Saiba tudo que a Igreja ensina sobre o Pecado Original, desde a origem da queda com Adão e Eva até a promessa de Redenção por Jesus Cristo.
Saiba tudo que a Igreja ensina sobre o Pecado Original, desde a origem da queda com Adão e Eva até a promessa de Redenção por Jesus Cristo.
O relato do pecado original é um dos textos mais emblemáticos do Gênesis. Ele narra a desobediência de Adão e Eva, marcando a entrada do pecado no mundo e suas consequências para toda a humanidade. No entanto, este episódio não apenas revela a profundidade do afastamento de Deus, mas também inaugura o plano divino de redenção.
Neste artigo, vamos explorar essa história, entender sua importância teológica e o que a Igreja ensina sobre o plano de redenção iniciado nesse evento.
O Pecado Original marca a desobediência que transformou a relação entre a humanidade e Deus. De acordo com o relato do Gênesis, Adão e Eva, persuadidos pela serpente, escolheram comer do fruto proibido, desafiando diretamente a ordem divina. Esse ato simboliza a exclusão da autoridade de Deus e a tentativa de definir, por conta própria, o que é bom ou mau.
Dessa forma, romperam a confiança plena que os ligava ao Criador. E as consequências desse ato vão além do erro individual de Adão e Eva. O Catecismo da Igreja Católica deixa claro que que o Pecado Original não é cometido, mas contraído; é um estado e não um ato. 1
a transmissão do pecado original é um mistério que nós não podemos compreender plenamente. Mas sabemos, pela Revelação, que Adão tinha recebido a santidade e a justiça originais, não só para si, mas para toda a natureza humana; consentindo na tentação, Adão e Eva cometeram um pecado pessoal, mas este pecado afeta a natureza humana que eles vão transmitir num estado decaído. É um pecado que vai ser transmitido a toda a humanidade por propagação, quer dizer, pela transmissão duma natureza humana privada da santidade e justiça originais. 2
Todos nós herdamos, portanto, uma natureza marcada pela ausência daquela graça original, o que significa que todos os homens nascem privados da santidade e da justiça original. Essa condição nos inclina ao pecado e à fraqueza moral, tornando-nos vulneráveis ao mal. 1
Conheça as consequências do pecado na nossa alma.
O relato do Pecado Original encontra-se no livro do Gênesis, no capítulo 3, versículos 1 a 24. Vamos ler a seguir:
A serpente era o mais astuto de todos os animais do campo que o Senhor Deus tinha formado. Ela disse à mulher: “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?”.
A mulher respondeu-lhe: ‘‘Podemos comer do fruto das árvores do jardim.
Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais’.”
“Oh, não! – tornou a serpente – vós não morrereis!
Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.”
A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente.*
Então os seus olhos abriram-se; e, vendo que estavam nus, tomaram folhas de figueira, ligaram-nas e fizeram tangas para si.
E eis que ouviram o barulho (dos passos) do Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde. O homem e sua mulher esconderam-se da face do Senhor Deus, no meio das árvores do jardim.
Mas o Senhor Deus chamou o homem e perguntou-lhe: “Onde estás?”.
E ele respondeu: “Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me”.
O Senhor Deus disse: “Quem te revelou que estavas nu? Terias tu porventura comido do fruto da árvore que eu te havia proibido de comer?”.
O homem respondeu: “A mulher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto, e eu comi”.
O Senhor Deus disse à mulher: ‘‘Por que fizeste isso?”. “A serpente enganou-me – respondeu ela – e eu comi.”
Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e feras do campo; andarás de rastos sobre o teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua vida.
Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.*
Disse também à mulher: ‘‘Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio”.
E disse em seguida ao homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida.
Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra.
Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar”.
Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos os viventes.*
O Senhor Deus fez para Adão e sua mulher umas vestes de peles, e os vestiu.
E o Senhor Deus disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda a sua mão e tome também do fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente”.
O Senhor Deus expulsou-o do jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra “de onde havia tirado”.
E expulsou-o; e colocou ao oriente do jardim do Éden querubins armados de uma espada flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida.
Esse trecho, de uma profundidade espiritual marcante, revela que o pecado não é apenas a quebra de uma regra, mas uma ruptura de um relacionamento de confiança com Deus. O desejo de “ser como Deus” é uma expressão de orgulho humano, que tenta usurpar o lugar do Criador.
