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A guerra cristera foi uma grande demonstração de fé dos católicos mexicanos sob a proteção de Nossa Senhora de Guadalupe.
A guerra cristera foi uma grande demonstração de fé dos católicos mexicanos sob a proteção de Nossa Senhora de Guadalupe.
Já ouviu falar dos soldados de Nossa Senhora de Guadalupe? Neste artigo os apresentamos e a sua luta: a Guerra Cristera.
El martes me fusilan a las tres de la mañana
Por creer en Dios eterno y en la gran Guadalupana.
Vicente Fernández y sus Corridos Consentidos, El martes me fusilan
A Virgem de Guadalupe, carinhosamente chamada de “Guadalupana”, foi o grande estandarte, junto ao de Sagrado Coração de Nosso Senhor, do bravo exército católico dos “Cristeros”. Com recursos escassos, armamento improvisado, soldados sem treinamento, os combatentes da Igreja Militante demonstraram que a força dos cristãos, como ensina a Sagrada Escritura1, é o Espírito Santo e que suas armas são poderosas para derrotar o inimigo2.
A vida do homem sobre a terra é um combate3 e a Igreja militante se encontra em constante vigilância e tensão contra o demônio, o mundo e a carne. É preciso pelejar pela fé4 e não permitir que ela seja relegada apenas ao âmbito privado. O culto público que a Igreja rende ao Pai Santo, por meio de Seu Filho único, é o alimento da peregrinação terrestre e o penhor da vida eterna. Desde as catacumbas romanas até as recentes perseguições no Oriente Médio, incluindo o martírio da calúnia e da ridicularização, todos os fiéis são colocados diante da vida e da morte, da fé e da idolatria, da salvação ou da eterna condenação.
O governo maçônico e anticristão, também insuflado por interesses vindos do exterior, deflagrou uma violenta perseguição contra os católicos que culminou no conflito que manchou a história recente da católica nação mexicana com derramamento de sangue. Os ataques se tornaram mais intensos depois da promulgação da Constituição de 1917, de caráter explicitamente anti-religioso. Seu conteúdo manifestava a hostilidade dos revolucionários com a religião católica e com os que a professavam, sobretudo os sacerdotes.
As resoluções dessa constituição, talvez a mais laicista que já havia sido publicada, foram executadas com vigor a partir da chegada de Plutarco Elías Calles ao poder. Tendo sido assinado um decreto em 31 de julho de 1926, conhecido por “Lei Calles”, todo o aparato estatal, sobretudo o exército, se concentrou em fazer cumprir o texto constitucional que estava em vigor há quase dez anos.
Os locais consagrados para o culto foram reduzidos e invadidos, até mesmo durante a celebração da Santa Missa. Sacerdotes estrangeiros foram deportados e multados caso fossem achados celebrando o culto a Deus. Foi proibido o uso da batina e, caso algum padre fosse visto trajando a veste clerical, era preso. Esses são apenas alguns exemplos do que a mentalidade materialista daqueles homens foi capaz de executar.
Diante desse cenário, a quem recorriam os católicos para encontrar fortaleza e abrigo? Àquela mãe que havia pisado na serpente venenosa, a mulher com veste resplandecente, que domina sobre a lua e todos os astros: Nossa Senhora de Guadalupe. Como um exército em ordem de batalha5, a Guadalupana se erguia no campo e, em muitos casos, deu a vitória aos cristeros em desvantagem.
O primeiro mártir da guerra cristera de que se tem notícia foi um comerciante de idade avançada. José García Farfán era proprietário de uma tenda muito frequentada em Puebla de Los Angeles. Homem muito colérico, mas também amável e sincero, era fortemente católico e procurava corrigir seus defeitos. Em visita à Basílica de Guadalupe, sentiu o desejo de realizar a confissão geral dos pecados e assim o fez. Após o término, trocou algumas palavras com o sacerdote sobre a situação da Igreja no México. Reiterou que era preciso fazer algo e que, se fosse preciso daria o seu testemunho público. Retornando ao seu estabelecimento, afixou nas paredes os seguintes cartazes:
VIVA CRISTO REY
Luis Alfonso Orozco6
VIVA LA VIRGEN DE GUADALUPE
SÓLO DIOS NO MUERE.
Don Pepito, como era conhecido, foi descoberto e tido como subversivo pelas forças do Estado. Ao ser notificado presencialmente sobre o crime de expor letreiros com aquelas palavras, resistiu, mas os próprios membros do exército começaram a arrancar os letreiros. Um só não pode ser retirado, pois estava no alto de uma prateleira: “Somente Deus não morre”. Levaram-no preso, sem direito à defesa e tiraram sua vida, tornando-o testemunha da fé por meio da entrega total.
