Devoção

O simbolismo de Nossa Senhora de Guadalupe

A história da Virgem Morena que levou à conversão milhões de Índios usando a Linguagem Simbólica: o simbolismo de Nossa Senhora de Guadalupe

O simbolismo de Nossa Senhora de Guadalupe
Devoção

O simbolismo de Nossa Senhora de Guadalupe

A história da Virgem Morena que levou à conversão milhões de Índios usando a Linguagem Simbólica: o simbolismo de Nossa Senhora de Guadalupe

Data da Publicação: 14/11/2023
Tempo de leitura:
Autor: Dayane Dal Vesco
Data da Publicação: 14/11/2023
Tempo de leitura:
Autor: Dayane Dal Vesco

Poderia começar esse artigo contando como se deu a aparição da Virgem Morena, da Nossa Virgem de Guadalupe a Juan Diego, mas creio ser esse assunto muito difundido em nosso meio, desde o assombro de Juan, a vergonha por não retornar após a primeira aparição devido ao tio doente, as rosas, a surpresa do Bispo, o manto de fibra de cactos que não deveria durar mais que vinte anos e que, por milagre, já dura quase quinhentos; enfim, são tantos motivos para crer, para se maravilhar com essa aparição que poderíamos pensar que já esgotamos o saber no que diz respeito a ela sendo que na verdade, nada poderia estar mais errado. Sempre podemos ver por uma nova perspectiva quando o assunto faz referência ao céu e a ideia deste texto é apresentar o simbolismo de Nossa Senhora de Guadalupe.

Para saber mais sobre a história da aparição confira: A história de Nossa Senhora de Guadalupe

Com quem Nossa Senhora de Guadalupe queria falar?

Alguns teólogos defendem que a imagem da Virgem Morena, expressa no tilma com uma tinta por nós desconhecida é, na verdade, um pictograma para os índios, já que eles não usavam a escrita como a conhecemos, e a sua comunicação se dava através de imagens.

Precisamos nos atentar ao contexto histórico da aparição, a que povo Ela queria se dirigir, lembrando sempre que Nossa Senhora é uma mãe atenta e fala em uma linguagem que seus filhos possam compreendê-la.

Seus cabelos soltos divididos ao meio, sinal de virgindade para índios, suas mãos postas unidas diante de si, comunicando que lhes daria um presente, a cor do manto que só era usado pela realeza asteca, a fita preta amarrada com laço diante do ventre, indicando que estava grávida, aliás, prestes a dar a luz, já que o Menino Deus nascera no dia 25 de dezembro, e a aparição data do dia 12 do mesmo mês.

Reze conosco a Novena a Nossa Senhora de Guadalupe

Um pouco de história para compreender o simbolismo de Nossa Senhora de Guadalupe

Faziam apenas dez anos que a então Cidade do México havia sido conquistada pelos espanhóis, os indígenas convertidos ao catolicismo estavam aos poucos sendo catequizados e abrindo mão de suas práticas de sacrifício humano e o culto a vários deuses, a linguagem simbólica ainda era muito presente em sua cultura, o que certamente fez com que fossem mais receptivos à aparição da Virgem, não à toa estima-se que cerca de 8 milhões de índios já se converteram à mesma fé dos espanhóis, a fé católica, que fora representada por um broche redondo com a imagem de uma cruz em seu peito durante a aparição.

Detalhe nos olhos de Nossa Senhora de Guadalupe, que guardam o retrato do momento em que o manto se revelou.
Detalhe nos olhos de Nossa Senhora de Guadalupe, que guardam o retrato do momento em que o manto se revelou.

A Igreja, os símbolos e o simbolismo de Nossa Senhora de Guadalupe

Essa conversão massiva dos indígenas é para nós sinal de uma forma de comunicação que a Igreja conhece bem: “Deus fala ao homem através da criação visível. O cosmos material apresenta-se à inteligência do homem para que leia nele os traços do seu Criador (20). A luz e a noite, o vento e o fogo, a água e a terra, a árvore e os frutos, tudo fala de Deus e simboliza, ao mesmo tempo, a sua grandeza e a sua proximidade.”1

Por sobre o manto da Virgem, mais precisamente sobre o ventre, pode-se notar a presença de uma flor conhecida pelos indígenas como sendo a flor da divindade, chamada de Nahui-Ollin; outro detalhe interessante é que, sobrepondo a imagem do manto, podemos ver o retrato do céu, as constelações que estavam presentes e suas posições no exato momento da aparição, sendo que a constelação do Leão estava por sobre o ventre, a de Virgem em seu peito e a Coroa Boreal, por sua vez, coroando a cabeça da Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira das Américas.

