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A vida de Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja

Conheça a vida de Santo Afonso de Ligório, Doutor da Igreja, fundador dos Redentoristas e padroeiro dos confessores e moralistas.

A vida de Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja
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A vida de Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja

Conheça a vida de Santo Afonso de Ligório, Doutor da Igreja, fundador dos Redentoristas e padroeiro dos confessores e moralistas.

Data da Publicação: 19/07/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação Minha Biblioteca Católica
Data da Publicação: 19/07/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação Minha Biblioteca Católica

Conheça a vida de Santo Afonso de Ligório, Doutor da Igreja, fundador dos Redentoristas e padroeiro dos confessores e moralistas.

Santo Afonso de Ligório foi um grande doutor da Igreja Católica cujo legado ressoa até os dias atuais. Sua história é marcada por uma profunda devoção religiosa e um compromisso inabalável com a teologia moral.

Neste artigo, mergulharemos na vida de Santo Afonso, desde sua juventude nobre em Nápoles até sua conversão radical que o levou a abandonar uma promissora carreira jurídica para se dedicar totalmente ao serviço de Deus. Abordaremos também a sua grande contribuição para a teologia moral, bem como as obras notáveis que escreveu e sua influência como padroeiro dos confessores e moralistas.

Quem foi Santo Afonso de Ligório?

Santo Afonso de Ligório foi um sacerdote, teólogo e escritor espiritual italiano do século XVIII. Nasceu em 1696 em Nápoles, em uma família nobre, mas dedicou sua vida aos estudos e ao serviço religioso. Após uma carreira inicial como advogado, onde alcançou grande sucesso, uma experiência de conversão profunda o levou a abandonar a advocacia e a se entregar completamente ao serviço de Deus.

Após ser ordenado sacerdote uniu-se à Congregação diocesana das Missões apostólicas, a fim de dar início a uma obra de evangelização e catequese para os mais pobres e humildes do meio em que vivia. Esse seu amor pelo Evangelho e pelo ensino aos mais pobres levou-o mais tarde a fundar a Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas), dedicada à pregação popular e à missão pastoral.

Além disso, uma parte muito importante de sua biografia foi a sua dedicação ao ensino de teologia moral, enfatizando a misericórdia de Deus e a importância de um julgamento justo da consciência. Por isso, Santo Afonso é venerado como doutor da Igreja e padroeiro dos confessores e moralistas.

Quando é o dia de Santo Afonso de Ligório?

Santo Afonso de Ligório é celebrado na Igreja Católica no dia primeiro de agosto.

A vida de Santo Afonso de Ligório

Nascimento e infância

 Afonso Maria de Ligório nasceu em 27 de setembro de 1696, em Marianella, uma pequena vila perto de Nápoles, na Itália. Era o filho mais velho de Giuseppe de’ Liguori, um oficial naval e engenheiro, e Anna Cavalieri, uma mulher muito religiosa. Desde cedo, Afonso demonstrou uma inteligência brilhante e uma inclinação para a piedade, sendo educado com rigor tanto nos estudos quanto na fé.

Teve seu treinamento espiritual confiado aos padres do Oratório da cidade, e desde a infância Afonso era conhecido como o mais devoto noviço daquela casa. 1
retrato de Santo Afonso de Ligório.

Seus pais, reconhecendo seu talento excepcional, proporcionaram-lhe uma educação primorosa. Aos 12 anos, Afonso ingressou na Universidade de Nápoles, onde estudou filosofia e direito. E, com apenas 16 anos, formou-se em direito civil e canônico. Apesar de sua jovem idade, começou a exercer a advocacia, rapidamente destacando-se por sua competência e integridade: “era o advogado mais brilhante do foro de Nápoles: durante oito anos venceu todas as causas que defendeu.” 2

Conversão

A conversão de Santo Afonso de Ligório foi um momento decisivo que marcou uma mudança profunda em sua vida. Já um advogado bem-sucedido, Afonso enfrentou uma experiência de fracasso que seria a porta de entrada para seu verdadeiro chamado. Aos 26 anos, durante um importante julgamento, ele cometeu um erro que o levou à perda do caso, mas foi por meio desse fracasso aparente que o Senhor o levaria a compreender a sua verdadeira vocação.

