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A vida de Santa Brígida

Conheça a história de Santa Brígida, qual é a sua influência na Igreja e por que foi proclamada co-padroeira da Europa.

A vida de Santa Brígida
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A vida de Santa Brígida

Conheça a história de Santa Brígida, qual é a sua influência na Igreja e por que foi proclamada co-padroeira da Europa.

Data da Publicação: 22/07/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação Minha Biblioteca Católica
Data da Publicação: 22/07/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação Minha Biblioteca Católica

Convidamos você a conhecer a inspiradora vida de Santa Brígida, uma mulher cuja fé, devoção e serviço a Deus deixaram um legado duradouro na história da Igreja.

Neste artigo, exploraremos os momentos mais significativos da sua vida, desde sua infância e casamento até a fundação da Ordem de Santa Brígida e suas visões místicas. Santa Brígida é um exemplo para nós em muitas áreas da vida, mas, acima de tudo, é um modelo de generosidade e amor.

Conheça a história desta grande santa, que dedicou-se a Deus servindo não só a sua família, mas muitos pobres e necessitados pessoalmente e com seus próprios recursos.

Quem foi Santa Brígida?

Santa Brígida de Suécia (1303-1373) foi uma mística, mãe, esposa e fundadora da Ordem do Santíssimo Salvador, mais conhecida como a Ordem de Santa Brígida. Nascida em uma família nobre sueca, dedicou sua vida à fé cristã desde a infância, influenciada pela profunda religiosidade de seus pais. Casou-se jovem, a pedido de seu pai, e teve oito filhos, vivendo um casamento feliz marcado pela fé e pela caridade. Após a morte de seu marido, Brígida intensificou sua vida espiritual, dedicando-se a peregrinações, obras de caridade e à fundação de sua ordem religiosa, que combinava a vida monástica de homens e mulheres sob a liderança de uma abadessa.

Santa Brígida é amplamente reconhecida por suas visões místicas e revelações divinas, documentadas em sua obra “As Revelações de Santa Brígida”. Essas visões abordam especialmente os sofrimentos de Jesus na cruz e, ainda hoje, auxiliam os cristãos a meditar sobre a Paixão de Cristo.

Quando é o dia de Santa Brígida?

A Igreja celebra Santa Brígida no dia 23 de julho.

A vida de Santa Brígida

Santa Brígida é um grande exemplo para as mulheres de qualquer época, sendo modelo de mulher, esposa e mãe. Sua vida é uma inspiração tanto para aquelas chamadas à vida consagrada quanto para as que vivem as ocupações laicais e a exigente vocação de formar uma família cristã.

Sem se deixar influenciar pelo conforto de sua classe social, Brígida dedicou-se à oração, à penitência, aos estudos e à caridade. Junto com seu esposo, assistia os enfermos e os mais necessitados. Seu compromisso com a educação e o serviço aos pobres deixou um legado duradouro, refletido, em primeiro lugar, na sua família, especialmente na santidade de sua filha, Santa Catarina da Suécia.

Nascimento e infância

Santa Brígida nasceu em 1303, na vila de Finsta, na Suécia. Filha de nobres, Brígida era a oitava de treze filhos, e desde cedo, sua vida foi imersa na fé cristã. Seus pais, Birger Persson e Ingeborg, eram conhecidos tanto por sua piedade quanto por sua posição social. Com a própria fortuna, a família de Brígida, muito piedosa, construiu para a Igreja mosteiros, igrejas e hospitais. A santa cresceu em um ambiente de profunda religiosidade, o que certamente moldou seu coração e seu espírito desde a tenra idade.

Desde menina, Brígida demonstrava uma sensibilidade extraordinária para as coisas de Deus. Ela tinha uma compaixão incomum pelos necessitados, dedicando seu tempo a ajudar os pobres e enfermos. Seu coração, desde então, estava voltado para a caridade e para o serviço aos outros, qualidades que se tornariam pilares de sua vida espiritual.

A atmosfera religiosa intensa em que cresceu moldou profundamente sua fé. Deus já traçava um caminho especial para ela, desde os primeiros anos de sua vida: aos sete anos, teve sua primeira visão mística, preparando-a para a missão que viria a realizar. Ela também desenvolveu uma profunda devoção a Cristo desde a infância, que se fortaleceu ao longo dos anos, levando-a a abraçar uma vida de oração e contemplação.

Casamento

Santa Brígida possuía um caráter decisivo e forte desde criança e sentia-se muito inclinada à vida religiosa. Mas, a pedido de seu pai, aceitou casar-se com o governador de um distrito importante do Reino da Suécia, chamado Ulf. Brígida dedicou-se muito, e os dois viveram um casamento feliz. O casal teve oito filhos, entre eles, Catarina da Suécia, que também tornou-se santa. Os dois também fundaram um pequeno hospital, onde assistiam os enfermos com frequência. 1

Ela foi um grande exemplo de mãe que educou os seus filhos, ensinando-lhes as Escrituras e a Doutrina da Fé. Tamanha era sua sabedoria e seu conhecimento que foi convocada pelo rei da Suécia para instruir a jovem rainha à cultura sueca. 

Com o tempo, Brígida foi também transformando o coração do seu esposo. Depois dos filhos já criados, ele foi aos poucos tornando-se um marido devoto e cristão. Certa vez, ambos fizeram uma peregrinação a Santiago de Compostela e, depois disso, decidiram consagrar-se a Deus por meio do celibato. Mas logo o esposo adoeceu e, após 20 anos de casamento, faleceu, abrindo assim outro capítulo na vida de Santa Brígida, que dedicou a sua viuvez consagrando-se a Deus.

Saiba mais sobre o que é o sacramento do matrimônio.

