Conheça a origem da oração do Pai Nosso, as diferenças entre as suas versões e por que é a oração mais importante.
Conheça a origem da oração do Pai Nosso, as diferenças entre as suas versões e por que é a oração mais importante.
Conheça a origem da oração do Pai Nosso, as diferenças entre as suas versões e por que é a oração mais importante.
“Senhor, ensina-nos a orar, como João Baptista também ensinou os seus discípulos” 1. Foi a partir deste pedido, de um de seus discípulos, que Jesus nos deixou a oração cristã fundamental: o Pai Nosso. 2.
Neste artigo, você vai conhecer a origem da oração do Pai Nosso e como está contido nela o resumo de todo o Evangelho. Além disso, passaremos brevemente por cada uma das sete petições dessa oração e veremos o que Santo Tomás comenta a respeito dela.
Em primeiro lugar, a oração do Pai Nosso tem a sua origem nas Sagradas Escrituras. Embora as palavras exatas possam variar nas versões de São Mateus e São Lucas, a estrutura geral da oração permanece consistente.
O Evangelho de São Mateus apresenta o Pai Nosso como parte do Sermão da Montanha 3 , no qual Jesus ensina seus discípulos sobre diversos aspectos da vida espiritual. Nesse sentido, Ele instrui seus discípulos sobre como orar de maneira significativa e autêntica — sem repetições vazias de sentido. “Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras.” 4
Já o Evangelho de São Lucas traz a Oração do Pai Nosso 5 em resposta a um pedido específico de um dos discípulos para que Jesus os ensinasse a rezar: “Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-lhe um de seus discípulos: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos.” 1
Sendo assim, Jesus não apenas revela a oração em si, mas também enfatiza a persistência na busca de Deus através da oração por meio de dois exemplos: o amigo à meia-noite 6 e o pai que dá coisas boas aos filhos 7. Tais exemplos demonstram a importância de perseverar na busca de Deus e de rezar com confiança, reconhecendo-o como um Pai amoroso e generoso.
A principal diferença entre a versão católica e a evangélica do Pai Nosso está na tradução da frase referente ao perdão. Os católicos rezam “Perdoai as nossas ofensas”, enquanto os evangélicos costumam rezar “Perdoai as nossas dívidas”.
A versão “perdoai as nossas dívidas” é baseada na tradução do Novo Testamento para o grego, especificamente na palavra “opheilema”, que pode ser traduzida tanto como “dívidas” quanto como “ofensas” ou “pecados”. Essa interpretação enfatiza a ideia de que somos devedores perante Deus e precisamos de seu perdão.
Por outro lado, a versão “perdoai as nossas ofensas” baseia-se em uma interpretação mais ampla do termo grego “opheilema”, que também pode ser traduzido como “ofensas”, “pecados” ou “culpas”. Nesse contexto, a palavra “ofensas” engloba tanto as dívidas espirituais quanto as transgressões e faltas cometidas contra Deus e contra os outros.
Além disso, alguns grupos evangélicos acrescentam um trecho final à oração, conhecido como doxologia, que diz: “Porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém”. Ela é frequentemente recitada após a frase “mas livra-nos do mal”.
De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, a oração do Pai Nosso é considerada “o resumo de todo o Evangelho” 8. Santo Agostinho afirmou que todas as orações presentes na Sagrada Escritura estão incluídas e resumidas nessa oração dominical 9.
A oração do Pai Nosso é conhecida como “oração dominical” ou “oração do Senhor”, pois foi ensinada e legada por Jesus Cristo aos Seus discípulos 10. Jesus, como Filho Único de Deus, dá as palavras que o Pai lhe deu. Ele é o mestre da nossa oração e, como Verbo Encarnado, conhece as necessidades de seus irmãos, servindo como modelo perfeito de oração.
No entanto, Jesus não nos deixou uma fórmula para ser repetida mecanicamente. 11Ele nos oferece as palavras fundamentais, mas é o Espírito Santo que dá vida e sentido a essas palavras em nossos corações. 11. É por meio da Palavra de Deus que o Espírito Santo nos ensina a rezar ao Pai, tornando nossa oração uma expressão viva e íntima dos nossos desejos 11.
