A preguiça é um dos 7 pecados capitais. Confira neste artigo tudo o que a Igreja Católica ensina, especialmente como combatê-la.
A preguiça é um dos 7 pecados capitais. Confira neste artigo tudo o que a Igreja Católica ensina, especialmente como combatê-la.
Por meio do trabalho o ser humano se realiza, participa do ato de criar e faz com que o mundo cresça e se desenvolva. Mas por meio da preguiça, o homem fica estagnado e o mundo, destinado a acabar.
Neste artigo, nós continuaremos a exposição detalhada dos pecados capitais, e desta vez abordaremos o pecado da preguiça que é visto por muitos, erroneamente, como um pecadinho bobo incapaz de nos destruir. No entanto, é justamente através das brechas que parecem inofensivas, que abrimos portas para o mal e para a ação do diabo em nossa vida.
Continue lendo este artigo para compreender os perigos do vício da preguiça e como ele pode atrapalhar nossa jornada, tanto na conquista dos bens deste mundo quanto, principalmente, na conquista dos bens eternos.
Os pecados chamados capitais são responsáveis pela geração de outros inúmeros pecados, por eles adentramos num ciclo de vícios e nos tornamos escravos. São Gregório Magno nos oferece uma analogia interessante: ele compara o pecado capital com o chefe do exército, que designa a função dos soldados e os dá ordens para que cumpram seu objetivo. Os pecados capitais ordenam e recrutam outros pecados, são como chefes que exigem a presença de subordinados — e aos poucos a nossa alma também vai se tornando um exército de pecados.
O Doutor Angélico, Santo Tomás de Aquino, corrobora a analogia de Gregório: “O vício capital não só é o princípio dos outros, mas também os dirige e de certo modo os chefia.” Do pecado capital surge uma série de ervas daninhas que vão nos dirigindo para o pecado mortal e nos dessensibilizando acerca do mal, e quando menos percebemos, estamos inseridos numa vida infeliz e cheia de desordens de todas as origens.
À medida que consentimos com um pecado capital, os outros pecados crescem, ainda que em menor medida, junto com ele, e ao mesmo tempo as virtudes vão diminuindo e desaparecendo, pois a graça não habita onde há pecado. Por isso é muito importante, no combate contra o vício capital, fazer o caminho inverso, esforçar-se para crescer em virtudes para que os pecados diminuam.
O problema é que a preguiça atua justamente na falta de esforço para crescer em virtudes, nos impedindo de combater os pecados e crescer em virtudes. Você pode ler mais sobre os vícios capitais neste artigo: O que são os Pecados Capitais?.
A etimologia da palavra preguiça tem origem no latim “pigritia”, que deriva de “piger” e significa “tardo na ação, vadio”. Isso quer dizer que o preguiçoso é aquele que tem aversão à ação, que prefere sempre o que é mais cômodo e o que exige o menor esforço possível, ou seja, ele não quer ter trabalho e por isso acaba não construindo nada sólido. Está sempre ocioso, mas também, curiosamente, frustrado por não atingir nenhuma conquista.
Santo Tomás de Aquino define a preguiça como “certa tristeza que deixa o homem tardo”, isto é, frouxo, estagnado. A preguiça é o último vício capital responsável por nos entediar e nos levar a desejar sempre o caminho mais fácil, causando uma aflição em relação ao trabalho — o que leva à inação e ao ócio.
No entanto, é justamente por meio do trabalho, da luta árdua, que se conquistam os bens tanto materiais quanto — os que realmente importam — os espirituais. Por isso, já dizia Santa Teresa d’Ávila que “é justo que muito custe o que muito vale”, pois nada pode ser conquistado sem que seja derramada nenhuma gota de suor, sem que enfrentemos os desafios naturais da vida cotidiana. É através do trabalho que o homem tem sentido na sua existência, no serviço, no esforço, já que esta é uma tarefa que foi dada ao homem desde o dia de sua criação “enchei a terra e submetei-a.” 1
Existe, ainda, um pecado derivado da preguiça, chamado acídia. Trata-se da preguiça na conquista dos bens espirituais, da dificuldade de se esforçar para evoluir na vida espiritual, que acaba nos impactando na busca pela santidade e, no pior dos casos, nos leva para o pecado mortal e para a conformidade com o pecado.
