Conheça a vida do grande São João da Cruz: doutor da Igreja, reformador do Carmelo, influenciou santos como Santa Teresinha do Menino Jesus.
É dos lugares que menos esperamos que saem as maiores graças de Deus. Fazendo um paralelo com Jo 1, 46: “De Nazaré pode sair algo de bom?”, podemos pensar de forma semelhante ao refletir sobre São João da Cruz. Afinal, do pequeno município de Fontiveros (que hoje conta com menos de 1000 habitantes), na província de Ávila, na Espanha, saiu um grande santo. Um santo com uma profundidade mística e teológica ímpar, capaz de reformar a espiritualidade de uma das maiores ordens religiosas da Igreja e ainda receber o título de Doutor.
É sobre São João da Cruz que iremos conversar hoje.
Nascido João de Yepes, no ano de 1542, o santo passou uma infância muito difícil e pobre ao lado de sua mãe Catarina e de seus irmãos Luís e Francisco. Órfão de pai muito cedo, não encontrava acolhimento nos membros de sua família paterna, que não os reconheciam parentes pela origem humilde de sua mãe. Seu irmão, Luís, ainda foi vítima da situação miserável em que viviam, tendo falecido de inanição. Vejam que a Cruz, ostentada no nome pelo qual viria a ser conhecido, desde sempre estava presente em sua vida.
Sempre inclinado à vida interior, João alcançou um perfeito equilíbrio entre a vida intelectual e a vida interior ao entrar para o Carmelo e cursar Filosofia e Teologia. O leitor, num primeiro momento, deve pensar que não precisa de equilíbrio entre essas duas esferas. Mas isso não é verdade. O intelectual precisa de uma vida interior muito saudável para não sucumbir às armadilhas do orgulho e da soberba que o saber pode trazer.
Porém, São João nunca se contentou com pouco. Seu coração ardia para dar sempre mais a Deus e estava muito incomodado com a frouxidão carmelitana. É nesse momento que entendemos que Nosso Senhor cuida de tudo, pois havia outra alma do mesmo porte que peregrinava sobre a mesma terra e que sentia a mesma coisa. Era Teresa, que viria a ser conhecida anos mais tarde como Santa Teresa de Ávila.
Obviamente, toda obra que é para a honra e glória de Deus desperta as mais profundas invejas. São João foi sequestrado e preso, ficando nessa situação por 9 meses. Mas foi encarcerado que desenvolveu parte relevante de sua obra espiritual.
Em 1591 ia para Deus, repetindo a seguinte frase: “Irei cantar Matinas no Céu”, em referência aos sinos de matinas que tocava quando deixou esse mundo.
Saiba mais sobre a Morte de São João da Cruz.
Todo católico conhece (ou deveria conhecer!) Santa Teresa d’Ávila. A Doutor da Igreja foi uma das figuras mais proeminentes do catolicismo de sua época. E Deus reservou à humanidade a graça do encontro ente ela e São João da Cruz. Ambos compartilhavam o anseio de reformar o Carmelo, que vinha sofrendo com a frouxidão espiritual.
São João estava tão incomodado com isso que chegou a querer ingressar na Ordem Cartuxa, conhecida por sua imensa rigidez. No entanto, Deus tinha outros planos. Dos encontros e partilhas com Santa Teresa, nasceu a ordem dos carmelitas descalços. A Ordem restaurava a regra primitiva. A pedido da doutora de Ávila, São João da Cruz se tornou vigário do Mosteiro da Encarnação.
Temos, pelo tempo, uma vantagem enorme de enxergar, na história, os frutos de uma obra que ocorreu de acordo com a vontade divina. Porque foi a partir da Ordem dos carmelitas descalços que fomos agraciados com santos que abalaram as estruturas de suas respectivas épocas: Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein), Santa Teresinha do Menino Jesus, Santa Teresa dos Andes, Santa Elisabete da Trindade…
Veja também: São João da Cruz e Santa Teresa — uma amizade que transformou o mundo.
Se a reforma do Carmelo foi um dos grandes legados para o carisma da Igreja, o livro “A Noite Escura da Alma” foi um dos grandes legados espirituais. Não temos nenhuma pretensão de esgotar todos os conceitos desse trabalho sobrenatural, até porque quando um santo escreve, o faz inspirado pelo Espírito. E isso é fonte inesgotável de meditações.
