Devoção

A aparição de Nossa Senhora do Carmo

Descubra as promessas de Nossa Senhora do Carmo, o poder do escapulário e o privilégio sabatino revelado aos santos e papas.

A aparição de Nossa Senhora do Carmo
Devoção

A aparição de Nossa Senhora do Carmo

Descubra as promessas de Nossa Senhora do Carmo, o poder do escapulário e o privilégio sabatino revelado aos santos e papas.

Data da Publicação: 16/06/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 16/06/2025
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Em julho de 1251, na vila de Aylesford, Inglaterra, São Simão Stock recebeu uma das mais significativas aparições marianas da história da Igreja. Séculos depois, em Avignon, França, novas manifestações reforçariam a presença maternal de Maria junto à Ordem do Carmo, trazendo promessas de proteção e salvação eterna. Essas manifestações estão entre as mais queridas pelos fiéis, especialmente devido ao escapulário marrom e ao chamado “privilégio sabatino”.

O texto a seguir pertence ao capítulo dedicado a Nossa Senhora do Carmo no livro Aparições de Nossa Senhora, de Joan Carroll Cruz 1. A obra apresenta diversas aparições reconhecidas ou tradicionalmente veneradas pela piedade católica, com riqueza de detalhes históricos e espirituais.

Fundação e crescimento da Ordem dos carmelitas

A história relata que o grande profeta Elias, que viveu antes do nascimento de Cristo, subiu à montanha sagrada do Monte Carmelo, na Palestina, e começou uma vida de oração e contemplação que inspiraria o começo e o crescimento da Ordem do Carmo. Algum tempo depois de o profeta ter sido elevado ao Céu, como é relatado no Livro de Reis, vários homens, inspirados por ele, foram viver como eremitas nas cavernas do Monte Carmelo. Depois da Encarnação, os sucessores desses homens erigiram no Monte a primeira capela da história dedicada à Mãe de Deus. Graças à invasão dos infiéis e devido ao crescimento das vocações, muitos homens se lançaram à Europa, ao passo que outros foram convidados a ir para lá. São Luís IX, rei da França, convidou os eremitas a se estabelecerem naquele país. Por causa dessas migrações, foi preciso alterar algumas regras. Assim, os eremitas foram forçados a tornar-se mendicantes, dependendo da generosidade do povo para satisfazer suas necessidades. Isso apresentou graves dificuldades às ordens religiosas já estabelecidas, que, ressentindo-se dos recém-chegados e das necessidades deles, reagiram com vários tipos de perseguições.

São Simão Stock recorre a Nossa Senhora do Carmo

Nossa Senhora entrega o escapulário a Simone Stock por Mestre Ataíde

A história relata que São Simão Stock, que partira da Inglaterra para a Terra Santa, regressou à sua terra natal quando os muçulmanos invadiram. Ao retornar à Inglaterra, ingressa na Ordem do Carmo, na qual depois é eleito prior. No dia 16 de julho de 1251, com esta oração que os carmelitas ainda costumam recitar, São Simão apela à padroeira da Ordem, Nossa Senhora do Carmo:

Flor do Carmelo, Videira florescente, Esplendor do Céu, Virgem fecunda e singular, Mãe afável, Mãe sempre virgem, Aos carmelitas sede propícia, Ó estrela do mar!

De súbito uma grande torrente de luz inundou-lhe a cela. Na companhia de vários anjos, a Santíssima Virgem, com o Menino Jesus, apresenta-lhe o escapulário marrom com esta promessa: “Caso estejas a portar este escapulário no momento de teu último suspiro, terás o privilégio de ter uma morte piedosa – tu e todos os carmelitas – não incorrendo em risco de padecer das chamas eternas”. O escapulário, que já era usado às vezes como peça protetora durante o trabalho, consistia em duas faixas de tecido ligadas nos ombros, de modo que uma parte caia para frente e outra para trás. Com o reconhecimento dado pela Rainha do Céu, tornou-se uma peça permanente e muito respeitada do hábito carmelita. Depois da aparição e de numerosos apelos por proteção contra os adversários da Ordem, o Papa Inocêncio IV, no dia 13 de janeiro de 1252, expediu uma bula de proteção que defendia os carmelitas dos problemas que enfrentavam. Alguns anos mais tarde, quando São Pedro Tomás (1305–1366) se ocupava de importantes missões na corte papal, Nossa Senhora do Carmo favoreceu novamente os carmelitas. Preocupado com a ordem, São Pedro Tomás ouviu estas palavras: “Tem confiança, Pedro, pois a Ordem do Carmo perdurará até o fim do mundo. Elias, que a fundou, obteve esse favor de meu Filho muito tempo atrás”. Foi durante o século XIV que muitos, atraídos pela Ordem do Carmo e pelos vários privilégios de que goza, tornaram-se membros dela por meio de confrarias. Com isso participavam das graças, benefícios e observâncias da Ordem e tornavam-se membros propriamente da Confraria ou Ordem terceira.

