Conheça o primeiro mandamento da Lei de Deus: Amar a Deus sobre todas as coisas e o que a Igreja ensina sobre o seu cumprimento.
Conheça o primeiro mandamento da Lei de Deus: Amar a Deus sobre todas as coisas e o que a Igreja ensina sobre o seu cumprimento.
Quando falamos em amar a Deus sobre todas as coisas, Deus é o primeiro a demonstrar amor, nunca nos impondo algo sem antes nos conferir a capacidade de cumprir. Os mandamentos representam, portanto, uma manifestação do Seu amor, orientando-nos em direção à finalidade da nossa existência: a presença eterna de Deus.
Todos os deveres para com Deus se resumem no primeiro mandamento, “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente”. 1 O amor é a base de toda a lei e o alicerce de nossas obrigações.
Neste artigo, vamos explorar o primeiro mandamento em detalhes, examinando suas referências nas Sagradas Escrituras, as transgressões que o infringem e as orientações da tradição da Igreja, à luz das palavras de Santo Tomás de Aquino.
Os dez mandamentos fazem parte da revelação de Deus 2 e foram, em primeiro lugar, inscritos no coração do homem — na criação. Eles ensinam a verdadeira humanidade do homem, bem como os direitos e deveres fundamentais à natureza da pessoa humana. O Decálogo é acessível à razão, uma vez que foi gravado por Deus em nossos corações, no entanto, por causa do pecado, a razão ficou obscurecida e a nossa vontade não mais se inclina ao bem, como antes. Por isso, Deus revelou os mandamentos ao Seu povo, escrevendo-os com Seu próprio dedo em tábuas de pedra.
Conheça as duas versões bíblicas dos mandamentos.
O primeiro mandamento é uma base fundamental das Escrituras Sagradas, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Ele é um convite à devoção inabalável e à priorização do relacionamento com Deus em todas as áreas de nossa vida.
No Livro do Êxodo, encontramos a primeira menção a este mandamento. No capítulo 20, versículos 2 a 3, Deus proclama: “Eu sou o Senhor, teu Deus […] Não terás outros deuses diante de mim.” Esta formulação inicial destaca a exclusividade do amor e da adoração que devemos direcionar a Deus, rejeitando a idolatria e qualquer forma de adoração a ídolos.
Já no livro do Deuteronômio, o mandamento é reafirmado e ampliado para incluir a dimensão do coração. No capítulo 6, versículos 4 a 5, lemos: “Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças.” Aqui, o foco é na intensidade do amor, exigindo uma entrega completa e sincera, refletindo-se em todas as esferas da vida.
No Novo Testamento, Cristo reitera a importância deste mandamento. Quando questionado sobre qual seria o maior mandamento, Ele responde: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Esse é o maior e o primeiro mandamento.” 3 Jesus reafirma, portanto, a primazia do amor a Deus, colocando-o como a base de todos os outros preceitos — de toda a lei e dos profetas.
Também na Carta aos Romanos, o apóstolo Paulo exorta os cristãos a apresentarem seus corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, destacando a importância de viver em amor e devoção a Cristo. 4 Além disso, apesar de não ser diretamente mencionado nas cartas apostólicas, o princípio de amar a Deus acima de tudo e viver em devoção a Ele permeiam os ensinamentos dos apóstolos, influenciando a maneira como os cristãos são chamados a viver e agir no mundo.
O primeiro mandamento estabelece o chamado inicial e justo de Deus para que o homem O acolha e adore. 5 Ele abrange os pilares da fé, da esperança e da caridade. Nossa vida moral encontra raízes na fé em Deus, que revela Seu amor, e nosso dever é crer nEle e testemunhá-lo. 6
Nesse sentido, este mandamento demanda que cuidemos da nossa fé e a protejamos, rejeitando qualquer oposição. Pecar contra a fé — e, logo, contra o primeiro mandamento — assume diversas formas: dúvida voluntária, recusar o que Deus e a Igreja propõem; dúvida involuntária, hesitar; incredulidade, desprezar a verdade; heresia, negar obstinadamente; apostasia, repudiar a fé; e cisma, rejeitar a autoridade do Papa e a comunhão com a Igreja. 7
A esperança, um componente fundamental, consiste na confiante expectativa da bênção divina e na preocupação de não ofender o amor de Deus. Dessa forma, pecados contra a esperança, como desespero e presunção, atentam também contra o primeiro mandamento. 8 Pelo desespero, o homem deixa de acreditar na sua salvação e na misericórdia de Deus; pela presunção, ao contrário, o homem presume de suas capacidades e acredita poder salvar-se sem a ajuda de Deus ou sem se converter.
