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Espiritualidade

Mistérios Dolorosos: o sofrimento redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo

Conheça o que contemplamos nos Mistérios Dolorosos da oração do terço e saiba como meditar as dores de Jesus em cada um deles.

Mistérios Dolorosos: o sofrimento redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo
Espiritualidade

Mistérios Dolorosos: o sofrimento redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo

Conheça o que contemplamos nos Mistérios Dolorosos da oração do terço e saiba como meditar as dores de Jesus em cada um deles.

Data da Publicação: 29/04/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 29/04/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Conheça o que contemplamos nos Mistérios Dolorosos da oração do terço e saiba como meditar as dores de Jesus em cada um deles.

Os Evangelhos conferem uma grande importância aos mistérios da dor de Cristo, destacando a relevância da meditação sobre esses episódios centrais da nossa fé. A piedade cristã, ao longo dos séculos, encontrou na Quaresma, sobretudo com o exercício da Via Sacra, uma maneira de mergulhar nos diferentes momentos da Paixão, reconhecendo nesses eventos o ápice da revelação do amor divino e a fonte da nossa salvação. 1

O Rosário, por sua vez, oferece um caminho de meditação das dores de Jesus, ao selecionar momentos específicos da Paixão. Desse modo, os mistérios dolorosos guiam o fiel orante a fixar o olhar do coração nessas cenas, revivê-las espiritualmente e unir os seus sofrimentos aos de Cristo. Conheça a seguir os mistérios da dor e o que meditamos em cada um deles.

Confira aqui um guia para rezar o Rosário.

O que é a oração do terço?

A oração do terço é uma prática que envolve a recitação de orações específicas, incluindo o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória ao Pai, ao mesmo tempo em que se medita sobre os mistérios da vida de Jesus Cristo. Ao recitar o terço, os fiéis são convidados a recordar os momentos fundamentais da história da salvação, percorrendo as diversas etapas da missão de Cristo.

Desse modo, o terço é como uma meditação bíblica que conduz os devotos a refletir sobre os acontecimentos da vida do Senhor, acompanhados pela Virgem Santíssima. Ela, como modelo de contemplação, inspira-nos a conservar esses momentos sagrados em nossos corações, assim como ela mesma fez. O terço é, portanto, a oração que carrega um memorial de toda a vida de Jesus, a qual deve passar pela nossa mente ao som das Ave-Marias.

Descubra a diferença entre Terço e Rosário.

O que são os mistérios do terço e por que devemos contemplá-los?

Os mistérios do terço estão divididos em quatro grupos: os Mistérios Gozosos (relacionados ao nascimento e à infância de Jesus), os Mistérios Dolorosos (focados nos momentos de sofrimento e paixão de Cristo), os Mistérios Gloriosos (que tratam da ressurreição e glória de Jesus) e os Mistérios Luminosos (adicionados pelo Papa João Paulo II, centrados nos eventos do ministério público de Jesus). Cada grupo compreende, desse modo, cinco mistérios da vida de Cristo que os fiéis meditam enquanto recitam as Ave-Marias.

Contemplar os mistérios do terço é uma prática que, ao direcionar nossos corações para a vida e os ensinamentos de Jesus, é capaz de fortalecer a nossa fé. E, assim, levar-nos a colocar Cristo no centro de nossa vida cotidiana, unindo-nos a Ele por meio do conhecimento de sua vida. Maria, como intercessora de nossa vida espiritual, auxilia-nos a acolher a graça emanada desses mistérios, permitindo que também muitos outros sejam alcançados pela nossa oração. O Rosário, rezado com devoção, torna-se uma fonte de bênçãos para as intenções mais urgentes da Igreja, assim como para as necessidades da humanidade e a busca incessante pela paz no mundo.

Conheça a história de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Os Mistérios Dolorosos 

1º mistério doloroso: a agonia no Horto das Oliveiras

imagem da agonia de jesus no horto, o primeiro dos mistérios dolorosos.

No primeiro mistério doloroso, deparamo-nos com a agonia de Jesus no Horto das Oliveiras, onde Ele chega a transpirar sangue. 2 Antecipando a sua crucificação, Jesus retira-se para rezar. Em um estado de angústia profunda, Ele roga ao Pai para afastar dele o cálice da Paixão, mas submete-se à vontade divina.