A Escritura refere as consequências dramáticas desta primeira desobediência: Adão e Eva perdem imediatamente a graça da santidade original. Têm medo daquele Deus de quem se fizeram uma falsa imagem: a dum Deus ciumento das suas prerrogativas. […] A morte faz a sua entrada na história da humanidade. 3
O Pecado Original, conforme a narrativa bíblica, ocorreu no Jardim do Éden, um lugar de perfeição criado por Deus para ser a morada de Adão e Eva. Esse jardim simbolizava a harmonia entre Deus, a humanidade e a criação. No Éden, Adão e Eva viveram em comunhão plena com o Criador, desfrutando de Sua presença e da realidade de um ambiente onde não havia dor, sofrimento ou morte.
A queda, no entanto, pertence a um tempo primordial, anterior ao registro histórico, situado na origem da humanidade, como recorda o Catecismo da Igreja Católica:
A narrativa da queda (Gn 3) utiliza uma linguagem feita de imagens, mas afirma um acontecimento primordial, um fato que teve lugar no princípio da história do homem. A Revelação dá-nos uma certeza de fé de que toda a história humana está marcada pela falta original, livremente cometida pelos nossos primeiros pais. 4
Embora o Éden seja descrito em termos de um lugar físico, sua profundidade simbólica nos revela algo ainda maior: ele é o estado de graça no qual Deus quis que todos os homens vivessem. Quando Adão e Eva desobedeceram, essa ordem original foi rompida, a humanidade perdeu a santidade e a justiça com que foi criada.
No entanto, essa perda não se limita ao primeiro casal, pois o pecado de Adão é transmitido a todos os seus descendentes. 2 Desse modo, o episódio do Pecado Original transcende a localização e o tempo, ecoando nas experiências de todos os homens e mulheres que, como Adão e Eva, enfrentam as tentações e as consequências do afastamento de Deus.
Leia mais, neste artigo de um dos nossos colunistas, sobre a queda e suas consequências.
Deus, em Sua imensa bondade, criou o homem e a mulher à Sua própria imagem e semelhança, dando-lhes uma dignidade que nenhuma outra criatura possui. Ele não apenas os formou, mas os colocou no Jardim do Éden, um lugar de beleza e harmonia, onde poderiam viver em perfeita união com Ele e com toda a criação.
Sinal da familiaridade com Deus é o fato de Deus o colocar no jardim. Ali vive «a fim de o cultivar e guardar» (Gn 2, 15): o trabalho não é um castigo, mas a colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação visível.
Nesse paraíso, Deus confiou-lhes uma missão grandiosa: cuidar de Sua obra, preservando e cultivando tudo o que Ele tinha criado com tanto amor. Esta não era uma tarefa qualquer, mas um chamado para serem colaboradores de Deus, cuidando do mundo com a mesma dedicação com que Ele o havia feito.
O chamado para cuidar do jardim era um convite para participar do plano divino, para viver de maneira que cada folha, cada animal e cada rio ressoassem a grandeza de Deus. Era um chamado não apenas à responsabilidade, mas à alegria de ver o mundo florescer sob seu olhar e suas mãos.
Segundo o desígnio de Deus, o homem e a mulher são vocacionados para «dominarem a terra» como «administradores» de Deus. Esta soberania não deve ser uma dominação arbitrária e destruidora. A imagem do Criador, «que ama tudo o que existe» (Sb 11, 24), o homem e a mulher são chamados a participar na Providência divina em relação às outras criaturas. Daí a sua responsabilidade para com o mundo que Deus lhes confiou. 5
A tentação da serpente é o momento no qual a harmonia da criação é desafiada. A serpente, símbolo de astúcia e engano, aproxima-se de Eva e começa a questionar o comando dado por Deus: “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?” (Gn 3,1). Com esse simples questionamento, a serpente lança uma dúvida, minando a confiança de Eva nas palavras de Deus.
Ela sugere que a proibição divina não era um ato de amor, mas uma limitação que impedia o homem de alcançar seu pleno potencial. “Vós não morrereis!”, afirma ela, desafiando diretamente a verdade revelada por Deus e levando Eva a crer que o fruto proibido traria um conhecimento superior, tornando-os “como deuses” (Gn 3,5).
Eva, seduzida pela promessa de algo maior e mais grandioso, cede à tentação. Ela vê que o fruto é “bom para comer” e “agradável aos olhos” (Gn 3,6) e, assim, desobedece ao princípio divino. Ao fazer isso, ela não apenas desafia a ordem de Deus, mas também ignora a confiança e a liberdade que Deus lhe concedeu.