O privilégio sabatino

Outra visão ocorreu, desta vez ao Papa João XXII, no dia 3 de março de 1322. Nossa Senhora revelou aquilo que é hoje conhecido como “privilégio sabatino”: “Eu, Mãe da Graça, descerei ao Purgatório no sábado depois da morte deles. Quem quer que eu lá encontre, eu o libertarei”. São Roberto Belarmino explicou que a promessa significa “que qualquer um da família de Maria que morra receberá dela, na hora da morte, ou a graça da perseverança no estado de graça ou a graça da contrição final”. Ao saber dessa visão, o Papa Bento XV encorajou todos a usar “esta armadura simples que goza do singular privilégio de proteger mesmo depois da morte”. Dezesseis papas deram sua aprovação a este privilégio, inclusive o Papa Paulo V, que emitiu um decreto a favor dele. Muitos santos também o aprovaram. A Ordem do Carmo, por várias razões, não fala mais dele. Entretanto, com base na sua fé na misericórdia de nossos santos pais, os membros fiéis ainda podem acreditar nesta promessa extraordinária.

O Papa Pio XI fala a favor do privilégio sabatino

Em 1922, seiscentos anos depois da visão do Papa João XXII, em que o privilégio sabatino foi revelado, o Papa Pio XI escreveu:

Decerto deve bastar simplesmente exortar todos os membros das Confrarias e Ordens Terceiras a perseverar nos exercícios piedosos que foram prescritos, para a obtenção das indulgências a que têm direito e especialmente para a obtenção da indulgência, que é a principal e a maior de todas, nomeadamente aquela chamada de indulgência sabatina.

Muitos santos louvaram o escapulário, entre os quais Santo Afonso Maria de Ligório e São Cláudio de la Clombière, que anunciou: “Declaro, sem um momento de hesitação, que o escapulário é o mais favorecido de todos”. Este é considerado o mais indulgenciado de todos os sacramentais.

Santa Bernadette usava o escapulário, assim como São João Paulo II

Afirma-se que Bernadette sempre usava o escapulário e que uma de suas visões ocorreu na Festa de Nossa Senhora do Carmo. Em Fátima, também, durante o espetacular milagre do sol, Nossa Senhora do Carmo apareceu. Ela apareceu ainda em Castelpetroso, Itália, numa visão que foi testemunhada por muitos. Também é interessante notar que os escapulários de Santo Afonso e São João Bosco foram encontrados intactos durantes as exumações de seus corpos, e ainda estão preservados em relicários. Além disso, o São Papa João Paulo II ingressou na Ordem Terceira dos carmelitas descalços quando jovem, e sempre usava o escapulário, mesmo quando estava no hospital depois do atentado à sua vida.

Referências

  1. CRUZ, Joan Carroll. Aparições de Nossa Senhora. Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2022.[]
Redação MBC

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Em julho de 1251, na vila de Aylesford, Inglaterra, São Simão Stock recebeu uma das mais significativas aparições marianas da história da Igreja. Séculos depois, em Avignon, França, novas manifestações reforçariam a presença maternal de Maria junto à Ordem do Carmo, trazendo promessas de proteção e salvação eterna. Essas manifestações estão entre as mais queridas pelos fiéis, especialmente devido ao escapulário marrom e ao chamado “privilégio sabatino”.

O texto a seguir pertence ao capítulo dedicado a Nossa Senhora do Carmo no livro Aparições de Nossa Senhora, de Joan Carroll Cruz 1. A obra apresenta diversas aparições reconhecidas ou tradicionalmente veneradas pela piedade católica, com riqueza de detalhes históricos e espirituais.

Fundação e crescimento da Ordem dos carmelitas

A história relata que o grande profeta Elias, que viveu antes do nascimento de Cristo, subiu à montanha sagrada do Monte Carmelo, na Palestina, e começou uma vida de oração e contemplação que inspiraria o começo e o crescimento da Ordem do Carmo. Algum tempo depois de o profeta ter sido elevado ao Céu, como é relatado no Livro de Reis, vários homens, inspirados por ele, foram viver como eremitas nas cavernas do Monte Carmelo. Depois da Encarnação, os sucessores desses homens erigiram no Monte a primeira capela da história dedicada à Mãe de Deus. Graças à invasão dos infiéis e devido ao crescimento das vocações, muitos homens se lançaram à Europa, ao passo que outros foram convidados a ir para lá. São Luís IX, rei da França, convidou os eremitas a se estabelecerem naquele país. Por causa dessas migrações, foi preciso alterar algumas regras. Assim, os eremitas foram forçados a tornar-se mendicantes, dependendo da generosidade do povo para satisfazer suas necessidades. Isso apresentou graves dificuldades às ordens religiosas já estabelecidas, que, ressentindo-se dos recém-chegados e das necessidades deles, reagiram com vários tipos de perseguições.

