Destaque, Formação

Pecado original: a origem da queda e a promessa de redenção

Saiba tudo que a Igreja ensina sobre o Pecado Original, desde a origem da queda com Adão e Eva até a promessa de Redenção por Jesus Cristo.

Pecado original: a origem da queda e a promessa de redenção
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Pecado original: a origem da queda e a promessa de redenção

Saiba tudo que a Igreja ensina sobre o Pecado Original, desde a origem da queda com Adão e Eva até a promessa de Redenção por Jesus Cristo.

Data da Publicação: 25/11/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação Minha Biblioteca Católica
Data da Publicação: 25/11/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação Minha Biblioteca Católica

Saiba tudo que a Igreja ensina sobre o Pecado Original, desde a origem da queda com Adão e Eva até a promessa de Redenção por Jesus Cristo.

O relato do pecado original é um dos textos mais emblemáticos do Gênesis. Ele narra a desobediência de Adão e Eva, marcando a entrada do pecado no mundo e suas consequências para toda a humanidade. No entanto, este episódio não apenas revela a profundidade do afastamento de Deus, mas também inaugura o plano divino de redenção.

Neste artigo, vamos explorar essa história, entender sua importância teológica e o que a Igreja ensina sobre o plano de redenção iniciado nesse evento.

O que é o Pecado Original?

O Pecado Original marca a desobediência que transformou a relação entre a humanidade e Deus. De acordo com o relato do Gênesis, Adão e Eva, persuadidos pela serpente, escolheram comer do fruto proibido, desafiando diretamente a ordem divina. Esse ato simboliza a exclusão da autoridade de Deus e a tentativa de definir, por conta própria, o que é bom ou mau.

Dessa forma, romperam a confiança plena que os ligava ao Criador. E as consequências desse ato vão além do erro individual de Adão e Eva. O Catecismo da Igreja Católica deixa claro que que o Pecado Original não é cometido, mas contraído; é um estado e não um ato. 1

a transmissão do pecado original é um mistério que nós não podemos compreender plenamente. Mas sabemos, pela Revelação, que Adão tinha recebido a santidade e a justiça originais, não só para si, mas para toda a natureza humana; consentindo na tentação, Adão e Eva cometeram um pecado pessoal, mas este pecado afeta a natureza humana que eles vão transmitir num estado decaído. É um pecado que vai ser transmitido a toda a humanidade por propagação, quer dizer, pela transmissão duma natureza humana privada da santidade e justiça originais. 2

Todos nós herdamos, portanto, uma natureza marcada pela ausência daquela graça original, o que significa que todos os homens nascem privados da santidade e da justiça original. Essa condição nos inclina ao pecado e à fraqueza moral, tornando-nos vulneráveis ​​ao mal. 1

Conheça as consequências do pecado na nossa alma.

Onde está o Pecado Original na Bíblia?

O relato do Pecado Original encontra-se no livro do Gênesis, no capítulo 3, versículos 1 a 24. Vamos ler a seguir:

A serpente era o mais astuto de todos os animais do campo que o Senhor Deus tinha formado. Ela disse à mulher: “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?”.
A mulher respondeu-lhe: ‘‘Podemos comer do fruto das árvores do jardim.
Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais’.”
“Oh, não! – tornou a serpente – vós não morrereis!
Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.”
A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente.*
Então os seus olhos abriram-se; e, vendo que estavam nus, tomaram fo­lhas de figueira, ligaram-nas e fizeram tangas para si.
E eis que ouviram o barulho (dos passos) do Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde. O homem e sua mulher esconde­ram-se da face do Senhor Deus, no meio das árvores do jardim.
Mas o Senhor Deus chamou o homem e perguntou-lhe: “Onde estás?”.
E ele respondeu: “Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me”.
O Senhor Deus disse: “Quem te revelou que estavas nu? Terias tu porventura comido do fruto da árvore que eu te havia proibido de comer?”.
O homem respondeu: “A mu­lher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto, e eu comi”.
O Senhor Deus disse à mulher: ‘‘Por que fizeste isso?”. “A serpente enganou-me – res­pondeu ela – e eu comi.”
Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e feras do campo; andarás de rastos sobre o teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua vida.
Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.*
Disse também à mulher: ‘‘Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio”.
E disse em seguida ao homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida.
Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra.
Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar”.
Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos os viventes.*
O Senhor Deus fez para Adão e sua mulher umas vestes de peles, e os vestiu.
E o Senhor Deus disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda a sua mão e tome também do fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente”.
O Senhor Deus expulsou-o do jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra “de onde havia tirado”.
E expulsou-o; e colocou ao oriente do jardim do Éden querubins armados de uma espada flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida.

Esse trecho, de uma profundidade espiritual marcante, revela que o pecado não é apenas a quebra de uma regra, mas uma ruptura de um relacionamento de confiança com Deus. O desejo de “ser como Deus” é uma expressão de orgulho humano, que tenta usurpar o lugar do Criador.