A investida da serpente foi uma sedução que apelou para o orgulho e o desejo de autonomia do homem, demonstrando que ele poderia, por si mesmo, decidir o que é bom e o que é mal. 6 A desobediência de Adão e Eva, fruto dessa sedução, não foi apenas um simples erro, mas uma ruptura profunda na relação de confiança com Deus, marcada pela busca egoísta por poder e controle sobre a criação
Tentado pelo Diabo, o homem deixou morrer no coração a confiança no seu Criador. Abusando da liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Nisso consistiu o primeiro pecado do homem. Daí em diante, todo o pecado será uma desobediência a Deus e uma falta de confiança na sua bondade. 6
Quando Adão e Eva comeram o fruto proibido, não o fizeram por ignorância ou engano, mas com plena consciência do que estavam fazendo. Ambos sabiam que desobedecer ao comando de Deus traria consequências, pois Ele havia sido claro ao dizer: “Do fruto da árvore que está no meio do jardim, não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais” (Gn 3,3) .
Contudo, seduzidos pela promessa de um conhecimento superior, tomaram a decisão de desafiar a ordem divina. E, ao comerem do fruto, Adão e Eva não só quebraram o vínculo de obediência, mas também romperam a harmonia que existia entre eles e Deus, entre eles mesmos e com a criação.
O pecado é, em sua essência, uma rejeição do amor de Deus, uma tentativa de tomar o lugar do Criador e decidir por conta própria o aquilo que é bom ou não. 7
O ato de desobediência não foi, portanto, uma falha acidental, mas uma decisão que, ao ignorar a ordem e a vontade divina, trouxe consigo o peso da separação e a perda da graça original. A partir desse momento, a natureza humana ficou marcada por essa escolha, e a plenitude da comunhão com Deus foi quebrada.
Neste pecado, o homem preferiu-se a si próprio a Deus, e por isso desprezou Deus: optou por si próprio contra Deus, contra as exigências da sua condição de criatura e, daí, contra o seu próprio bem. Constituído num estado de santidade, o homem estava destinado a ser plenamente «divinizado» por Deus na glória. Pela sedução do Diabo, quis «ser como Deus», mas «sem Deus, em vez de Deus, e não segundo Deus» 7
Após o ato de desobediência, as consequências da queda foram imediatas e profundas. Deus, em Sua justiça e misericórdia, não deixa de anunciar as sérias repercussões do pecado. A primeira grande consequência foi a expulsão de Adão e Eva do Éden. O paraíso, o lugar de perfeição e harmonia, foi perdido, e o casal foi enviado para o mundo fora do jardim, onde enfrentaria as dificuldades da vida.
Como Deus havia anunciado, “no dia em que comeres dele, certamente morrerás” (Gn 2,17), e a morte, que antes não existia, tornou-se uma realidade significativa. 8 A separação de Deus, fonte de toda vida, trouxe a mortalidade e o sofrimento.
Além da morte física, a queda impõe ao casal, Adão e Eva, o peso do trabalho árduo e das dores da vida. Ao homem, Deus disse: “Maldita seja a terra por tua causa; com trabalhos penosos obterás dela o sustento” (Gn 3,17). A mulher, por sua vez, passaria a experimentar as dores do parto e a tensão no relacionamento com seu esposo (Gn 3,16).
O Catecismo explica que, com a queda, o homem passou a viver em um mundo marcado pelo sofrimento, pela luta e pela morte, como consequência direta da perda do estado de santidade original e da desobediência ao plano divino. 8
Saiba como a Virgem Maria foi preservada do Pecado Original: o dogma da Imaculada Conceição.
A doutrina do Pecado Original, embora descrita no Antigo Testamento, é profundamente refletida e esclarecida no Novo Testamento. Uma das passagens mais significativas sobre o assunto encontra-se em Romanos 5, onde São Paulo traz um contraponto entre a desobediência de Adão e a obediência de Cristo. Ele escreve:
Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram… 9
Aqui, Paulo afirma que o pecado de Adão não afetou apenas ele e Eva, mas trouxe a corrupção para toda a humanidade, transmitida de geração em geração, como herança do pecado original. A morte, então, passa a ser uma consequência dessa desobediência.
No entanto, Paulo também nos oferece uma esperança: “Se pelo pecado de um só homem reinou a morte (por esse único homem), muito mais aqueles que receberam a abundância da graça e o dom da justiça reinarão na vida por um só, que é Jesus Cristo!” 10 Essa comparação mostra que, assim como o pecado de Adão teve um impacto universal, a aceitação de Cristo, ao oferecer-Se como sacrifícios, traz a possibilidade de redenção e restauração também para todos.
A Igreja ensina que o Pecado Original resultou na ruptura da relação entre Deus e a humanidade. Quando Adão e Eva desobedeceram a Deus no Jardim do Éden, o pecado entrou no mundo 8, trazendo a morte e a corrupção para todos os homens, como nos diz São Paulo, em Romanos 5,12.