Ordem de Santa Brígida

Após a morte de seu marido, Ulf Gudmarsson, Santa Brígida dedicou-se inteiramente à vida religiosa e à caridade. Em 1346, impulsionada por visões divinas e por um profundo desejo de reformar a vida monástica, Brígida fundou a Ordem do Santíssimo Salvador, mais conhecida como a Ordem de Santa Brígida. A fundação dessa ordem foi um marco significativo na vida da santa e na história da Igreja.

A Ordem de Santa Brígida tinha um caráter duplo, sendo composta por um convento de monges e um mosteiro de monjas, vivendo em comunidades próximas, mas separadas. A regra da ordem destacava uma vida de oração, pobreza e trabalho, com um foco especial na devoção à Paixão de Cristo e à Virgem Maria. A estrutura da ordem permitia que homens e mulheres servissem a Deus de maneira complementar. Enquanto as freiras permaneciam enclausuradas, estudando, os monges, além disso, eram pregadores e missionários itinerantes.

As freiras, que vestiam hábitos simples de lã marrom, eram facilmente identificadas pela coroa de metal que usavam, chamada de “Coroa das Cinco Chagas”. Esta coroa possuía cinco pedras vermelhas, simbolizando as Cinco Chagas de Cristo na cruz. Os monges, por sua vez, usavam um hábito com uma cruz vermelha adornada com a hóstia eucarística no centro, localizada no lado direito do peito.

Brígida escolheu Vadstena, na Suécia, como o local para o primeiro mosteiro da ordem, atraindo muitos fiéis e pessoas desejosas de uma vida mais devota. A ordem cresceu rapidamente, com a aprovação do Papa Urbano V em 1370, e expandiu-se para outros países europeus, difundindo o carisma e os ensinamentos de Santa Brígida.

Irmã da Ordem de Santa Brígida com Papa Francisco.
Irmã da Ordem de Santa Brígida, com a Coroa das Cinco Chagas. Crédito da imagem: Vatican Media.

Morte de Santa Brígida

Santa Brígida passou os últimos anos de sua vida em Roma, onde dedicou-se intensamente a peregrinações, orações e obras de caridade. Em 1371, ela realizou uma peregrinação à Terra Santa, uma jornada repleta de devoção e sacrifício. Esta viagem, embora espiritual e enriquecedora, afetou significativamente sua saúde já fragilizada, pois ela já tinha 70 anos.

O ponto central da sua experiência de fé foi a Paixão de Cristo, como também a Virgem Maria. Testemunhas disso foram o “Rosário Brigidino” e as orações, ligadas às graças particulares prometidas, por Jesus a ela, para quem os praticasse. 2

Em 1373, Brígida retornou a Roma, sentindo-se cada vez mais fraca. Mas, apesar de seu estado debilitado, continuou firme em sua fé e devoção, sustentada pelas visões e mensagens que recebia de Deus. No dia 23 de julho de 1373, após uma vida de serviço incansável a Deus e à humanidade, Brígida faleceu em paz, rodeada por sua família e seus seguidores.

O corpo de Santa Brígida foi sepultado provisoriamente na igreja romana de São Lourenço, mas depois seus filhos transladaram-na de volta para a sua pátria, no mosteiro de Vadstena, que ela mesma havia fundado. 1 Vadstena tornou-se um centro de peregrinação, onde muitos fiéis iam rezar pedindo a intercessão junto à santa.

Canonização, devoção e legado de Santa Brígida

Santa Brígida foi canonizada em 7 de outubro de 1391 pelo Papa Bonifácio IX, apenas dezoito anos após sua morte. Essa rápida canonização refletiu o profundo impacto que sua vida e suas obras tiveram na Igreja e entre os fiéis. Reconhecida por suas visões místicas e sua devoção fervorosa, Brígida tornou-se uma das figuras mais reverenciadas do seu tempo e uma santa de grande influência.

A devoção a Santa Brígida é especialmente forte na Suécia, sua terra natal, e em muitos países europeus, onde a Ordem de Santa Brígida se espalhou e floresceu. Vadstena, o local do mosteiro que ela fundou, tornou-se um importante centro de peregrinação. Além disso, sua influência se estende a vários outros países, onde igrejas e comunidades religiosas são dedicadas à ela.

Abadia de Vadstena, na Suécia.
Abadia de Vadstena, na Suécia.

Santa Brígida, Padroeira da Europa

Santa Brígida é padroeira da Suécia e co-padroeira da Europa, título concedido pelo Papa João Paulo II em 1999, juntamente com Santa Catarina de Sena e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein). Este reconhecimento ressalta a importância de sua contribuição espiritual e cultural para a Igreja, assim como para o continente europeu.

Santa Brígida é um exemplo de vida cristã que transcendeu as fronteiras de sua Suécia natal, impactando toda a Europa através de suas visões místicas, seus escritos e a fundação da Ordem do Santíssimo Salvador, mais conhecida como a Ordem de Santa Brígida. Sua vida de oração intensa, bem como sua caridade, e seus esforços incansáveis pela reforma espiritual e moral da Igreja e da sociedade europeia a tornam um modelo de santidade e devoção para todos os cristãos.

Visões de Santa Brígida

Santa Brígida de Suécia é famosa por suas visões místicas, especialmente aquelas relacionadas aos sofrimentos de Cristo durante a Paixão. Entre suas muitas revelações, destacam-se as Quinze Orações, que são meditações piedosas sobre os mistérios da Paixão e Morte de Cristo. Embora estas orações sejam populares desde a Baixa Idade Média e atribuídas a Santa Brígida, acredita-se que foram compostas por místicos de sua ordem no século XV. Elas servem tanto para instruir os fiéis sobre os episódios mais importantes da vida de Jesus quanto para inspirar arrependimento e amor a Deus.