Neste momento, meditamos sobre a humanidade genuína de Jesus, que se manifesta ao implorar ao Pai para afastar dele o cálice da morte na Cruz. No entanto, de todos os tormentos que Jesus passaria, o que mais o afligia era saber que — apesar de todas as suas penas — ainda se cometeriam tantos pecados no mundo. 3 Assim, contemplamos o grande amor de Deus por nós que, mesmo sabendo disso, segue firme na sua decisão até a Cruz, entregando-se ao plano redentor. Além disso, este mistério leva-nos a pensar sobre a nossa própria capacidade de aceitar a vontade de Deus em meio às adversidades, buscando a oração e nutrindo a confiança na providência divina.

2º mistério doloroso: a flagelação de Jesus

No segundo mistério doloroso, dirigimos nosso olhar à flagelação de Jesus. 4 Nesse ato de crueldade, Jesus é impiedosamente açoitado por soldados romanos, suportando dores indescritíveis por amor à humanidade — cada um de nós, em particular. Meditar sobre essa flagelação nos mergulha na profundidade do sacrifício de Cristo pela nossa redenção.

Neste mistério, meditamos Jesus, inocente, recebendo um dos castigos reservados somente aos escravos. Alguns escritos, como os de Cornélio a Lápide e os de S. Lourenço auxiliam-nos nessa meditação. Eles revelam que nesse tormento Jesus deveria naturalmente ter morrido — uma vez que foram muitos algozes. Contudo, por virtude divina, quis conservar a sua vida para sofrer tormentos ainda maiores por amor a nós. 5 Ao contemplar este cenário podemos examinar nossas próprias fraquezas e pecados, reconhecendo a necessidade de redenção e renovando nosso compromisso com uma vida alinhada aos ensinamentos de Cristo, que suportou a flagelação — e outros tormentos — para nos libertar do peso do pecado.

3º mistério doloroso: a coroação de espinhos

No terceiro mistério doloroso, voltamos nossa atenção à coroação de espinhos em Nosso Senhor. 6 Jesus é cruelmente zombado e torturado por soldados romanos, que o coroam com espinhos, escarnecendo de Sua realeza divina.

Aqui meditamos o tormento mais prolongado da paixão, pois Jesus o suportou até a morte.

E o manso Cordeiro deixava atormentar-se ao gosto deles, sem dizer palavras, sem se lamentar. 7

Ao meditar sobre esse mistério, contemplamos a humilhação de Jesus e a injustiça sofrida em nome da nossa redenção. Sendo assim, ao considerar a coroa de espinhos, somos convidados a examinar as vezes em que nossa própria dignidade foi menosprezada. Como reagimos? Nosso modelo deve ser a paciência e o perdão de Cristo, que transforma o sofrimento em redenção e dignifica até os maiores sofrimentos.

4º mistério doloroso: a subida ao Calvário

No quarto mistério doloroso acompanhamos a penosa subida de Jesus ao Calvário. 8 Jesus, exausto e carregando a cruz, caminha em direção ao local da crucificação. Jesus carrega em seus ombros o instrumento de sua própria morte. O mesmo por meio do qual nos viria a salvação: a cruz tão pesada.

Neste mistério, meditamos o efeito do peso dos nossos pecados sobre os ombros de um inocente, o próprio Deus Encarnado. A iniquidade de todos nós pesou sobre Ele. 9 Pensemos na cruz que

foi o nobre instrumento com que Jesus Cristo adquiriu tantas almas, porque, morrendo nela, pagou a pena de nossos pecados e assim as resgatou do inferno, fazendo-as suas. 10

Ao contemplar este episódio, consideramos o peso da cruz em nossas próprias vidas e como devemos seguir o exemplo de Cristo na aceitação das dificuldades. Cada passo que Cristo deu em direção a crucificação foi pensando em nós. Ao meditar sobre a subida ao Calvário, refletimos, portanto, sobre o amor de Deus por nós e o modo como carregamos nossas próprias cruzes.

Desse modo, ele nos ensina que a nossa “cruz” pode se tornar um meio de transformação e, até mesmo, de redenção em nossa vida — se a abraçarmos como Ele fez.

“Se alguém quiser vir após mim, abnegue-se a si mesmo e tome sua cruz e siga-me”(Mt 16, 24).

5º mistério doloroso: a crucificação e morte de Nosso Senhor 

No quinto mistério doloroso, direcionamos nossa atenção para a crucificação e morte de Nosso Senhor. 11 Jesus é pregado na cruz, oferecendo Sua vida como sacrifício redentor por cada um de nós individualmente. Neste mistério, contemplamos o imenso amor de Deus, pois a morte de Cristo é reconhecida como a mais dolorosa, revelando-se um testemunho supremo desse amor divino. Ele suportou inúmeros tormentos em seu corpo e, de maneira ainda mais profunda, experimentou na alma a dor pelos nossos pecados.

imagem de Jesus crucificado, cena que contemplamos nos mistérios dolorosos.