A consequência dessa desobediência foi a perda da amizade com Deus e o acidente da natureza humana, que passou a carregar o fardo do pecado original.
A partir deste primeiro pecado, uma verdadeira «invasão» de pecado inunda o mundo: o fratricídio cometido por Caim na pessoa de Abel; a corrupção universal como consequência do pecado. Na história de Israel, o pecado manifesta-se com frequência, sobretudo como uma infidelidade ao Deus da Aliança e como transgressão da lei de Moisés. Mesmo depois da redenção de Cristo, o pecado manifesta-se de muitas maneiras entre os cristãos. A Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja não se cansam de lembrar a presença e a universalidade do pecado na história do homem. 11
No entanto, essa queda não é o fim da história, mas o início do plano divino de salvação. Deus, em Sua misericórdia infinita, não abandonou a humanidade, mas preparou desde o início a promessa de um Salvador. E essa promessa de um Redentor, Jesus Cristo, é o ponto central da redenção.
A doutrina do pecado original é, por assim dizer, «o reverso» da Boa-Nova de que Jesus é o Salvador de todos os homens, de que todos têm necessidade da salvação e de que a salvação é oferecida a todos, graças a Cristo. A Igreja, que tem o sentido de Cristo, sabe bem que não pode tocar-se na revelação do pecado original sem atentar contra o mistério de Cristo. 12
Cristo, com Sua obediência, repara o pecado de Adão e oferece à humanidade a graça da salvação. A Igreja ensina que, por meio do batismo, somos purificados do Pecado Original e restaurados à amizade com Deus. O batismo, símbolo de renovação e purificação, nos inserimos no mistério da salvação, reconciliando-nos com Deus e abrindo-nos à vida eterna.
Depois de São Paulo, a Igreja sempre ensinou que a imensa miséria que oprime os homens, e a sua inclinação para o mal e para a morte não se compreendem sem a ligação com o pecado de Adão e o fato de ele nos ter transmitido um pecado de que todos nascemos infectados e que é «morte da alma» (292). A partir desta certeza de fé, a Igreja confere o Batismo para a remissão dos pecados, mesmo às crianças que não cometeram qualquer pecado pessoal. 1
Embora o pecado original tenha trazido a separação de Deus, a ação salvadora de Cristo permite a restauração dessa comunhão perdida. O batismo não apaga apenas as consequências do pecado, mas nos faz filhos adotivos de Deus, conferindo-nos uma nova vida em Cristo. Mesmo sem pecados pessoais, as crianças também recebem o batismo, pois o Pecado Original é transmitido a todos, e sua purificação é essencial para a salvação. 1
Saiba mais sobre o que é o Sacramento do Batismo.
A narrativa do Pecado Original leva-nos a refletir sobre a nossa própria natureza. A queda de Adão e Eva, ao ceder à tentação da serpente, revela-nos a fragilidade humana diante da escolha entre o bem e o mal.
Somos herdeiros dessa inclinação ao pecado, que nos distancia da perfeição para a qual fomos criados. No entanto, ela também nos desperta para a consciência da nossa dependência da graça divina. Como São Paulo afirma: “Quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta” (Rm 7,21), expressando a luta interior que todos enfrentamos ao buscar viver segundo a vontade de Deus.
Contudo, essa história não é marcada apenas pela queda, mas pela promessa de redenção. Mesmo diante do pecado original, Deus jamais abandona os seus filhos. Pelo contrário, oferece-nos a graça da salvação em Cristo, que veio para redimir o mundo e restaurar nossa comunhão com o Pai. 13
Através de Sua vida, paixão e ressurreição, Cristo nos abriu o caminho da salvação, conquistando a vitória sobre o pecado. Por isso, é nele que encontramos força para superar nossas fraquezas e coragem para viver de acordo com a vontade divina.
Essa verdade nos motiva a buscar a graça de Deus, especialmente por meio dos sacramentos, que nos aproximam do Criador. Como disse Santo Agostinho: “O Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti”. Um chamado à ação, à fidelidade e à confiança na misericórdia divina.
A história do Pecado Original nos ensina, enfim, que a inclinação ao pecado não é um fim, mas um ponto de partida para a conversão. Por meio da oração, da penitência e de uma vida comprometida com o Evangelho, somos convidados a caminhar com esperança, sabendo que Deus nos oferece continuamente Sua graça redentora para vivermos como Seus filhos amados.
Confira aqui um resumo da fé católica em 10 pontos.