Santa Brígida aos pés de Nosso Senhor crucificado.

A popularidade dessas orações aumentou devido à lista de promessas supostamente reveladas a Santa Brígida durante uma visita à Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma. Entre essas promessas estão a libertação de quinze almas do Purgatório e a conversão de quinze pecadores da família de quem recitar essas orações diariamente por um ano. No entanto, não há evidências de que essas promessas foram feitas diretamente a Santa Brígida, além disso, elas não possuem aprovação eclesiástica.

Na Carta Apostólica Spes Aedificandi, de São João Paulo II, para a proclamação de Santa Brígida e outras santas, lemos que

Alguns aspectos da extraordinária produção mística suscitaram, com o passar do tempo, compreensíveis interrogações, a propósito das quais a prudência eclesial realizou um discernimento eclesial, remetendo-se à única revelação pública, que tem em Cristo a sua plenitude e na Sagrada Escritura a sua expressão normativa. De facto, também as importantes experiências dos grandes santos não estão isentas dos limites que sempre acompanham a recepção humana da voz de Deus. No entanto, não há dúvida que a Igreja, ao reconhecer a santidade de Brígida, mesmo sem se pronunciar sobre cada uma das revelações, acolheu a autenticidade do conjunto da sua experiência interior. 3

Apesar disso, as orações continuam a ser uma poderosa ferramenta de meditação e devoção, encorajando os fiéis a aprofundarem seu relacionamento com Deus e a contemplarem os mistérios da Paixão de Cristo. A seguir, você pode rezar as quinze orações de Santa Brígida; elas foram publicadas inúmeras vezes ao longo dos séculos, apresentando algumas variações nos textos e na ordem das invocações.

Orações de Santa Brígida

Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos Deus Nosso Senhor dos nossos inimigos. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Oração I. — Ó Jesus Cristo, eterna doçura dos que vos amam, júbilo que excede toda alegria e todo desejo, salvação e amante dos pecadores, que achais vossas delícias em estar com os filhos dos homens e pelo homem vos fizestes homem na plenitude dos tempos: lembrai-vos de tudo o que previstes e da íntima tristeza que, em vosso Corpo humano, suportastes ao aproximar-se o tempo de vossa salubérrima Paixão, preordenado em vosso divino Coração.

Lembrai-vos da tristeza e da amargura que, pelo vosso testemunho, tivestes em vossa Alma, quando, na Última Ceia, entregastes aos vossos discípulos o vosso Corpo e Sangue, lavastes-lhes os pés e, consolando-os docemente, predissestes vossa iminente Paixão. 

Lembrai-vos de todo o tremor, da angústia e da dor que em vosso delicado Corpo, antes da Paixão de vossa Cruz, suportastes quando, após vossa tríplice oração e o suor de Sangue, fostes traído por Judas, vosso discípulo; preso pela gente escolhida; acusado por falsas testemunhas; injustamente julgado por três juízes; condenado, embora inocente, na cidade eleita, no tempo pascal, na florida juventude de vosso Corpo; despido da vossa própria veste e coberto de vestes alheias; esbofeteado; tivestes vossos olhos e rosto cobertos e fostes espancado, preso à coluna, flagelado, coroado de espinhos, com uma cana ferido na cabeça e lacerado com inumeráveis outras calúnias.

Dai-me, Senhor Deus, eu vo-lo peço, pela memória dessas paixões antes de vossa Cruz, uma verdadeira contrição antes de minha morte, uma pura Confissão, uma digna satisfação e a remissão de todos os pecados. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração II. — Ó Jesus, criador do mundo, a quem nenhuma dimensão pode compreender, que abarcais a Terra com um palmo: recordai-vos de vossa amaríssima dor, que suportastes quando os judeus pregaram vossas santíssimas mãos à Cruz com pregos embotados e, a fim de perfurar vossos delicadíssimos pés, como não lhes fosse o bastante, acrescentaram dor sobre dor às vossas chagas, e assim cruelmente vos distenderam e estenderam pelos braços de vossa Cruz, para que se dissolvessem os vínculos dos vossos membros.

Eu vos imploro, pela memória desta sacratíssima e amaríssima dor na Cruz, que me deis o vosso temor e amor. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração III. — Ó Jesus, médico celeste, recordai-vos do langor, do livor e da dor que, elevado no alto patíbulo da Cruz, padecestes em todos os vossos membros dilacerados, dos quais nenhum permaneceu em bom estado, de modo que não se achasse dor nenhuma semelhante à vossa, pois desde a planta dos pés até o alto da cabeça não havia em vós coisa sã, e no entanto, esquecido de todas as dores, rogastes piedosamente ao Pai pelos vossos inimigos, dizendo: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Por esta misericórdia e pela memória daquela dor, concedei-me que esta memória de vossa amaríssima Paixão me alcance a plena remissão de todos os meus pecados. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração IV. — Ó Jesus, verdadeira liberdade dos anjos, paraíso de delícias, lembrai-vos da tristeza e do horror que suportastes, quando todos os vossos inimigos, quais leões ferocíssimos, puseram-se ao vosso redor e, com bofetadas, cusparadas, lacerações e outras penas inauditas, vos maltrataram.