Justamente por ser uma “negligência pela qual alguém se recusa adquirir os bens espirituais por causa do trabalho” 2, a preguiça/acídia é responsável por gerar mais uma série de pecados, assim como aconteceu no episódio bíblico do Rei Davi, quando, por meio da preguiça, que parece algo simples, ele se afundou em pecados terríveis.
Geralmente, as pessoas se recordam apenas dos pecados cometidos pelo Rei Davi, que foram o adultério e o assassinato de um de seus soldados de confiança. Porém, poucos se atentam para o fato de que isso apenas aconteceu porque antes ele foi preguiçoso e, em vez de acompanhar os seus soldados para a batalha, preferiu ceder à ociosidade, o que abriu brechas para cobiçar a esposa de Urias, fato que certamente não teria ocorrido se ele tivesse assumido o trabalho de liderar o seu exército.
Em Provérbios também podemos encontrar uma série de referências aos preguiçosos, como por exemplo “O preguiçoso cobiça, mas nada obtém. É o desejo dos homens diligentes que é satisfeito.” 3, isto é, o preguiçoso apenas fica sonhando, cobiçando, querendo, mas rejeita o trabalho e o esforço que é necessário para conquistar os bens que deseja.
Já no Novo Testamento, encontramos orientações interessantes nas cartas de São Paulo: “Quer comais ou bebais ou façais qualquer outra coisa, façais tudo para a glória de Deus” 4. Isso quer dizer que tudo o que fazemos precisa ser para a glória de Deus, com o maior esmero e cuidado que estiver ao nosso alcance. A preguiça não pode nos deixar relaxar e tratar as coisas com descaso. Até o ato de escovar os dentes, de lavar a louça, de pentear o cabelo, precisa ser feito com amor, sem preguiça e falta de vontade.
O primeiro passo para combater a preguiça é compreender a importância do trabalho humano como uma participação no ato divino da criação que nos foi concedido pelo próprio Deus. Tal entendimento nos leva a valorizar e elevar a dignidade do trabalho, que é responsável pela nossa santificação e aproximação de Deus.
E essa é uma compreensão muito antiga acerca do trabalho. O próprio Talmud dos judeus diz que “Nenhum trabalho, por mais humilde que seja, desonra o homem”. E ainda: “Não ensinar o filho a trabalhar é como ensinar-lhe a roubar”. O trabalho dá sentido à vida humana, nos ajuda a conquistar bens materiais e bens espirituais, e é por isso que uma pessoa ociosa, que se rende à preguiça e rejeita o trabalho, é triste e vive invejando e cobiçando as coisas alheias.
É importante lembrar também que todas as vezes que almejamos combater e vencer algum pecado, precisamos encontrar a virtude oposta, a virtude que o contrapõe. No caso da preguiça, a virtude que a combate se chama diligência e consiste em fazer bem feito todos os nossos deveres e obrigações. É o contrário da negligência. Por meio dela nós entregamos o nosso melhor em todas as nossas ações.
Imagine se um médico decide suturar de qualquer jeito ou se um advogado resolve defender um inocente de modo negligente, sem estudar o caso? As consequências naturalmente seriam muito sérias, mas ainda que não tenhamos que cortar veias ou defender inocentes, igualmente colheremos consequências más das ações mal feitas, ainda que em menores proporções.
Por fim, vale recordar a máxima de São Bento “Ora et Labora!” — reze e trabalhe —. A oração combate a acídia e o trabalho combate a preguiça. Não há outro caminho: só se vence a rejeição ao trabalho, trabalhando.