Após esse heróico testemunho e outros abusos, as diversas agremiações de fiéis, em união com os bispos diocesanos, tentaram diversas formas de evitar um confronto armado, como formou-se a milícia católica de reação e ocorreram diversos enfrentamentos. Porém, nenhum soldado lançava-se à batalha sem antes se recomendar à Virgem de Guadalupe. A liga de mulheres fazia um juramento de fidelidade à Ela. No quartel general todos procuravam rezar o Rosário. Eram inúmeras as manifestações de devoção a Nossa Senhora, que reconfortava e impulsionava o exército a permanecer fiel, mesmo diante dos ataques e das derrotas.
É tocante o testemunho destes irmãos na fé, que compreendem crianças, jovens, anciãos, mulheres, sacerdotes e bispos. A coragem com que defenderam o direito da Igreja de manifestar publicamente a fé, de celebrar o culto divino, de ensinar a doutrina de Cristo foi extraordinária. Os acontecimentos desse duelo entre a fé e a incredulidade, bem como o destemor dos soldados de Cristo Rei tornaram a Cristiada comparável às grandes reações contra os revolucionários que se deram nos últimos séculos, como a Vendéia e a resistência durante a guerra civil espanhola. O padre Miguel Pró escreve bonitos versos à Mãe de Jesus, em meio à batalha que se travava:
¿A quién acudiremos en busca de consuelo,
Sin patria, sin familia, sin techo y sin hogar,
Sino a Ti, que dejaste tu trono allá en el cielo
Por conquistar la patria que quisiste habitar?
Errantes y proscriptos, nos vedan, Madre mía,
Volver a nuestra patria, que es patria de tu amor;
Nos vedan que a tu lado pasemos este día;
Nos vedan que a tus plantas pongamos una flor.
¿Qué importa que la muerte nos quite la existencia
Sufriendo del destierro la amarga soledad,
Si en medio de las penas sentimos tu presencia,
Sentimos que tu manto nos cubre con piedad?7
Diante do perigo de morte, dos escárnios, das blasfêmias e das torturas, o semblante de um verdadeiro cristero era de serenidade e resignação. Não temia, mas não debatia-se, nem era vencido pelo desespero. Ao receber a proposta de renegar a fé para salvar sua vida, recordava das palavras de Cristo: “Todo aquele, portanto, que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus”8. Assim, sem hesitar, respondiam: Viva Cristo Rei! Viva a Virgem de Guadalupe!
Diante dos perseguidores, das tentações, do martírio diário ou de sangue, invoquemos como o Beato Anacleto González Flores e os cristeros de Jalisco a Mãe Santa de Guadalupe para que nos acompanhe, pecadores que somos, em nossa agonia. E concluamos, como eles rezavam após o Rosário: “que o meu último grito na terra e meu primeiro cântico no céu seja: Viva Cristo Rey!” 9
O maior clube de leitores católicos do Brasil.
Já ouviu falar dos soldados de Nossa Senhora de Guadalupe? Neste artigo os apresentamos e a sua luta: a Guerra Cristera.
El martes me fusilan a las tres de la mañana
Por creer en Dios eterno y en la gran Guadalupana.
Vicente Fernández y sus Corridos Consentidos, El martes me fusilan
A Virgem de Guadalupe, carinhosamente chamada de “Guadalupana”, foi o grande estandarte, junto ao de Sagrado Coração de Nosso Senhor, do bravo exército católico dos “Cristeros”. Com recursos escassos, armamento improvisado, soldados sem treinamento, os combatentes da Igreja Militante demonstraram que a força dos cristãos, como ensina a Sagrada Escritura1, é o Espírito Santo e que suas armas são poderosas para derrotar o inimigo2.
A vida do homem sobre a terra é um combate3 e a Igreja militante se encontra em constante vigilância e tensão contra o demônio, o mundo e a carne. É preciso pelejar pela fé4 e não permitir que ela seja relegada apenas ao âmbito privado. O culto público que a Igreja rende ao Pai Santo, por meio de Seu Filho único, é o alimento da peregrinação terrestre e o penhor da vida eterna. Desde as catacumbas romanas até as recentes perseguições no Oriente Médio, incluindo o martírio da calúnia e da ridicularização, todos os fiéis são colocados diante da vida e da morte, da fé e da idolatria, da salvação ou da eterna condenação.
O governo maçônico e anticristão, também insuflado por interesses vindos do exterior, deflagrou uma violenta perseguição contra os católicos que culminou no conflito que manchou a história recente da católica nação mexicana com derramamento de sangue. Os ataques se tornaram mais intensos depois da promulgação da Constituição de 1917, de caráter explicitamente anti-religioso. Seu conteúdo manifestava a hostilidade dos revolucionários com a religião católica e com os que a professavam, sobretudo os sacerdotes.
As resoluções dessa constituição, talvez a mais laicista que já havia sido publicada, foram executadas com vigor a partir da chegada de Plutarco Elías Calles ao poder. Tendo sido assinado um decreto em 31 de julho de 1926, conhecido por “Lei Calles”, todo o aparato estatal, sobretudo o exército, se concentrou em fazer cumprir o texto constitucional que estava em vigor há quase dez anos.
