Formação

O que é heresia?

Descubra o que é heresia, quem pode ser considerado herege e conheça as principais heresias já combatidas pela Igreja.

O que é heresia?
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O que é heresia?

Descubra o que é heresia, quem pode ser considerado herege e conheça as principais heresias já combatidas pela Igreja.

Data da Publicação: 24/05/2023
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 24/05/2023
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Se você habita no meio católico da internet, com certeza você já leu ou ouviu alguém chamar (mesmo que de maneira jocosa) outra pessoa de herege. Mas aí vem a grande questão: o que é mesmo um herege? O que é heresia? Como identificá-la? O que ela representa?

Neste texto vamos conversar sobre isso. Vamos diferenciar heresia de outros termos que podem causar confusão, como apostasia e cisma. Além disso, iremos exemplificar heresias famosíssimas que já deram muito trabalho. Tema muito bom para nos aprofundarmos, afinal, daí que saem grandes embates do mundo contra a Igreja. 

O que é heresia: Definição


Vamos usar o Código de Direito Canônico para definir o que é heresia: “Chama-se heresia a negação pertinaz, após recepção do batismo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela […]” (Cân. 751).

Dessa definição, quatro coisas são fundamentais: 

  1. A premissa para existir um herege é a recepção do batismo 
  2. O objeto da heresia deve ser uma verdade de fé 
  3. A negação deve ser pertinaz
  4. Uma dúvida também pode ser uma heresia
Escultura para ilustrar o que é heresia.
Escultura de Gustaf Vasakyrkan em Estocolmo “Os santos triunfam sobre a heresia“.

Vamos destrinchar a consequência de cada um deles:

1. Pessoas que não são batizadas (um ateu ou um budista, por exemplo) não podem ser chamadas de hereges. 

2. Nem toda divergência de fé é uma heresia. Uma coisa é negar a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, outra coisa é debater se Lúcifer e Satanás são os nomes de dois demônios diferentes ou se são o mesmo ser. Enquanto a primeira é uma verdade dogmática, a segunda é debatida entre teólogos. 

3. Pertinaz é persistente. Vamos pegar o exemplo que citamos no parágrafo anterior. Imagine que alguém (hipoteticamente chamaremos esse alguém de Ário) pense que Jesus não é Deus. Não necessariamente essa pessoa vira um herege de imediato. É preciso ser pertinaz nessa negação. Afinal, é perfeitamente possível que ele esteja cometendo um erro de boa-fé. Se, após uma correção fraterna, o mesmo entender a verdade, não há motivo para proclamá-lo herege. 

4. Todos temos nossas dúvidas! Isso definitivamente não é um problema. Não caiam em escrúpulos de, à menor sombra de dúvida sobre uma verdade de fé, achar que merece uma tatuagem de herege na testa! Reforçando a palavra-chave: pertinaz!! Alimentar constantemente a dúvida sobre um dogma pode ter o mesmo efeito de negá-lo, só que em nosso interior. A dúvida vem porque somos imperfeitos em enxergar a realidade espiritual. O cultivo e a persistência vêm da nossa teimosia e falta de confiança em Deus. Portanto, diga a Nosso Senhor: “Jesus, tenho dúvidas, mas confio em Vós e em vossa Igreja!”.

Bom, resolvemos a pergunta “O que é heresia?”. Agora definiremos outros termos que podem causar confusão! Todos eles estão no mesmo número 751 do Código de Direito Canônico:

Apostasia


Aqui o buraco é mais embaixo! Enquanto a heresia é definida pela negação de uma verdade de fé, a apostasia é o repúdio total à fé cristã. Nesse ponto não se preserva nada da fé verdadeira.

Cisma


Podemos definir “Cisma” tendo em mente o mais famoso, que, inclusive, estudamos na escola: o grande Cisma do Oriente, a separação de parte da Igreja do Oriente, hoje conhecida como Igreja Ortodoxa. Cismático é aquele que não se sujeita ao Sumo Pontífice.

Anátema e Excomunhão


Esses dois termos trazem conceitos semelhantes. Anátema significa “maldito”. O anátema sofreu a excomunhão, que, por sua vez, é a expulsão do indivíduo da vida da Igreja, o que significa dizer que a pessoa não pode mais receber os sacramentos. Podemos fazer uma analogia com um exílio.

