Formação

Dom do Temor de Deus: o que é, importância e como vivê-lo

Descubra o que é o dom do temor de Deus, sua importância na vida espiritual e como cultivá-lo para crescer na intimidade com o Espírito Santo.

Dom do Temor de Deus: o que é, importância e como vivê-lo
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Dom do Temor de Deus: o que é, importância e como vivê-lo

Descubra o que é o dom do temor de Deus, sua importância na vida espiritual e como cultivá-lo para crescer na intimidade com o Espírito Santo.

Data da Publicação: 03/06/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 03/06/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Entre os sete dons do Espírito Santo, o dom do Temor de Deus é frequentemente colocado como o primeiro passo na ascensão espiritual. Ele é o princípio da sabedoria, a raiz da humildade, o início da verdadeira vida cristã. Embora seja o último na hierarquia apresentada por Isaías, é a base sobre a qual os demais dons se edificam, despertando na alma um profundo horror ao pecado e um amor reverente a Deus.

A principal referência deste artigo é o livro O Espírito Santo: seus dons, seus frutos, sua ação. 1

O que são os dons do Espírito Santo?

As Sagradas Escrituras, particularmente no livro do profeta Isaías, enumeram sete dons do Espírito Santo: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor do Senhor. Na teologia, esses “espíritos” mencionados por Isaías são denominados dons 2.

Esses dons são realidades sobrenaturais colocadas por Deus na alma, para que possamos receber as inspirações do Espírito Santo e realizar atos verdadeiramente celestes. São como instrumentos do próprio Espírito para nos mover segundo a Sua vontade.

Todos os que vivem em estado de graça os possuem desde o Batismo. Não são privilégio de almas elevadas, mas presentes permanentes para todos os batizados.

Ao contrário das virtudes, que agem sob a razão, os dons atuam sob o impulso direto do Espírito Santo. São indispensáveis para a perfeição cristã e para nossa salvação.

Para saber mais, leia nosso artigo principal sobre Os sete dons do Espírito Santo.

O que é o Dom do Espírito Santo: Temor de Deus?

O dom do Temor de Deus é um temor filial, nobre, que brota do amor. Ele nos leva a evitar não apenas o pecado, mas tudo o que possa nos afastar de Deus. Não se trata de medo servil, mas de um profundo respeito e reverência ao Criador, que habita em nós pela graça.

À primeira vista, pode parecer estranho que um dom do Espírito seja justamente o temor. Afinal, não diz a Escritura que o amor perfeito lança fora o temor? 3. Contudo, é essencial distinguir o temor servil — aquele motivado apenas pelo medo da punição — do temor filial, que nasce do amor e do desejo de não se afastar de Deus (MARTÍNEZ, 2024, p. 196).

Esse temor, nascido do amor, é o início da sabedoria 4. Ele se opõe às inclinações desordenadas, ajudando a alma a resistir à atração das criaturas e a manter-se fiel a Deus.

Martínez descreve com beleza: “O Espírito Santo nos une a si de tal forma que nos infunde um horror instintivo, profundo e eficacíssimo de nos afastarmos de Deus, levando-nos a proclamar: ‘Tudo, menos nos afastarmos dele; tudo, menos perder nossa união íntima com o ser amado!’” 5.

Confira também: Dom da Sabedoria

O dom de Temor de Deus como base da vida espiritual

Este dom ocupa a posição mais baixa na hierarquia dos dons, mas é precisamente por isso que forma sua base. Ele atua sobre a parte inferior do nosso ser, moderando nossos apetites sensíveis e concupiscência 6.

A função desse dom é moderar os impulsos desordenados da alma, especialmente os que nos ligam demasiadamente às coisas criadas. Com isso, ele prepara a alma para que o Espírito Santo possa infundir os demais dons.

Ao lado do dom de fortaleza, é um dos dois que agem nessa esfera inferior da alma, sendo o temor responsável por regrar os afetos e abrir espaço para uma ordem interior guiada pelo Espírito 7.

Como cultivar o Dom do Temor de Deus?

Embora todos os batizados possuam esse dom, ele precisa ser cultivado para frutificar. Aumentar a caridade, praticar as virtudes e estar atento às moções do Espírito são os meios indicados por Martínez.

É especialmente importante cultivar a humildade e a reverência diante de tudo o que é sagrado. O dom do temor nos leva a tratar as coisas santas com profundo respeito, a fugir da irreverência e da indiferença, e a manter o coração continuamente voltado para Deus.

Este dom se relaciona de forma especial com a virtude da esperança, pois ao afastar-nos das criaturas e despertar o senso de nossa pequenez, abre-nos à confiança filial e ao desejo dos bens celestes 8.

Você também pode gostar de ler: Dom da Piedade

Como o Dom do Temor de Deus age na vida do cristão?