Afonso começou então a questionar o propósito de sua vida, e já incomodado e indignado com a corrupção e injustiça no qual se encontrava o foro decidiu abandonar sua carreira de advogado. Apesar da oposição de seu pai, que tinha grandes esperanças para ele na área jurídica, Afonso ingressou no seminário aos 26 anos.

Vida adulta

Após a conversão, a vida de Santo Afonso de Ligório foi marcada por um fervor incansável e uma dedicação total ao serviço de Deus e da Igreja. Depois da sua ordenação em 1726, Afonso dedicou-se integralmente ao ministério sacerdotal, concentrando seus esforços na pregação e na evangelização das áreas rurais e empobrecidas da Itália. Ele viajava incansavelmente, levando a mensagem do Evangelho e os sacramentos a pessoas que, muitas vezes, viviam à margem da sociedade e sem acesso à vida religiosa.

Afonso deu início a uma obra de evangelização e de catequese no meio das camadas mais humildes da sociedade napolitana, às quais gostava de pregar, e que instruía acerca das verdades basilares da fé. Não poucas destas pessoas, pobres e modestas, às quais se dirigia, dedicavam-se com frequência aos vícios e praticavam acções criminosas. 2

Além de seu trabalho pastoral, Afonso foi escritor e teólogo. Seus escritos, especialmente em teologia moral, ganharam ampla aceitação e respeito. Obras como “A Prática do Amor a Jesus Cristo” e “Teologia Moral” são ainda hoje referência na Igreja. Afonso também foi um defensor fervoroso da misericórdia divina, combatendo rigorismos e heresias como o Jansenismo, que apresentavam uma visão distorcida da graça e da salvação.

O fundador dos redentoristas

Santo Afonso de Ligório, movido por uma profunda inspiração divina e pela necessidade urgente de evangelização, fundou a Congregação do Santíssimo Redentor, em 9 de novembro de 1732. A ordem, também conhecida como os Redentoristas, nasceu com o objetivo claro de pregar o Evangelho aos mais pobres e abandonados, aqueles que estavam distantes dos centros religiosos e espirituais.

Afonso e seus primeiros companheiros se comprometeram a viver uma vida de simplicidade, oração e intensa atividade missionária.

Estes religiosos, guiados por Alfonso, foram autênticos missionários itinerantes, que chegaram até aos povoados mais remotos, exortando à conversão e à perseverança na vida cristã, sobretudo por meio da oração. 2

Mas a fundação dos Redentoristas não foi isenta de desafios. Afonso enfrentou a incompreensão tanto dentro da Igreja quanto de autoridades civis. No entanto, sua fé inabalável e seu compromisso com a missão permitiram que a congregação crescesse e se estabelecesse firmemente. Sob sua liderança, os Redentoristas se expandiram rapidamente, estabelecendo comunidades e missões em várias partes da Itália.

Afonso não apenas fundou a congregação, mas também a moldou com seu espírito pastoral e teológico. Ele enfatizava, especialmente, a importância da misericórdia, da confissão e da devoção à Eucaristia e à Virgem Maria. Sua visão e seu exemplo continuaram a guiar a congregação mesmo após sua morte, fazendo dos Redentoristas uma das ordens mais influentes na Igreja Católica. Até hoje, os Redentoristas seguem o chamado de seu fundador para levar a mensagem de redenção e esperança aos mais necessitados, mantendo vivo o legado de Santo Afonso.

Heresia do Jansenismo

Durante a vida de Santo Afonso de Ligório, uma das principais ameaças à doutrina da Igreja foi a heresia do Jansenismo. Esse movimento, originado no século XVII, promovia uma visão extremamente rigorosa da graça e da salvação, apresentando Deus como um juiz severo e inacessível. Os jansenistas acreditavam que a graça divina era concedida apenas a um pequeno número de eleitos, e que a maioria da humanidade estava destinada à condenação eterna.

Afonso, com seu profundo senso de compaixão e misericórdia, opôs-se veementemente a essas ideias. Ele via no Jansenismo uma distorção do verdadeiro ensinamento cristão sobre a misericórdia e a graça de Deus. Por isso, em resposta, dedicou-se a ensinar e pregar sobre o amor incondicional de Deus por todos os seres humanos. Desse modo, ele deixava claro que a graça estava disponível a todos e que a confissão e a comunhão frequentes eram meios essenciais para receber essa graça.