Por estas penas e por todas as palavras contumeliosas e os duríssimos tormentos com que vos afligiram, Senhor Jesus Cristo, todos os vossos inimigos, eu vos imploro que me livreis de todos os meus inimigos, visíveis e invisíveis, e me deis chegar, à sombra de vossas asas, à perfeição da salvação eterna. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração V. — Ó Jesus, espelho da claridade eterna, lembrai-vos daquela tristeza que tivestes quando, no espelho de vossa sereníssima majestade, vistes a predestinação dos eleitos, que se haviam de salvar pelos méritos de vossa Paixão, e a reprovação dos maus, que pelos seus deméritos se haviam de condenar, e pelo abismo de vossa piedade, com que vos compadecestes de nós, pecadores e desesperados, e que manifestastes ao ladrão na Cruz, dizendo: “Hoje estarás comigo no paraíso”, rogo-vos, piedoso Jesus, que tenhais misericórdia de mim na hora de minha morte. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração VI. — Ó Rei amável e amigo todo desejável, lembrai-vos daquela tristeza que tivestes quando, nu e miserável, pendestes na Cruz, e todos os vossos amigos e conhecidos se voltaram contra vós, e não encontrastes ninguém que vos consolasse, além de vossa dileta Mãe, de pé na amargura de sua alma fidelíssima a vós, que confiastes ao vosso discípulo, dizendo: “Mulher, eis aí o teu filho”.

Rogo-vos, piíssimo Jesus, pela espada de dor que transpassou a alma dela, que vos compadeçais de mim em todas as minhas tribulações e aflições, corporais e espirituais, e dai-me a consolação no tempo da tribulação e na hora de minha morte. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração VII. — Ó Jesus, fonte de inexaurível piedade, que por um íntimo afeto de amor dissestes na Cruz: “Tenho sede”, isto é, da salvação do gênero humano, acendei, vo-lo peço, em nossos corações o desejo de perfeição, e abrandai e extingui de todo em nós a sede da concupiscência e o ardor dos prazeres mundanos. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração VIII. — Ó Jesus, doçura dos corações e poderosa suavidade das mentes, pelo azedume do vinagre e do fel que por nós provastes, concedei-nos, na hora de nossa morte, receber dignamente o vosso Corpo e Sangue, como remédio e consolação para nossas almas. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração IX. — Ó Jesus, virtude régia, júbilo espiritual, lembrai-vos da angústia e da dor que padecestes quando, pelo amargor da morte e os insultos dos judeus, com alta voz clamastes, abandonado por Deus Pai: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” Por esta angústia vos peço que nas nossas angústias não nos abandoneis, Senhor Deus nosso. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração X. — Ó Jesus, Alfa e Ômega, vida e poder em todo tempo, recordai-vos que desde o alto da cabeça até a planta do pé vos mergulhastes por nós na água da Paixão.

Pela largura e extensão de vossas chagas, ensinai-me a mim, afundado em muitos pecados, a guardar por verdadeira caridade a Lei que promulgastes. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração XI. — Ó Jesus, abismo profundíssimo de misericórdia, rogo-vos, pela profundidade de vossas chagas, que atravessaram a medula de vossos ossos e vísceras, que me tireis da água de pecado em que estou submerso e me escondais, no interior de vossas chagas, do rosto de vossa ira, até que passe o vosso furor, Senhor. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração XII. — Ó Jesus, espelho da verdade, sinal de unidade e vínculo de caridade, lembrai-vos da multidão de vossas chagas, com que, da cabeça aos pés, fostes vulnerado e rubricado com vosso santíssimo Sangue, multidão de dores que suportastes em vossa carne virginal por nós! Piedoso Jesus, que mais deveríeis fazer e não fizestes?

Gravai, vo-lo peço, ó piedoso Jesus, todas as vossas chagas no meu coração com o vosso preciosíssimo Sangue, para que nelas eu leia sempre a vossa dor e morte e persevere constante até o fim em ação de graças. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração XIII. — Ó Jesus, leão fortíssimo, Rei imortal e invencível, lembrai-vos da dor que padecestes quando todas as forças do vosso Coração e Corpo de todo se acabaram e, reclinando a cabeça, dissestes: “Tudo está consumado”. 

Por esta angústia e dor, tende misericórdia de mim, quando minha alma, no momento do último suspiro, estiver vexada e conturbada. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração XIV. — Ó Jesus, unigênito do altíssimo Pai, esplendor e figura de sua substância, lembrai-vos da esforçada entrega com que entregastes o espírito ao Pai, dizendo: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” e, de Corpo lacerado, de Coração alquebrado, com grande clamor, abertas as vísceras de vossa misericórdia para nos redimir, expirastes.

Por esta preciosíssima morte vos imploro, Rei dos santos, que me fortaleçais para resistir ao diabo, ao mundo, à carne e ao sangue, a fim de que, morto(a) para o mundo, eu viva para vós, e na hora suprema de minha partida acolhei-me o espírito degredado e peregrino a retornar para vós. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração XV. — Ó Jesus, videira verdadeira e fecunda, lembrai-vos da abundante efusão do vosso Sangue, que vós, qual sumo arrancado ao cacho, copiosamente derramastes quando, na cruz, calcastes sozinho o lagar, e do vosso lado aberto pela lança do soldado nos propinastes Sangue e água, de modo que nem uma só gota permanecesse em vós; e quando, enfim, fostes suspenso no alto, qual um feixe de mirra, e vossa carne delicada se desfez, e o licor de vossas vísceras se secou, e a medula de vossos ossos murchou. 

Por esta vossa amaríssima Paixão e pela efusão do precioso Sangue, piedoso Jesus, imploro-vos que recebais minha alma na agonia de minha morte. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Conclusão. — Ó Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, acolhei esta oração com aquele amor excelentíssimo com que suportastes todas as chagas do vosso santíssimo Corpo e tende misericórdia de mim, vosso servo, e dai a todos os pecadores e a todos os fiéis, tanto vivos quanto defuntos, misericórdia, graça, remissão e a vida eterna. Amém.

Santa Brígida da Suécia, rogai por nós!