São Simão Stock recorre a Nossa Senhora do Carmo

Nossa Senhora entrega o escapulário a Simone Stock por Mestre Ataíde

A história relata que São Simão Stock, que partira da Inglaterra para a Terra Santa, regressou à sua terra natal quando os muçulmanos invadiram. Ao retornar à Inglaterra, ingressa na Ordem do Carmo, na qual depois é eleito prior. No dia 16 de julho de 1251, com esta oração que os carmelitas ainda costumam recitar, São Simão apela à padroeira da Ordem, Nossa Senhora do Carmo:

Flor do Carmelo, Videira florescente, Esplendor do Céu, Virgem fecunda e singular, Mãe afável, Mãe sempre virgem, Aos carmelitas sede propícia, Ó estrela do mar!

De súbito uma grande torrente de luz inundou-lhe a cela. Na companhia de vários anjos, a Santíssima Virgem, com o Menino Jesus, apresenta-lhe o escapulário marrom com esta promessa: “Caso estejas a portar este escapulário no momento de teu último suspiro, terás o privilégio de ter uma morte piedosa – tu e todos os carmelitas – não incorrendo em risco de padecer das chamas eternas”. O escapulário, que já era usado às vezes como peça protetora durante o trabalho, consistia em duas faixas de tecido ligadas nos ombros, de modo que uma parte caia para frente e outra para trás. Com o reconhecimento dado pela Rainha do Céu, tornou-se uma peça permanente e muito respeitada do hábito carmelita. Depois da aparição e de numerosos apelos por proteção contra os adversários da Ordem, o Papa Inocêncio IV, no dia 13 de janeiro de 1252, expediu uma bula de proteção que defendia os carmelitas dos problemas que enfrentavam. Alguns anos mais tarde, quando São Pedro Tomás (1305–1366) se ocupava de importantes missões na corte papal, Nossa Senhora do Carmo favoreceu novamente os carmelitas. Preocupado com a ordem, São Pedro Tomás ouviu estas palavras: “Tem confiança, Pedro, pois a Ordem do Carmo perdurará até o fim do mundo. Elias, que a fundou, obteve esse favor de meu Filho muito tempo atrás”. Foi durante o século XIV que muitos, atraídos pela Ordem do Carmo e pelos vários privilégios de que goza, tornaram-se membros dela por meio de confrarias. Com isso participavam das graças, benefícios e observâncias da Ordem e tornavam-se membros propriamente da Confraria ou Ordem terceira.

O privilégio sabatino

Outra visão ocorreu, desta vez ao Papa João XXII, no dia 3 de março de 1322. Nossa Senhora revelou aquilo que é hoje conhecido como “privilégio sabatino”: “Eu, Mãe da Graça, descerei ao Purgatório no sábado depois da morte deles. Quem quer que eu lá encontre, eu o libertarei”. São Roberto Belarmino explicou que a promessa significa “que qualquer um da família de Maria que morra receberá dela, na hora da morte, ou a graça da perseverança no estado de graça ou a graça da contrição final”. Ao saber dessa visão, o Papa Bento XV encorajou todos a usar “esta armadura simples que goza do singular privilégio de proteger mesmo depois da morte”. Dezesseis papas deram sua aprovação a este privilégio, inclusive o Papa Paulo V, que emitiu um decreto a favor dele. Muitos santos também o aprovaram. A Ordem do Carmo, por várias razões, não fala mais dele. Entretanto, com base na sua fé na misericórdia de nossos santos pais, os membros fiéis ainda podem acreditar nesta promessa extraordinária.

O Papa Pio XI fala a favor do privilégio sabatino

Em 1922, seiscentos anos depois da visão do Papa João XXII, em que o privilégio sabatino foi revelado, o Papa Pio XI escreveu:

Decerto deve bastar simplesmente exortar todos os membros das Confrarias e Ordens Terceiras a perseverar nos exercícios piedosos que foram prescritos, para a obtenção das indulgências a que têm direito e especialmente para a obtenção da indulgência, que é a principal e a maior de todas, nomeadamente aquela chamada de indulgência sabatina.

Muitos santos louvaram o escapulário, entre os quais Santo Afonso Maria de Ligório e São Cláudio de la Clombière, que anunciou: “Declaro, sem um momento de hesitação, que o escapulário é o mais favorecido de todos”. Este é considerado o mais indulgenciado de todos os sacramentais.

Santa Bernadette usava o escapulário, assim como São João Paulo II

Afirma-se que Bernadette sempre usava o escapulário e que uma de suas visões ocorreu na Festa de Nossa Senhora do Carmo. Em Fátima, também, durante o espetacular milagre do sol, Nossa Senhora do Carmo apareceu. Ela apareceu ainda em Castelpetroso, Itália, numa visão que foi testemunhada por muitos. Também é interessante notar que os escapulários de Santo Afonso e São João Bosco foram encontrados intactos durantes as exumações de seus corpos, e ainda estão preservados em relicários. Além disso, o São Papa João Paulo II ingressou na Ordem Terceira dos carmelitas descalços quando jovem, e sempre usava o escapulário, mesmo quando estava no hospital depois do atentado à sua vida.

Referências

  1. CRUZ, Joan Carroll. Aparições de Nossa Senhora. Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2022.[]

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