Ademais, o primeiro mandamento ordena amar a Deus sobre todas as coisas e todas as criaturas por causa d’Ele, sendo assim, pecamos quando comprometemos a caridade através de indiferença, ingratidão, tibieza, acídia e ódio a Deus — que se origina no orgulho e nega Sua bondade. 9
Este aspecto do primeiro mandamento envolve adoração, oração, sacrifício, promessas e votos e o exercício da religião. 10
A adoração é o primeiro ato da virtude religiosa, reconhecendo Deus como Criador, Salvador e Senhor de tudo. Adorar é louvar a Deus e humilhar-se diante de Sua grandeza 11. Já a oração, expressão da adoração, engloba atos de fé, esperança e caridade. A oração é fundamental para podermos obedecer aos mandamentos. 12
O sacrifício, por sua vez, é símbolo de adoração e da comunhão com Deus. Ele deve refletir a entrega espiritual e carregar a intenção de unir-se ao único sacrifício perfeito que foi o de Cristo na cruz. 13. O mandamento também se relaciona a promessas e votos feitos a Deus, como no batismo, no casamento e na ordenação. A fidelidade a tais promessas manifesta o respeito e o amor a Deus. 14 A Igreja valoriza também os votos de praticar os conselhos evangélicos — a pobreza, a castidade e a obediência — para seguir mais de perto a Cristo. 15
Por fim, o dever social da religião e o direito à liberdade religiosa estão intrinsecamente ligados. Todos têm o dever de buscar a verdade, e ninguém deve ser forçado a agir contra a própria consciência em questões religiosas. O direito à liberdade religiosa é um direito natural que deve ser reconhecido e protegido na ordem jurídica da sociedade, de maneira que constitua um direito civil. 16
O mandamento “Não terás outros deuses perante Mim” alerta contra a superstição e a irreligião. 17 A primeira é um desvio religioso, enquanto a segunda é uma negligência da virtude da religião. 17
A idolatria, condenada pelo mandamento, repudia o culto a qualquer entidade que não seja o único Deus verdadeiro. “Há idolatria desde o momento em que o homem honra e reverencia uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses ou de demónios.” 18. Ademais, a idolatria ocorre quando criaturas como poder, dinheiro ou Estado, entre outras, são honradas em lugar de Deus, negando Sua soberania. 18
A adivinhação, a magia e as práticas ocultas também são incompatíveis com o mandamento, pois revelam um desejo de controle sobre o tempo, a história e os homens. 19 Junto a isso também são condenadas práticas como a consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, os fenómenos de vidência, o recurso aos “médiuns”, o espiritismo e outras nesse sentido.
No entanto, isso não quer dizer que devamos ser imprevidentes, pois a imprevidência é uma falta de responsabilidade. 20 A atitude que devemos ter é colocar a nossa confiança em Deus e agir de acordo com o que está ao nosso alcance, isto é, fazer o que cabe a nós, em cada circunstância.
Além disso, a irreligião também inclui o ateísmo, que é a negação ou a rejeição da existência de Deus 21 — que se manifesta de várias formas, como no materialismo prático —, e o agnosticismo, que pode variar desde a crença num “ser transcendente” até uma indiferença à questão da existência de Deus. 22
Em suma, o primeiro mandamento exige uma adoração exclusiva a Deus e proíbe todas as formas de idolatria, superstição, irreligião, adivinhação, magia, simonia, ateísmo e agnosticismo.
Esta ordem divina baseia-se na compreensão de que Deus é transcendente — “Ele é a própria fonte de toda a beleza criada” 23 — e não pode ser adequadamente representado por uma imagem feita pelo homem.
No Antigo Testamento, embora tenha havido situações em que Deus permitiu ou ordenou a criação de imagens, essas representações eram sempre símbolos que apontavam para a salvação através do Verbo encarnado, por exemplo, a serpente de bronze a arca da Aliança e os querubins. 24.
Mais tarde, o Sétimo Concílio Ecumênico de Niceia, em 787, justificou o culto dos ícones, incluindo os de Cristo, da Virgem Maria, dos anjos e dos santos, como uma expressão da economia da Encarnação. 25.