Enquanto criaturas, estas realidades sensíveis podem tornar-se o lugar de expressão da ação de Deus que santifica os homens e da ação dos homens que prestam a Deus o seu culto2.

A linguagem simbólica no nosso dia a dia

Toda linguagem é simbólica, justamente por que toda forma de comunicação se dá através de signos, ou seja, de símbolos. A diferença está entre aqueles que sabemos interpretar e os que para nós são desconhecidos. 

estrelas, constelações e o simbolismo de nossa senhora de guadalupe
O que representam cada conjunto de estrelas da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe.

A aparição extraordinária de Nossa Senhora de Guadalupe não teria obtido o mesmo sucesso se ela tivesse usado a linguagem dos Espanhóis com os Índios, mas pelo contrário, ela falou de acordo com a capacidade de interpretação deles. E o mesmo ocorre no nosso dia a dia. O quanto estamos aptos a compreender os sinais de Deus presentes em toda sua criação? 

Os indígenas sabiam que a constelação de Leão, presente por sobre o ventre da Virgem queria lhes dizer algo, a mesma sensação eles tiveram ao ver a coroa por sobre a cabeça daquela mulher que outrora chamariam de Mãe. Quando tomamos consciência de um símbolo, ele estimula em nós uma série de intelecções e mesmo que não a saibamos interpretar, sabemos que está lá. O visível se torna sinal do invisível. 

Todos que nasceram nas cidades interioranas do País já ouviram histórias dos seus avós e talvez de seus pais, sobre as plantações que eram realizadas em determinada fase da lua ou a colheita que da mesma forma, respeitava o movimento desse mesmo satélite. Isso se dava porque os antigos sabiam interpretar a dança entre as estrelas e a natureza sem nenhum tipo de previsão ou algo que ferisse sua fé, mas sim, o comportamento espelhado entre os astros e a terra. Sabiam que os ventos da primavera espalharia as sementes das árvores e flores, bem como a chuva dessa mesma estação as fariam brotar. 

Mas o mais importante, sabiam que os ventos e as chuvas primaveris, que fariam espalhar e brotar as sementes, só viriam depois de um severo inverno, muito semelhante ao da alma, que depois de reclusa, brota em flor. 

Não à toa que para nós, Brasileiros, Nossa Senhora se vestiu de Imaculada Conceição morena, e se permitiu ser resgatada num rio conhecido como escasso, assim como a esperança dos que lá viviam, fazendo os experimentar a abundância após sua aparição nas águas do Rio Paraíba do Sul, tão abundante quanto a fé que seu povo tão amado viria alimentar mais tarde. 

O nosso Senhor Jesus Cristo usou dessa mesma linguagem ao chamar os fariseus de Sepulcros Caiados, por fora esplendorosos, por dentro, ossos secos. Nossa Senhora apelou ao imaginário simbólico dos índios ao comunicar-lhes da forma que o fez, assim o fez e ainda o faz nosso Senhor através da criação, bem como da liturgia, nos bordados dos paramentos, nas pinturas presentes nas igrejas e as belíssimas imagens dos Santos, tudo isso afim de nos catequizar como fizera a Virgem.

Toda a criação fala de Deus

Não tenhamos medo de deixar com que a criação converse conosco, que fale ao nosso coração sobre as maravilhas do Deus que a criou. Chesterton, em um de seus livros, nos fala que a natureza é as costas de Deus, ou seja, ao vê-la, ao contemplarmos, estamos na verdade, contemplando o próprio Deus.

Tudo o que Deus criou é bom. Ele não erra. Nos quer cada vez mais próximos Dele e de tudo o que fez. Não recuse esse convite, esse chamado a mudança de ares, não permita que sua alma permaneça num inverno eterno, deixe-a florir.