A Igreja tem poder tanto de excomungar quanto de revogar a excomunhão. E em casos de pecados muito graves, a excomunhão pode ser automática (do latim latae sententiae). Alguns exemplos incluem: a) Violência física contra o Sumo Pontífice b) Aborto c) Profanação das espécies consagradas d) Violação do sigilo da confissão sacramental.

O que é heresia: grandes heresias condenadas pela Igreja Católica

Uma das imagens mais famosas de o que é heresia e grandes heresias condenadas pela Igreja Católica é o tapa de São Nicolau em Ário
“São Nicolau e o herege.” Giovanni Gasparro


Esgotar cada uma das grandes heresias precisaria não de um texto, mas de um completíssimo curso ou de um livro! Não é isso que pretendemos fazer aqui. Essa parte do texto vai servir para duas coisas: a) Mostrar que não há mentira que a Igreja já não tenha tido que enfrentar. b) Mostrar que as portas do Inferno não prevaleceram e não prevalecerão. 

Gnosticismo: Tida como a primeira grande heresia da Igreja que, na verdade, é melhor descrita como um conjunto de heresias, uma vez que juntava elementos pagãos com a fé católica. Os gnósticos entendiam que o mundo material era ruim e o mundo espiritual era bom. Aliás, entendiam que o mundo espiritual fora criado pelo “demiurgo”, uma espécie de segundo deus, o deus mau. Todo ser humano teria uma centelha divina boa e seu objetivo era, por mérito próprio, “transcender” o corpo ruim. Essa heresia foi combatida pelo grande Santo Irineu de Lyon, proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Francisco em 2022.

Arianismo: Considerada uma das maiores da história. Seu nome tem origem no bispo Ário, o grande divulgador da heresia. Basicamente, sua ideia se centra no fato de que Jesus Cristo não possui a mesma natureza divina de Deus Pai. Defendia que Nosso Senhor tinha sido criado e não gerado. Foi expressamente condenado no Concílio de Niceia, que criou o Credo Niceno-Constantinopolitano, que professamos nas Missas. Agora entendemos o porquê de ser um credo mais longo e o porquê contém a frase “gerado, não criado, consubstancial ao Pai”.

Nestorianismo: Essa heresia dizia que Maria Santíssima não era a Mãe de Deus, pois Nestório (bispo de Constantinopla) entendia que Maria deu à luz apenas à pessoa humana de Jesus Cristo. Para que isso fizesse sentido, ele entendia que em Jesus habitavam duas pessoas distintas e separáveis: a humana e a divina. Foi formalmente condenado pelo Concílio de Éfeso.

Confira: Guia para rezar o Rosário

Monofisismo: Outra heresia centrada na pessoa de Jesus. Se Nestório afirmava que haviam duas pessoas divisíveis dentro de Jesus, Eutiques afirmava que só havia uma: a divina. Como se a natureza divina, após a Encarnação, engolisse a natureza humana. Interessante que tanto o Monofisismo quanto o Nestorianismo se resolvem com um único conceito: a união hipostática (Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem). Essa heresia foi condenada no Concílio de Calcedônia. 

Iconoclastia: Significa destruição das imagens, e era embasada em ideias islâmicas, que se opunham à representação por imagem. Difundido por um Imperador Bizantino, Leão III, que usou de sua posição de poder para mitigar a veneração das imagens. Foi amplamente combatida no Segundo Concílio de Niceia e por São João Damasceno.

Catarismo: A heresia cátara carrega muitos elementos do gnosticismo. Consideravam que o material era ruim, portanto que o corpo humano fora criado por um deus mau. E isso foi levado ao extremo, negando até mesmo coisas fundamentais, como a relação sexual (afinal, se o corpo é ruim, produzir novos corpos é péssimo). Entendiam que se  suicidar, em alguns casos, era permitido, pois libertaria a centelha divina da prisão que era o corpo.

Jansenismo: Essa heresia se assemelhava ao entendimento calvinista da fé. Considerava que haviam pessoas que tinham sido criadas para o Inferno, como se predestinadas a tal. Teve como grande combatente São Luís Maria Grignion de Montfort.