Referências

  1. Papa Bento XVI Audiência Geral, 27 de outubro de 2010[][]
  2. VATICAN NEWS, S. Brígida, religiosa, padroeira da Europa[]
  3. João Paulo II, Carta Apostólica Spes Aedificandi[]
Redação MBC

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Convidamos você a conhecer a inspiradora vida de Santa Brígida, uma mulher cuja fé, devoção e serviço a Deus deixaram um legado duradouro na história da Igreja.

Neste artigo, exploraremos os momentos mais significativos da sua vida, desde sua infância e casamento até a fundação da Ordem de Santa Brígida e suas visões místicas. Santa Brígida é um exemplo para nós em muitas áreas da vida, mas, acima de tudo, é um modelo de generosidade e amor.

Conheça a história desta grande santa, que dedicou-se a Deus servindo não só a sua família, mas muitos pobres e necessitados pessoalmente e com seus próprios recursos.

Quem foi Santa Brígida?

Santa Brígida de Suécia (1303-1373) foi uma mística, mãe, esposa e fundadora da Ordem do Santíssimo Salvador, mais conhecida como a Ordem de Santa Brígida. Nascida em uma família nobre sueca, dedicou sua vida à fé cristã desde a infância, influenciada pela profunda religiosidade de seus pais. Casou-se jovem, a pedido de seu pai, e teve oito filhos, vivendo um casamento feliz marcado pela fé e pela caridade. Após a morte de seu marido, Brígida intensificou sua vida espiritual, dedicando-se a peregrinações, obras de caridade e à fundação de sua ordem religiosa, que combinava a vida monástica de homens e mulheres sob a liderança de uma abadessa.

Santa Brígida é amplamente reconhecida por suas visões místicas e revelações divinas, documentadas em sua obra “As Revelações de Santa Brígida”. Essas visões abordam especialmente os sofrimentos de Jesus na cruz e, ainda hoje, auxiliam os cristãos a meditar sobre a Paixão de Cristo.

Quando é o dia de Santa Brígida?

A Igreja celebra Santa Brígida no dia 23 de julho.

A vida de Santa Brígida

Santa Brígida é um grande exemplo para as mulheres de qualquer época, sendo modelo de mulher, esposa e mãe. Sua vida é uma inspiração tanto para aquelas chamadas à vida consagrada quanto para as que vivem as ocupações laicais e a exigente vocação de formar uma família cristã.

Sem se deixar influenciar pelo conforto de sua classe social, Brígida dedicou-se à oração, à penitência, aos estudos e à caridade. Junto com seu esposo, assistia os enfermos e os mais necessitados. Seu compromisso com a educação e o serviço aos pobres deixou um legado duradouro, refletido, em primeiro lugar, na sua família, especialmente na santidade de sua filha, Santa Catarina da Suécia.

Nascimento e infância

Santa Brígida nasceu em 1303, na vila de Finsta, na Suécia. Filha de nobres, Brígida era a oitava de treze filhos, e desde cedo, sua vida foi imersa na fé cristã. Seus pais, Birger Persson e Ingeborg, eram conhecidos tanto por sua piedade quanto por sua posição social. Com a própria fortuna, a família de Brígida, muito piedosa, construiu para a Igreja mosteiros, igrejas e hospitais. A santa cresceu em um ambiente de profunda religiosidade, o que certamente moldou seu coração e seu espírito desde a tenra idade.

Desde menina, Brígida demonstrava uma sensibilidade extraordinária para as coisas de Deus. Ela tinha uma compaixão incomum pelos necessitados, dedicando seu tempo a ajudar os pobres e enfermos. Seu coração, desde então, estava voltado para a caridade e para o serviço aos outros, qualidades que se tornariam pilares de sua vida espiritual.

A atmosfera religiosa intensa em que cresceu moldou profundamente sua fé. Deus já traçava um caminho especial para ela, desde os primeiros anos de sua vida: aos sete anos, teve sua primeira visão mística, preparando-a para a missão que viria a realizar. Ela também desenvolveu uma profunda devoção a Cristo desde a infância, que se fortaleceu ao longo dos anos, levando-a a abraçar uma vida de oração e contemplação.

Casamento

Santa Brígida possuía um caráter decisivo e forte desde criança e sentia-se muito inclinada à vida religiosa. Mas, a pedido de seu pai, aceitou casar-se com o governador de um distrito importante do Reino da Suécia, chamado Ulf. Brígida dedicou-se muito, e os dois viveram um casamento feliz. O casal teve oito filhos, entre eles, Catarina da Suécia, que também tornou-se santa. Os dois também fundaram um pequeno hospital, onde assistiam os enfermos com frequência. 1

Ela foi um grande exemplo de mãe que educou os seus filhos, ensinando-lhes as Escrituras e a Doutrina da Fé. Tamanha era sua sabedoria e seu conhecimento que foi convocada pelo rei da Suécia para instruir a jovem rainha à cultura sueca. 

Com o tempo, Brígida foi também transformando o coração do seu esposo. Depois dos filhos já criados, ele foi aos poucos tornando-se um marido devoto e cristão. Certa vez, ambos fizeram uma peregrinação a Santiago de Compostela e, depois disso, decidiram consagrar-se a Deus por meio do celibato. Mas logo o esposo adoeceu e, após 20 anos de casamento, faleceu, abrindo assim outro capítulo na vida de Santa Brígida, que dedicou a sua viuvez consagrando-se a Deus.

Saiba mais sobre o que é o sacramento do matrimônio.

Ordem de Santa Brígida

Após a morte de seu marido, Ulf Gudmarsson, Santa Brígida dedicou-se inteiramente à vida religiosa e à caridade. Em 1346, impulsionada por visões divinas e por um profundo desejo de reformar a vida monástica, Brígida fundou a Ordem do Santíssimo Salvador, mais conhecida como a Ordem de Santa Brígida. A fundação dessa ordem foi um marco significativo na vida da santa e na história da Igreja.