Ao contemplar este mistério, meditamos sobre imenso amor de Deus manifestado na cruz, que nos leva a encontrar sentido na dor através da fé na ressurreição. Diante da meditação da morte de Jesus na cruz, podemos identificar-nos com a figura do bom ladrão e pedir

recordai-vos, Senhor, que eu sou uma daquelas ovelhas pelas quais vós destes a vida. Consolai-me, fazendo-me sentir que me perdoastes, dando-me uma grande dor de meus pecados. Ó grande sacerdote, que vos sacrificastes a vós mesmo por amor das vossas criaturas, tende compaixão de mim. Sacrifico-vos de agora em diante a minha vontade, os meus sentidos, as minhas satisfações e todos os meus desejos. Eu creio que vós, meu Deus, morrestes pregado na cruz por mim. Caia sobre mim, vos suplico, o vosso sangue divino: ele me lave de todos os meus pecados; ele me abrase em vosso santo amor e me faça todo vosso. Eu vos amo, ó meu Jesus, e desejo morrer crucificado por vós que morrestes crucificado por mim. 12

Em que dia devemos contemplar os mistérios dolorosos?

À contemplação dos mistérios dolorosos a Igreja reserva as terças e sextas-feiras, embora possamos contemplar os cinco mistérios do terço todos os dias. Além disso, vale comentar que todas as sextas-feiras do ano são penitenciais. Desse modo, além do convite à contemplação dos mistérios dolorosos, a Igreja nos convoca à união com a paixão de Cristo por meio de algum sacrifício oferecido por amor — sendo o mais comum a abstinência de carne.

Entenda aqui por que os católicos fazem abstinência de carne nas sextas-feiras.

A importância dos mistérios dolorosos na nossa vida espiritual

A meditação dos mistérios dolorosos desempenha um importante papel na nossa vida espiritual, oferecendo-nos uma compreensão profunda do sacrifício de Jesus e guiando-nos a uma proximidade íntima com Deus. Ao meditar sobre a dor de Cristo na cruz, não somente a física, mas a dor na alma pelos nossos pecados, contemplamos a profundidade do amor manifestado na cruz. Neste momento, recordamos também que a Virgem Maria, não só meditou, mas viveu a Paixão de Cristo em sua alma, compartilhando de forma única a dor do seu Filho.

Além disso, a prática de meditar as dores de Jesus e a Sua paixão é comum entre os santos, o que destaca a relevância desses mistérios para a nossa vida espiritual. Ao refletir genuinamente sobre cada um dos mistérios da dor, compreendemos a importância de aceitar nossas próprias cruzes e dificuldades, enquanto as transformamos em meios de união com Deus. Aprendemos a encontrar o sentido escondido em cada sofrimento pelo qual passamos, ainda que não compreendamos o porquê.

A prática contínua da meditação dos mistérios dolorosos aproxima-nos muito de Cristo e do seu amor. Ela nos liga a uma tradição venerável que reconhece a importância de contemplar a Paixão de Cristo para o crescimento espiritual.

Os mistérios da dor levam o crente a reviver a morte de Jesus pondo-se aos pés da cruz junto de Maria, para com Ela penetrar no abismo do amor de Deus pelo homem e sentir toda a sua força regeneradora. 1

Você conhece a celebração da Exaltação da Santa Cruz?

Referências

  1. Papa João Paulo II, Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae[][]
  2. Lc 22, 39-46[]
  3. Ligório, Afonso Maria de. A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tradução: Padre José Lopes Ferreira, C.Ss.R. — 1. ed — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2023. p.51[]
  4. Mt 27, 26[]
  5. Ligório, Afonso Maria de. A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tradução: Padre José Lopes Ferreira, C.Ss.R. — 1. ed — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2023. p.63-64[]
  6. Mt 27, 29[]
  7. Ligório, Afonso Maria de. A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tradução: Padre José Lopes Ferreira, C.Ss.R. — 1. ed — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2023. p.69[]
  8. Jo 19,16-17[]
  9. Is 53, 6[]
  10. Ligório, Afonso Maria de. A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tradução: Padre José Lopes Ferreira, C.Ss.R. — 1. ed — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2023. p.80[]
  11. Jo 19,17-37[]
  12. Ligório, Afonso Maria de. A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tradução: Padre José Lopes Ferreira, C.Ss.R. — 1. ed — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2023. p.88[]

Redação MBC

O maior clube de leitores católicos do Brasil.