Primeiro grau: horror ao pecado

Neste estágio inicial, a alma passa a evitar o pecado por amor a Deus, desenvolvendo uma aversão espontânea a tudo o que possa ofender ao Senhor. Trata-se de uma reação rápida e instintiva diante do mal, como quando nos afastamos prontamente de uma tentação — impulso esse atribuído ao Espírito Santo.

Segundo grau: reverência amorosa

A alma passa a cultivar uma reverência profunda pelas coisas santas e um desejo sincero de não ofender a Deus em nada. Essa reverência estende-se a pequenos detalhes da vida cotidiana, moldando a conduta e a postura interior com um espírito de adoração e piedade.

Terceiro grau: desapego espiritual

Aqui, o dom leva a alma a um total desprendimento dos bens terrenos. O cristão sente-se interiormente livre, desapegado das vaidades do mundo, vivendo com simplicidade e olhando para Deus como seu único tesouro. Esse é o espírito da pobreza evangélica, que conduz à verdadeira liberdade interior 9.

Confira também: Dom do Conselho

A bem-aventurança correspondente: os pobres de espírito

Ao dom do Temor de Deus corresponde a bem-aventurança: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus” 10.

Martínez explica que esta bem-aventurança nasce do dom do temor, pois este nos leva ao desprendimento total e voluntário dos bens e das honrarias do mundo. Santo Tomás a relaciona à virtude da esperança, pois nos desapegamos das coisas passageiras ao confiar plenamente nas promessas eternas de Deus 8.

Essa pobreza de espírito é o início da obra santificadora da caridade. Quebra a casca dura da alma, desapega o coração das coisas passageiras e o abre ao influxo divino.

Você também pode gostar de ler: Dom da Fortaleza

Considerações finais

O dom do Temor de Deus é o fundamento da vida espiritual. Ele nos introduz na presença divina, purifica o coração e nos leva à vigilância constante contra o pecado.

Em tempos de irreverência e indiferença religiosa, esse dom se torna ainda mais necessário. Peçamos ao Espírito Santo que o reavive em nós, para que caminhemos com temor filial, amor confiante e olhos fixos no Céu.

Você também pode gostar de ler: Dom da Ciência

Referências

  1. MARTÍNEZ, Luis Maria. O Espírito Santo: seus dons, seus frutos, sua ação. Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2024[]
  2. MARTÍNEZ, 2024, p. 158[]
  3. cf. 1Jo 4,18[]
  4. cf. Pr 1,7[]
  5. MARTÍNEZ, 2024, p. 197[]
  6. MARTÍNEZ, 2024, p. 160[]
  7. MARTÍNEZ, 2024, p. 191[]
  8. MARTÍNEZ, 2024, p. 362[][]
  9. MARTÍNEZ, 2024, p. 203[]
  10. Mt 5,3[]
Redação MBC

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Entre os sete dons do Espírito Santo, o dom do Temor de Deus é frequentemente colocado como o primeiro passo na ascensão espiritual. Ele é o princípio da sabedoria, a raiz da humildade, o início da verdadeira vida cristã. Embora seja o último na hierarquia apresentada por Isaías, é a base sobre a qual os demais dons se edificam, despertando na alma um profundo horror ao pecado e um amor reverente a Deus.

A principal referência deste artigo é o livro O Espírito Santo: seus dons, seus frutos, sua ação. 1

O que são os dons do Espírito Santo?

As Sagradas Escrituras, particularmente no livro do profeta Isaías, enumeram sete dons do Espírito Santo: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor do Senhor. Na teologia, esses “espíritos” mencionados por Isaías são denominados dons 2.

Esses dons são realidades sobrenaturais colocadas por Deus na alma, para que possamos receber as inspirações do Espírito Santo e realizar atos verdadeiramente celestes. São como instrumentos do próprio Espírito para nos mover segundo a Sua vontade.

Todos os que vivem em estado de graça os possuem desde o Batismo. Não são privilégio de almas elevadas, mas presentes permanentes para todos os batizados.

Ao contrário das virtudes, que agem sob a razão, os dons atuam sob o impulso direto do Espírito Santo. São indispensáveis para a perfeição cristã e para nossa salvação.

Para saber mais, leia nosso artigo principal sobre Os sete dons do Espírito Santo.

O que é o Dom do Espírito Santo: Temor de Deus?

O dom do Temor de Deus é um temor filial, nobre, que brota do amor. Ele nos leva a evitar não apenas o pecado, mas tudo o que possa nos afastar de Deus. Não se trata de medo servil, mas de um profundo respeito e reverência ao Criador, que habita em nós pela graça.

À primeira vista, pode parecer estranho que um dom do Espírito seja justamente o temor. Afinal, não diz a Escritura que o amor perfeito lança fora o temor? 3. Contudo, é essencial distinguir o temor servil — aquele motivado apenas pelo medo da punição — do temor filial, que nasce do amor e do desejo de não se afastar de Deus (MARTÍNEZ, 2024, p. 196).