Depois de conhecer mais sobre o simbolismo de Nossa Senhora de Guadalupe, veja também: Por que Nossa Senhora possui diversos títulos?

Referências

  1. CIC, § 1147[]
  2. CIC, § 1148[]

Dayane Dal Vesco

Psicoterapeuta, casada com o Marcos, mãe de 2 filhos na terra e 3 no céu. Acesse seu perfil no Instagram e conheça mais sobre a autora @dayanedalvesco.

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O que você vai encontrar neste artigo?

Poderia começar esse artigo contando como se deu a aparição da Virgem Morena, da Nossa Virgem de Guadalupe a Juan Diego, mas creio ser esse assunto muito difundido em nosso meio, desde o assombro de Juan, a vergonha por não retornar após a primeira aparição devido ao tio doente, as rosas, a surpresa do Bispo, o manto de fibra de cactos que não deveria durar mais que vinte anos e que, por milagre, já dura quase quinhentos; enfim, são tantos motivos para crer, para se maravilhar com essa aparição que poderíamos pensar que já esgotamos o saber no que diz respeito a ela sendo que na verdade, nada poderia estar mais errado. Sempre podemos ver por uma nova perspectiva quando o assunto faz referência ao céu e a ideia deste texto é apresentar o simbolismo de Nossa Senhora de Guadalupe.

Para saber mais sobre a história da aparição confira: A história de Nossa Senhora de Guadalupe

Com quem Nossa Senhora de Guadalupe queria falar?

Alguns teólogos defendem que a imagem da Virgem Morena, expressa no tilma com uma tinta por nós desconhecida é, na verdade, um pictograma para os índios, já que eles não usavam a escrita como a conhecemos, e a sua comunicação se dava através de imagens.

Precisamos nos atentar ao contexto histórico da aparição, a que povo Ela queria se dirigir, lembrando sempre que Nossa Senhora é uma mãe atenta e fala em uma linguagem que seus filhos possam compreendê-la.

Seus cabelos soltos divididos ao meio, sinal de virgindade para índios, suas mãos postas unidas diante de si, comunicando que lhes daria um presente, a cor do manto que só era usado pela realeza asteca, a fita preta amarrada com laço diante do ventre, indicando que estava grávida, aliás, prestes a dar a luz, já que o Menino Deus nascera no dia 25 de dezembro, e a aparição data do dia 12 do mesmo mês.

Reze conosco a Novena a Nossa Senhora de Guadalupe

Um pouco de história para compreender o simbolismo de Nossa Senhora de Guadalupe

Faziam apenas dez anos que a então Cidade do México havia sido conquistada pelos espanhóis, os indígenas convertidos ao catolicismo estavam aos poucos sendo catequizados e abrindo mão de suas práticas de sacrifício humano e o culto a vários deuses, a linguagem simbólica ainda era muito presente em sua cultura, o que certamente fez com que fossem mais receptivos à aparição da Virgem, não à toa estima-se que cerca de 8 milhões de índios já se converteram à mesma fé dos espanhóis, a fé católica, que fora representada por um broche redondo com a imagem de uma cruz em seu peito durante a aparição.

Detalhe nos olhos de Nossa Senhora de Guadalupe, que guardam o retrato do momento em que o manto se revelou.
Detalhe nos olhos de Nossa Senhora de Guadalupe, que guardam o retrato do momento em que o manto se revelou.

A Igreja, os símbolos e o simbolismo de Nossa Senhora de Guadalupe

Essa conversão massiva dos indígenas é para nós sinal de uma forma de comunicação que a Igreja conhece bem: “Deus fala ao homem através da criação visível. O cosmos material apresenta-se à inteligência do homem para que leia nele os traços do seu Criador (20). A luz e a noite, o vento e o fogo, a água e a terra, a árvore e os frutos, tudo fala de Deus e simboliza, ao mesmo tempo, a sua grandeza e a sua proximidade.”1

Por sobre o manto da Virgem, mais precisamente sobre o ventre, pode-se notar a presença de uma flor conhecida pelos indígenas como sendo a flor da divindade, chamada de Nahui-Ollin; outro detalhe interessante é que, sobrepondo a imagem do manto, podemos ver o retrato do céu, as constelações que estavam presentes e suas posições no exato momento da aparição, sendo que a constelação do Leão estava por sobre o ventre, a de Virgem em seu peito e a Coroa Boreal, por sua vez, coroando a cabeça da Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira das Américas.