Conheça o que contemplamos nos Mistérios Dolorosos da oração do terço e saiba como meditar as dores de Jesus em cada um deles.

Os Evangelhos conferem uma grande importância aos mistérios da dor de Cristo, destacando a relevância da meditação sobre esses episódios centrais da nossa fé. A piedade cristã, ao longo dos séculos, encontrou na Quaresma, sobretudo com o exercício da Via Sacra, uma maneira de mergulhar nos diferentes momentos da Paixão, reconhecendo nesses eventos o ápice da revelação do amor divino e a fonte da nossa salvação. 1

O Rosário, por sua vez, oferece um caminho de meditação das dores de Jesus, ao selecionar momentos específicos da Paixão. Desse modo, os mistérios dolorosos guiam o fiel orante a fixar o olhar do coração nessas cenas, revivê-las espiritualmente e unir os seus sofrimentos aos de Cristo. Conheça a seguir os mistérios da dor e o que meditamos em cada um deles.

Confira aqui um guia para rezar o Rosário.

O que é a oração do terço?

A oração do terço é uma prática que envolve a recitação de orações específicas, incluindo o Pai Nosso, a Ave Maria e o Glória ao Pai, ao mesmo tempo em que se medita sobre os mistérios da vida de Jesus Cristo. Ao recitar o terço, os fiéis são convidados a recordar os momentos fundamentais da história da salvação, percorrendo as diversas etapas da missão de Cristo.

Desse modo, o terço é como uma meditação bíblica que conduz os devotos a refletir sobre os acontecimentos da vida do Senhor, acompanhados pela Virgem Santíssima. Ela, como modelo de contemplação, inspira-nos a conservar esses momentos sagrados em nossos corações, assim como ela mesma fez. O terço é, portanto, a oração que carrega um memorial de toda a vida de Jesus, a qual deve passar pela nossa mente ao som das Ave-Marias.

Descubra a diferença entre Terço e Rosário.

O que são os mistérios do terço e por que devemos contemplá-los?

Os mistérios do terço estão divididos em quatro grupos: os Mistérios Gozosos (relacionados ao nascimento e à infância de Jesus), os Mistérios Dolorosos (focados nos momentos de sofrimento e paixão de Cristo), os Mistérios Gloriosos (que tratam da ressurreição e glória de Jesus) e os Mistérios Luminosos (adicionados pelo Papa João Paulo II, centrados nos eventos do ministério público de Jesus). Cada grupo compreende, desse modo, cinco mistérios da vida de Cristo que os fiéis meditam enquanto recitam as Ave-Marias.

Contemplar os mistérios do terço é uma prática que, ao direcionar nossos corações para a vida e os ensinamentos de Jesus, é capaz de fortalecer a nossa fé. E, assim, levar-nos a colocar Cristo no centro de nossa vida cotidiana, unindo-nos a Ele por meio do conhecimento de sua vida. Maria, como intercessora de nossa vida espiritual, auxilia-nos a acolher a graça emanada desses mistérios, permitindo que também muitos outros sejam alcançados pela nossa oração. O Rosário, rezado com devoção, torna-se uma fonte de bênçãos para as intenções mais urgentes da Igreja, assim como para as necessidades da humanidade e a busca incessante pela paz no mundo.

Conheça a história de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Os Mistérios Dolorosos 

1º mistério doloroso: a agonia no Horto das Oliveiras

imagem da agonia de jesus no horto, o primeiro dos mistérios dolorosos.

No primeiro mistério doloroso, deparamo-nos com a agonia de Jesus no Horto das Oliveiras, onde Ele chega a transpirar sangue. 2 Antecipando a sua crucificação, Jesus retira-se para rezar. Em um estado de angústia profunda, Ele roga ao Pai para afastar dele o cálice da Paixão, mas submete-se à vontade divina.

Neste momento, meditamos sobre a humanidade genuína de Jesus, que se manifesta ao implorar ao Pai para afastar dele o cálice da morte na Cruz. No entanto, de todos os tormentos que Jesus passaria, o que mais o afligia era saber que — apesar de todas as suas penas — ainda se cometeriam tantos pecados no mundo. 3 Assim, contemplamos o grande amor de Deus por nós que, mesmo sabendo disso, segue firme na sua decisão até a Cruz, entregando-se ao plano redentor. Além disso, este mistério leva-nos a pensar sobre a nossa própria capacidade de aceitar a vontade de Deus em meio às adversidades, buscando a oração e nutrindo a confiança na providência divina.