Sendo assim, o culto cristão das imagens não é considerado uma violação do primeiro mandamento, que proíbe a adoração de ídolos. Em vez disso, é uma forma de veneração respeitosa, pois a honra prestada à imagem é direcionada à pessoa que ela representa, levando os fiéis a uma compreensão mais profunda do divino. 26. Em essência, as imagens são meios que nos conduzem à adoração do Deus encarnado e não objetos de adoração em si mesmos.
Na sua catequese sobre os dez mandamentos, Santo Tomás de Aquino destaca que a base de toda a Lei de Cristo é a caridade expressa em dois preceitos: amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo.
Ele observa que os antigos transgrediram esse preceito de diversas maneiras, adorando ídolos, corpos celestes e até a si mesmos, e comenta como os astrólogos erram ao afirmar que os astros governam as almas — quando na verdade, os astros foram criados para servir ao homem, cujo único soberano é Deus. Santo Tomás apresenta também algumas razões pelas quais não devemos adorar outros deuses, entre elas, a honra devida a Deus, a generosidade divina ao nos conceder todos os bens e a lealdade às promessas feitas a Deus.
Além disso, Santo Tomás faz uma comparação na qual contrasta a pesada servidão ao diabo e ao pecado com o serviço a Cristo, destacando as palavras do próprio Jesus: “Meu jugo é suave e meu fardo é leve.” 27 Ademais, ele nos recorda a grandiosidade da recompensa prometida pela Lei de Cristo — “Nenhuma outra lei promete recompensas semelhantes à Lei de Cristo.” 28 Sem dúvida, os ensinamentos deste grande santo nos ajuda a compreender com mais clareza o chamado de amar a Deus sobre todas as coisas, reconhecendo que somente Ele merece nossa devoção eterna.
Conheça mais sobre a vida e os ensinamentos de Santo Tomás.
Se você se interessou pelo tema dos 10 Mandamentos e gostaria de se aprofundar nele, Santo Tomás de Aquino deu algumas catequeses sobre cada um dos mandamentos, incluindo amar a Deus sobre todas as coisas. A obra Catequeses de Santo Tomás reúne não só essas catequeses, como também sermões do santo sobre o Pai Nosso, a Ave Maria, os Sacramentos e o Credo. Para saber como adquirir essa obra, acesse: Catequeses de Santo Tomás.
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Quando falamos em amar a Deus sobre todas as coisas, Deus é o primeiro a demonstrar amor, nunca nos impondo algo sem antes nos conferir a capacidade de cumprir. Os mandamentos representam, portanto, uma manifestação do Seu amor, orientando-nos em direção à finalidade da nossa existência: a presença eterna de Deus.
Todos os deveres para com Deus se resumem no primeiro mandamento, “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente”. 1 O amor é a base de toda a lei e o alicerce de nossas obrigações.
Neste artigo, vamos explorar o primeiro mandamento em detalhes, examinando suas referências nas Sagradas Escrituras, as transgressões que o infringem e as orientações da tradição da Igreja, à luz das palavras de Santo Tomás de Aquino.
Os dez mandamentos fazem parte da revelação de Deus 2 e foram, em primeiro lugar, inscritos no coração do homem — na criação. Eles ensinam a verdadeira humanidade do homem, bem como os direitos e deveres fundamentais à natureza da pessoa humana. O Decálogo é acessível à razão, uma vez que foi gravado por Deus em nossos corações, no entanto, por causa do pecado, a razão ficou obscurecida e a nossa vontade não mais se inclina ao bem, como antes. Por isso, Deus revelou os mandamentos ao Seu povo, escrevendo-os com Seu próprio dedo em tábuas de pedra.
Conheça as duas versões bíblicas dos mandamentos.
O primeiro mandamento é uma base fundamental das Escrituras Sagradas, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Ele é um convite à devoção inabalável e à priorização do relacionamento com Deus em todas as áreas de nossa vida.
No Livro do Êxodo, encontramos a primeira menção a este mandamento. No capítulo 20, versículos 2 a 3, Deus proclama: “Eu sou o Senhor, teu Deus […] Não terás outros deuses diante de mim.” Esta formulação inicial destaca a exclusividade do amor e da adoração que devemos direcionar a Deus, rejeitando a idolatria e qualquer forma de adoração a ídolos.