Saiba o que são doenças espirituais e qual o seu tratamento.
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Por meio do trabalho o ser humano se realiza, participa do ato de criar e faz com que o mundo cresça e se desenvolva. Mas por meio da preguiça, o homem fica estagnado e o mundo, destinado a acabar.
Neste artigo, nós continuaremos a exposição detalhada dos pecados capitais, e desta vez abordaremos o pecado da preguiça que é visto por muitos, erroneamente, como um pecadinho bobo incapaz de nos destruir. No entanto, é justamente através das brechas que parecem inofensivas, que abrimos portas para o mal e para a ação do diabo em nossa vida.
Continue lendo este artigo para compreender os perigos do vício da preguiça e como ele pode atrapalhar nossa jornada, tanto na conquista dos bens deste mundo quanto, principalmente, na conquista dos bens eternos.
Os pecados chamados capitais são responsáveis pela geração de outros inúmeros pecados, por eles adentramos num ciclo de vícios e nos tornamos escravos. São Gregório Magno nos oferece uma analogia interessante: ele compara o pecado capital com o chefe do exército, que designa a função dos soldados e os dá ordens para que cumpram seu objetivo. Os pecados capitais ordenam e recrutam outros pecados, são como chefes que exigem a presença de subordinados — e aos poucos a nossa alma também vai se tornando um exército de pecados.
O Doutor Angélico, Santo Tomás de Aquino, corrobora a analogia de Gregório: “O vício capital não só é o princípio dos outros, mas também os dirige e de certo modo os chefia.” Do pecado capital surge uma série de ervas daninhas que vão nos dirigindo para o pecado mortal e nos dessensibilizando acerca do mal, e quando menos percebemos, estamos inseridos numa vida infeliz e cheia de desordens de todas as origens.
À medida que consentimos com um pecado capital, os outros pecados crescem, ainda que em menor medida, junto com ele, e ao mesmo tempo as virtudes vão diminuindo e desaparecendo, pois a graça não habita onde há pecado. Por isso é muito importante, no combate contra o vício capital, fazer o caminho inverso, esforçar-se para crescer em virtudes para que os pecados diminuam.
O problema é que a preguiça atua justamente na falta de esforço para crescer em virtudes, nos impedindo de combater os pecados e crescer em virtudes. Você pode ler mais sobre os vícios capitais neste artigo: O que são os Pecados Capitais?.
A etimologia da palavra preguiça tem origem no latim “pigritia”, que deriva de “piger” e significa “tardo na ação, vadio”. Isso quer dizer que o preguiçoso é aquele que tem aversão à ação, que prefere sempre o que é mais cômodo e o que exige o menor esforço possível, ou seja, ele não quer ter trabalho e por isso acaba não construindo nada sólido. Está sempre ocioso, mas também, curiosamente, frustrado por não atingir nenhuma conquista.
Santo Tomás de Aquino define a preguiça como “certa tristeza que deixa o homem tardo”, isto é, frouxo, estagnado. A preguiça é o último vício capital responsável por nos entediar e nos levar a desejar sempre o caminho mais fácil, causando uma aflição em relação ao trabalho — o que leva à inação e ao ócio.
No entanto, é justamente por meio do trabalho, da luta árdua, que se conquistam os bens tanto materiais quanto — os que realmente importam — os espirituais. Por isso, já dizia Santa Teresa d’Ávila que “é justo que muito custe o que muito vale”, pois nada pode ser conquistado sem que seja derramada nenhuma gota de suor, sem que enfrentemos os desafios naturais da vida cotidiana. É através do trabalho que o homem tem sentido na sua existência, no serviço, no esforço, já que esta é uma tarefa que foi dada ao homem desde o dia de sua criação “enchei a terra e submetei-a.” 1
Existe, ainda, um pecado derivado da preguiça, chamado acídia. Trata-se da preguiça na conquista dos bens espirituais, da dificuldade de se esforçar para evoluir na vida espiritual, que acaba nos impactando na busca pela santidade e, no pior dos casos, nos leva para o pecado mortal e para a conformidade com o pecado.