A oração do Pai Nosso está, portanto, enraizada na oração litúrgica da Igreja e é rezada desde os primeiros tempos da comunidade cristã 12. Ela faz parte das principais horas do Ofício Divino e é rezada em conjunto pelos fiéis, demonstrando a dimensão eclesial dessa prece 13. Essa natureza eclesial se sobressai especialmente nos três sacramentos da iniciação cristã: Batismo, Confirmação e Eucaristia.
Nos sacramentos do Batismo e da Confirmação, a entrega da oração do Pai Nosso simboliza o novo nascimento para a vida divina 14. Através desses sacramentos, somos regenerados pela Palavra de Deus e aprendemos a invocar o Pai com a única palavra que Ele sempre ouve 14.
Já na liturgia eucarística, a oração do Senhor se manifesta como a oração de toda a Igreja 15. Ela recapitula as petições e intercessões presentes na oração eucarística, antecipando o festim do Reino que a Comunhão sacramental celebra 15.
Por fim, na Eucaristia, a oração do Senhor assume um caráter escatológico, relacionado aos tempos finais e à salvação que se iniciou com o derramamento do Espírito Santo e se concluirá com a volta de Jesus. Nossos pedidos ao Pai, ao contrário das orações da Antiga Aliança, são embasados no mistério da salvação já plenamente realizado em Cristo, que foi crucificado e ressuscitou. 16
Em suma, a oração resume todo o evangelho, pois nela encontramos os ensinamentos centrais de Jesus sobre como nos relacionarmos com Deus e com os outros. Cada petição da oração reflete valores fundamentais, como a busca pela vontade de Deus, o perdão mútuo, a confiança em Sua providência e a esperança na vinda do Seu Reino.
Na primeira petição do Pai Nosso, “Santificado seja o vosso nome”, reconhecemos a santidade do nome de Deus e damos glória a Ele. Afinal, nascemos para conhecer e amar a Deus, 17 portanto, dar glória a Ele é corresponder a tal chamado.
No segundo pedido do Pai Nosso “Venha a nós o vosso Reino”, desejamos que o Reino de Deus se manifeste em nós e no mundo. Por isso, buscamos viver segundo os valores desse Reino e, assim, desejamos participar da glória celeste com Cristo.
Em seguida, “Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”, reconhecemos que a vontade de Deus já é feita no Céu. Em Jesus, a vontade do Pai se cumpriu perfeitamente. Pela oração e pela comunhão da Igreja buscamos os meios para discernir e cumprir a vontade divina nesta vida terrena também.
Ao rezarmos “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”, devemos lembrar que nosso verdadeiro alimento espiritual é a Eucaristia e que também nos alimentamos da Palavra de Deus. Além disso, reconhecemos que Deus é o provedor de nossas necessidades materiais e espirituais. O que nos impele a compartilhar nossos bens com os necessitados.
Na quinta petição, pedimos a Deus que nos perdoe como perdoamos aqueles que nos ofendem. Dessa forma, admitimos a nossa própria necessidade de perdão e, ao mesmo tempo, o compromisso de perdoar os outros — seja quem for, “[…] perdoai, e sereis perdoados” 18.
No sexto pedido, “Não nos deixeis cair em tentação”, reconhecemos a fragilidade humana diante da tentação e pedimos ao Espírito Santo discernimento e fortaleza. Pedimos a Deus que nos livre do caminho que leva ao pecado e nos fortaleça para resistir à tentação.
Por fim, na sétima petição, pedimos a Deus para nos livrar do mal, especialmente do poder de Satanás. Sabemos do papel do Maligno na introdução do pecado e da morte no mundo, mas confiamos na vitória de Cristo sobre ele. Imploramos pela paz em nossos dias e aguardamos a gloriosa vinda de Jesus Cristo, nosso Salvador.