Já no livro do Deuteronômio, o mandamento é reafirmado e ampliado para incluir a dimensão do coração. No capítulo 6, versículos 4 a 5, lemos: “Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças.” Aqui, o foco é na intensidade do amor, exigindo uma entrega completa e sincera, refletindo-se em todas as esferas da vida.
No Novo Testamento, Cristo reitera a importância deste mandamento. Quando questionado sobre qual seria o maior mandamento, Ele responde: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Esse é o maior e o primeiro mandamento.” 3 Jesus reafirma, portanto, a primazia do amor a Deus, colocando-o como a base de todos os outros preceitos — de toda a lei e dos profetas.
Também na Carta aos Romanos, o apóstolo Paulo exorta os cristãos a apresentarem seus corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, destacando a importância de viver em amor e devoção a Cristo. 4 Além disso, apesar de não ser diretamente mencionado nas cartas apostólicas, o princípio de amar a Deus acima de tudo e viver em devoção a Ele permeiam os ensinamentos dos apóstolos, influenciando a maneira como os cristãos são chamados a viver e agir no mundo.
O primeiro mandamento estabelece o chamado inicial e justo de Deus para que o homem O acolha e adore. 5 Ele abrange os pilares da fé, da esperança e da caridade. Nossa vida moral encontra raízes na fé em Deus, que revela Seu amor, e nosso dever é crer nEle e testemunhá-lo. 6
Nesse sentido, este mandamento demanda que cuidemos da nossa fé e a protejamos, rejeitando qualquer oposição. Pecar contra a fé — e, logo, contra o primeiro mandamento — assume diversas formas: dúvida voluntária, recusar o que Deus e a Igreja propõem; dúvida involuntária, hesitar; incredulidade, desprezar a verdade; heresia, negar obstinadamente; apostasia, repudiar a fé; e cisma, rejeitar a autoridade do Papa e a comunhão com a Igreja. 7
A esperança, um componente fundamental, consiste na confiante expectativa da bênção divina e na preocupação de não ofender o amor de Deus. Dessa forma, pecados contra a esperança, como desespero e presunção, atentam também contra o primeiro mandamento. 8 Pelo desespero, o homem deixa de acreditar na sua salvação e na misericórdia de Deus; pela presunção, ao contrário, o homem presume de suas capacidades e acredita poder salvar-se sem a ajuda de Deus ou sem se converter.
Ademais, o primeiro mandamento ordena amar a Deus sobre todas as coisas e todas as criaturas por causa d’Ele, sendo assim, pecamos quando comprometemos a caridade através de indiferença, ingratidão, tibieza, acídia e ódio a Deus — que se origina no orgulho e nega Sua bondade. 9
Este aspecto do primeiro mandamento envolve adoração, oração, sacrifício, promessas e votos e o exercício da religião. 10
A adoração é o primeiro ato da virtude religiosa, reconhecendo Deus como Criador, Salvador e Senhor de tudo. Adorar é louvar a Deus e humilhar-se diante de Sua grandeza 11. Já a oração, expressão da adoração, engloba atos de fé, esperança e caridade. A oração é fundamental para podermos obedecer aos mandamentos. 12
O sacrifício, por sua vez, é símbolo de adoração e da comunhão com Deus. Ele deve refletir a entrega espiritual e carregar a intenção de unir-se ao único sacrifício perfeito que foi o de Cristo na cruz. 13. O mandamento também se relaciona a promessas e votos feitos a Deus, como no batismo, no casamento e na ordenação. A fidelidade a tais promessas manifesta o respeito e o amor a Deus. 14 A Igreja valoriza também os votos de praticar os conselhos evangélicos — a pobreza, a castidade e a obediência — para seguir mais de perto a Cristo. 15
Por fim, o dever social da religião e o direito à liberdade religiosa estão intrinsecamente ligados. Todos têm o dever de buscar a verdade, e ninguém deve ser forçado a agir contra a própria consciência em questões religiosas. O direito à liberdade religiosa é um direito natural que deve ser reconhecido e protegido na ordem jurídica da sociedade, de maneira que constitua um direito civil. 16
O mandamento “Não terás outros deuses perante Mim” alerta contra a superstição e a irreligião. 17 A primeira é um desvio religioso, enquanto a segunda é uma negligência da virtude da religião. 17
A idolatria, condenada pelo mandamento, repudia o culto a qualquer entidade que não seja o único Deus verdadeiro. “Há idolatria desde o momento em que o homem honra e reverencia uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses ou de demónios.” 18. Ademais, a idolatria ocorre quando criaturas como poder, dinheiro ou Estado, entre outras, são honradas em lugar de Deus, negando Sua soberania. 18
A adivinhação, a magia e as práticas ocultas também são incompatíveis com o mandamento, pois revelam um desejo de controle sobre o tempo, a história e os homens. 19 Junto a isso também são condenadas práticas como a consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, os fenómenos de vidência, o recurso aos “médiuns”, o espiritismo e outras nesse sentido.