Justamente por ser uma “negligência pela qual alguém se recusa adquirir os bens espirituais por causa do trabalho” 2, a preguiça/acídia é responsável por gerar mais uma série de pecados, assim como aconteceu no episódio bíblico do Rei Davi, quando, por meio da preguiça, que parece algo simples, ele se afundou em pecados terríveis.
Geralmente, as pessoas se recordam apenas dos pecados cometidos pelo Rei Davi, que foram o adultério e o assassinato de um de seus soldados de confiança. Porém, poucos se atentam para o fato de que isso apenas aconteceu porque antes ele foi preguiçoso e, em vez de acompanhar os seus soldados para a batalha, preferiu ceder à ociosidade, o que abriu brechas para cobiçar a esposa de Urias, fato que certamente não teria ocorrido se ele tivesse assumido o trabalho de liderar o seu exército.
Em Provérbios também podemos encontrar uma série de referências aos preguiçosos, como por exemplo “O preguiçoso cobiça, mas nada obtém. É o desejo dos homens diligentes que é satisfeito.” 3, isto é, o preguiçoso apenas fica sonhando, cobiçando, querendo, mas rejeita o trabalho e o esforço que é necessário para conquistar os bens que deseja.
Já no Novo Testamento, encontramos orientações interessantes nas cartas de São Paulo: “Quer comais ou bebais ou façais qualquer outra coisa, façais tudo para a glória de Deus” 4. Isso quer dizer que tudo o que fazemos precisa ser para a glória de Deus, com o maior esmero e cuidado que estiver ao nosso alcance. A preguiça não pode nos deixar relaxar e tratar as coisas com descaso. Até o ato de escovar os dentes, de lavar a louça, de pentear o cabelo, precisa ser feito com amor, sem preguiça e falta de vontade.
O primeiro passo para combater a preguiça é compreender a importância do trabalho humano como uma participação no ato divino da criação que nos foi concedido pelo próprio Deus. Tal entendimento nos leva a valorizar e elevar a dignidade do trabalho, que é responsável pela nossa santificação e aproximação de Deus.
E essa é uma compreensão muito antiga acerca do trabalho. O próprio Talmud dos judeus diz que “Nenhum trabalho, por mais humilde que seja, desonra o homem”. E ainda: “Não ensinar o filho a trabalhar é como ensinar-lhe a roubar”. O trabalho dá sentido à vida humana, nos ajuda a conquistar bens materiais e bens espirituais, e é por isso que uma pessoa ociosa, que se rende à preguiça e rejeita o trabalho, é triste e vive invejando e cobiçando as coisas alheias.
É importante lembrar também que todas as vezes que almejamos combater e vencer algum pecado, precisamos encontrar a virtude oposta, a virtude que o contrapõe. No caso da preguiça, a virtude que a combate se chama diligência e consiste em fazer bem feito todos os nossos deveres e obrigações. É o contrário da negligência. Por meio dela nós entregamos o nosso melhor em todas as nossas ações.
Imagine se um médico decide suturar de qualquer jeito ou se um advogado resolve defender um inocente de modo negligente, sem estudar o caso? As consequências naturalmente seriam muito sérias, mas ainda que não tenhamos que cortar veias ou defender inocentes, igualmente colheremos consequências más das ações mal feitas, ainda que em menores proporções.
Por fim, vale recordar a máxima de São Bento “Ora et Labora!” — reze e trabalhe —. A oração combate a acídia e o trabalho combate a preguiça. Não há outro caminho: só se vence a rejeição ao trabalho, trabalhando.
Saiba o que são doenças espirituais e qual o seu tratamento.