A Escritura refere as consequências dramáticas desta primeira desobediência: Adão e Eva perdem imediatamente a graça da santidade original. Têm medo daquele Deus de quem se fizeram uma falsa imagem: a dum Deus ciumento das suas prerrogativas. […] A morte faz a sua entrada na história da humanidade. 3

Quando e onde aconteceu o Pecado Original?

O Pecado Original, conforme a narrativa bíblica, ocorreu no Jardim do Éden, um lugar de perfeição criado por Deus para ser a morada de Adão e Eva. Esse jardim simbolizava a harmonia entre Deus, a humanidade e a criação. No Éden, Adão e Eva viveram em comunhão plena com o Criador, desfrutando de Sua presença e da realidade de um ambiente onde não havia dor, sofrimento ou morte.

A queda, no entanto, pertence a um tempo primordial, anterior ao registro histórico, situado na origem da humanidade, como recorda o Catecismo da Igreja Católica:

 A narrativa da queda (Gn 3) utiliza uma linguagem feita de imagens, mas afirma um acontecimento primordial, um fato que teve lugar no princípio da história do homem. A Revelação dá-nos uma certeza de fé de que toda a história humana está marcada pela falta original, livremente cometida pelos nossos primeiros pais. 4

Embora o Éden seja descrito em termos de um lugar físico, sua profundidade simbólica nos revela algo ainda maior: ele é o estado de graça no qual Deus quis que todos os homens vivessem. Quando Adão e Eva desobedeceram, essa ordem original foi rompida, a humanidade perdeu a santidade e a justiça com que foi criada.

No entanto, essa perda não se limita ao primeiro casal, pois o pecado de Adão é transmitido a todos os seus descendentes. 2 Desse modo, o episódio do Pecado Original transcende a localização e o tempo, ecoando nas experiências de todos os homens e mulheres que, como Adão e Eva, enfrentam as tentações e as consequências do afastamento de Deus.

Leia mais, neste artigo de um dos nossos colunistas, sobre a queda e suas consequências.

O Pecado Original segundo a Bíblia

A criação perfeita e a ordem divina

Deus, em Sua imensa bondade, criou o homem e a mulher à Sua própria imagem e semelhança, dando-lhes uma dignidade que nenhuma outra criatura possui. Ele não apenas os formou, mas os colocou no Jardim do Éden, um lugar de beleza e harmonia, onde poderiam viver em perfeita união com Ele e com toda a criação.

Sinal da familiaridade com Deus é o fato de Deus o colocar no jardim. Ali vive «a fim de o cultivar e guardar» (Gn 2, 15): o trabalho não é um castigo, mas a colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação visível.

Nesse paraíso, Deus confiou-lhes uma missão grandiosa: cuidar de Sua obra, preservando e cultivando tudo o que Ele tinha criado com tanto amor. Esta não era uma tarefa qualquer, mas um chamado para serem colaboradores de Deus, cuidando do mundo com a mesma dedicação com que Ele o havia feito.

O chamado para cuidar do jardim era um convite para participar do plano divino, para viver de maneira que cada folha, cada animal e cada rio ressoassem a grandeza de Deus. Era um chamado não apenas à responsabilidade, mas à alegria de ver o mundo florescer sob seu olhar e suas mãos.

Segundo o desígnio de Deus, o homem e a mulher são vocacionados para «dominarem a terra» como «administradores» de Deus. Esta soberania não deve ser uma dominação arbitrária e destruidora. A imagem do Criador, «que ama tudo o que existe» (Sb 11, 24), o homem e a mulher são chamados a participar na Providência divina em relação às outras criaturas. Daí a sua responsabilidade para com o mundo que Deus lhes confiou. 5

A tentação da serpente

A tentação da serpente é o momento no qual a harmonia da criação é desafiada. A serpente, símbolo de astúcia e engano, aproxima-se de Eva e começa a questionar o comando dado por Deus: “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?” (Gn 3,1). Com esse simples questionamento, a serpente lança uma dúvida, minando a confiança de Eva nas palavras de Deus.

Ela sugere que a proibição divina não era um ato de amor, mas uma limitação que impedia o homem de alcançar seu pleno potencial. “Vós não morrereis!”, afirma ela, desafiando diretamente a verdade revelada por Deus e levando Eva a crer que o fruto proibido traria um conhecimento superior, tornando-os “como deuses” (Gn 3,5).

Eva, seduzida pela promessa de algo maior e mais grandioso, cede à tentação. Ela vê que o fruto é “bom para comer” e “agradável aos olhos” (Gn 3,6) e, assim, desobedece ao princípio divino. Ao fazer isso, ela não apenas desafia a ordem de Deus, mas também ignora a confiança e a liberdade que Deus lhe concedeu.