Seus escritos teológicos, sobretudo de teologia moral, foram fundamentais para combater as ideias jansenistas. Afonso falava sobre a importância da misericórdia e do perdão divinos, oferecendo uma visão adequada e esperançosa da salvação. Ele acreditava que o papel do sacerdote era ser um ministro da misericórdia, ajudando as pessoas a encontrar a paz e a reconciliação com Deus.

O combate ao Jansenismo foi uma parte significativa do legado de Santo Afonso, auxiliando a Igreja a reafirmar a doutrina da misericórdia divina e a importância da graça acessível a todos. Seu trabalho contribuiu para a formação de uma teologia moral que enfatiza a bondade de Deus e a possibilidade de redenção para todos os fiéis, afastando-se das interpretações rigoristas que poderiam desviar os fiéis da verdadeira mensagem do Evangelho.

Saiba como fazer uma boa confissão.

Morte de Santo Afonso de Ligório

Santo Afonso de Ligório faleceu em 1º de agosto de 1787, aos 91 anos, em Nocera de’ Pagani, na Itália. Seus últimos anos foram marcados por sofrimentos físicos e espirituais, incluindo doenças debilitantes que o deixaram praticamente paralisado. Mas, embora tivesse dores intensas, Afonso manteve uma vida de oração fervorosa e profunda devoção.

A morte de Afonso ocorreu em odor de santidade, rodeado pelos seus irmãos redentoristas. Até o fim, ele demonstrou um espírito de resignação e entrega à vontade de Deus. Santo Afonso foi sepultado na igreja da congregação em Pagani, onde seu túmulo se tornou um local de peregrinação para fiéis de todo o mundo.

Santo Afonso de Ligório e seus irmãos redentoristas.

Livros de Santo Afonso de Ligório

Santo Afonso de Ligório foi um autor prolífico, cujas obras abrangem uma ampla gama de temas espirituais e teológicos. Seu objetivo era sempre proporcionar aos fiéis uma compreensão mais profunda do amor de Deus e da importância da vida cristã. Entre seus muitos escritos, destacam-se alguns que se tornaram clássicos da literatura religiosa.

Glórias de Maria

“Glórias de Maria” é uma obra dividida em três partes. Em primeiro lugar, Santo Afonso de Ligório comenta a oração “Salve Rainha”, destacando a intercessão e a misericórdia da Virgem Maria. Em seguida, apresenta histórias e milagres atribuídos à intercessão mariana, reforçando a confiança dos fiéis em pedir sua ajuda. E, por fim, o autor oferece um conjunto de práticas devocionais, como orações e meditações, para honrar Nossa Senhora e aprofundar a devoção mariana. A obra é um poderoso testemunho do amor e do poder intercessor de Maria.

Livro Glórias de Maria, escrito por Santo Afonso de Ligório.

Edição da Minha Biblioteca Católica, disponível na loja exclusiva para membros do clube.
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Prática do Amor a Jesus Cristo

Neste tratado espiritual, Santo Afonso oferece uma meditação profunda sobre a natureza do amor de Cristo e como os cristãos podem corresponder a esse amor em suas vidas diárias. Santo Afonso de Ligório explora as virtudes necessárias para amar a Cristo, como a humildade, a paciência e a caridade, e como vivê-las no cotidiano. E, em seguida, oferece meditações sobre a vida e os ensinamentos de Jesus, incentivando os fiéis a imitarem Seu exemplo. A obra é um guia prático para desenvolver uma relação profunda e sincera com Cristo, destacando a importância do amor e da devoção na vida cristã.

livro Prática do amor a Jesus Cristo, escrito por Santo Afonso de Ligório.

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Preparação para a morte

Este livro é uma profunda reflexão sobre a inevitabilidade da morte e a necessidade de estar espiritualmente preparado para ela. Santo Afonso aborda temas como o julgamento, o céu e o inferno, oferecendo conselhos sobre como viver uma vida que prepare a alma para a eternidade.

Na primeira parte do livro, Santo Afonso aborda a transitoriedade da vida, a realidade da morte e o julgamento divino, destacando a importância de viver em estado de graça; depois, apresenta meditações e orações para se preparar espiritualmente para a morte, refletindo sobre o céu e o inferno. A obra é uma chamada à conversão e à santidade, lembrando os leitores da transitoriedade da vida terrena e da importância da salvação.

livro Preparação para a morte, escrito por Santo Afonso de Ligório.