2º mistério doloroso: a flagelação de Jesus

No segundo mistério doloroso, dirigimos nosso olhar à flagelação de Jesus. 4 Nesse ato de crueldade, Jesus é impiedosamente açoitado por soldados romanos, suportando dores indescritíveis por amor à humanidade — cada um de nós, em particular. Meditar sobre essa flagelação nos mergulha na profundidade do sacrifício de Cristo pela nossa redenção.

Neste mistério, meditamos Jesus, inocente, recebendo um dos castigos reservados somente aos escravos. Alguns escritos, como os de Cornélio a Lápide e os de S. Lourenço auxiliam-nos nessa meditação. Eles revelam que nesse tormento Jesus deveria naturalmente ter morrido — uma vez que foram muitos algozes. Contudo, por virtude divina, quis conservar a sua vida para sofrer tormentos ainda maiores por amor a nós. 5 Ao contemplar este cenário podemos examinar nossas próprias fraquezas e pecados, reconhecendo a necessidade de redenção e renovando nosso compromisso com uma vida alinhada aos ensinamentos de Cristo, que suportou a flagelação — e outros tormentos — para nos libertar do peso do pecado.

3º mistério doloroso: a coroação de espinhos

No terceiro mistério doloroso, voltamos nossa atenção à coroação de espinhos em Nosso Senhor. 6 Jesus é cruelmente zombado e torturado por soldados romanos, que o coroam com espinhos, escarnecendo de Sua realeza divina.

Aqui meditamos o tormento mais prolongado da paixão, pois Jesus o suportou até a morte.

E o manso Cordeiro deixava atormentar-se ao gosto deles, sem dizer palavras, sem se lamentar. 7

Ao meditar sobre esse mistério, contemplamos a humilhação de Jesus e a injustiça sofrida em nome da nossa redenção. Sendo assim, ao considerar a coroa de espinhos, somos convidados a examinar as vezes em que nossa própria dignidade foi menosprezada. Como reagimos? Nosso modelo deve ser a paciência e o perdão de Cristo, que transforma o sofrimento em redenção e dignifica até os maiores sofrimentos.

4º mistério doloroso: a subida ao Calvário

No quarto mistério doloroso acompanhamos a penosa subida de Jesus ao Calvário. 8 Jesus, exausto e carregando a cruz, caminha em direção ao local da crucificação. Jesus carrega em seus ombros o instrumento de sua própria morte. O mesmo por meio do qual nos viria a salvação: a cruz tão pesada.

Neste mistério, meditamos o efeito do peso dos nossos pecados sobre os ombros de um inocente, o próprio Deus Encarnado. A iniquidade de todos nós pesou sobre Ele. 9 Pensemos na cruz que

foi o nobre instrumento com que Jesus Cristo adquiriu tantas almas, porque, morrendo nela, pagou a pena de nossos pecados e assim as resgatou do inferno, fazendo-as suas. 10

Ao contemplar este episódio, consideramos o peso da cruz em nossas próprias vidas e como devemos seguir o exemplo de Cristo na aceitação das dificuldades. Cada passo que Cristo deu em direção a crucificação foi pensando em nós. Ao meditar sobre a subida ao Calvário, refletimos, portanto, sobre o amor de Deus por nós e o modo como carregamos nossas próprias cruzes.

Desse modo, ele nos ensina que a nossa “cruz” pode se tornar um meio de transformação e, até mesmo, de redenção em nossa vida — se a abraçarmos como Ele fez.

“Se alguém quiser vir após mim, abnegue-se a si mesmo e tome sua cruz e siga-me”(Mt 16, 24).

5º mistério doloroso: a crucificação e morte de Nosso Senhor 

No quinto mistério doloroso, direcionamos nossa atenção para a crucificação e morte de Nosso Senhor. 11 Jesus é pregado na cruz, oferecendo Sua vida como sacrifício redentor por cada um de nós individualmente. Neste mistério, contemplamos o imenso amor de Deus, pois a morte de Cristo é reconhecida como a mais dolorosa, revelando-se um testemunho supremo desse amor divino. Ele suportou inúmeros tormentos em seu corpo e, de maneira ainda mais profunda, experimentou na alma a dor pelos nossos pecados.

imagem de Jesus crucificado, cena que contemplamos nos mistérios dolorosos.