Esse temor, nascido do amor, é o início da sabedoria 4. Ele se opõe às inclinações desordenadas, ajudando a alma a resistir à atração das criaturas e a manter-se fiel a Deus.

Martínez descreve com beleza: “O Espírito Santo nos une a si de tal forma que nos infunde um horror instintivo, profundo e eficacíssimo de nos afastarmos de Deus, levando-nos a proclamar: ‘Tudo, menos nos afastarmos dele; tudo, menos perder nossa união íntima com o ser amado!’” 5.

Confira também: Dom da Sabedoria

O dom de Temor de Deus como base da vida espiritual

Este dom ocupa a posição mais baixa na hierarquia dos dons, mas é precisamente por isso que forma sua base. Ele atua sobre a parte inferior do nosso ser, moderando nossos apetites sensíveis e concupiscência 6.

A função desse dom é moderar os impulsos desordenados da alma, especialmente os que nos ligam demasiadamente às coisas criadas. Com isso, ele prepara a alma para que o Espírito Santo possa infundir os demais dons.

Ao lado do dom de fortaleza, é um dos dois que agem nessa esfera inferior da alma, sendo o temor responsável por regrar os afetos e abrir espaço para uma ordem interior guiada pelo Espírito 7.

Como cultivar o Dom do Temor de Deus?

Embora todos os batizados possuam esse dom, ele precisa ser cultivado para frutificar. Aumentar a caridade, praticar as virtudes e estar atento às moções do Espírito são os meios indicados por Martínez.

É especialmente importante cultivar a humildade e a reverência diante de tudo o que é sagrado. O dom do temor nos leva a tratar as coisas santas com profundo respeito, a fugir da irreverência e da indiferença, e a manter o coração continuamente voltado para Deus.

Este dom se relaciona de forma especial com a virtude da esperança, pois ao afastar-nos das criaturas e despertar o senso de nossa pequenez, abre-nos à confiança filial e ao desejo dos bens celestes 8.

Você também pode gostar de ler: Dom da Piedade

Como o Dom do Temor de Deus age na vida do cristão?

Primeiro grau: horror ao pecado

Neste estágio inicial, a alma passa a evitar o pecado por amor a Deus, desenvolvendo uma aversão espontânea a tudo o que possa ofender ao Senhor. Trata-se de uma reação rápida e instintiva diante do mal, como quando nos afastamos prontamente de uma tentação — impulso esse atribuído ao Espírito Santo.

Segundo grau: reverência amorosa

A alma passa a cultivar uma reverência profunda pelas coisas santas e um desejo sincero de não ofender a Deus em nada. Essa reverência estende-se a pequenos detalhes da vida cotidiana, moldando a conduta e a postura interior com um espírito de adoração e piedade.

Terceiro grau: desapego espiritual

Aqui, o dom leva a alma a um total desprendimento dos bens terrenos. O cristão sente-se interiormente livre, desapegado das vaidades do mundo, vivendo com simplicidade e olhando para Deus como seu único tesouro. Esse é o espírito da pobreza evangélica, que conduz à verdadeira liberdade interior 9.

Confira também: Dom do Conselho

A bem-aventurança correspondente: os pobres de espírito

Ao dom do Temor de Deus corresponde a bem-aventurança: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus” 10.

Martínez explica que esta bem-aventurança nasce do dom do temor, pois este nos leva ao desprendimento total e voluntário dos bens e das honrarias do mundo. Santo Tomás a relaciona à virtude da esperança, pois nos desapegamos das coisas passageiras ao confiar plenamente nas promessas eternas de Deus 8.

Essa pobreza de espírito é o início da obra santificadora da caridade. Quebra a casca dura da alma, desapega o coração das coisas passageiras e o abre ao influxo divino.

Você também pode gostar de ler: Dom da Fortaleza

Considerações finais

O dom do Temor de Deus é o fundamento da vida espiritual. Ele nos introduz na presença divina, purifica o coração e nos leva à vigilância constante contra o pecado.

Em tempos de irreverência e indiferença religiosa, esse dom se torna ainda mais necessário. Peçamos ao Espírito Santo que o reavive em nós, para que caminhemos com temor filial, amor confiante e olhos fixos no Céu.

Você também pode gostar de ler: Dom da Ciência

Referências

  1. MARTÍNEZ, Luis Maria. O Espírito Santo: seus dons, seus frutos, sua ação. Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2024[]
  2. MARTÍNEZ, 2024, p. 158[]
  3. cf. 1Jo 4,18[]
  4. cf. Pr 1,7[]
  5. MARTÍNEZ, 2024, p. 197[]
  6. MARTÍNEZ, 2024, p. 160[]
  7. MARTÍNEZ, 2024, p. 191[]
  8. MARTÍNEZ, 2024, p. 362[][]
  9. MARTÍNEZ, 2024, p. 203[]
  10. Mt 5,3[]

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