O mais interessante é que o poema foi escrito durante seu cárcere. Isso é tão espiritual quanto poético. Afinal, para São João, a prisão do corpo não representa nada frente à alma livre, entregue ao Coração de Jesus.
No texto, o santo descreve o itinerário de uma alma que caminha em direção à perfeição (vejam como, de certa forma, até nisso há certa semelhança com Santa Teresa d’Ávila). Durante a estrutura dos escritos, há a purificação dos sentidos e a purificação dos espíritos, até chegar na mais elevada união com o Amor.
É, sem dúvidas, um texto a ser meditado, e não lido com pressa ou desatenção. Mais de 500 anos após sua publicação, os caminhos para a perfeição seguem os mesmos. Portanto, todos aqueles que o lerem com o coração aberto, colherão frutos.
Existem santos que atingem tamanho grau de perfeição e união com Deus que suas obras transbordam os limites do catolicismo. E assim foi com São João da Cruz. Uma rápida pesquisa nos mostra que seus poemas são temas de mestrado e doutorado de inúmeros autores seculares.
Dito isso, vamos ler com atenção algumas de suas linhas:
Em uma noite escura, De amor em vivas ânsias inflamada Oh! ditosa ventura! Saí sem ser notada, Já minha casa estando sossegada. Na escuridão, segura, Pela secreta escada, disfarçada, Oh! ditosa ventura! Na escuridão, velada, Já minha casa estando sossegada. Em noite tão ditosa, E num segredo em que ninguém me via, Nem eu olhava coisa, Sem outra luz nem guia Além da que no coração me ardia. Essa luz me guiava, Com mais clareza que a do meio-dia Aonde me esperava Quem eu bem conhecia, Em sítio onde ninguém aparecia. Oh! noite que me guiaste, Oh! noite mais amável que a alvorada Oh! noite que juntaste Amado com amada, Amada já no Amado transformada! Em meu peito florido Que, inteiro, para Ele só guardava Quedou-se adormecido, E eu, terna, O regalava, E dos cedros o leque O refrescava. Da ameia a brisa amena, Quando eu os seus cabelos afagava Com sua mão serena Em meu colo soprava, E meus sentidos todos transportava. Esquecida, quedei-me, O rosto reclinado sobre o Amado; Tudo cessou. Deixei-me, Largando meu cuidado Por entre as açucenas olvidado.
E não é só por estudiosos seculares que São João da Cruz é admirado e lembrado. Outros santos de pesada influência na história da Igreja dedicaram obras inteiras ao reformador do Carmelo e sua espiritualidade.
A filósofa Edith Stein que, após conversão e entrada no Carmelo, adotou o nome de Irmã Teresa Benedita da Cruz, escreveu o impressionante “A ciência da Cruz”, livro que é um ensaio sobre a espiritualidade contida em São João. Os conhecimentos filosóficos da santa criam um profundo trabalho sobre a progressão espiritual e sua relação com a Cruz.
O Papa São João Paulo II dedicou seu primeiro doutorado à fé em São João da Cruz. O santo fez uma profunda reflexão sobre a união da criatura com o Criador e como essa união depende fundamentalmente da fé, visto que criatura e Criador não podem se unir por outra via, dada sua diferença incompatível. Em um paralelo com o itinerário descrito por São João da Cruz, o então Karol Wojtyla descrevia que a união com Deus ia se tornando gradualmente mais perfeita com o avançar espiritual, até chegar ao seu máximo com a visão beatífica.
Reformador do Carmelo, proclamado Doutor da Igreja por Pio XI; responsável ao menos indiretamente por nomes como Santa Teresinha do Menino Jesus e Santa Teresa Benedita da Cruz; autor de inúmeros trabalhos que iluminaram a teologia mística. E, acima de tudo isso, santo. Esse é São João da Cruz. Que ele seja sempre um exemplo do bem que podemos fazer ao mundo quando nos tornamos íntimos de Deus.
A Minha Biblioteca Católica publicou um box exclusivo dedicado a São João da Cruz, contemplando a livro A Subida do Monte Carmelo, o livro de bolso Vida de São João da Cruz e o livreto Poesias de São João da Cruz. Veja o unboxing com todos os itens no vídeo:
O box pode ser adquirido por todos os assinantes do clube. Saiba como fazer parte do clube.
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Conheça a vida do grande São João da Cruz: doutor da Igreja, reformador do Carmelo, influenciou santos como Santa Teresinha do Menino Jesus.
É dos lugares que menos esperamos que saem as maiores graças de Deus. Fazendo um paralelo com Jo 1, 46: “De Nazaré pode sair algo de bom?”, podemos pensar de forma semelhante ao refletir sobre São João da Cruz. Afinal, do pequeno município de Fontiveros (que hoje conta com menos de 1000 habitantes), na província de Ávila, na Espanha, saiu um grande santo. Um santo com uma profundidade mística e teológica ímpar, capaz de reformar a espiritualidade de uma das maiores ordens religiosas da Igreja e ainda receber o título de Doutor.
É sobre São João da Cruz que iremos conversar hoje.
Nascido João de Yepes, no ano de 1542, o santo passou uma infância muito difícil e pobre ao lado de sua mãe Catarina e de seus irmãos Luís e Francisco. Órfão de pai muito cedo, não encontrava acolhimento nos membros de sua família paterna, que não os reconheciam parentes pela origem humilde de sua mãe. Seu irmão, Luís, ainda foi vítima da situação miserável em que viviam, tendo falecido de inanição. Vejam que a Cruz, ostentada no nome pelo qual viria a ser conhecido, desde sempre estava presente em sua vida.
Sempre inclinado à vida interior, João alcançou um perfeito equilíbrio entre a vida intelectual e a vida interior ao entrar para o Carmelo e cursar Filosofia e Teologia. O leitor, num primeiro momento, deve pensar que não precisa de equilíbrio entre essas duas esferas. Mas isso não é verdade. O intelectual precisa de uma vida interior muito saudável para não sucumbir às armadilhas do orgulho e da soberba que o saber pode trazer.
Porém, São João nunca se contentou com pouco. Seu coração ardia para dar sempre mais a Deus e estava muito incomodado com a frouxidão carmelitana. É nesse momento que entendemos que Nosso Senhor cuida de tudo, pois havia outra alma do mesmo porte que peregrinava sobre a mesma terra e que sentia a mesma coisa. Era Teresa, que viria a ser conhecida anos mais tarde como Santa Teresa de Ávila.
Obviamente, toda obra que é para a honra e glória de Deus desperta as mais profundas invejas. São João foi sequestrado e preso, ficando nessa situação por 9 meses. Mas foi encarcerado que desenvolveu parte relevante de sua obra espiritual.
Em 1591 ia para Deus, repetindo a seguinte frase: “Irei cantar Matinas no Céu”, em referência aos sinos de matinas que tocava quando deixou esse mundo.
Saiba mais sobre a Morte de São João da Cruz.
Todo católico conhece (ou deveria conhecer!) Santa Teresa d’Ávila. A Doutor da Igreja foi uma das figuras mais proeminentes do catolicismo de sua época. E Deus reservou à humanidade a graça do encontro ente ela e São João da Cruz. Ambos compartilhavam o anseio de reformar o Carmelo, que vinha sofrendo com a frouxidão espiritual.
São João estava tão incomodado com isso que chegou a querer ingressar na Ordem Cartuxa, conhecida por sua imensa rigidez. No entanto, Deus tinha outros planos. Dos encontros e partilhas com Santa Teresa, nasceu a ordem dos carmelitas descalços. A Ordem restaurava a regra primitiva. A pedido da doutora de Ávila, São João da Cruz se tornou vigário do Mosteiro da Encarnação.
Temos, pelo tempo, uma vantagem enorme de enxergar, na história, os frutos de uma obra que ocorreu de acordo com a vontade divina. Porque foi a partir da Ordem dos carmelitas descalços que fomos agraciados com santos que abalaram as estruturas de suas respectivas épocas: Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein), Santa Teresinha do Menino Jesus, Santa Teresa dos Andes, Santa Elisabete da Trindade…
Veja também: São João da Cruz e Santa Teresa — uma amizade que transformou o mundo.
Se a reforma do Carmelo foi um dos grandes legados para o carisma da Igreja, o livro “A Noite Escura da Alma” foi um dos grandes legados espirituais. Não temos nenhuma pretensão de esgotar todos os conceitos desse trabalho sobrenatural, até porque quando um santo escreve, o faz inspirado pelo Espírito. E isso é fonte inesgotável de meditações.
O mais interessante é que o poema foi escrito durante seu cárcere. Isso é tão espiritual quanto poético. Afinal, para São João, a prisão do corpo não representa nada frente à alma livre, entregue ao Coração de Jesus.
No texto, o santo descreve o itinerário de uma alma que caminha em direção à perfeição (vejam como, de certa forma, até nisso há certa semelhança com Santa Teresa d’Ávila). Durante a estrutura dos escritos, há a purificação dos sentidos e a purificação dos espíritos, até chegar na mais elevada união com o Amor.
É, sem dúvidas, um texto a ser meditado, e não lido com pressa ou desatenção. Mais de 500 anos após sua publicação, os caminhos para a perfeição seguem os mesmos. Portanto, todos aqueles que o lerem com o coração aberto, colherão frutos.
Existem santos que atingem tamanho grau de perfeição e união com Deus que suas obras transbordam os limites do catolicismo. E assim foi com São João da Cruz. Uma rápida pesquisa nos mostra que seus poemas são temas de mestrado e doutorado de inúmeros autores seculares.
Dito isso, vamos ler com atenção algumas de suas linhas:
Em uma noite escura, De amor em vivas ânsias inflamada Oh! ditosa ventura! Saí sem ser notada, Já minha casa estando sossegada. Na escuridão, segura, Pela secreta escada, disfarçada, Oh! ditosa ventura! Na escuridão, velada, Já minha casa estando sossegada. Em noite tão ditosa, E num segredo em que ninguém me via, Nem eu olhava coisa, Sem outra luz nem guia Além da que no coração me ardia. Essa luz me guiava, Com mais clareza que a do meio-dia Aonde me esperava Quem eu bem conhecia, Em sítio onde ninguém aparecia. Oh! noite que me guiaste, Oh! noite mais amável que a alvorada Oh! noite que juntaste Amado com amada, Amada já no Amado transformada! Em meu peito florido Que, inteiro, para Ele só guardava Quedou-se adormecido, E eu, terna, O regalava, E dos cedros o leque O refrescava. Da ameia a brisa amena, Quando eu os seus cabelos afagava Com sua mão serena Em meu colo soprava, E meus sentidos todos transportava. Esquecida, quedei-me, O rosto reclinado sobre o Amado; Tudo cessou. Deixei-me, Largando meu cuidado Por entre as açucenas olvidado.
E não é só por estudiosos seculares que São João da Cruz é admirado e lembrado. Outros santos de pesada influência na história da Igreja dedicaram obras inteiras ao reformador do Carmelo e sua espiritualidade.
A filósofa Edith Stein que, após conversão e entrada no Carmelo, adotou o nome de Irmã Teresa Benedita da Cruz, escreveu o impressionante “A ciência da Cruz”, livro que é um ensaio sobre a espiritualidade contida em São João. Os conhecimentos filosóficos da santa criam um profundo trabalho sobre a progressão espiritual e sua relação com a Cruz.
O Papa São João Paulo II dedicou seu primeiro doutorado à fé em São João da Cruz. O santo fez uma profunda reflexão sobre a união da criatura com o Criador e como essa união depende fundamentalmente da fé, visto que criatura e Criador não podem se unir por outra via, dada sua diferença incompatível. Em um paralelo com o itinerário descrito por São João da Cruz, o então Karol Wojtyla descrevia que a união com Deus ia se tornando gradualmente mais perfeita com o avançar espiritual, até chegar ao seu máximo com a visão beatífica.
Reformador do Carmelo, proclamado Doutor da Igreja por Pio XI; responsável ao menos indiretamente por nomes como Santa Teresinha do Menino Jesus e Santa Teresa Benedita da Cruz; autor de inúmeros trabalhos que iluminaram a teologia mística. E, acima de tudo isso, santo. Esse é São João da Cruz. Que ele seja sempre um exemplo do bem que podemos fazer ao mundo quando nos tornamos íntimos de Deus.
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