A oração do Pai Nosso é considerada a mais importante entre todas as orações, pois contém cinco virtudes fundamentais para que uma oração seja adequada, de acordo com o Santo e filósofo Tomás de Aquino. Dessa forma, uma oração deve ser segura, correta, ordenada, devota e humilde.
Em primeiro lugar, a oração do Pai Nosso é segura, pois permite que nos aproximemos do trono da graça com confiança. Ela foi formulada pelo próprio Cristo, nosso advogado perfeito. É uma súplica amigável e devota por meio da qual dizemos a Deus as nossas necessidades. Além disso, quem nos ouve em oração é aquele que nos ensinou a rezar, e nunca fazemos essa oração sem obter fruto.
Em seguida, para que uma oração seja correta, devemos pedir a Deus o que é apropriado e alinhado com Sua vontade. Muitas vezes, podemos nos equivocar ao fazer pedidos que não são adequados para nós ou para os outros. No entanto, o Pai Nosso nos orienta a pedir de forma correta, pois foi ensinado pelo próprio Jesus Cristo. Ao seguir essa oração perfeita, asseguramo-nos de que nossos pedidos estejam em conformidade com a vontade divina.
A terceira virtude da oração adequada, de acordo com Santo Tomás de Aquino, é a ordem. Ela consiste em preferir o que é espiritual e celestial ao que é carnal e terreno, tanto em nossos desejos quanto em nossos pedidos. Sendo assim, a oração do Pai Nosso nos ensina essa ordem em sua estrutura, na qual primeiro pedimos pelas realidades celestiais e, em seguida, pelas necessidades terrenas.
A devoção é outra virtude essencial na oração. Ela envolve um fervor interior, uma entrega sincera e amorosa a Deus. A oração deve ser marcada por essa intenção sincera, e não pela quantidade de palavras. Dessa forma, a oração ensinada pelo próprio Jesus é breve, mas cheia de sentido e caridade. A devoção surge da caridade, expressa não só no amor a Deus — quando O chamamos de Pai —, mas também no amor ao próximo, demonstrado na oração eclesial e no perdão mútuo. E tudo isso está presente na oração dominical.
Por fim, a virtude da humildade é fundamental para que uma oração seja adequada e ela está presente na oração do Pai Nosso. As Escrituras nos ensinam que Deus atende à oração dos humildes — a história do fariseu e do publicano, por exemplo, mostra-nos a importância dessa postura humilde diante de Deus. A oração do Pai Nosso reflete essa humildade, pois verdadeiramente humilde é aquele que não presume nada de suas próprias forças, mas confia plenamente na virtude divina para alcançar aquilo que necessita.
A humildade é a principal arma para vencer a soberba: saiba mais neste artigo!
A oração do Pai Nosso, de acordo com Santo Tomás de Aquino, produz três efeitos benéficos. Em primeiro lugar, a oração é um remédio eficaz contra diversos males. Ela nos liberta do pecado já cometido; exemplos bíblicos como o ladrão na cruz e o publicano mostram como a oração conduz ao perdão e à justificação. Além disso, a oração nos liberta do medo dos pecados futuros, das tribulações e das tristezas. Ela também nos protege das perseguições e dos inimigos.
Em seguida, a oração é eficaz para alcançar todos os desejos. Jesus nos ensinou que tudo o que pedirmos com fé receberemos. No entanto, se não somos ouvidos, é porque não pedimos com insistência ou porque não pedimos o que é mais útil para nossa salvação. Lembra-nos Santo Agostinho que o Senhor é bom, pois Ele muitas vezes não concede o que queremos, mas sim o que realmente precisamos. Paulo, por exemplo, pediu três vezes para ser libertado de um espinho na carne, e não foi atendido.
Por fim, a oração é útil porque nos torna íntimos de Deus. Ela nos aproxima da presença divina e estabelece uma relação de intimidade com o Pai: “Suba minha oração como incenso à tua presença” 19. Ao nos dirigirmos a Deus como Pai na oração do Pai Nosso, expressamos essa proximidade e comunhão com Ele.
Pai Nosso que estais nos céus,
santificado seja o vosso Nome,
venha a nós o vosso Reino,
seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do Mal.