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Saiba tudo que a Igreja ensina sobre o Pecado Original, desde a origem da queda com Adão e Eva até a promessa de Redenção por Jesus Cristo.
O relato do pecado original é um dos textos mais emblemáticos do Gênesis. Ele narra a desobediência de Adão e Eva, marcando a entrada do pecado no mundo e suas consequências para toda a humanidade. No entanto, este episódio não apenas revela a profundidade do afastamento de Deus, mas também inaugura o plano divino de redenção.
Neste artigo, vamos explorar essa história, entender sua importância teológica e o que a Igreja ensina sobre o plano de redenção iniciado nesse evento.
O Pecado Original marca a desobediência que transformou a relação entre a humanidade e Deus. De acordo com o relato do Gênesis, Adão e Eva, persuadidos pela serpente, escolheram comer do fruto proibido, desafiando diretamente a ordem divina. Esse ato simboliza a exclusão da autoridade de Deus e a tentativa de definir, por conta própria, o que é bom ou mau.
Dessa forma, romperam a confiança plena que os ligava ao Criador. E as consequências desse ato vão além do erro individual de Adão e Eva. O Catecismo da Igreja Católica deixa claro que que o Pecado Original não é cometido, mas contraído; é um estado e não um ato. 1
a transmissão do pecado original é um mistério que nós não podemos compreender plenamente. Mas sabemos, pela Revelação, que Adão tinha recebido a santidade e a justiça originais, não só para si, mas para toda a natureza humana; consentindo na tentação, Adão e Eva cometeram um pecado pessoal, mas este pecado afeta a natureza humana que eles vão transmitir num estado decaído. É um pecado que vai ser transmitido a toda a humanidade por propagação, quer dizer, pela transmissão duma natureza humana privada da santidade e justiça originais. 2
Todos nós herdamos, portanto, uma natureza marcada pela ausência daquela graça original, o que significa que todos os homens nascem privados da santidade e da justiça original. Essa condição nos inclina ao pecado e à fraqueza moral, tornando-nos vulneráveis ao mal. 1
Conheça as consequências do pecado na nossa alma.
O relato do Pecado Original encontra-se no livro do Gênesis, no capítulo 3, versículos 1 a 24. Vamos ler a seguir:
A serpente era o mais astuto de todos os animais do campo que o Senhor Deus tinha formado. Ela disse à mulher: “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?”.
A mulher respondeu-lhe: ‘‘Podemos comer do fruto das árvores do jardim.
Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais’.”
“Oh, não! – tornou a serpente – vós não morrereis!
Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.”
A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e mui apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente.*
Então os seus olhos abriram-se; e, vendo que estavam nus, tomaram folhas de figueira, ligaram-nas e fizeram tangas para si.
E eis que ouviram o barulho (dos passos) do Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde. O homem e sua mulher esconderam-se da face do Senhor Deus, no meio das árvores do jardim.
Mas o Senhor Deus chamou o homem e perguntou-lhe: “Onde estás?”.
E ele respondeu: “Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me”.
O Senhor Deus disse: “Quem te revelou que estavas nu? Terias tu porventura comido do fruto da árvore que eu te havia proibido de comer?”.
O homem respondeu: “A mulher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto, e eu comi”.
O Senhor Deus disse à mulher: ‘‘Por que fizeste isso?”. “A serpente enganou-me – respondeu ela – e eu comi.”
Então o Senhor Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais domésticos e feras do campo; andarás de rastos sobre o teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua vida.
Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.*
Disse também à mulher: ‘‘Multiplicarei os sofrimentos de teu parto; darás à luz com dores, teus desejos te impelirão para o teu marido e tu estarás sob o seu domínio”.
E disse em seguida ao homem: “Porque ouviste a voz de tua mulher e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida.
Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra.
Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar”.
Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos os viventes.*
O Senhor Deus fez para Adão e sua mulher umas vestes de peles, e os vestiu.
E o Senhor Deus disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda a sua mão e tome também do fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente”.
O Senhor Deus expulsou-o do jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra “de onde havia tirado”.
E expulsou-o; e colocou ao oriente do jardim do Éden querubins armados de uma espada flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida.
Esse trecho, de uma profundidade espiritual marcante, revela que o pecado não é apenas a quebra de uma regra, mas uma ruptura de um relacionamento de confiança com Deus. O desejo de “ser como Deus” é uma expressão de orgulho humano, que tenta usurpar o lugar do Criador.