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A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

Nesta meditação sobre a Paixão de Cristo, Santo Afonso analisa os sofrimentos de Jesus durante sua paixão e morte, convidando os fiéis a contemplarem o amor sacrificial de Cristo. Ele descreve cada etapa da Paixão com detalhes emocionantes, desde a agonia no Jardim do Getsêmani até a crucificação. Em seguida, ele incentiva uma resposta de amor e gratidão profunda, oferecendo meditações e reflexões para ajudar os fiéis a contemplarem a Paixão de Cristo em suas vidas. A obra é uma ferramenta poderosa para a reflexão durante a Quaresma e outras ocasiões de devoção à Paixão de Cristo.

livro A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, escrito por Santo Afonso de Ligório.

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Canonização, devoção e legado de Santo Afonso de Ligório

Santo Afonso de Ligório foi canonizado em 26 de maio de 1839 pelo Papa Gregório XVI, e em 1871, foi declarado Doutor da Igreja pelo Papa Pio IX, em reconhecimento à profundidade teológica e espiritual de seus escritos. Afonso é padroeiro dos confessores e teólogos morais, devido à sua notável contribuição à teologia moral e à prática da confissão. Seu trabalho “Teologia Moral” é considerado um marco, influenciando a maneira como a Igreja aborda a moralidade, sempre com ênfase na misericórdia.

A devoção a Santo Afonso espalhou-se por todo o mundo, especialmente nas comunidades redentoristas que ele fundou. Os redentoristas continuam seu trabalho, focando na pregação das missões populares e no atendimento aos pobres e abandonados. As igrejas e santuários dedicados a ele, como o de Pagani, na Itália, são locais de peregrinação para muitos fiéis que buscam inspiração em sua vida e seus ensinamentos.

Além disso, sua devoção mariana, expressa em obras como “Glórias de Maria”, fortaleceu a fé de inúmeros fiéis, incentivando a intercessão e a confiança na Mãe de Deus. O legado de Santo Afonso é vasto, abrangendo não apenas suas obras escritas, mas também o exemplo de sua vida devotada ao serviço de Deus e ao cuidado com as almas, que influencia a prática pastoral da Igreja até os dias de hoje.

Santo Afonso de Ligório padroeiro de todos os confessores e moralistas

Quando Santo Afonso perdeu aquele caso na advocacia, após um julgamento errado, começou a refletir sobre os perigos de errar no julgamento da consciência. Ele percebeu que, embora os erros legais tivessem consequências temporárias, os erros no julgamento moral poderiam levar a consequências eternas: imagine se pensamos estar em estado de graça, mas, na verdade, estamos em pecado mortal. Essa profunda reflexão levou-o a abandonar a advocacia e a dedicar-se exclusivamente a Deus, focando seus estudos no tema da teologia moral.

Durante sua época, a Igreja enfrentou duas tendências opostas: o rigorismo e o relaxamento moral. De um lado, o rigorismo, fortemente influenciado pelo jansenismo, fomentava um medo severo de Deus, apresentando-O como um juiz implacável e distante. Além disso, havia um relaxamento moral que ignorava as exigências da lei divina, levando a um comportamento negligente e permissivo.

Desse modo, alguns confessores eram extremamente zelosos a ponto de negar a absolvição indevidamente, enquanto outros eram laxos, concedendo a absolvição de forma negligente. Diante desses desafios, Santo Afonso utilizou sua habilidade jurídica para desenvolver princípios morais sólidos, baseados na Tradição da Igreja, nos teólogos medievais, nos santos padres e nas fontes evangélicas.

Seu objetivo era fornecer aos confessores um guia seguro para julgarem corretamente as consciências, evidenciando a misericórdia de Deus, assim como a justiça e a verdade. O resultado desses estudos foi tão valioso para a Igreja que levou o Papa Pio XII a proclamá-lo “Padroeiro de todos os confessores e moralistas”.

Conheça as respostas às principais dúvidas sobre a confissão na Igreja Católica.

Oração a Santo Afonso de Ligório

Ó glorioso Santo Afonso, modelo de santidade e doutor da Igreja, ensinai-nos a amar a Deus sobre todas as coisas e a confiar plenamente na Sua misericórdia. Intercedei por nós para que possamos seguir o caminho da justiça e da caridade, e alcançar a vida eterna. Amém.