Muitos doutores da Igreja foram ferrenhos combatentes das heresias, mas você sabe quem são eles? Confira neste artigo: Doutores da Igreja.

Redação MBC

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Se você habita no meio católico da internet, com certeza você já leu ou ouviu alguém chamar (mesmo que de maneira jocosa) outra pessoa de herege. Mas aí vem a grande questão: o que é mesmo um herege? O que é heresia? Como identificá-la? O que ela representa?

Neste texto vamos conversar sobre isso. Vamos diferenciar heresia de outros termos que podem causar confusão, como apostasia e cisma. Além disso, iremos exemplificar heresias famosíssimas que já deram muito trabalho. Tema muito bom para nos aprofundarmos, afinal, daí que saem grandes embates do mundo contra a Igreja. 

O que é heresia: Definição


Vamos usar o Código de Direito Canônico para definir o que é heresia: “Chama-se heresia a negação pertinaz, após recepção do batismo, de qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dela […]” (Cân. 751).

Dessa definição, quatro coisas são fundamentais: 

  1. A premissa para existir um herege é a recepção do batismo 
  2. O objeto da heresia deve ser uma verdade de fé 
  3. A negação deve ser pertinaz
  4. Uma dúvida também pode ser uma heresia
Escultura para ilustrar o que é heresia.
Escultura de Gustaf Vasakyrkan em Estocolmo “Os santos triunfam sobre a heresia“.

Vamos destrinchar a consequência de cada um deles:

1. Pessoas que não são batizadas (um ateu ou um budista, por exemplo) não podem ser chamadas de hereges. 

2. Nem toda divergência de fé é uma heresia. Uma coisa é negar a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, outra coisa é debater se Lúcifer e Satanás são os nomes de dois demônios diferentes ou se são o mesmo ser. Enquanto a primeira é uma verdade dogmática, a segunda é debatida entre teólogos. 

3. Pertinaz é persistente. Vamos pegar o exemplo que citamos no parágrafo anterior. Imagine que alguém (hipoteticamente chamaremos esse alguém de Ário) pense que Jesus não é Deus. Não necessariamente essa pessoa vira um herege de imediato. É preciso ser pertinaz nessa negação. Afinal, é perfeitamente possível que ele esteja cometendo um erro de boa-fé. Se, após uma correção fraterna, o mesmo entender a verdade, não há motivo para proclamá-lo herege. 

4. Todos temos nossas dúvidas! Isso definitivamente não é um problema. Não caiam em escrúpulos de, à menor sombra de dúvida sobre uma verdade de fé, achar que merece uma tatuagem de herege na testa! Reforçando a palavra-chave: pertinaz!! Alimentar constantemente a dúvida sobre um dogma pode ter o mesmo efeito de negá-lo, só que em nosso interior. A dúvida vem porque somos imperfeitos em enxergar a realidade espiritual. O cultivo e a persistência vêm da nossa teimosia e falta de confiança em Deus. Portanto, diga a Nosso Senhor: “Jesus, tenho dúvidas, mas confio em Vós e em vossa Igreja!”.

Bom, resolvemos a pergunta “O que é heresia?”. Agora definiremos outros termos que podem causar confusão! Todos eles estão no mesmo número 751 do Código de Direito Canônico:

Apostasia


Aqui o buraco é mais embaixo! Enquanto a heresia é definida pela negação de uma verdade de fé, a apostasia é o repúdio total à fé cristã. Nesse ponto não se preserva nada da fé verdadeira.

Cisma


Podemos definir “Cisma” tendo em mente o mais famoso, que, inclusive, estudamos na escola: o grande Cisma do Oriente, a separação de parte da Igreja do Oriente, hoje conhecida como Igreja Ortodoxa. Cismático é aquele que não se sujeita ao Sumo Pontífice.

Anátema e Excomunhão


Esses dois termos trazem conceitos semelhantes. Anátema significa “maldito”. O anátema sofreu a excomunhão, que, por sua vez, é a expulsão do indivíduo da vida da Igreja, o que significa dizer que a pessoa não pode mais receber os sacramentos. Podemos fazer uma analogia com um exílio.