A Ordem de Santa Brígida tinha um caráter duplo, sendo composta por um convento de monges e um mosteiro de monjas, vivendo em comunidades próximas, mas separadas. A regra da ordem destacava uma vida de oração, pobreza e trabalho, com um foco especial na devoção à Paixão de Cristo e à Virgem Maria. A estrutura da ordem permitia que homens e mulheres servissem a Deus de maneira complementar. Enquanto as freiras permaneciam enclausuradas, estudando, os monges, além disso, eram pregadores e missionários itinerantes.

As freiras, que vestiam hábitos simples de lã marrom, eram facilmente identificadas pela coroa de metal que usavam, chamada de “Coroa das Cinco Chagas”. Esta coroa possuía cinco pedras vermelhas, simbolizando as Cinco Chagas de Cristo na cruz. Os monges, por sua vez, usavam um hábito com uma cruz vermelha adornada com a hóstia eucarística no centro, localizada no lado direito do peito.

Brígida escolheu Vadstena, na Suécia, como o local para o primeiro mosteiro da ordem, atraindo muitos fiéis e pessoas desejosas de uma vida mais devota. A ordem cresceu rapidamente, com a aprovação do Papa Urbano V em 1370, e expandiu-se para outros países europeus, difundindo o carisma e os ensinamentos de Santa Brígida.

Irmã da Ordem de Santa Brígida com Papa Francisco.
Irmã da Ordem de Santa Brígida, com a Coroa das Cinco Chagas. Crédito da imagem: Vatican Media.

Morte de Santa Brígida

Santa Brígida passou os últimos anos de sua vida em Roma, onde dedicou-se intensamente a peregrinações, orações e obras de caridade. Em 1371, ela realizou uma peregrinação à Terra Santa, uma jornada repleta de devoção e sacrifício. Esta viagem, embora espiritual e enriquecedora, afetou significativamente sua saúde já fragilizada, pois ela já tinha 70 anos.

O ponto central da sua experiência de fé foi a Paixão de Cristo, como também a Virgem Maria. Testemunhas disso foram o “Rosário Brigidino” e as orações, ligadas às graças particulares prometidas, por Jesus a ela, para quem os praticasse. 2

Em 1373, Brígida retornou a Roma, sentindo-se cada vez mais fraca. Mas, apesar de seu estado debilitado, continuou firme em sua fé e devoção, sustentada pelas visões e mensagens que recebia de Deus. No dia 23 de julho de 1373, após uma vida de serviço incansável a Deus e à humanidade, Brígida faleceu em paz, rodeada por sua família e seus seguidores.

O corpo de Santa Brígida foi sepultado provisoriamente na igreja romana de São Lourenço, mas depois seus filhos transladaram-na de volta para a sua pátria, no mosteiro de Vadstena, que ela mesma havia fundado. 1 Vadstena tornou-se um centro de peregrinação, onde muitos fiéis iam rezar pedindo a intercessão junto à santa.

Canonização, devoção e legado de Santa Brígida

Santa Brígida foi canonizada em 7 de outubro de 1391 pelo Papa Bonifácio IX, apenas dezoito anos após sua morte. Essa rápida canonização refletiu o profundo impacto que sua vida e suas obras tiveram na Igreja e entre os fiéis. Reconhecida por suas visões místicas e sua devoção fervorosa, Brígida tornou-se uma das figuras mais reverenciadas do seu tempo e uma santa de grande influência.

A devoção a Santa Brígida é especialmente forte na Suécia, sua terra natal, e em muitos países europeus, onde a Ordem de Santa Brígida se espalhou e floresceu. Vadstena, o local do mosteiro que ela fundou, tornou-se um importante centro de peregrinação. Além disso, sua influência se estende a vários outros países, onde igrejas e comunidades religiosas são dedicadas à ela.

Abadia de Vadstena, na Suécia.
Abadia de Vadstena, na Suécia.

Santa Brígida, Padroeira da Europa

Santa Brígida é padroeira da Suécia e co-padroeira da Europa, título concedido pelo Papa João Paulo II em 1999, juntamente com Santa Catarina de Sena e Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein). Este reconhecimento ressalta a importância de sua contribuição espiritual e cultural para a Igreja, assim como para o continente europeu.

Santa Brígida é um exemplo de vida cristã que transcendeu as fronteiras de sua Suécia natal, impactando toda a Europa através de suas visões místicas, seus escritos e a fundação da Ordem do Santíssimo Salvador, mais conhecida como a Ordem de Santa Brígida. Sua vida de oração intensa, bem como sua caridade, e seus esforços incansáveis pela reforma espiritual e moral da Igreja e da sociedade europeia a tornam um modelo de santidade e devoção para todos os cristãos.

Visões de Santa Brígida

Santa Brígida de Suécia é famosa por suas visões místicas, especialmente aquelas relacionadas aos sofrimentos de Cristo durante a Paixão. Entre suas muitas revelações, destacam-se as Quinze Orações, que são meditações piedosas sobre os mistérios da Paixão e Morte de Cristo. Embora estas orações sejam populares desde a Baixa Idade Média e atribuídas a Santa Brígida, acredita-se que foram compostas por místicos de sua ordem no século XV. Elas servem tanto para instruir os fiéis sobre os episódios mais importantes da vida de Jesus quanto para inspirar arrependimento e amor a Deus.

Santa Brígida aos pés de Nosso Senhor crucificado.