A Escritura refere as consequências dramáticas desta primeira desobediência: Adão e Eva perdem imediatamente a graça da santidade original. Têm medo daquele Deus de quem se fizeram uma falsa imagem: a dum Deus ciumento das suas prerrogativas. […] A morte faz a sua entrada na história da humanidade. 3
O Pecado Original, conforme a narrativa bíblica, ocorreu no Jardim do Éden, um lugar de perfeição criado por Deus para ser a morada de Adão e Eva. Esse jardim simbolizava a harmonia entre Deus, a humanidade e a criação. No Éden, Adão e Eva viveram em comunhão plena com o Criador, desfrutando de Sua presença e da realidade de um ambiente onde não havia dor, sofrimento ou morte.
A queda, no entanto, pertence a um tempo primordial, anterior ao registro histórico, situado na origem da humanidade, como recorda o Catecismo da Igreja Católica:
A narrativa da queda (Gn 3) utiliza uma linguagem feita de imagens, mas afirma um acontecimento primordial, um fato que teve lugar no princípio da história do homem. A Revelação dá-nos uma certeza de fé de que toda a história humana está marcada pela falta original, livremente cometida pelos nossos primeiros pais. 4
Embora o Éden seja descrito em termos de um lugar físico, sua profundidade simbólica nos revela algo ainda maior: ele é o estado de graça no qual Deus quis que todos os homens vivessem. Quando Adão e Eva desobedeceram, essa ordem original foi rompida, a humanidade perdeu a santidade e a justiça com que foi criada.
No entanto, essa perda não se limita ao primeiro casal, pois o pecado de Adão é transmitido a todos os seus descendentes. 2 Desse modo, o episódio do Pecado Original transcende a localização e o tempo, ecoando nas experiências de todos os homens e mulheres que, como Adão e Eva, enfrentam as tentações e as consequências do afastamento de Deus.
Leia mais, neste artigo de um dos nossos colunistas, sobre a queda e suas consequências.
Deus, em Sua imensa bondade, criou o homem e a mulher à Sua própria imagem e semelhança, dando-lhes uma dignidade que nenhuma outra criatura possui. Ele não apenas os formou, mas os colocou no Jardim do Éden, um lugar de beleza e harmonia, onde poderiam viver em perfeita união com Ele e com toda a criação.
Sinal da familiaridade com Deus é o fato de Deus o colocar no jardim. Ali vive «a fim de o cultivar e guardar» (Gn 2, 15): o trabalho não é um castigo, mas a colaboração do homem e da mulher com Deus no aperfeiçoamento da criação visível.
Nesse paraíso, Deus confiou-lhes uma missão grandiosa: cuidar de Sua obra, preservando e cultivando tudo o que Ele tinha criado com tanto amor. Esta não era uma tarefa qualquer, mas um chamado para serem colaboradores de Deus, cuidando do mundo com a mesma dedicação com que Ele o havia feito.
O chamado para cuidar do jardim era um convite para participar do plano divino, para viver de maneira que cada folha, cada animal e cada rio ressoassem a grandeza de Deus. Era um chamado não apenas à responsabilidade, mas à alegria de ver o mundo florescer sob seu olhar e suas mãos.
Segundo o desígnio de Deus, o homem e a mulher são vocacionados para «dominarem a terra» como «administradores» de Deus. Esta soberania não deve ser uma dominação arbitrária e destruidora. A imagem do Criador, «que ama tudo o que existe» (Sb 11, 24), o homem e a mulher são chamados a participar na Providência divina em relação às outras criaturas. Daí a sua responsabilidade para com o mundo que Deus lhes confiou. 5
A tentação da serpente é o momento no qual a harmonia da criação é desafiada. A serpente, símbolo de astúcia e engano, aproxima-se de Eva e começa a questionar o comando dado por Deus: “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim?” (Gn 3,1). Com esse simples questionamento, a serpente lança uma dúvida, minando a confiança de Eva nas palavras de Deus.
Ela sugere que a proibição divina não era um ato de amor, mas uma limitação que impedia o homem de alcançar seu pleno potencial. “Vós não morrereis!”, afirma ela, desafiando diretamente a verdade revelada por Deus e levando Eva a crer que o fruto proibido traria um conhecimento superior, tornando-os “como deuses” (Gn 3,5).
Eva, seduzida pela promessa de algo maior e mais grandioso, cede à tentação. Ela vê que o fruto é “bom para comer” e “agradável aos olhos” (Gn 3,6) e, assim, desobedece ao princípio divino. Ao fazer isso, ela não apenas desafia a ordem de Deus, mas também ignora a confiança e a liberdade que Deus lhe concedeu.