A Igreja tem poder tanto de excomungar quanto de revogar a excomunhão. E em casos de pecados muito graves, a excomunhão pode ser automática (do latim latae sententiae). Alguns exemplos incluem: a) Violência física contra o Sumo Pontífice b) Aborto c) Profanação das espécies consagradas d) Violação do sigilo da confissão sacramental.

O que é heresia: grandes heresias condenadas pela Igreja Católica

Uma das imagens mais famosas de o que é heresia e grandes heresias condenadas pela Igreja Católica é o tapa de São Nicolau em Ário
“São Nicolau e o herege.” Giovanni Gasparro


Esgotar cada uma das grandes heresias precisaria não de um texto, mas de um completíssimo curso ou de um livro! Não é isso que pretendemos fazer aqui. Essa parte do texto vai servir para duas coisas: a) Mostrar que não há mentira que a Igreja já não tenha tido que enfrentar. b) Mostrar que as portas do Inferno não prevaleceram e não prevalecerão. 

Gnosticismo: Tida como a primeira grande heresia da Igreja que, na verdade, é melhor descrita como um conjunto de heresias, uma vez que juntava elementos pagãos com a fé católica. Os gnósticos entendiam que o mundo material era ruim e o mundo espiritual era bom. Aliás, entendiam que o mundo espiritual fora criado pelo “demiurgo”, uma espécie de segundo deus, o deus mau. Todo ser humano teria uma centelha divina boa e seu objetivo era, por mérito próprio, “transcender” o corpo ruim. Essa heresia foi combatida pelo grande Santo Irineu de Lyon, proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Francisco em 2022.

Arianismo: Considerada uma das maiores da história. Seu nome tem origem no bispo Ário, o grande divulgador da heresia. Basicamente, sua ideia se centra no fato de que Jesus Cristo não possui a mesma natureza divina de Deus Pai. Defendia que Nosso Senhor tinha sido criado e não gerado. Foi expressamente condenado no Concílio de Niceia, que criou o Credo Niceno-Constantinopolitano, que professamos nas Missas. Agora entendemos o porquê de ser um credo mais longo e o porquê contém a frase “gerado, não criado, consubstancial ao Pai”.

Nestorianismo: Essa heresia dizia que Maria Santíssima não era a Mãe de Deus, pois Nestório (bispo de Constantinopla) entendia que Maria deu à luz apenas à pessoa humana de Jesus Cristo. Para que isso fizesse sentido, ele entendia que em Jesus habitavam duas pessoas distintas e separáveis: a humana e a divina. Foi formalmente condenado pelo Concílio de Éfeso.

Confira: Guia para rezar o Rosário

Monofisismo: Outra heresia centrada na pessoa de Jesus. Se Nestório afirmava que haviam duas pessoas divisíveis dentro de Jesus, Eutiques afirmava que só havia uma: a divina. Como se a natureza divina, após a Encarnação, engolisse a natureza humana. Interessante que tanto o Monofisismo quanto o Nestorianismo se resolvem com um único conceito: a união hipostática (Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem). Essa heresia foi condenada no Concílio de Calcedônia. 

Iconoclastia: Significa destruição das imagens, e era embasada em ideias islâmicas, que se opunham à representação por imagem. Difundido por um Imperador Bizantino, Leão III, que usou de sua posição de poder para mitigar a veneração das imagens. Foi amplamente combatida no Segundo Concílio de Niceia e por São João Damasceno.

Catarismo: A heresia cátara carrega muitos elementos do gnosticismo. Consideravam que o material era ruim, portanto que o corpo humano fora criado por um deus mau. E isso foi levado ao extremo, negando até mesmo coisas fundamentais, como a relação sexual (afinal, se o corpo é ruim, produzir novos corpos é péssimo). Entendiam que se  suicidar, em alguns casos, era permitido, pois libertaria a centelha divina da prisão que era o corpo.

Jansenismo: Essa heresia se assemelhava ao entendimento calvinista da fé. Considerava que haviam pessoas que tinham sido criadas para o Inferno, como se predestinadas a tal. Teve como grande combatente São Luís Maria Grignion de Montfort.

Muitos doutores da Igreja foram ferrenhos combatentes das heresias, mas você sabe quem são eles? Confira neste artigo: Doutores da Igreja.

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