A popularidade dessas orações aumentou devido à lista de promessas supostamente reveladas a Santa Brígida durante uma visita à Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma. Entre essas promessas estão a libertação de quinze almas do Purgatório e a conversão de quinze pecadores da família de quem recitar essas orações diariamente por um ano. No entanto, não há evidências de que essas promessas foram feitas diretamente a Santa Brígida, além disso, elas não possuem aprovação eclesiástica.

Na Carta Apostólica Spes Aedificandi, de São João Paulo II, para a proclamação de Santa Brígida e outras santas, lemos que

Alguns aspectos da extraordinária produção mística suscitaram, com o passar do tempo, compreensíveis interrogações, a propósito das quais a prudência eclesial realizou um discernimento eclesial, remetendo-se à única revelação pública, que tem em Cristo a sua plenitude e na Sagrada Escritura a sua expressão normativa. De facto, também as importantes experiências dos grandes santos não estão isentas dos limites que sempre acompanham a recepção humana da voz de Deus. No entanto, não há dúvida que a Igreja, ao reconhecer a santidade de Brígida, mesmo sem se pronunciar sobre cada uma das revelações, acolheu a autenticidade do conjunto da sua experiência interior. 3

Apesar disso, as orações continuam a ser uma poderosa ferramenta de meditação e devoção, encorajando os fiéis a aprofundarem seu relacionamento com Deus e a contemplarem os mistérios da Paixão de Cristo. A seguir, você pode rezar as quinze orações de Santa Brígida; elas foram publicadas inúmeras vezes ao longo dos séculos, apresentando algumas variações nos textos e na ordem das invocações.

Orações de Santa Brígida

Pelo sinal da Santa Cruz, livrai-nos Deus Nosso Senhor dos nossos inimigos. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Oração I. — Ó Jesus Cristo, eterna doçura dos que vos amam, júbilo que excede toda alegria e todo desejo, salvação e amante dos pecadores, que achais vossas delícias em estar com os filhos dos homens e pelo homem vos fizestes homem na plenitude dos tempos: lembrai-vos de tudo o que previstes e da íntima tristeza que, em vosso Corpo humano, suportastes ao aproximar-se o tempo de vossa salubérrima Paixão, preordenado em vosso divino Coração.

Lembrai-vos da tristeza e da amargura que, pelo vosso testemunho, tivestes em vossa Alma, quando, na Última Ceia, entregastes aos vossos discípulos o vosso Corpo e Sangue, lavastes-lhes os pés e, consolando-os docemente, predissestes vossa iminente Paixão. 

Lembrai-vos de todo o tremor, da angústia e da dor que em vosso delicado Corpo, antes da Paixão de vossa Cruz, suportastes quando, após vossa tríplice oração e o suor de Sangue, fostes traído por Judas, vosso discípulo; preso pela gente escolhida; acusado por falsas testemunhas; injustamente julgado por três juízes; condenado, embora inocente, na cidade eleita, no tempo pascal, na florida juventude de vosso Corpo; despido da vossa própria veste e coberto de vestes alheias; esbofeteado; tivestes vossos olhos e rosto cobertos e fostes espancado, preso à coluna, flagelado, coroado de espinhos, com uma cana ferido na cabeça e lacerado com inumeráveis outras calúnias.

Dai-me, Senhor Deus, eu vo-lo peço, pela memória dessas paixões antes de vossa Cruz, uma verdadeira contrição antes de minha morte, uma pura Confissão, uma digna satisfação e a remissão de todos os pecados. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração II. — Ó Jesus, criador do mundo, a quem nenhuma dimensão pode compreender, que abarcais a Terra com um palmo: recordai-vos de vossa amaríssima dor, que suportastes quando os judeus pregaram vossas santíssimas mãos à Cruz com pregos embotados e, a fim de perfurar vossos delicadíssimos pés, como não lhes fosse o bastante, acrescentaram dor sobre dor às vossas chagas, e assim cruelmente vos distenderam e estenderam pelos braços de vossa Cruz, para que se dissolvessem os vínculos dos vossos membros.

Eu vos imploro, pela memória desta sacratíssima e amaríssima dor na Cruz, que me deis o vosso temor e amor. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração III. — Ó Jesus, médico celeste, recordai-vos do langor, do livor e da dor que, elevado no alto patíbulo da Cruz, padecestes em todos os vossos membros dilacerados, dos quais nenhum permaneceu em bom estado, de modo que não se achasse dor nenhuma semelhante à vossa, pois desde a planta dos pés até o alto da cabeça não havia em vós coisa sã, e no entanto, esquecido de todas as dores, rogastes piedosamente ao Pai pelos vossos inimigos, dizendo: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Por esta misericórdia e pela memória daquela dor, concedei-me que esta memória de vossa amaríssima Paixão me alcance a plena remissão de todos os meus pecados. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração IV. — Ó Jesus, verdadeira liberdade dos anjos, paraíso de delícias, lembrai-vos da tristeza e do horror que suportastes, quando todos os vossos inimigos, quais leões ferocíssimos, puseram-se ao vosso redor e, com bofetadas, cusparadas, lacerações e outras penas inauditas, vos maltrataram.

Por estas penas e por todas as palavras contumeliosas e os duríssimos tormentos com que vos afligiram, Senhor Jesus Cristo, todos os vossos inimigos, eu vos imploro que me livreis de todos os meus inimigos, visíveis e invisíveis, e me deis chegar, à sombra de vossas asas, à perfeição da salvação eterna. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração V. — Ó Jesus, espelho da claridade eterna, lembrai-vos daquela tristeza que tivestes quando, no espelho de vossa sereníssima majestade, vistes a predestinação dos eleitos, que se haviam de salvar pelos méritos de vossa Paixão, e a reprovação dos maus, que pelos seus deméritos se haviam de condenar, e pelo abismo de vossa piedade, com que vos compadecestes de nós, pecadores e desesperados, e que manifestastes ao ladrão na Cruz, dizendo: “Hoje estarás comigo no paraíso”, rogo-vos, piedoso Jesus, que tenhais misericórdia de mim na hora de minha morte. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração VI. — Ó Rei amável e amigo todo desejável, lembrai-vos daquela tristeza que tivestes quando, nu e miserável, pendestes na Cruz, e todos os vossos amigos e conhecidos se voltaram contra vós, e não encontrastes ninguém que vos consolasse, além de vossa dileta Mãe, de pé na amargura de sua alma fidelíssima a vós, que confiastes ao vosso discípulo, dizendo: “Mulher, eis aí o teu filho”.