A investida da serpente foi uma sedução que apelou para o orgulho e o desejo de autonomia do homem, demonstrando que ele poderia, por si mesmo, decidir o que é bom e o que é mal. 6 A desobediência de Adão e Eva, fruto dessa sedução, não foi apenas um simples erro, mas uma ruptura profunda na relação de confiança com Deus, marcada pela busca egoísta por poder e controle sobre a criação
Tentado pelo Diabo, o homem deixou morrer no coração a confiança no seu Criador. Abusando da liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Nisso consistiu o primeiro pecado do homem. Daí em diante, todo o pecado será uma desobediência a Deus e uma falta de confiança na sua bondade. 6
Quando Adão e Eva comeram o fruto proibido, não o fizeram por ignorância ou engano, mas com plena consciência do que estavam fazendo. Ambos sabiam que desobedecer ao comando de Deus traria consequências, pois Ele havia sido claro ao dizer: “Do fruto da árvore que está no meio do jardim, não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais” (Gn 3,3) .
Contudo, seduzidos pela promessa de um conhecimento superior, tomaram a decisão de desafiar a ordem divina. E, ao comerem do fruto, Adão e Eva não só quebraram o vínculo de obediência, mas também romperam a harmonia que existia entre eles e Deus, entre eles mesmos e com a criação.
O pecado é, em sua essência, uma rejeição do amor de Deus, uma tentativa de tomar o lugar do Criador e decidir por conta própria o aquilo que é bom ou não. 7
O ato de desobediência não foi, portanto, uma falha acidental, mas uma decisão que, ao ignorar a ordem e a vontade divina, trouxe consigo o peso da separação e a perda da graça original. A partir desse momento, a natureza humana ficou marcada por essa escolha, e a plenitude da comunhão com Deus foi quebrada.
Neste pecado, o homem preferiu-se a si próprio a Deus, e por isso desprezou Deus: optou por si próprio contra Deus, contra as exigências da sua condição de criatura e, daí, contra o seu próprio bem. Constituído num estado de santidade, o homem estava destinado a ser plenamente «divinizado» por Deus na glória. Pela sedução do Diabo, quis «ser como Deus», mas «sem Deus, em vez de Deus, e não segundo Deus» 7
Após o ato de desobediência, as consequências da queda foram imediatas e profundas. Deus, em Sua justiça e misericórdia, não deixa de anunciar as sérias repercussões do pecado. A primeira grande consequência foi a expulsão de Adão e Eva do Éden. O paraíso, o lugar de perfeição e harmonia, foi perdido, e o casal foi enviado para o mundo fora do jardim, onde enfrentaria as dificuldades da vida.
Como Deus havia anunciado, “no dia em que comeres dele, certamente morrerás” (Gn 2,17), e a morte, que antes não existia, tornou-se uma realidade significativa. 8 A separação de Deus, fonte de toda vida, trouxe a mortalidade e o sofrimento.
Além da morte física, a queda impõe ao casal, Adão e Eva, o peso do trabalho árduo e das dores da vida. Ao homem, Deus disse: “Maldita seja a terra por tua causa; com trabalhos penosos obterás dela o sustento” (Gn 3,17). A mulher, por sua vez, passaria a experimentar as dores do parto e a tensão no relacionamento com seu esposo (Gn 3,16).
O Catecismo explica que, com a queda, o homem passou a viver em um mundo marcado pelo sofrimento, pela luta e pela morte, como consequência direta da perda do estado de santidade original e da desobediência ao plano divino. 8
Saiba como a Virgem Maria foi preservada do Pecado Original: o dogma da Imaculada Conceição.
A doutrina do Pecado Original, embora descrita no Antigo Testamento, é profundamente refletida e esclarecida no Novo Testamento. Uma das passagens mais significativas sobre o assunto encontra-se em Romanos 5, onde São Paulo traz um contraponto entre a desobediência de Adão e a obediência de Cristo. Ele escreve:
Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram… 9
Aqui, Paulo afirma que o pecado de Adão não afetou apenas ele e Eva, mas trouxe a corrupção para toda a humanidade, transmitida de geração em geração, como herança do pecado original. A morte, então, passa a ser uma consequência dessa desobediência.
No entanto, Paulo também nos oferece uma esperança: “Se pelo pecado de um só homem reinou a morte (por esse único homem), muito mais aqueles que receberam a abundância da graça e o dom da justiça reinarão na vida por um só, que é Jesus Cristo!” 10 Essa comparação mostra que, assim como o pecado de Adão teve um impacto universal, a aceitação de Cristo, ao oferecer-Se como sacrifícios, traz a possibilidade de redenção e restauração também para todos.