Os locais consagrados para o culto foram reduzidos e invadidos, até mesmo durante a celebração da Santa Missa. Sacerdotes estrangeiros foram deportados e multados caso fossem achados celebrando o culto a Deus. Foi proibido o uso da batina e, caso algum padre fosse visto trajando a veste clerical, era preso. Esses são apenas alguns exemplos do que a mentalidade materialista daqueles homens foi capaz de executar.
Diante desse cenário, a quem recorriam os católicos para encontrar fortaleza e abrigo? Àquela mãe que havia pisado na serpente venenosa, a mulher com veste resplandecente, que domina sobre a lua e todos os astros: Nossa Senhora de Guadalupe. Como um exército em ordem de batalha5, a Guadalupana se erguia no campo e, em muitos casos, deu a vitória aos cristeros em desvantagem.
O primeiro mártir da guerra cristera de que se tem notícia foi um comerciante de idade avançada. José García Farfán era proprietário de uma tenda muito frequentada em Puebla de Los Angeles. Homem muito colérico, mas também amável e sincero, era fortemente católico e procurava corrigir seus defeitos. Em visita à Basílica de Guadalupe, sentiu o desejo de realizar a confissão geral dos pecados e assim o fez. Após o término, trocou algumas palavras com o sacerdote sobre a situação da Igreja no México. Reiterou que era preciso fazer algo e que, se fosse preciso daria o seu testemunho público. Retornando ao seu estabelecimento, afixou nas paredes os seguintes cartazes:
VIVA CRISTO REY
Luis Alfonso Orozco6
VIVA LA VIRGEN DE GUADALUPE
SÓLO DIOS NO MUERE.
Don Pepito, como era conhecido, foi descoberto e tido como subversivo pelas forças do Estado. Ao ser notificado presencialmente sobre o crime de expor letreiros com aquelas palavras, resistiu, mas os próprios membros do exército começaram a arrancar os letreiros. Um só não pode ser retirado, pois estava no alto de uma prateleira: “Somente Deus não morre”. Levaram-no preso, sem direito à defesa e tiraram sua vida, tornando-o testemunha da fé por meio da entrega total.
Após esse heróico testemunho e outros abusos, as diversas agremiações de fiéis, em união com os bispos diocesanos, tentaram diversas formas de evitar um confronto armado, como formou-se a milícia católica de reação e ocorreram diversos enfrentamentos. Porém, nenhum soldado lançava-se à batalha sem antes se recomendar à Virgem de Guadalupe. A liga de mulheres fazia um juramento de fidelidade à Ela. No quartel general todos procuravam rezar o Rosário. Eram inúmeras as manifestações de devoção a Nossa Senhora, que reconfortava e impulsionava o exército a permanecer fiel, mesmo diante dos ataques e das derrotas.
É tocante o testemunho destes irmãos na fé, que compreendem crianças, jovens, anciãos, mulheres, sacerdotes e bispos. A coragem com que defenderam o direito da Igreja de manifestar publicamente a fé, de celebrar o culto divino, de ensinar a doutrina de Cristo foi extraordinária. Os acontecimentos desse duelo entre a fé e a incredulidade, bem como o destemor dos soldados de Cristo Rei tornaram a Cristiada comparável às grandes reações contra os revolucionários que se deram nos últimos séculos, como a Vendéia e a resistência durante a guerra civil espanhola. O padre Miguel Pró escreve bonitos versos à Mãe de Jesus, em meio à batalha que se travava:
¿A quién acudiremos en busca de consuelo,
Sin patria, sin familia, sin techo y sin hogar,
Sino a Ti, que dejaste tu trono allá en el cielo
Por conquistar la patria que quisiste habitar?
Errantes y proscriptos, nos vedan, Madre mía,
Volver a nuestra patria, que es patria de tu amor;
Nos vedan que a tu lado pasemos este día;
Nos vedan que a tus plantas pongamos una flor.
¿Qué importa que la muerte nos quite la existencia
Sufriendo del destierro la amarga soledad,
Si en medio de las penas sentimos tu presencia,
Sentimos que tu manto nos cubre con piedad?7
Diante do perigo de morte, dos escárnios, das blasfêmias e das torturas, o semblante de um verdadeiro cristero era de serenidade e resignação. Não temia, mas não debatia-se, nem era vencido pelo desespero. Ao receber a proposta de renegar a fé para salvar sua vida, recordava das palavras de Cristo: “Todo aquele, portanto, que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus”8. Assim, sem hesitar, respondiam: Viva Cristo Rei! Viva a Virgem de Guadalupe!
Diante dos perseguidores, das tentações, do martírio diário ou de sangue, invoquemos como o Beato Anacleto González Flores e os cristeros de Jalisco a Mãe Santa de Guadalupe para que nos acompanhe, pecadores que somos, em nossa agonia. E concluamos, como eles rezavam após o Rosário: “que o meu último grito na terra e meu primeiro cântico no céu seja: Viva Cristo Rey!” 9