Ao contemplar este mistério, meditamos sobre imenso amor de Deus manifestado na cruz, que nos leva a encontrar sentido na dor através da fé na ressurreição. Diante da meditação da morte de Jesus na cruz, podemos identificar-nos com a figura do bom ladrão e pedir

recordai-vos, Senhor, que eu sou uma daquelas ovelhas pelas quais vós destes a vida. Consolai-me, fazendo-me sentir que me perdoastes, dando-me uma grande dor de meus pecados. Ó grande sacerdote, que vos sacrificastes a vós mesmo por amor das vossas criaturas, tende compaixão de mim. Sacrifico-vos de agora em diante a minha vontade, os meus sentidos, as minhas satisfações e todos os meus desejos. Eu creio que vós, meu Deus, morrestes pregado na cruz por mim. Caia sobre mim, vos suplico, o vosso sangue divino: ele me lave de todos os meus pecados; ele me abrase em vosso santo amor e me faça todo vosso. Eu vos amo, ó meu Jesus, e desejo morrer crucificado por vós que morrestes crucificado por mim. 12

Em que dia devemos contemplar os mistérios dolorosos?

À contemplação dos mistérios dolorosos a Igreja reserva as terças e sextas-feiras, embora possamos contemplar os cinco mistérios do terço todos os dias. Além disso, vale comentar que todas as sextas-feiras do ano são penitenciais. Desse modo, além do convite à contemplação dos mistérios dolorosos, a Igreja nos convoca à união com a paixão de Cristo por meio de algum sacrifício oferecido por amor — sendo o mais comum a abstinência de carne.

Entenda aqui por que os católicos fazem abstinência de carne nas sextas-feiras.

A importância dos mistérios dolorosos na nossa vida espiritual

A meditação dos mistérios dolorosos desempenha um importante papel na nossa vida espiritual, oferecendo-nos uma compreensão profunda do sacrifício de Jesus e guiando-nos a uma proximidade íntima com Deus. Ao meditar sobre a dor de Cristo na cruz, não somente a física, mas a dor na alma pelos nossos pecados, contemplamos a profundidade do amor manifestado na cruz. Neste momento, recordamos também que a Virgem Maria, não só meditou, mas viveu a Paixão de Cristo em sua alma, compartilhando de forma única a dor do seu Filho.

Além disso, a prática de meditar as dores de Jesus e a Sua paixão é comum entre os santos, o que destaca a relevância desses mistérios para a nossa vida espiritual. Ao refletir genuinamente sobre cada um dos mistérios da dor, compreendemos a importância de aceitar nossas próprias cruzes e dificuldades, enquanto as transformamos em meios de união com Deus. Aprendemos a encontrar o sentido escondido em cada sofrimento pelo qual passamos, ainda que não compreendamos o porquê.

A prática contínua da meditação dos mistérios dolorosos aproxima-nos muito de Cristo e do seu amor. Ela nos liga a uma tradição venerável que reconhece a importância de contemplar a Paixão de Cristo para o crescimento espiritual.

Os mistérios da dor levam o crente a reviver a morte de Jesus pondo-se aos pés da cruz junto de Maria, para com Ela penetrar no abismo do amor de Deus pelo homem e sentir toda a sua força regeneradora. 1

Você conhece a celebração da Exaltação da Santa Cruz?

Referências

  1. Papa João Paulo II, Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae[][]
  2. Lc 22, 39-46[]
  3. Ligório, Afonso Maria de. A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tradução: Padre José Lopes Ferreira, C.Ss.R. — 1. ed — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2023. p.51[]
  4. Mt 27, 26[]
  5. Ligório, Afonso Maria de. A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tradução: Padre José Lopes Ferreira, C.Ss.R. — 1. ed — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2023. p.63-64[]
  6. Mt 27, 29[]
  7. Ligório, Afonso Maria de. A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tradução: Padre José Lopes Ferreira, C.Ss.R. — 1. ed — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2023. p.69[]
  8. Jo 19,16-17[]
  9. Is 53, 6[]
  10. Ligório, Afonso Maria de. A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tradução: Padre José Lopes Ferreira, C.Ss.R. — 1. ed — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2023. p.80[]
  11. Jo 19,17-37[]
  12. Ligório, Afonso Maria de. A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tradução: Padre José Lopes Ferreira, C.Ss.R. — 1. ed — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2023. p.88[]

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