Enquanto criaturas, estas realidades sensíveis podem tornar-se o lugar de expressão da ação de Deus que santifica os homens e da ação dos homens que prestam a Deus o seu culto2.

A linguagem simbólica no nosso dia a dia

Toda linguagem é simbólica, justamente por que toda forma de comunicação se dá através de signos, ou seja, de símbolos. A diferença está entre aqueles que sabemos interpretar e os que para nós são desconhecidos. 

estrelas, constelações e o simbolismo de nossa senhora de guadalupe
O que representam cada conjunto de estrelas da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe.

A aparição extraordinária de Nossa Senhora de Guadalupe não teria obtido o mesmo sucesso se ela tivesse usado a linguagem dos Espanhóis com os Índios, mas pelo contrário, ela falou de acordo com a capacidade de interpretação deles. E o mesmo ocorre no nosso dia a dia. O quanto estamos aptos a compreender os sinais de Deus presentes em toda sua criação? 

Os indígenas sabiam que a constelação de Leão, presente por sobre o ventre da Virgem queria lhes dizer algo, a mesma sensação eles tiveram ao ver a coroa por sobre a cabeça daquela mulher que outrora chamariam de Mãe. Quando tomamos consciência de um símbolo, ele estimula em nós uma série de intelecções e mesmo que não a saibamos interpretar, sabemos que está lá. O visível se torna sinal do invisível. 

Todos que nasceram nas cidades interioranas do País já ouviram histórias dos seus avós e talvez de seus pais, sobre as plantações que eram realizadas em determinada fase da lua ou a colheita que da mesma forma, respeitava o movimento desse mesmo satélite. Isso se dava porque os antigos sabiam interpretar a dança entre as estrelas e a natureza sem nenhum tipo de previsão ou algo que ferisse sua fé, mas sim, o comportamento espelhado entre os astros e a terra. Sabiam que os ventos da primavera espalharia as sementes das árvores e flores, bem como a chuva dessa mesma estação as fariam brotar. 

Mas o mais importante, sabiam que os ventos e as chuvas primaveris, que fariam espalhar e brotar as sementes, só viriam depois de um severo inverno, muito semelhante ao da alma, que depois de reclusa, brota em flor. 

Não à toa que para nós, Brasileiros, Nossa Senhora se vestiu de Imaculada Conceição morena, e se permitiu ser resgatada num rio conhecido como escasso, assim como a esperança dos que lá viviam, fazendo os experimentar a abundância após sua aparição nas águas do Rio Paraíba do Sul, tão abundante quanto a fé que seu povo tão amado viria alimentar mais tarde. 

O nosso Senhor Jesus Cristo usou dessa mesma linguagem ao chamar os fariseus de Sepulcros Caiados, por fora esplendorosos, por dentro, ossos secos. Nossa Senhora apelou ao imaginário simbólico dos índios ao comunicar-lhes da forma que o fez, assim o fez e ainda o faz nosso Senhor através da criação, bem como da liturgia, nos bordados dos paramentos, nas pinturas presentes nas igrejas e as belíssimas imagens dos Santos, tudo isso afim de nos catequizar como fizera a Virgem.

Toda a criação fala de Deus

Não tenhamos medo de deixar com que a criação converse conosco, que fale ao nosso coração sobre as maravilhas do Deus que a criou. Chesterton, em um de seus livros, nos fala que a natureza é as costas de Deus, ou seja, ao vê-la, ao contemplarmos, estamos na verdade, contemplando o próprio Deus.

Tudo o que Deus criou é bom. Ele não erra. Nos quer cada vez mais próximos Dele e de tudo o que fez. Não recuse esse convite, esse chamado a mudança de ares, não permita que sua alma permaneça num inverno eterno, deixe-a florir.

Depois de conhecer mais sobre o simbolismo de Nossa Senhora de Guadalupe, veja também: Por que Nossa Senhora possui diversos títulos?

Referências

  1. CIC, § 1147[]
  2. CIC, § 1148[]

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