Oração de Santo Afonso de Ligório para a comunhão espiritual

“Meu Jesus, eu creio que estais realmente presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós”

Referências

  1. Butler, Alban, Vida dos Santos. Tradução: Emílio Costaguá. — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2021. p.335[]
  2. Papa Bento XVI, Audiência Geral. 30 de março de 2011[][][]

Redação Minha Biblioteca Católica

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Conheça a vida de Santo Afonso de Ligório, Doutor da Igreja, fundador dos Redentoristas e padroeiro dos confessores e moralistas.

Santo Afonso de Ligório foi um grande doutor da Igreja Católica cujo legado ressoa até os dias atuais. Sua história é marcada por uma profunda devoção religiosa e um compromisso inabalável com a teologia moral.

Neste artigo, mergulharemos na vida de Santo Afonso, desde sua juventude nobre em Nápoles até sua conversão radical que o levou a abandonar uma promissora carreira jurídica para se dedicar totalmente ao serviço de Deus. Abordaremos também a sua grande contribuição para a teologia moral, bem como as obras notáveis que escreveu e sua influência como padroeiro dos confessores e moralistas.

Quem foi Santo Afonso de Ligório?

Santo Afonso de Ligório foi um sacerdote, teólogo e escritor espiritual italiano do século XVIII. Nasceu em 1696 em Nápoles, em uma família nobre, mas dedicou sua vida aos estudos e ao serviço religioso. Após uma carreira inicial como advogado, onde alcançou grande sucesso, uma experiência de conversão profunda o levou a abandonar a advocacia e a se entregar completamente ao serviço de Deus.

Após ser ordenado sacerdote uniu-se à Congregação diocesana das Missões apostólicas, a fim de dar início a uma obra de evangelização e catequese para os mais pobres e humildes do meio em que vivia. Esse seu amor pelo Evangelho e pelo ensino aos mais pobres levou-o mais tarde a fundar a Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas), dedicada à pregação popular e à missão pastoral.

Além disso, uma parte muito importante de sua biografia foi a sua dedicação ao ensino de teologia moral, enfatizando a misericórdia de Deus e a importância de um julgamento justo da consciência. Por isso, Santo Afonso é venerado como doutor da Igreja e padroeiro dos confessores e moralistas.

Quando é o dia de Santo Afonso de Ligório?

Santo Afonso de Ligório é celebrado na Igreja Católica no dia primeiro de agosto.

A vida de Santo Afonso de Ligório

Nascimento e infância

 Afonso Maria de Ligório nasceu em 27 de setembro de 1696, em Marianella, uma pequena vila perto de Nápoles, na Itália. Era o filho mais velho de Giuseppe de’ Liguori, um oficial naval e engenheiro, e Anna Cavalieri, uma mulher muito religiosa. Desde cedo, Afonso demonstrou uma inteligência brilhante e uma inclinação para a piedade, sendo educado com rigor tanto nos estudos quanto na fé.

Teve seu treinamento espiritual confiado aos padres do Oratório da cidade, e desde a infância Afonso era conhecido como o mais devoto noviço daquela casa. 1
retrato de Santo Afonso de Ligório.

Seus pais, reconhecendo seu talento excepcional, proporcionaram-lhe uma educação primorosa. Aos 12 anos, Afonso ingressou na Universidade de Nápoles, onde estudou filosofia e direito. E, com apenas 16 anos, formou-se em direito civil e canônico. Apesar de sua jovem idade, começou a exercer a advocacia, rapidamente destacando-se por sua competência e integridade: “era o advogado mais brilhante do foro de Nápoles: durante oito anos venceu todas as causas que defendeu.” 2

Conversão

A conversão de Santo Afonso de Ligório foi um momento decisivo que marcou uma mudança profunda em sua vida. Já um advogado bem-sucedido, Afonso enfrentou uma experiência de fracasso que seria a porta de entrada para seu verdadeiro chamado. Aos 26 anos, durante um importante julgamento, ele cometeu um erro que o levou à perda do caso, mas foi por meio desse fracasso aparente que o Senhor o levaria a compreender a sua verdadeira vocação.

Afonso começou então a questionar o propósito de sua vida, e já incomodado e indignado com a corrupção e injustiça no qual se encontrava o foro decidiu abandonar sua carreira de advogado. Apesar da oposição de seu pai, que tinha grandes esperanças para ele na área jurídica, Afonso ingressou no seminário aos 26 anos.