A investida da serpente foi uma sedução que apelou para o orgulho e o desejo de autonomia do homem, demonstrando que ele poderia, por si mesmo, decidir o que é bom e o que é mal. 6 A desobediência de Adão e Eva, fruto dessa sedução, não foi apenas um simples erro, mas uma ruptura profunda na relação de confiança com Deus, marcada pela busca egoísta por poder e controle sobre a criação

Tentado pelo Diabo, o homem deixou morrer no coração a confiança no seu Criador. Abusando da liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Nisso consistiu o primeiro pecado do homem. Daí em diante, todo o pecado será uma desobediência a Deus e uma falta de confiança na sua bondade. 6

O ato de desobediência

Quando Adão e Eva comeram o fruto proibido, não o fizeram por ignorância ou engano, mas com plena consciência do que estavam fazendo. Ambos sabiam que desobedecer ao comando de Deus traria consequências, pois Ele havia sido claro ao dizer: “Do fruto da árvore que está no meio do jardim, não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais” (Gn 3,3) .

Contudo, seduzidos pela promessa de um conhecimento superior, tomaram a decisão de desafiar a ordem divina. E, ao comerem do fruto, Adão e Eva não só quebraram o vínculo de obediência, mas também romperam a harmonia que existia entre eles e Deus, entre eles mesmos e com a criação.

O pecado é, em sua essência, uma rejeição do amor de Deus, uma tentativa de tomar o lugar do Criador e decidir por conta própria o aquilo que é bom ou não. 7

O ato de desobediência não foi, portanto, uma falha acidental, mas uma decisão que, ao ignorar a ordem e a vontade divina, trouxe consigo o peso da separação e a perda da graça original. A partir desse momento, a natureza humana ficou marcada por essa escolha, e a plenitude da comunhão com Deus foi quebrada.

Neste pecado, o homem preferiu-se a si próprio a Deus, e por isso desprezou Deus: optou por si próprio contra Deus, contra as exigências da sua condição de criatura e, daí, contra o seu próprio bem. Constituído num estado de santidade, o homem estava destinado a ser plenamente «divinizado» por Deus na glória. Pela sedução do Diabo, quis «ser como Deus», mas «sem Deus, em vez de Deus, e não segundo Deus» 7

As consequências da queda

Após o ato de desobediência, as consequências da queda foram imediatas e profundas. Deus, em Sua justiça e misericórdia, não deixa de anunciar as sérias repercussões do pecado. A primeira grande consequência foi a expulsão de Adão e Eva do Éden. O paraíso, o lugar de perfeição e harmonia, foi perdido, e o casal foi enviado para o mundo fora do jardim, onde enfrentaria as dificuldades da vida.

Como Deus havia anunciado, “no dia em que comeres dele, certamente morrerás” (Gn 2,17), e a morte, que antes não existia, tornou-se uma realidade significativa. 8 A separação de Deus, fonte de toda vida, trouxe a mortalidade e o sofrimento.

Além da morte física, a queda impõe ao casal, Adão e Eva, o peso do trabalho árduo e das dores da vida. Ao homem, Deus disse: “Maldita seja a terra por tua causa; com trabalhos penosos obterás dela o sustento” (Gn 3,17). A mulher, por sua vez, passaria a experimentar as dores do parto e a tensão no relacionamento com seu esposo (Gn 3,16).

O Catecismo explica que, com a queda, o homem passou a viver em um mundo marcado pelo sofrimento, pela luta e pela morte, como consequência direta da perda do estado de santidade original e da desobediência ao plano divino. 8

Saiba como a Virgem Maria foi preservada do Pecado Original: o dogma da Imaculada Conceição.

Onde o Novo Testamento menciona o Pecado Original?

A doutrina do Pecado Original, embora descrita no Antigo Testamento, é profundamente refletida e esclarecida no Novo Testamento. Uma das passagens mais significativas sobre o assunto encontra-se em Romanos 5, onde São Paulo traz um contraponto entre a desobediência de Adão e a obediência de Cristo. Ele escreve:

Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram… 9

Aqui, Paulo afirma que o pecado de Adão não afetou apenas ele e Eva, mas trouxe a corrupção para toda a humanidade, transmitida de geração em geração, como herança do pecado original. A morte, então, passa a ser uma consequência dessa desobediência.

No entanto, Paulo também nos oferece uma esperança: “Se pelo pecado de um só homem reinou a morte (por esse único homem), muito mais aqueles que receberam a abundância da graça e o dom da justiça reinarão na vida por um só, que é Jesus Cristo!” 10 Essa comparação mostra que, assim como o pecado de Adão teve um impacto universal, a aceitação de Cristo, ao oferecer-Se como sacrifícios, traz a possibilidade de redenção e restauração também para todos.

O que a Igreja ensina sobre o Pecado Original?