No entanto, isso não quer dizer que devamos ser imprevidentes, pois a imprevidência é uma falta de responsabilidade. 20 A atitude que devemos ter é colocar a nossa confiança em Deus e agir de acordo com o que está ao nosso alcance, isto é, fazer o que cabe a nós, em cada circunstância.
Além disso, a irreligião também inclui o ateísmo, que é a negação ou a rejeição da existência de Deus 21 — que se manifesta de várias formas, como no materialismo prático —, e o agnosticismo, que pode variar desde a crença num “ser transcendente” até uma indiferença à questão da existência de Deus. 22
Em suma, o primeiro mandamento exige uma adoração exclusiva a Deus e proíbe todas as formas de idolatria, superstição, irreligião, adivinhação, magia, simonia, ateísmo e agnosticismo.
Esta ordem divina baseia-se na compreensão de que Deus é transcendente — “Ele é a própria fonte de toda a beleza criada” 23 — e não pode ser adequadamente representado por uma imagem feita pelo homem.
No Antigo Testamento, embora tenha havido situações em que Deus permitiu ou ordenou a criação de imagens, essas representações eram sempre símbolos que apontavam para a salvação através do Verbo encarnado, por exemplo, a serpente de bronze a arca da Aliança e os querubins. 24.
Mais tarde, o Sétimo Concílio Ecumênico de Niceia, em 787, justificou o culto dos ícones, incluindo os de Cristo, da Virgem Maria, dos anjos e dos santos, como uma expressão da economia da Encarnação. 25.
Sendo assim, o culto cristão das imagens não é considerado uma violação do primeiro mandamento, que proíbe a adoração de ídolos. Em vez disso, é uma forma de veneração respeitosa, pois a honra prestada à imagem é direcionada à pessoa que ela representa, levando os fiéis a uma compreensão mais profunda do divino. 26. Em essência, as imagens são meios que nos conduzem à adoração do Deus encarnado e não objetos de adoração em si mesmos.
Na sua catequese sobre os dez mandamentos, Santo Tomás de Aquino destaca que a base de toda a Lei de Cristo é a caridade expressa em dois preceitos: amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo.
Ele observa que os antigos transgrediram esse preceito de diversas maneiras, adorando ídolos, corpos celestes e até a si mesmos, e comenta como os astrólogos erram ao afirmar que os astros governam as almas — quando na verdade, os astros foram criados para servir ao homem, cujo único soberano é Deus. Santo Tomás apresenta também algumas razões pelas quais não devemos adorar outros deuses, entre elas, a honra devida a Deus, a generosidade divina ao nos conceder todos os bens e a lealdade às promessas feitas a Deus.
Além disso, Santo Tomás faz uma comparação na qual contrasta a pesada servidão ao diabo e ao pecado com o serviço a Cristo, destacando as palavras do próprio Jesus: “Meu jugo é suave e meu fardo é leve.” 27 Ademais, ele nos recorda a grandiosidade da recompensa prometida pela Lei de Cristo — “Nenhuma outra lei promete recompensas semelhantes à Lei de Cristo.” 28 Sem dúvida, os ensinamentos deste grande santo nos ajuda a compreender com mais clareza o chamado de amar a Deus sobre todas as coisas, reconhecendo que somente Ele merece nossa devoção eterna.
Conheça mais sobre a vida e os ensinamentos de Santo Tomás.
Se você se interessou pelo tema dos 10 Mandamentos e gostaria de se aprofundar nele, Santo Tomás de Aquino deu algumas catequeses sobre cada um dos mandamentos, incluindo amar a Deus sobre todas as coisas. A obra Catequeses de Santo Tomás reúne não só essas catequeses, como também sermões do santo sobre o Pai Nosso, a Ave Maria, os Sacramentos e o Credo. Para saber como adquirir essa obra, acesse: Catequeses de Santo Tomás.