Vida adulta

Após a conversão, a vida de Santo Afonso de Ligório foi marcada por um fervor incansável e uma dedicação total ao serviço de Deus e da Igreja. Depois da sua ordenação em 1726, Afonso dedicou-se integralmente ao ministério sacerdotal, concentrando seus esforços na pregação e na evangelização das áreas rurais e empobrecidas da Itália. Ele viajava incansavelmente, levando a mensagem do Evangelho e os sacramentos a pessoas que, muitas vezes, viviam à margem da sociedade e sem acesso à vida religiosa.

Afonso deu início a uma obra de evangelização e de catequese no meio das camadas mais humildes da sociedade napolitana, às quais gostava de pregar, e que instruía acerca das verdades basilares da fé. Não poucas destas pessoas, pobres e modestas, às quais se dirigia, dedicavam-se com frequência aos vícios e praticavam acções criminosas. 2

Além de seu trabalho pastoral, Afonso foi escritor e teólogo. Seus escritos, especialmente em teologia moral, ganharam ampla aceitação e respeito. Obras como “A Prática do Amor a Jesus Cristo” e “Teologia Moral” são ainda hoje referência na Igreja. Afonso também foi um defensor fervoroso da misericórdia divina, combatendo rigorismos e heresias como o Jansenismo, que apresentavam uma visão distorcida da graça e da salvação.

O fundador dos redentoristas

Santo Afonso de Ligório, movido por uma profunda inspiração divina e pela necessidade urgente de evangelização, fundou a Congregação do Santíssimo Redentor, em 9 de novembro de 1732. A ordem, também conhecida como os Redentoristas, nasceu com o objetivo claro de pregar o Evangelho aos mais pobres e abandonados, aqueles que estavam distantes dos centros religiosos e espirituais.

Afonso e seus primeiros companheiros se comprometeram a viver uma vida de simplicidade, oração e intensa atividade missionária.

Estes religiosos, guiados por Alfonso, foram autênticos missionários itinerantes, que chegaram até aos povoados mais remotos, exortando à conversão e à perseverança na vida cristã, sobretudo por meio da oração. 2

Mas a fundação dos Redentoristas não foi isenta de desafios. Afonso enfrentou a incompreensão tanto dentro da Igreja quanto de autoridades civis. No entanto, sua fé inabalável e seu compromisso com a missão permitiram que a congregação crescesse e se estabelecesse firmemente. Sob sua liderança, os Redentoristas se expandiram rapidamente, estabelecendo comunidades e missões em várias partes da Itália.

Afonso não apenas fundou a congregação, mas também a moldou com seu espírito pastoral e teológico. Ele enfatizava, especialmente, a importância da misericórdia, da confissão e da devoção à Eucaristia e à Virgem Maria. Sua visão e seu exemplo continuaram a guiar a congregação mesmo após sua morte, fazendo dos Redentoristas uma das ordens mais influentes na Igreja Católica. Até hoje, os Redentoristas seguem o chamado de seu fundador para levar a mensagem de redenção e esperança aos mais necessitados, mantendo vivo o legado de Santo Afonso.

Heresia do Jansenismo

Durante a vida de Santo Afonso de Ligório, uma das principais ameaças à doutrina da Igreja foi a heresia do Jansenismo. Esse movimento, originado no século XVII, promovia uma visão extremamente rigorosa da graça e da salvação, apresentando Deus como um juiz severo e inacessível. Os jansenistas acreditavam que a graça divina era concedida apenas a um pequeno número de eleitos, e que a maioria da humanidade estava destinada à condenação eterna.

Afonso, com seu profundo senso de compaixão e misericórdia, opôs-se veementemente a essas ideias. Ele via no Jansenismo uma distorção do verdadeiro ensinamento cristão sobre a misericórdia e a graça de Deus. Por isso, em resposta, dedicou-se a ensinar e pregar sobre o amor incondicional de Deus por todos os seres humanos. Desse modo, ele deixava claro que a graça estava disponível a todos e que a confissão e a comunhão frequentes eram meios essenciais para receber essa graça.

Seus escritos teológicos, sobretudo de teologia moral, foram fundamentais para combater as ideias jansenistas. Afonso falava sobre a importância da misericórdia e do perdão divinos, oferecendo uma visão adequada e esperançosa da salvação. Ele acreditava que o papel do sacerdote era ser um ministro da misericórdia, ajudando as pessoas a encontrar a paz e a reconciliação com Deus.

O combate ao Jansenismo foi uma parte significativa do legado de Santo Afonso, auxiliando a Igreja a reafirmar a doutrina da misericórdia divina e a importância da graça acessível a todos. Seu trabalho contribuiu para a formação de uma teologia moral que enfatiza a bondade de Deus e a possibilidade de redenção para todos os fiéis, afastando-se das interpretações rigoristas que poderiam desviar os fiéis da verdadeira mensagem do Evangelho.

Saiba como fazer uma boa confissão.

Morte de Santo Afonso de Ligório

Santo Afonso de Ligório faleceu em 1º de agosto de 1787, aos 91 anos, em Nocera de’ Pagani, na Itália. Seus últimos anos foram marcados por sofrimentos físicos e espirituais, incluindo doenças debilitantes que o deixaram praticamente paralisado. Mas, embora tivesse dores intensas, Afonso manteve uma vida de oração fervorosa e profunda devoção.

A morte de Afonso ocorreu em odor de santidade, rodeado pelos seus irmãos redentoristas. Até o fim, ele demonstrou um espírito de resignação e entrega à vontade de Deus. Santo Afonso foi sepultado na igreja da congregação em Pagani, onde seu túmulo se tornou um local de peregrinação para fiéis de todo o mundo.

Santo Afonso de Ligório e seus irmãos redentoristas.

Livros de Santo Afonso de Ligório

Santo Afonso de Ligório foi um autor prolífico, cujas obras abrangem uma ampla gama de temas espirituais e teológicos. Seu objetivo era sempre proporcionar aos fiéis uma compreensão mais profunda do amor de Deus e da importância da vida cristã. Entre seus muitos escritos, destacam-se alguns que se tornaram clássicos da literatura religiosa.

Glórias de Maria

“Glórias de Maria” é uma obra dividida em três partes. Em primeiro lugar, Santo Afonso de Ligório comenta a oração “Salve Rainha”, destacando a intercessão e a misericórdia da Virgem Maria. Em seguida, apresenta histórias e milagres atribuídos à intercessão mariana, reforçando a confiança dos fiéis em pedir sua ajuda. E, por fim, o autor oferece um conjunto de práticas devocionais, como orações e meditações, para honrar Nossa Senhora e aprofundar a devoção mariana. A obra é um poderoso testemunho do amor e do poder intercessor de Maria.

Livro Glórias de Maria, escrito por Santo Afonso de Ligório.

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Prática do Amor a Jesus Cristo

Neste tratado espiritual, Santo Afonso oferece uma meditação profunda sobre a natureza do amor de Cristo e como os cristãos podem corresponder a esse amor em suas vidas diárias. Santo Afonso de Ligório explora as virtudes necessárias para amar a Cristo, como a humildade, a paciência e a caridade, e como vivê-las no cotidiano. E, em seguida, oferece meditações sobre a vida e os ensinamentos de Jesus, incentivando os fiéis a imitarem Seu exemplo. A obra é um guia prático para desenvolver uma relação profunda e sincera com Cristo, destacando a importância do amor e da devoção na vida cristã.

livro Prática do amor a Jesus Cristo, escrito por Santo Afonso de Ligório.

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Preparação para a morte

Este livro é uma profunda reflexão sobre a inevitabilidade da morte e a necessidade de estar espiritualmente preparado para ela. Santo Afonso aborda temas como o julgamento, o céu e o inferno, oferecendo conselhos sobre como viver uma vida que prepare a alma para a eternidade.

Na primeira parte do livro, Santo Afonso aborda a transitoriedade da vida, a realidade da morte e o julgamento divino, destacando a importância de viver em estado de graça; depois, apresenta meditações e orações para se preparar espiritualmente para a morte, refletindo sobre o céu e o inferno. A obra é uma chamada à conversão e à santidade, lembrando os leitores da transitoriedade da vida terrena e da importância da salvação.

livro Preparação para a morte, escrito por Santo Afonso de Ligório.

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A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

Nesta meditação sobre a Paixão de Cristo, Santo Afonso analisa os sofrimentos de Jesus durante sua paixão e morte, convidando os fiéis a contemplarem o amor sacrificial de Cristo. Ele descreve cada etapa da Paixão com detalhes emocionantes, desde a agonia no Jardim do Getsêmani até a crucificação. Em seguida, ele incentiva uma resposta de amor e gratidão profunda, oferecendo meditações e reflexões para ajudar os fiéis a contemplarem a Paixão de Cristo em suas vidas. A obra é uma ferramenta poderosa para a reflexão durante a Quaresma e outras ocasiões de devoção à Paixão de Cristo.

livro A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, escrito por Santo Afonso de Ligório.

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Canonização, devoção e legado de Santo Afonso de Ligório

Santo Afonso de Ligório foi canonizado em 26 de maio de 1839 pelo Papa Gregório XVI, e em 1871, foi declarado Doutor da Igreja pelo Papa Pio IX, em reconhecimento à profundidade teológica e espiritual de seus escritos. Afonso é padroeiro dos confessores e teólogos morais, devido à sua notável contribuição à teologia moral e à prática da confissão. Seu trabalho “Teologia Moral” é considerado um marco, influenciando a maneira como a Igreja aborda a moralidade, sempre com ênfase na misericórdia.

A devoção a Santo Afonso espalhou-se por todo o mundo, especialmente nas comunidades redentoristas que ele fundou. Os redentoristas continuam seu trabalho, focando na pregação das missões populares e no atendimento aos pobres e abandonados. As igrejas e santuários dedicados a ele, como o de Pagani, na Itália, são locais de peregrinação para muitos fiéis que buscam inspiração em sua vida e seus ensinamentos.

Além disso, sua devoção mariana, expressa em obras como “Glórias de Maria”, fortaleceu a fé de inúmeros fiéis, incentivando a intercessão e a confiança na Mãe de Deus. O legado de Santo Afonso é vasto, abrangendo não apenas suas obras escritas, mas também o exemplo de sua vida devotada ao serviço de Deus e ao cuidado com as almas, que influencia a prática pastoral da Igreja até os dias de hoje.

Santo Afonso de Ligório padroeiro de todos os confessores e moralistas

Quando Santo Afonso perdeu aquele caso na advocacia, após um julgamento errado, começou a refletir sobre os perigos de errar no julgamento da consciência. Ele percebeu que, embora os erros legais tivessem consequências temporárias, os erros no julgamento moral poderiam levar a consequências eternas: imagine se pensamos estar em estado de graça, mas, na verdade, estamos em pecado mortal. Essa profunda reflexão levou-o a abandonar a advocacia e a dedicar-se exclusivamente a Deus, focando seus estudos no tema da teologia moral.

Durante sua época, a Igreja enfrentou duas tendências opostas: o rigorismo e o relaxamento moral. De um lado, o rigorismo, fortemente influenciado pelo jansenismo, fomentava um medo severo de Deus, apresentando-O como um juiz implacável e distante. Além disso, havia um relaxamento moral que ignorava as exigências da lei divina, levando a um comportamento negligente e permissivo.

Desse modo, alguns confessores eram extremamente zelosos a ponto de negar a absolvição indevidamente, enquanto outros eram laxos, concedendo a absolvição de forma negligente. Diante desses desafios, Santo Afonso utilizou sua habilidade jurídica para desenvolver princípios morais sólidos, baseados na Tradição da Igreja, nos teólogos medievais, nos santos padres e nas fontes evangélicas.

Seu objetivo era fornecer aos confessores um guia seguro para julgarem corretamente as consciências, evidenciando a misericórdia de Deus, assim como a justiça e a verdade. O resultado desses estudos foi tão valioso para a Igreja que levou o Papa Pio XII a proclamá-lo “Padroeiro de todos os confessores e moralistas”.

Conheça as respostas às principais dúvidas sobre a confissão na Igreja Católica.

Oração a Santo Afonso de Ligório

Ó glorioso Santo Afonso, modelo de santidade e doutor da Igreja, ensinai-nos a amar a Deus sobre todas as coisas e a confiar plenamente na Sua misericórdia. Intercedei por nós para que possamos seguir o caminho da justiça e da caridade, e alcançar a vida eterna. Amém.

Oração de Santo Afonso de Ligório para a comunhão espiritual

“Meu Jesus, eu creio que estais realmente presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós”

Referências

  1. Butler, Alban, Vida dos Santos. Tradução: Emílio Costaguá. — Dois Irmãos, RS: Minha Biblioteca Católica, 2021. p.335[]
  2. Papa Bento XVI, Audiência Geral. 30 de março de 2011[][][]

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