Para conhecer melhor o sentido das frases do Pai Nosso, consulte:
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Conheça a origem da oração do Pai Nosso, as diferenças entre as suas versões e por que é a oração mais importante.
“Senhor, ensina-nos a orar, como João Baptista também ensinou os seus discípulos” 1. Foi a partir deste pedido, de um de seus discípulos, que Jesus nos deixou a oração cristã fundamental: o Pai Nosso. 2.
Neste artigo, você vai conhecer a origem da oração do Pai Nosso e como está contido nela o resumo de todo o Evangelho. Além disso, passaremos brevemente por cada uma das sete petições dessa oração e veremos o que Santo Tomás comenta a respeito dela.
Em primeiro lugar, a oração do Pai Nosso tem a sua origem nas Sagradas Escrituras. Embora as palavras exatas possam variar nas versões de São Mateus e São Lucas, a estrutura geral da oração permanece consistente.
O Evangelho de São Mateus apresenta o Pai Nosso como parte do Sermão da Montanha 3 , no qual Jesus ensina seus discípulos sobre diversos aspectos da vida espiritual. Nesse sentido, Ele instrui seus discípulos sobre como orar de maneira significativa e autêntica — sem repetições vazias de sentido. “Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras.” 4
Já o Evangelho de São Lucas traz a Oração do Pai Nosso 5 em resposta a um pedido específico de um dos discípulos para que Jesus os ensinasse a rezar: “Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-lhe um de seus discípulos: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos.” 1
Sendo assim, Jesus não apenas revela a oração em si, mas também enfatiza a persistência na busca de Deus através da oração por meio de dois exemplos: o amigo à meia-noite 6 e o pai que dá coisas boas aos filhos 7. Tais exemplos demonstram a importância de perseverar na busca de Deus e de rezar com confiança, reconhecendo-o como um Pai amoroso e generoso.
A principal diferença entre a versão católica e a evangélica do Pai Nosso está na tradução da frase referente ao perdão. Os católicos rezam “Perdoai as nossas ofensas”, enquanto os evangélicos costumam rezar “Perdoai as nossas dívidas”.
A versão “perdoai as nossas dívidas” é baseada na tradução do Novo Testamento para o grego, especificamente na palavra “opheilema”, que pode ser traduzida tanto como “dívidas” quanto como “ofensas” ou “pecados”. Essa interpretação enfatiza a ideia de que somos devedores perante Deus e precisamos de seu perdão.
Por outro lado, a versão “perdoai as nossas ofensas” baseia-se em uma interpretação mais ampla do termo grego “opheilema”, que também pode ser traduzido como “ofensas”, “pecados” ou “culpas”. Nesse contexto, a palavra “ofensas” engloba tanto as dívidas espirituais quanto as transgressões e faltas cometidas contra Deus e contra os outros.
Além disso, alguns grupos evangélicos acrescentam um trecho final à oração, conhecido como doxologia, que diz: “Porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém”. Ela é frequentemente recitada após a frase “mas livra-nos do mal”.
De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, a oração do Pai Nosso é considerada “o resumo de todo o Evangelho” 8. Santo Agostinho afirmou que todas as orações presentes na Sagrada Escritura estão incluídas e resumidas nessa oração dominical 9.
A oração do Pai Nosso é conhecida como “oração dominical” ou “oração do Senhor”, pois foi ensinada e legada por Jesus Cristo aos Seus discípulos 10. Jesus, como Filho Único de Deus, dá as palavras que o Pai lhe deu. Ele é o mestre da nossa oração e, como Verbo Encarnado, conhece as necessidades de seus irmãos, servindo como modelo perfeito de oração.
No entanto, Jesus não nos deixou uma fórmula para ser repetida mecanicamente. 11Ele nos oferece as palavras fundamentais, mas é o Espírito Santo que dá vida e sentido a essas palavras em nossos corações. 11. É por meio da Palavra de Deus que o Espírito Santo nos ensina a rezar ao Pai, tornando nossa oração uma expressão viva e íntima dos nossos desejos 11.
