustos para connosco, que nos prejudicaram, sabendo perdoar sempre, a fim de que a luz de Deus possa iluminar o seu coração; e convida-nos a viver, na nossa oração, a mesma atitude de misericórdia e de amor que Deus tem por nós: «Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido», recitamos diariamente no «Pai-Nosso».” 3

Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido exemplificado pelo perdão de São João Paulo II com aquele que tentou assassiná-lo.
São João Paulo II com o homem que tentou assassiná-lo.

Conheça também a primeira petição do Pai Nosso, por meio da qual declaramos que o nome de Deus é santo.

A necessidade do perdão


No Evangelho de São Mateus, após falar da oração do Pai Nosso, Jesus reforça a necessidade do perdão. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.” 4

Sendo assim, perdoar a quem nos ofende é a resposta do homem ao dom do perdão divino. Além disso, o perdão humano torna-se instrumento do perdão misericordioso de Deus e também uma condição para ele, pois rezamos “perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.” Dessa forma, há uma coerência profunda entre o pedido de perdão que nós dirigimos a Deus e o perdão que nós devemos conceder aos nossos irmãos. Ao perdoar, contribuímos para que o Reino de Deus e a Sua Vontade se façam presentes em nossa vida terrena.

O perdão brota do amor de Deus e do amor a Deus. A necessidade de perdoar vem do amor a Deus e não do merecimento humano. A falta de disposição para perdoar revela, portanto, uma falha em nossa memória. Pois quando não perdoamos, esquecemos que, em primeiro lugar, Deus entregou o Seu Filho para morrer na cruz pelos nossos pecados — quando éramos seus inimigos. 5 Por isso, o perdão divino impõe para nós a necessidade de perdoar não só os nossos amigos, mas também os inimigos, assim como Ele fez.

O que a Igreja ensina sobre o trecho “Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”?


O perdão é um elemento central do ensinamento de Jesus Cristo. Ele nos exorta a sermos perfeitos como nosso Pai celeste é perfeito e a sermos misericordiosos como Ele é misericordioso. Por isso, o novo mandamento dado por Jesus é amar uns aos outros como Ele nos amou. 6

No entanto, o perdão genuíno não se trata apenas de imitar externamente o modelo divino, mas de uma participação vital, uma transformação interior. E essa mudança é operada pelo Espírito Santo em nós, fazendo com que nossos sentimentos e atitudes se assemelhem aos de Cristo. 6 Afinal, “não está no nosso poder deixar de sentir e esquecer a ofensa; mas o coração que se entrega ao Espírito Santo muda a ferida em compaixão e purifica a memória, transformando a ofensa em intercessão.” 7

A parábola do servo desapiedado 8, por exemplo, enfatiza a importância do perdão ao concluir que Deus nos perdoará na medida em que perdoarmos de coração nossos irmãos. 7 A oração do Senhor tem o seu ápice no perdão, portanto, inclui o perdão dos inimigos transfigurando o discípulo à imagem de Cristo. 9

Sendo assim, esse perdão deve ser ilimitado, assim como o perdão divino, uma vez que somos sempre devedores quando se trata de ofensas 10. Além disso, a Igreja enfatiza que o maior sacrifício agradável a Deus é que vivamos em paz uns com os outros. 10 O que só é possível através do perdão. 

“O Pai, que é Deus de perdão e de misericórdia, deseja agir precisamente neste espaço do perdão humano — deseja perdoar àqueles que são reciprocamente capazes de perdoar, àqueles que procuram pôr em prática aquelas palavras: “Perdoai-nos… como nós perdoamos”.” 11

Referências

  1. Mateus 6, 9-13[]
  2. Lucas 11, 1-4[]
  3. Papa Bento XVI, AUDIÊNCIA GERAL, 15 de fevereiro de 2012[]
  4. Mt 6, 14-15[]
  5. Rm 5, 10[]
  6. CIC 2842[][]
  7. CIC 2843[][]
  8. Mt 18, 23-35[]
  9. CIC 2844[]
  10. CIC 2845[][]
  11. São João Paulo II, AUDIÊNCIA GERAL, 21 de outubro de 1981[]

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