Rogo-vos, piíssimo Jesus, pela espada de dor que transpassou a alma dela, que vos compadeçais de mim em todas as minhas tribulações e aflições, corporais e espirituais, e dai-me a consolação no tempo da tribulação e na hora de minha morte. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração VII. — Ó Jesus, fonte de inexaurível piedade, que por um íntimo afeto de amor dissestes na Cruz: “Tenho sede”, isto é, da salvação do gênero humano, acendei, vo-lo peço, em nossos corações o desejo de perfeição, e abrandai e extingui de todo em nós a sede da concupiscência e o ardor dos prazeres mundanos. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração VIII. — Ó Jesus, doçura dos corações e poderosa suavidade das mentes, pelo azedume do vinagre e do fel que por nós provastes, concedei-nos, na hora de nossa morte, receber dignamente o vosso Corpo e Sangue, como remédio e consolação para nossas almas. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração IX. — Ó Jesus, virtude régia, júbilo espiritual, lembrai-vos da angústia e da dor que padecestes quando, pelo amargor da morte e os insultos dos judeus, com alta voz clamastes, abandonado por Deus Pai: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” Por esta angústia vos peço que nas nossas angústias não nos abandoneis, Senhor Deus nosso. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração X. — Ó Jesus, Alfa e Ômega, vida e poder em todo tempo, recordai-vos que desde o alto da cabeça até a planta do pé vos mergulhastes por nós na água da Paixão.

Pela largura e extensão de vossas chagas, ensinai-me a mim, afundado em muitos pecados, a guardar por verdadeira caridade a Lei que promulgastes. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração XI. — Ó Jesus, abismo profundíssimo de misericórdia, rogo-vos, pela profundidade de vossas chagas, que atravessaram a medula de vossos ossos e vísceras, que me tireis da água de pecado em que estou submerso e me escondais, no interior de vossas chagas, do rosto de vossa ira, até que passe o vosso furor, Senhor. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração XII. — Ó Jesus, espelho da verdade, sinal de unidade e vínculo de caridade, lembrai-vos da multidão de vossas chagas, com que, da cabeça aos pés, fostes vulnerado e rubricado com vosso santíssimo Sangue, multidão de dores que suportastes em vossa carne virginal por nós! Piedoso Jesus, que mais deveríeis fazer e não fizestes?

Gravai, vo-lo peço, ó piedoso Jesus, todas as vossas chagas no meu coração com o vosso preciosíssimo Sangue, para que nelas eu leia sempre a vossa dor e morte e persevere constante até o fim em ação de graças. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração XIII. — Ó Jesus, leão fortíssimo, Rei imortal e invencível, lembrai-vos da dor que padecestes quando todas as forças do vosso Coração e Corpo de todo se acabaram e, reclinando a cabeça, dissestes: “Tudo está consumado”. 

Por esta angústia e dor, tende misericórdia de mim, quando minha alma, no momento do último suspiro, estiver vexada e conturbada. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração XIV. — Ó Jesus, unigênito do altíssimo Pai, esplendor e figura de sua substância, lembrai-vos da esforçada entrega com que entregastes o espírito ao Pai, dizendo: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” e, de Corpo lacerado, de Coração alquebrado, com grande clamor, abertas as vísceras de vossa misericórdia para nos redimir, expirastes.

Por esta preciosíssima morte vos imploro, Rei dos santos, que me fortaleçais para resistir ao diabo, ao mundo, à carne e ao sangue, a fim de que, morto(a) para o mundo, eu viva para vós, e na hora suprema de minha partida acolhei-me o espírito degredado e peregrino a retornar para vós. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Oração XV. — Ó Jesus, videira verdadeira e fecunda, lembrai-vos da abundante efusão do vosso Sangue, que vós, qual sumo arrancado ao cacho, copiosamente derramastes quando, na cruz, calcastes sozinho o lagar, e do vosso lado aberto pela lança do soldado nos propinastes Sangue e água, de modo que nem uma só gota permanecesse em vós; e quando, enfim, fostes suspenso no alto, qual um feixe de mirra, e vossa carne delicada se desfez, e o licor de vossas vísceras se secou, e a medula de vossos ossos murchou. 

Por esta vossa amaríssima Paixão e pela efusão do precioso Sangue, piedoso Jesus, imploro-vos que recebais minha alma na agonia de minha morte. Amém. — Pai-NossoAve-MariaGlória.

Conclusão. — Ó Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, acolhei esta oração com aquele amor excelentíssimo com que suportastes todas as chagas do vosso santíssimo Corpo e tende misericórdia de mim, vosso servo, e dai a todos os pecadores e a todos os fiéis, tanto vivos quanto defuntos, misericórdia, graça, remissão e a vida eterna. Amém.

Santa Brígida da Suécia, rogai por nós!

Referências

  1. Papa Bento XVI Audiência Geral, 27 de outubro de 2010[][]
  2. VATICAN NEWS, S. Brígida, religiosa, padroeira da Europa[]
  3. João Paulo II, Carta Apostólica Spes Aedificandi[]

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