A oração do Pai Nosso está, portanto, enraizada na oração litúrgica da Igreja e é rezada desde os primeiros tempos da comunidade cristã 12. Ela faz parte das principais horas do Ofício Divino e é rezada em conjunto pelos fiéis, demonstrando a dimensão eclesial dessa prece 13. Essa natureza eclesial se sobressai especialmente nos três sacramentos da iniciação cristã: Batismo, Confirmação e Eucaristia.
Nos sacramentos do Batismo e da Confirmação, a entrega da oração do Pai Nosso simboliza o novo nascimento para a vida divina 14. Através desses sacramentos, somos regenerados pela Palavra de Deus e aprendemos a invocar o Pai com a única palavra que Ele sempre ouve 14.
Já na liturgia eucarística, a oração do Senhor se manifesta como a oração de toda a Igreja 15. Ela recapitula as petições e intercessões presentes na oração eucarística, antecipando o festim do Reino que a Comunhão sacramental celebra 15.
Por fim, na Eucaristia, a oração do Senhor assume um caráter escatológico, relacionado aos tempos finais e à salvação que se iniciou com o derramamento do Espírito Santo e se concluirá com a volta de Jesus. Nossos pedidos ao Pai, ao contrário das orações da Antiga Aliança, são embasados no mistério da salvação já plenamente realizado em Cristo, que foi crucificado e ressuscitou. 16
Em suma, a oração resume todo o evangelho, pois nela encontramos os ensinamentos centrais de Jesus sobre como nos relacionarmos com Deus e com os outros. Cada petição da oração reflete valores fundamentais, como a busca pela vontade de Deus, o perdão mútuo, a confiança em Sua providência e a esperança na vinda do Seu Reino.
Na primeira petição do Pai Nosso, “Santificado seja o vosso nome”, reconhecemos a santidade do nome de Deus e damos glória a Ele. Afinal, nascemos para conhecer e amar a Deus, 17 portanto, dar glória a Ele é corresponder a tal chamado.
No segundo pedido do Pai Nosso “Venha a nós o vosso Reino”, desejamos que o Reino de Deus se manifeste em nós e no mundo. Por isso, buscamos viver segundo os valores desse Reino e, assim, desejamos participar da glória celeste com Cristo.
Em seguida, “Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”, reconhecemos que a vontade de Deus já é feita no Céu. Em Jesus, a vontade do Pai se cumpriu perfeitamente. Pela oração e pela comunhão da Igreja buscamos os meios para discernir e cumprir a vontade divina nesta vida terrena também.
Ao rezarmos “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”, devemos lembrar que nosso verdadeiro alimento espiritual é a Eucaristia e que também nos alimentamos da Palavra de Deus. Além disso, reconhecemos que Deus é o provedor de nossas necessidades materiais e espirituais. O que nos impele a compartilhar nossos bens com os necessitados.
Na quinta petição, pedimos a Deus que nos perdoe como perdoamos aqueles que nos ofendem. Dessa forma, admitimos a nossa própria necessidade de perdão e, ao mesmo tempo, o compromisso de perdoar os outros — seja quem for, “[…] perdoai, e sereis perdoados” 18.
No sexto pedido, “Não nos deixeis cair em tentação”, reconhecemos a fragilidade humana diante da tentação e pedimos ao Espírito Santo discernimento e fortaleza. Pedimos a Deus que nos livre do caminho que leva ao pecado e nos fortaleça para resistir à tentação.
Por fim, na sétima petição, pedimos a Deus para nos livrar do mal, especialmente do poder de Satanás. Sabemos do papel do Maligno na introdução do pecado e da morte no mundo, mas confiamos na vitória de Cristo sobre ele. Imploramos pela paz em nossos dias e aguardamos a gloriosa vinda de Jesus Cristo, nosso Salvador.
A oração do Pai Nosso é considerada a mais importante entre todas as orações, pois contém cinco virtudes fundamentais para que uma oração seja adequada, de acordo com o Santo e filósofo Tomás de Aquino. Dessa forma, uma oração deve ser segura, correta, ordenada, devota e humilde.