A Igreja ensina que o Pecado Original resultou na ruptura da relação entre Deus e a humanidade. Quando Adão e Eva desobedeceram a Deus no Jardim do Éden, o pecado entrou no mundo 8, trazendo a morte e a corrupção para todos os homens, como nos diz São Paulo, em Romanos 5,12.
A consequência dessa desobediência foi a perda da amizade com Deus e o acidente da natureza humana, que passou a carregar o fardo do pecado original.
A partir deste primeiro pecado, uma verdadeira «invasão» de pecado inunda o mundo: o fratricídio cometido por Caim na pessoa de Abel; a corrupção universal como consequência do pecado. Na história de Israel, o pecado manifesta-se com frequência, sobretudo como uma infidelidade ao Deus da Aliança e como transgressão da lei de Moisés. Mesmo depois da redenção de Cristo, o pecado manifesta-se de muitas maneiras entre os cristãos. A Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja não se cansam de lembrar a presença e a universalidade do pecado na história do homem. 11
No entanto, essa queda não é o fim da história, mas o início do plano divino de salvação. Deus, em Sua misericórdia infinita, não abandonou a humanidade, mas preparou desde o início a promessa de um Salvador. E essa promessa de um Redentor, Jesus Cristo, é o ponto central da redenção.
A doutrina do pecado original é, por assim dizer, «o reverso» da Boa-Nova de que Jesus é o Salvador de todos os homens, de que todos têm necessidade da salvação e de que a salvação é oferecida a todos, graças a Cristo. A Igreja, que tem o sentido de Cristo, sabe bem que não pode tocar-se na revelação do pecado original sem atentar contra o mistério de Cristo. 12
Cristo, com Sua obediência, repara o pecado de Adão e oferece à humanidade a graça da salvação. A Igreja ensina que, por meio do batismo, somos purificados do Pecado Original e restaurados à amizade com Deus. O batismo, símbolo de renovação e purificação, nos inserimos no mistério da salvação, reconciliando-nos com Deus e abrindo-nos à vida eterna.
Depois de São Paulo, a Igreja sempre ensinou que a imensa miséria que oprime os homens, e a sua inclinação para o mal e para a morte não se compreendem sem a ligação com o pecado de Adão e o fato de ele nos ter transmitido um pecado de que todos nascemos infectados e que é «morte da alma» (292). A partir desta certeza de fé, a Igreja confere o Batismo para a remissão dos pecados, mesmo às crianças que não cometeram qualquer pecado pessoal. 1
Embora o pecado original tenha trazido a separação de Deus, a ação salvadora de Cristo permite a restauração dessa comunhão perdida. O batismo não apaga apenas as consequências do pecado, mas nos faz filhos adotivos de Deus, conferindo-nos uma nova vida em Cristo. Mesmo sem pecados pessoais, as crianças também recebem o batismo, pois o Pecado Original é transmitido a todos, e sua purificação é essencial para a salvação. 1
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A narrativa do Pecado Original leva-nos a refletir sobre a nossa própria natureza. A queda de Adão e Eva, ao ceder à tentação da serpente, revela-nos a fragilidade humana diante da escolha entre o bem e o mal.
Somos herdeiros dessa inclinação ao pecado, que nos distancia da perfeição para a qual fomos criados. No entanto, ela também nos desperta para a consciência da nossa dependência da graça divina. Como São Paulo afirma: “Quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta” (Rm 7,21), expressando a luta interior que todos enfrentamos ao buscar viver segundo a vontade de Deus.
Contudo, essa história não é marcada apenas pela queda, mas pela promessa de redenção. Mesmo diante do pecado original, Deus jamais abandona os seus filhos. Pelo contrário, oferece-nos a graça da salvação em Cristo, que veio para redimir o mundo e restaurar nossa comunhão com o Pai. 13
Através de Sua vida, paixão e ressurreição, Cristo nos abriu o caminho da salvação, conquistando a vitória sobre o pecado. Por isso, é nele que encontramos força para superar nossas fraquezas e coragem para viver de acordo com a vontade divina.
Essa verdade nos motiva a buscar a graça de Deus, especialmente por meio dos sacramentos, que nos aproximam do Criador. Como disse Santo Agostinho: “O Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti”. Um chamado à ação, à fidelidade e à confiança na misericórdia divina.
A história do Pecado Original nos ensina, enfim, que a inclinação ao pecado não é um fim, mas um ponto de partida para a conversão. Por meio da oração, da penitência e de uma vida comprometida com o Evangelho, somos convidados a caminhar com esperança, sabendo que Deus nos oferece continuamente Sua graça redentora para vivermos como Seus filhos amados.
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