A Igreja ensina que o Pecado Original resultou na ruptura da relação entre Deus e a humanidade. Quando Adão e Eva desobedeceram a Deus no Jardim do Éden, o pecado entrou no mundo 8, trazendo a morte e a corrupção para todos os homens, como nos diz São Paulo, em Romanos 5,12.

A consequência dessa desobediência foi a perda da amizade com Deus e o acidente da natureza humana, que passou a carregar o fardo do pecado original.

A partir deste primeiro pecado, uma verdadeira «invasão» de pecado inunda o mundo: o fratricídio cometido por Caim na pessoa de Abel; a corrupção universal como consequência do pecado. Na história de Israel, o pecado manifesta-se com frequência, sobretudo como uma infidelidade ao Deus da Aliança e como transgressão da lei de Moisés. Mesmo depois da redenção de Cristo, o pecado manifesta-se de muitas maneiras entre os cristãos. A Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja não se cansam de lembrar a presença e a universalidade do pecado na história do homem. 11

No entanto, essa queda não é o fim da história, mas o início do plano divino de salvação. Deus, em Sua misericórdia infinita, não abandonou a humanidade, mas preparou desde o início a promessa de um Salvador. E essa promessa de um Redentor, Jesus Cristo, é o ponto central da redenção.

 A doutrina do pecado original é, por assim dizer, «o reverso» da Boa-Nova de que Jesus é o Salvador de todos os homens, de que todos têm necessidade da salvação e de que a salvação é oferecida a todos, graças a Cristo. A Igreja, que tem o sentido de Cristo, sabe bem que não pode tocar-se na revelação do pecado original sem atentar contra o mistério de Cristo. 12

Cristo, com Sua obediência, repara o pecado de Adão e oferece à humanidade a graça da salvação. A Igreja ensina que, por meio do batismo, somos purificados do Pecado Original e restaurados à amizade com Deus. O batismo, símbolo de renovação e purificação, nos inserimos no mistério da salvação, reconciliando-nos com Deus e abrindo-nos à vida eterna.

Depois de São Paulo, a Igreja sempre ensinou que a imensa miséria que oprime os homens, e a sua inclinação para o mal e para a morte não se compreendem sem a ligação com o pecado de Adão e o fato de ele nos ter transmitido um pecado de que todos nascemos infectados e que é «morte da alma» (292). A partir desta certeza de fé, a Igreja confere o Batismo para a remissão dos pecados, mesmo às crianças que não cometeram qualquer pecado pessoal. 1

Embora o pecado original tenha trazido a separação de Deus, a ação salvadora de Cristo permite a restauração dessa comunhão perdida. O batismo não apaga apenas as consequências do pecado, mas nos faz filhos adotivos de Deus, conferindo-nos uma nova vida em Cristo. Mesmo sem pecados pessoais, as crianças também recebem o batismo, pois o Pecado Original é transmitido a todos, e sua purificação é essencial para a salvação. 1

Saiba mais sobre o que é o Sacramento do Batismo.

O Pecado Original e a nossa vida espiritual

A narrativa do Pecado Original leva-nos a refletir sobre a nossa própria natureza. A queda de Adão e Eva, ao ceder à tentação da serpente, revela-nos a fragilidade humana diante da escolha entre o bem e o mal.

Somos herdeiros dessa inclinação ao pecado, que nos distancia da perfeição para a qual fomos criados. No entanto, ela também nos desperta para a consciência da nossa dependência da graça divina. Como São Paulo afirma: “Quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta” (Rm 7,21), expressando a luta interior que todos enfrentamos ao buscar viver segundo a vontade de Deus.

Contudo, essa história não é marcada apenas pela queda, mas pela promessa de redenção. Mesmo diante do pecado original, Deus jamais abandona os seus filhos. Pelo contrário, oferece-nos a graça da salvação em Cristo, que veio para redimir o mundo e restaurar nossa comunhão com o Pai. 13

Através de Sua vida, paixão e ressurreição, Cristo nos abriu o caminho da salvação, conquistando a vitória sobre o pecado. Por isso, é nele que encontramos força para superar nossas fraquezas e coragem para viver de acordo com a vontade divina.

Essa verdade nos motiva a buscar a graça de Deus, especialmente por meio dos sacramentos, que nos aproximam do Criador. Como disse Santo Agostinho: “O Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti”. Um chamado à ação, à fidelidade e à confiança na misericórdia divina.

A história do Pecado Original nos ensina, enfim, que a inclinação ao pecado não é um fim, mas um ponto de partida para a conversão. Por meio da oração, da penitência e de uma vida comprometida com o Evangelho, somos convidados a caminhar com esperança, sabendo que Deus nos oferece continuamente Sua graça redentora para vivermos como Seus filhos amados.

Confira aqui um resumo da fé católica em 10 pontos.

Referências

  1. CIC, 403[][][][]
  2. CIC, 404[][]
  3. CIC, 399-400[]
  4. CIC, 390[]
  5. CIC, 373[]
  6. CIC, 397[][]
  7. CIC, 398[][]
  8. CIC, 400[][][]
  9. Rm 5, 12[]
  10. Rm 5, 17[]
  11. CIC, 401[]
  12. CIC, 389[]
  13. CIC, 405[]

Redação Minha Biblioteca Católica

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Saiba tudo que a Igreja ensina sobre o Pecado Original, desde a origem da queda com Adão e Eva até a promessa de Redenção por Jesus Cristo.

O relato do pecado original é um dos textos mais emblemáticos do Gênesis. Ele narra a desobediência de Adão e Eva, marcando a entrada do pecado no mundo e suas consequências para toda a humanidade. No entanto, este episódio não apenas revela a profundidade do afastamento de Deus, mas também inaugura o plano divino de redenção.

Neste artigo, vamos explorar essa história, entender sua importância teológica e o que a Igreja ensina sobre o plano de redenção iniciado nesse evento.

O que é o Pecado Original?

O Pecado Original marca a desobediência que transformou a relação entre a humanidade e Deus. De acordo com o relato do Gênesis, Adão e Eva, persuadidos pela serpente, escolheram comer do fruto proibido, desafiando diretamente a ordem divina. Esse ato simboliza a exclusão da autoridade de Deus e a tentativa de definir, por conta própria, o que é bom ou mau.

Dessa forma, romperam a confiança plena que os ligava ao Criador. E as consequências desse ato vão além do erro individual de Adão e Eva. O Catecismo da Igreja Católica deixa claro que que o Pecado Original não é cometido, mas contraído; é um estado e não um ato. 1

a transmissão do pecado original é um mistério que nós não podemos compreender plenamente. Mas sabemos, pela Revelação, que Adão tinha recebido a santidade e a justiça originais, não só para si, mas para toda a natureza humana; consentindo na tentação, Adão e Eva cometeram um pecado pessoal, mas este pecado afeta a natureza humana que eles vão transmitir num estado decaído. É um pecado que vai ser transmitido a toda a humanidade por propagação, quer dizer, pela transmissão duma natureza humana privada da santidade e justiça originais. 2

Todos nós herdamos, portanto, uma natureza marcada pela ausência daquela graça original, o que significa que todos os homens nascem privados da santidade e da justiça original. Essa condição nos inclina ao pecado e à fraqueza moral, tornando-nos vulneráveis ​​ao mal. 1

Conheça as consequências do pecado na nossa alma.

Onde está o Pecado Original na Bíblia?

O relato do Pecado Original encontra-se no livro do Gênesis, no capítulo 3, versículos 1 a 24. Vamos ler a seguir:

A serpente era o mais astuto de todos os animais do campo que o Senhor Deus tinha formado. Ela disse à mulher: “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?”.
A mulher respondeu-lhe: ‘‘Podemos comer do fruto das árvores do jardim.
Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais’.”
“Oh, não! – tornou a serpente – vós não morrereis!
Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.”
A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente.*
Então os seus olhos abriram-se; e, vendo que estavam nus, tomaram fo­lhas de figueira, ligaram-nas e fizeram tangas para si.
E eis que ouviram o barulho (dos passos) do Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde. O homem e sua mulher esconde­ram-se da face do Senhor Deus, no meio das árvores do jardim.
Mas o Senhor Deus chamou o homem e perguntou-lhe: “Onde estás?”.
E ele respondeu: “Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me”.
O Senhor Deus disse: “Quem te revelou que estavas nu? Terias tu porventura comido do fruto da árvore que eu te havia proibido de comer?”.
O homem respondeu: “A mu­lher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto, e eu comi”.
O Senhor Deus disse à mulher: ‘‘Por que fizeste isso?”. “A serpente enganou-me – res­pondeu ela – e eu comi.”
Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e feras do campo; andarás de rastos sobre o teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua vida.
Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.*
Disse também à mulher: ‘‘Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio”.
E disse em seguida ao homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida.
Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra.
Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar”.
Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos os viventes.*
O Senhor Deus fez para Adão e sua mulher umas vestes de peles, e os vestiu.
E o Senhor Deus disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda a sua mão e tome também do fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente”.
O Senhor Deus expulsou-o do jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra “de onde havia tirado”.
E expulsou-o; e colocou ao oriente do jardim do Éden querubins armados de uma espada flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida.

Esse trecho, de uma profundidade espiritual marcante, revela que o pecado não é apenas a quebra de uma regra, mas uma ruptura de um relacionamento de confiança com Deus. O desejo de “ser como Deus” é uma expressão de orgulho humano, que tenta usurpar o lugar do Criador.

A Escritura refere as consequências dramáticas desta primeira desobediência: Adão e Eva perdem imediatamente a graça da santidade original. Têm medo daquele Deus de quem se fizeram uma falsa imagem: a dum Deus ciumento das suas prerrogativas. […] A morte faz a sua entrada na história da humanidade. 3

Quando e onde aconteceu o Pecado Original?

O Pecado Original, conforme a narrativa bíblica, ocorreu no Jardim do Éden, um lugar de perfeição criado por Deus para ser a morada de Adão e Eva. Esse jardim simbolizava a harmonia entre Deus, a humanidade e a criação. No Éden, Adão e Eva viveram em comunhão plena com o Criador, desfrutando de Sua presença e da realidade de um ambiente onde não havia dor, sofrimento ou morte.

A queda, no entanto, pertence a um tempo primordial, anterior ao registro histórico, situado na origem da humanidade, como recorda o Catecismo da Igreja Católica:

 A narrativa da queda (Gn 3) utiliza uma linguagem feita de imagens, mas afirma um acontecimento primordial, um fato que teve lugar no princípio da história do homem. A Revelação dá-nos uma certeza de fé de que toda a história humana está marcada pela falta original, livremente cometida pelos nossos primeiros pais. 4

Embora o Éden seja descrito em termos de um lugar físico, sua profundidade simbólica nos revela algo ainda maior: ele é o estado de graça no qual Deus quis que todos os homens vivessem. Quando Adão e Eva desobedeceram, essa ordem original foi rompida, a humanidade perdeu a santidade e a justiça com que foi criada.

No entanto, essa perda não se limita ao primeiro casal, pois o pecado de Adão é transmitido a todos os seus descendentes. 2 Desse modo, o episódio do Pecado Original transcende a localização e o tempo, ecoando nas experiências de todos os homens e mulheres que, como Adão e Eva, enfrentam as tentações e as consequências do afastamento de Deus.

Leia mais, neste artigo de um dos nossos colunistas, sobre a queda e suas consequências.

O Pecado Original segundo a Bíblia

A criação perfeita e a ordem divina

Deus, em Sua imensa bondade, criou o homem e a mulher à Sua própria imagem e semelhança, dando-lhes uma dignidade que nenhuma outra criatura possui. Ele não apenas os formou, mas os colocou no Jardim do Éden, um lugar de beleza e harmonia, onde poderiam viver em perfeita união com Ele e com toda a criação.

Sinal da familiaridade com Deus é o fato de Deus o colocar no jardim. Ali vive «a fim de o cultivar e guardar» (Gn 2, 15): o trabalho não é um castigo, mas a colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação visível.

Nesse paraíso, Deus confiou-lhes uma missão grandiosa: cuidar de Sua obra, preservando e cultivando tudo o que Ele tinha criado com tanto amor. Esta não era uma tarefa qualquer, mas um chamado para serem colaboradores de Deus, cuidando do mundo com a mesma dedicação com que Ele o havia feito.

O chamado para cuidar do jardim era um convite para participar do plano divino, para viver de maneira que cada folha, cada animal e cada rio ressoassem a grandeza de Deus. Era um chamado não apenas à responsabilidade, mas à alegria de ver o mundo florescer sob seu olhar e suas mãos.

Segundo o desígnio de Deus, o homem e a mulher são vocacionados para «dominarem a terra» como «administradores» de Deus. Esta soberania não deve ser uma dominação arbitrária e destruidora. A imagem do Criador, «que ama tudo o que existe» (Sb 11, 24), o homem e a mulher são chamados a participar na Providência divina em relação às outras criaturas. Daí a sua responsabilidade para com o mundo que Deus lhes confiou. 5

A tentação da serpente

A tentação da serpente é o momento no qual a harmonia da criação é desafiada. A serpente, símbolo de astúcia e engano, aproxima-se de Eva e começa a questionar o comando dado por Deus: “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?” (Gn 3,1). Com esse simples questionamento, a serpente lança uma dúvida, minando a confiança de Eva nas palavras de Deus.

Ela sugere que a proibição divina não era um ato de amor, mas uma limitação que impedia o homem de alcançar seu pleno potencial. “Vós não morrereis!”, afirma ela, desafiando diretamente a verdade revelada por Deus e levando Eva a crer que o fruto proibido traria um conhecimento superior, tornando-os “como deuses” (Gn 3,5).

Eva, seduzida pela promessa de algo maior e mais grandioso, cede à tentação. Ela vê que o fruto é “bom para comer” e “agradável aos olhos” (Gn 3,6) e, assim, desobedece ao princípio divino. Ao fazer isso, ela não apenas desafia a ordem de Deus, mas também ignora a confiança e a liberdade que Deus lhe concedeu.

A investida da serpente foi uma sedução que apelou para o orgulho e o desejo de autonomia do homem, demonstrando que ele poderia, por si mesmo, decidir o que é bom e o que é mal. 6 A desobediência de Adão e Eva, fruto dessa sedução, não foi apenas um simples erro, mas uma ruptura profunda na relação de confiança com Deus, marcada pela busca egoísta por poder e controle sobre a criação

Tentado pelo Diabo, o homem deixou morrer no coração a confiança no seu Criador. Abusando da liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Nisso consistiu o primeiro pecado do homem. Daí em diante, todo o pecado será uma desobediência a Deus e uma falta de confiança na sua bondade. 6

O ato de desobediência

Quando Adão e Eva comeram o fruto proibido, não o fizeram por ignorância ou engano, mas com plena consciência do que estavam fazendo. Ambos sabiam que desobedecer ao comando de Deus traria consequências, pois Ele havia sido claro ao dizer: “Do fruto da árvore que está no meio do jardim, não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais” (Gn 3,3) .

Contudo, seduzidos pela promessa de um conhecimento superior, tomaram a decisão de desafiar a ordem divina. E, ao comerem do fruto, Adão e Eva não só quebraram o vínculo de obediência, mas também romperam a harmonia que existia entre eles e Deus, entre eles mesmos e com a criação.

O pecado é, em sua essência, uma rejeição do amor de Deus, uma tentativa de tomar o lugar do Criador e decidir por conta própria o aquilo que é bom ou não. 7

O ato de desobediência não foi, portanto, uma falha acidental, mas uma decisão que, ao ignorar a ordem e a vontade divina, trouxe consigo o peso da separação e a perda da graça original. A partir desse momento, a natureza humana ficou marcada por essa escolha, e a plenitude da comunhão com Deus foi quebrada.

Neste pecado, o homem preferiu-se a si próprio a Deus, e por isso desprezou Deus: optou por si próprio contra Deus, contra as exigências da sua condição de criatura e, daí, contra o seu próprio bem. Constituído num estado de santidade, o homem estava destinado a ser plenamente «divinizado» por Deus na glória. Pela sedução do Diabo, quis «ser como Deus», mas «sem Deus, em vez de Deus, e não segundo Deus» 7

As consequências da queda

Após o ato de desobediência, as consequências da queda foram imediatas e profundas. Deus, em Sua justiça e misericórdia, não deixa de anunciar as sérias repercussões do pecado. A primeira grande consequência foi a expulsão de Adão e Eva do Éden. O paraíso, o lugar de perfeição e harmonia, foi perdido, e o casal foi enviado para o mundo fora do jardim, onde enfrentaria as dificuldades da vida.

Como Deus havia anunciado, “no dia em que comeres dele, certamente morrerás” (Gn 2,17), e a morte, que antes não existia, tornou-se uma realidade significativa. 8 A separação de Deus, fonte de toda vida, trouxe a mortalidade e o sofrimento.

Além da morte física, a queda impõe ao casal, Adão e Eva, o peso do trabalho árduo e das dores da vida. Ao homem, Deus disse: “Maldita seja a terra por tua causa; com trabalhos penosos obterás dela o sustento” (Gn 3,17). A mulher, por sua vez, passaria a experimentar as dores do parto e a tensão no relacionamento com seu esposo (Gn 3,16).

O Catecismo explica que, com a queda, o homem passou a viver em um mundo marcado pelo sofrimento, pela luta e pela morte, como consequência direta da perda do estado de santidade original e da desobediência ao plano divino. 8

Saiba como a Virgem Maria foi preservada do Pecado Original: o dogma da Imaculada Conceição.

Onde o Novo Testamento menciona o Pecado Original?

A doutrina do Pecado Original, embora descrita no Antigo Testamento, é profundamente refletida e esclarecida no Novo Testamento. Uma das passagens mais significativas sobre o assunto encontra-se em Romanos 5, onde São Paulo traz um contraponto entre a desobediência de Adão e a obediência de Cristo. Ele escreve:

Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram… 9

Aqui, Paulo afirma que o pecado de Adão não afetou apenas ele e Eva, mas trouxe a corrupção para toda a humanidade, transmitida de geração em geração, como herança do pecado original. A morte, então, passa a ser uma consequência dessa desobediência.

No entanto, Paulo também nos oferece uma esperança: “Se pelo pecado de um só homem reinou a morte (por esse único homem), muito mais aqueles que receberam a abundância da graça e o dom da justiça reinarão na vida por um só, que é Jesus Cristo!” 10 Essa comparação mostra que, assim como o pecado de Adão teve um impacto universal, a aceitação de Cristo, ao oferecer-Se como sacrifícios, traz a possibilidade de redenção e restauração também para todos.

O que a Igreja ensina sobre o Pecado Original?

A Igreja ensina que o Pecado Original resultou na ruptura da relação entre Deus e a humanidade. Quando Adão e Eva desobedeceram a Deus no Jardim do Éden, o pecado entrou no mundo 8, trazendo a morte e a corrupção para todos os homens, como nos diz São Paulo, em Romanos 5,12.

A consequência dessa desobediência foi a perda da amizade com Deus e o acidente da natureza humana, que passou a carregar o fardo do pecado original.

A partir deste primeiro pecado, uma verdadeira «invasão» de pecado inunda o mundo: o fratricídio cometido por Caim na pessoa de Abel; a corrupção universal como consequência do pecado. Na história de Israel, o pecado manifesta-se com frequência, sobretudo como uma infidelidade ao Deus da Aliança e como transgressão da lei de Moisés. Mesmo depois da redenção de Cristo, o pecado manifesta-se de muitas maneiras entre os cristãos. A Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja não se cansam de lembrar a presença e a universalidade do pecado na história do homem. 11

No entanto, essa queda não é o fim da história, mas o início do plano divino de salvação. Deus, em Sua misericórdia infinita, não abandonou a humanidade, mas preparou desde o início a promessa de um Salvador. E essa promessa de um Redentor, Jesus Cristo, é o ponto central da redenção.

 A doutrina do pecado original é, por assim dizer, «o reverso» da Boa-Nova de que Jesus é o Salvador de todos os homens, de que todos têm necessidade da salvação e de que a salvação é oferecida a todos, graças a Cristo. A Igreja, que tem o sentido de Cristo, sabe bem que não pode tocar-se na revelação do pecado original sem atentar contra o mistério de Cristo. 12

Cristo, com Sua obediência, repara o pecado de Adão e oferece à humanidade a graça da salvação. A Igreja ensina que, por meio do batismo, somos purificados do Pecado Original e restaurados à amizade com Deus. O batismo, símbolo de renovação e purificação, nos inserimos no mistério da salvação, reconciliando-nos com Deus e abrindo-nos à vida eterna.

Depois de São Paulo, a Igreja sempre ensinou que a imensa miséria que oprime os homens, e a sua inclinação para o mal e para a morte não se compreendem sem a ligação com o pecado de Adão e o fato de ele nos ter transmitido um pecado de que todos nascemos infectados e que é «morte da alma» (292). A partir desta certeza de fé, a Igreja confere o Batismo para a remissão dos pecados, mesmo às crianças que não cometeram qualquer pecado pessoal. 1

Embora o pecado original tenha trazido a separação de Deus, a ação salvadora de Cristo permite a restauração dessa comunhão perdida. O batismo não apaga apenas as consequências do pecado, mas nos faz filhos adotivos de Deus, conferindo-nos uma nova vida em Cristo. Mesmo sem pecados pessoais, as crianças também recebem o batismo, pois o Pecado Original é transmitido a todos, e sua purificação é essencial para a salvação. 1

Saiba mais sobre o que é o Sacramento do Batismo.

O Pecado Original e a nossa vida espiritual

A narrativa do Pecado Original leva-nos a refletir sobre a nossa própria natureza. A queda de Adão e Eva, ao ceder à tentação da serpente, revela-nos a fragilidade humana diante da escolha entre o bem e o mal.

Somos herdeiros dessa inclinação ao pecado, que nos distancia da perfeição para a qual fomos criados. No entanto, ela também nos desperta para a consciência da nossa dependência da graça divina. Como São Paulo afirma: “Quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta” (Rm 7,21), expressando a luta interior que todos enfrentamos ao buscar viver segundo a vontade de Deus.

Contudo, essa história não é marcada apenas pela queda, mas pela promessa de redenção. Mesmo diante do pecado original, Deus jamais abandona os seus filhos. Pelo contrário, oferece-nos a graça da salvação em Cristo, que veio para redimir o mundo e restaurar nossa comunhão com o Pai. 13

Através de Sua vida, paixão e ressurreição, Cristo nos abriu o caminho da salvação, conquistando a vitória sobre o pecado. Por isso, é nele que encontramos força para superar nossas fraquezas e coragem para viver de acordo com a vontade divina.

Essa verdade nos motiva a buscar a graça de Deus, especialmente por meio dos sacramentos, que nos aproximam do Criador. Como disse Santo Agostinho: “O Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti”. Um chamado à ação, à fidelidade e à confiança na misericórdia divina.

A história do Pecado Original nos ensina, enfim, que a inclinação ao pecado não é um fim, mas um ponto de partida para a conversão. Por meio da oração, da penitência e de uma vida comprometida com o Evangelho, somos convidados a caminhar com esperança, sabendo que Deus nos oferece continuamente Sua graça redentora para vivermos como Seus filhos amados.

Confira aqui um resumo da fé católica em 10 pontos.

Referências

  1. CIC, 403[][][][]
  2. CIC, 404[][]
  3. CIC, 399-400[]
  4. CIC, 390[]
  5. CIC, 373[]
  6. CIC, 397[][]
  7. CIC, 398[][]
  8. CIC, 400[][][]
  9. Rm 5, 12[]
  10. Rm 5, 17[]
  11. CIC, 401[]
  12. CIC, 389[]
  13. CIC, 405[]

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