Em primeiro lugar, a oração do Pai Nosso é segura, pois permite que nos aproximemos do trono da graça com confiança. Ela foi formulada pelo próprio Cristo, nosso advogado perfeito. É uma súplica amigável e devota por meio da qual dizemos a Deus as nossas necessidades. Além disso, quem nos ouve em oração é aquele que nos ensinou a rezar, e nunca fazemos essa oração sem obter fruto.
Em seguida, para que uma oração seja correta, devemos pedir a Deus o que é apropriado e alinhado com Sua vontade. Muitas vezes, podemos nos equivocar ao fazer pedidos que não são adequados para nós ou para os outros. No entanto, o Pai Nosso nos orienta a pedir de forma correta, pois foi ensinado pelo próprio Jesus Cristo. Ao seguir essa oração perfeita, asseguramo-nos de que nossos pedidos estejam em conformidade com a vontade divina.
A terceira virtude da oração adequada, de acordo com Santo Tomás de Aquino, é a ordem. Ela consiste em preferir o que é espiritual e celestial ao que é carnal e terreno, tanto em nossos desejos quanto em nossos pedidos. Sendo assim, a oração do Pai Nosso nos ensina essa ordem em sua estrutura, na qual primeiro pedimos pelas realidades celestiais e, em seguida, pelas necessidades terrenas.
A devoção é outra virtude essencial na oração. Ela envolve um fervor interior, uma entrega sincera e amorosa a Deus. A oração deve ser marcada por essa intenção sincera, e não pela quantidade de palavras. Dessa forma, a oração ensinada pelo próprio Jesus é breve, mas cheia de sentido e caridade. A devoção surge da caridade, expressa não só no amor a Deus — quando O chamamos de Pai —, mas também no amor ao próximo, demonstrado na oração eclesial e no perdão mútuo. E tudo isso está presente na oração dominical.
Por fim, a virtude da humildade é fundamental para que uma oração seja adequada e ela está presente na oração do Pai Nosso. As Escrituras nos ensinam que Deus atende à oração dos humildes — a história do fariseu e do publicano, por exemplo, mostra-nos a importância dessa postura humilde diante de Deus. A oração do Pai Nosso reflete essa humildade, pois verdadeiramente humilde é aquele que não presume nada de suas próprias forças, mas confia plenamente na virtude divina para alcançar aquilo que necessita.
A humildade é a principal arma para vencer a soberba: saiba mais neste artigo!
A oração do Pai Nosso, de acordo com Santo Tomás de Aquino, produz três efeitos benéficos. Em primeiro lugar, a oração é um remédio eficaz contra diversos males. Ela nos liberta do pecado já cometido; exemplos bíblicos como o ladrão na cruz e o publicano mostram como a oração conduz ao perdão e à justificação. Além disso, a oração nos liberta do medo dos pecados futuros, das tribulações e das tristezas. Ela também nos protege das perseguições e dos inimigos.
Em seguida, a oração é eficaz para alcançar todos os desejos. Jesus nos ensinou que tudo o que pedirmos com fé receberemos. No entanto, se não somos ouvidos, é porque não pedimos com insistência ou porque não pedimos o que é mais útil para nossa salvação. Lembra-nos Santo Agostinho que o Senhor é bom, pois Ele muitas vezes não concede o que queremos, mas sim o que realmente precisamos. Paulo, por exemplo, pediu três vezes para ser libertado de um espinho na carne, e não foi atendido.
Por fim, a oração é útil porque nos torna íntimos de Deus. Ela nos aproxima da presença divina e estabelece uma relação de intimidade com o Pai: “Suba minha oração como incenso à tua presença” 19. Ao nos dirigirmos a Deus como Pai na oração do Pai Nosso, expressamos essa proximidade e comunhão com Ele.
Pai Nosso que estais nos céus,
santificado seja o vosso Nome,
venha a nós o vosso Reino,
seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do Mal.
Para conhecer melhor o sentido das frases do Pai Nosso, consulte: