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O que é o Sacramento da Eucaristia?

Conheça o sacramento da Eucaristia, como ele é celebrado, como aparece na Bíblia e quais frutos recebem aqueles que comungam.

O Sacramento da Eucaristia é o memorial morte e ressurreição do Senhor, por isso nós a celebramos como Ele nos instruiu — até que volte. É o próprio Corpo e Sangue de Cristo dentro de nós. Assim como precisamos do alimento corporal, a nossa alma necessita desse alimento espiritual para viver. 

Além disso, muitas são as graças e os frutos que recebemos quando comungamos. Alguns santos, como São Felipe Néri, enfatizavam que a devoção ao Santíssimo Sacramento é a única maneira de manter a pureza. E, neste artigo, vamos compreender de forma mais profunda o que é o sacramento da Eucaristia, como ele é celebrado, e conhecer os seus frutos na vida de quem O recebe.  

O que é um sacramento?

Os sacramentos constituem os canais pelos quais experimentamos e recebemos a graça de Deus por meio de sinais visíveis. No rito do sacramento do Batismo, por exemplo, que é o fundamento da nossa vida de fé, Deus realiza em nós a graça da purificação do pecado original e nos torna membros da Igreja. Essa graça acontece por meio da água (sinal visível) acompanhada da forma pronunciada pelo ministro: “N., eu te batizo em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” ¹ Além disso, os sacramentos são marcos espirituais que ligam os fiéis à vida e aos ensinamentos de Jesus, bem como à comunhão da Igreja.

Instituídos por Cristo, os sacramentos nos oferecem a participação na vida divina, a fim de que sejamos capazes de alcançar, em Cristo, a salvação e a santidade. Eles são, portanto, necessários para a nossa salvação. ² Ademais, os sacramentos são eficazes porque é Cristo quem atua através deles: “Ele que baptiza, é Ele que age nos sacramentos para comunicar a graça que o sacramento significa.” ³ Assim, da mesma forma que o fogo transforma o que toca, o Espírito Santo, mencionado na oração de epiclese de cada sacramento, converte em vida divina tudo o que se submete ao Seu poder. ³

Descubra a origem dos sacramentos e a sua natureza.

O que é o sacramento da Eucaristia?

O sacramento da Eucaristia completa a iniciação cristã, isto é, aqueles que receberam o Batismo e a Confirmação e, portanto, são membros da Igreja e se deixam configurar a Cristo pelo Seu Espírito, podem por meio da Eucaristia ter participação no próprio sacrifício do Senhor, juntamente com a comunidade dos fiéis.

Instituído por Jesus na Última Ceia, a Eucaristia é “o sacrifício eucarístico do seu corpo e sangue” ⁴, o memorial contínuo de Sua morte e ressurreição confiado à Igreja, Sua esposa, até que Ele volte. ⁵ A Eucaristia é, ao mesmo tempo, a fonte e o cume de toda a vida cristã.  Os outros sacramentos estão em função deste, pois “na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa.” ⁶ A Eucaristia é o ápice da ação pela qual Deus santifica o mundo e da adoração oferecida a Cristo e ao Pai. ⁷

Tamanha é a riqueza deste mistério que muitos nomes podem fazer referência à Eucaristia. Entre eles, Ceia do Senhor, Fração do Pão, Comunhão, Santo Sacrifício, e outros, cada um revelando uma dimensão única do mistério deste sacramento. ⁸ Além disso, a maneira como Cristo está presente nas espécies eucarísticas é única e isso eleva a Eucaristia acima de todos os outros sacramentos e a torna o ápice da vida espiritual e o objetivo para o qual todos os sacramentos apontam.

“No santíssimo sacramento da Eucaristia estão «contidos, verdadeira, real e substancialmente, o corpo e o sangue, conjuntamente com a alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, Cristo completo” ⁹ Por isso, essa presença é chamada de “real” — não porque as outras presenças não sejam reais, mas porque é a presença substancial de Cristo, Deus e homem, de maneira única e completa. ⁹ 

Veja também Eucaristia: o pulsar do coração de Cristo.

Sacramento da Eucaristia na Bíblia

No Antigo Testamento, a busca por um sacerdote imaculado e uma vítima perfeita era impossível, pois os sacerdotes eram pecadores e as vítimas imperfeitas. As exortações dos profetas ressaltavam o desejo de Deus: um coração humano que O amasse sinceramente e O adorasse de todo o coração. E essa essa aspiração só se realiza com a Eucaristia, onde Cristo se tornou humano para que um coração humano pudesse amar a Deus e oferecer um sacrifício perfeito. 

Além disso, várias prefigurações bíblicas lançam luz sobre o significado da Eucaristia. Desde o ato de Melquisedeque, o rei e sacerdote, que ofereceu pão e vinho ¹⁰, até os milagres da multiplicação dos pães ¹¹ e da transformação da água em vinho em Caná. ¹² Tais eventos apontam para a abundância e a glória presentes na Eucaristia ¹³, na qual os elementos do pão e do vinho ganham um novo sentido — a  redenção realizada por Cristo no seu sacrifício. 

Você sabe o que significa “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”?

A Nova Aliança

A escolha de Jesus em estabelecer a Eucaristia durante a celebração da Páscoa judaica ¹⁴ também confere profundidade e plenitude ao sacramento. ¹⁵ Nesse contexto, Ele tomou o pão e o cálice do vinho, abençoou-os e declarou que eles eram Seu corpo e sangue, inaugurando assim a Nova Aliança. ¹⁶ Ao ordenar que esses gestos e palavras fossem perpetuados — “Fazei isto em memória de Mim” ¹⁷ —, Jesus visava à celebração litúrgica da Eucaristia, um memorial vivo de Sua vida, morte, ressurreição e intercessão diante do Pai. ¹⁸.

Portanto, Santo Tomás, em suas catequeses ¹⁹, deixa claro que é um erro dizer que o corpo de Cristo não está presente de verdade no sacramento, mas apenas de forma simbólica. Pois é Cristo quem afirma “A minha carne é verdadeiramente comida, e o meu sangue é verdadeiramente bebida” ²⁰.

Sendo assim, desde os primeiros tempos da Igreja, a prática de celebrar a Eucaristia tem sido mantida ²¹, principalmente no domingo, o dia da ressurreição de Jesus. ²² Essa celebração, de geração em geração, proclama o mistério pascal de Jesus e orienta o seu povo em sua jornada rumo ao banquete celestial do Reino. Assim, a Eucaristia se mantém como o centro da vida da Igreja, afinal Cristo mesmo nos disse: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele.” ²³

Celebração do sacramento da Eucaristia

Na celebração eucarística, os fiéis se reúnem como uma assembleia em torno de Cristo, o Sumo Sacerdote da Nova Aliança, que preside através do bispo ou do presbítero — o qual age “na pessoa de Cristo-Cabeça.” ²⁴ Somente os sacerdotes validamente ordenados podem presidir à Eucaristia e consagrar o pão e o vinho, para que se tornem o corpo e o sangue do Senhor. ²⁵

Todos desempenham um papel ativo, desde os leitores até os ofertantes, na liturgia da Palavra, que inclui a proclamação das Escrituras, seguida de preces pela humanidade. ²⁶ Na apresentação das oferendas, os fiéis trazem pão e vinho. Santo Tomás enfatiza que o pão deve ser de trigo e o vinho da videira, de modo que o sacramento não pode ser feito com outro tipo de pão ou de vinho. Este último é misturado com um pouco de água, que se transforma em vinho, “pois a água representa o povo que se incorpora a Cristo.” ²⁷

Estas oferendas — pão e vinho — representam nossas vidas e esforços, que serão consagrados durante a Oração Eucarística. ²⁸ Essa oração é o ápice da Missa, onde o sacerdote invoca o Espírito Santo sobre o pão e o vinho, como na Última Ceia. ²⁹

A transubstanciação

Em seguida, o sacerdote —  falando na pessoa de Cristo, realiza o sacramento ²⁷ — pronuncia as palavras da Consagração, a forma do sacramento: “Isto é o meu Corpo”, para a consagração do pão; “Este é o cálice do meu sangue, do sangue da nova e eterna aliança, mistério da Fé, que será derramado para vós e para muitos para o perdão dos pecados”, para a consagração do vinho. Neste momento, o pão se torna o Corpo de Cristo e o vinho se torna o Seu Sangue. ³⁰ Essa transformação recebe o nome de transubstanciação. ³⁰ 

Na comunhão, após a Oração do Senhor e a fracção do pão, os fiéis recebem “o pão do céu”  e “o cálice da salvação” — o corpo e o sangue de Cristo, que Se entregou para a vida do mundo. ³¹ “A presença eucarística de Cristo começa no momento da consagração e dura enquanto as espécies eucarísticas subsistirem. Cristo está presente todo em cada uma das espécies e todo em cada uma das suas partes, de maneira que a fracção do pão não divide Cristo” ³²

Sacramento da Eucaristia na nossa vida diária: os frutos da comunhão

A Eucaristia é uma antecipação da glória celeste, uma vez que é o memorial da morte e ressurreição de Jesus. Por meio dela somos cumulados da plenitude das bênçãos e graças do Céu. No entanto, para receber algo tão grandioso, o verdadeiro tesouro da Igreja — a Eucaristia — precisamos estar em estado de graça. “Se alguém tiver consciência de ter pecado mortalmente, não deve aproximar-se da Eucaristia sem primeiro ter recebido a absolvição no sacramento da Penitência.” ³³

Muitos são os frutos da Comunhão, na nossa alma e na nossa vida. “O que o alimento material produz na nossa vida corporal, realiza-o a Comunhão, de modo admirável, na nossa vida espiritual.” ³⁴ Afinal, a graça que nos é dada na Eucaristia é a presença do próprio Jesus Cristo na nossa alma, com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. 

A Comunhão aumenta a união do fiel com o Senhor, perdoa-lhe os pecados veniais e o preserva dos pecados mortais futuros. Dessa forma, reforça a unidade do Corpo de Cristo, que é a Igreja, e a compromete com os mais necessitados. Além disso, a Eucaristia também é celebrada para reparar os pecados dos vivos e dos defuntos e para obter de Deus benefícios espirituais e temporais. ³⁵

Que a Virgem Maria, Aquela que primeiro carregou Jesus, interceda por nós e nos ajude a ter mais fé na Eucaristia. Pois “quanto mais viva for a fé eucarística no povo de Deus, tanto mais profunda será a sua participação na vida eclesial por meio duma adesão convicta à missão que Cristo confiou aos seus discípulos.” ³⁶

Você sabe o que são Milagres Eucarísticos? Não deixe de conferir o nosso artigo.

Referências

1. CIC, 1240[↩]
2. CIC, 1129[↩]
3. CIC, 1127[↩][↩]
4. CIC, 1323[↩]
5. CIC 1323[↩]
6. CIC, 1324[↩]
7. CIC,1325[↩]
8. CIC, 1328-1331[↩]
9. CIC, 1374[↩][↩]
10. Gn 14, 18[↩]
11. Jo 6, 5-13[↩]
12. Jo 2, 1-11[↩]
13. CIC, 1334-1335[↩]
14. Lc 22, 7-20[↩]
15. CIC, 1338[↩]
16. CIC 1340[↩]
17. Lc 22, 19[↩]
18. 1 Cor 11, 23-26[↩]
19. Catequeses de Santo Tomás, p.323[↩]
20. Jo 6,56[↩]
21. Atos 20, 7[↩]
22. CIC, 1343[↩]
23. Jo 6, 56[↩]
24. CIC, 1348[↩]
25. CIC, 1411[↩]
26. CIC, 1349[↩]
27. Catequeses de Santo Tomás, p.322[↩][↩]
28. CIC, 1350[↩]
29. CIC 1352[↩]
30. CIC, 1353-1355[↩][↩]
31. CIC, 1355[↩]
32. CIC, 1377[↩]
33. CIC, 1415[↩]
34. CIC, 1392[↩]
35. CIC, 1414[↩]
36. Bento XVI, Sacramentum Caritatis, Exortação Apostólica[↩]