Destaque, Formação

Domingo de Ramos: liturgia e significado da celebração

Neste artigo, entenda o que celebramos no Domingo de Ramos, que abre a Semana Santa com uma liturgia única.

Domingo de Ramos: liturgia e significado da celebração
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Domingo de Ramos: liturgia e significado da celebração

Neste artigo, entenda o que celebramos no Domingo de Ramos, que abre a Semana Santa com uma liturgia única.

Data da Publicação: 22/03/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação Minha Biblioteca Católica
Data da Publicação: 22/03/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação Minha Biblioteca Católica

Neste artigo, entenda o que celebramos no Domingo de Ramos, que abre a Semana Santa com uma liturgia única.

Entra ano e sai ano, chegando a época da Páscoa, os católicos saem à caça de Ramos pela vizinhança para a Santa Missa do Domingo de Ramos. No Brasil, particularmente, essa liturgia tem um apelo bastante popular. Confira abaixo as particularidades da celebração bem como sua espiritualidade.

O que exatamente nós comemoramos no Domingo de Ramos?

A liturgia do Domingo de Ramos possui uma riqueza única. Com ela, iniciamos a Semana Santa, que é a semana mais importante para nós, católicos. Na verdade, este Domingo tem por nome “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”, e não somente Domingo de Ramos, como popularmente conhecemos. Isso se dá pelo fato de que celebramos, como Igreja, a junção de duas tradições litúrgicas distintas, mas que se somam e que dão um caráter único a essa celebração.

Em Jerusalém, por volta do século IV e V, já temos registros da procissão de Ramos que, tão logo, se difundiu pelo Oriente. Já em Roma se celebrava, no Domingo que antecede a Páscoa, a Paixão do Senhor. Pelo século IX, existem registros da junção dessas duas vertentes históricas. Dessa forma, na mesma liturgia celebramos esses dois acontecimentos: a recordação da entrada triunfal de Cristo em Jerusalém, acolhido com Ramos e “Hosanas” e a recordação da Paixão do Senhor. Nessa Santa Missa ocorre a nossa tradicional benção e procissão dos Ramos, bem como a solene liturgia eucarística da Paixão do Senhor.

Entenda também o que celebraremos em cada um dos dias do Tríduo Pascal.

Narrativa Bíblica do Domingo de Ramos

A liturgia da Palavra do Domingo de Ramos e da Paixão possui a particularidade de ter dois Evangelhos numa mesma celebração. Na verdade, como dito antes, são duas liturgias unidas numa única celebração:

Primeiramente, temos o relato de Marcos (este ano, o ano B de nosso calendário litúrgico, propõe-nos o relato desse evangelista)1, que narra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e como ela se dá.

Na Santa Missa, na primeira leitura, vemos o relato de Isaías 2. Neste relato, o profeta é chamado a testemunhar a Deus no meio das nações, mesmo que ante sofrimentos e perseguições. Este servo de Deus foi visto, desde o início do cristianismo, como sendo o próprio Cristo Jesus.

A segunda leitura, da carta de São Paulo aos Filipenses 3, é um maravilhoso hino a Jesus como fiel ao desígnio de Deus. Mesmo maltratado, foi exaltado, por Deus, por seu sacrifício. É uma catequese primitiva sobre quem é Jesus.

O Evangelho, que é proclamado sem solenidade nesta parte da celebração (sem incenso, sem velas junto ao ambão), é a narração da Paixão do Senhor segundo Marcos 4. Nele, vemos o passo a passo da condenação e da crucificação de Jesus.

A liturgia do Domingo de Ramos

A liturgia do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor possui duas partes centrais: a primeira, que é a comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém, que se dá pela benção e procissão dos Ramos, e a segunda, que é a Santa Missa, propriamente dita, com sua liturgia voltada para o mistério da Paixão do Senhor.

Cor litúrgica do Domingo de Ramos

No Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor usa-se, diferentemente de todo tempo quaresmal, a cor vermelha. Isso se dá por dois motivos narrados acima: para a entrada de Jesus em Jerusalém, de modo triunfal, o vermelho nos remete à realeza; o segundo motivo, que é o principal desta liturgia, reside no fato de que pela recordação da Paixão do Senhor, através do Evangelho da Paixão, enaltecemos o sacrifício de Nosso Senhor que derrama seu sangue por nós (cor vermelha remetendo a essa realidade, também). 

Papa Francisco na celebração de Domingo de Ramos.
Celebração do Domingo de Ramos na Praça de São Pedro, Vaticano. Foto: Vatican News.

Canta-se o glória no Domingo de Ramos?

Mesmo que seja uma liturgia solene, não se canta o glória neste Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. A solenidade e o júbilo se concentram nos hinos entoados durante a Procissão dos Ramos, que são expressão do nosso louvor. Contudo, na Santa Missa, segunda parte desta celebração, o caráter litúrgico permanece sóbrio e quaresmal.

A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém

O relato da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, descrito por Marcos 5, possui um detalhe fundamental para entendermos o projeto de Nosso Senhor, que vai se cumprindo: Cristo prepara sua entrada, e, montado num jumento, nunca antes montado, acena para o caráter pacífico de sua ação. Jesus é aclamado com “Hosanas”, com ramos e mantos, com gritos de júbilo. A entrada de Jesus, sendo aclamado como o Messias, o profeta enviado, faz alusão à profecia de Zacarias 6, que diz: “olha teu Rei que está chegando… cavalgando um jumento”.

A bênção e procissão dos Ramos

Para vivermos, na liturgia, a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, a liturgia do Domingo de Ramos se inicia, em geral, fora das nossas Igrejas. Em um lugar determinado, reunida a assembleia, o sacerdote inicia o Domingo de Ramos com a narração do Evangelho da entrada de Jesus em Jerusalém, acolhido com toda honra pelos judeus.

Para recordarmos essa entrada triunfal do Senhor, carregamo Ramos em nossas mãos, que são abençoados no início da celebração. Com cantos festivos e jubilosos, nos dirigimos em procissão à Igreja, tomando nossas ruas de festividade, a exemplo dos judeus no tempo de Jesus. A palavra Hosana significa, do hebraico, “Salve-nos”. Após a Santa Missa somos convidados a levar os Ramos bentos para nossos lares, para nos recordar da Paixão do Senhor e da realeza de Jesus em nossas vidas: uma realeza de Cruz.

procissão de domingo de ramos.
Procissão de Ramos em Salvador, Bahia. Foto: Arquidiocese de Salvador.

A proclamação do Evangelho da Paixão

Na Santa Missa, que ocorre após a procissão de Ramos, ocorre a Proclamação do Evangelho da Paixão do Senhor. É um relato que possui uma vivacidade única. Em geral, pode-se fazer em modo de jogral, reservando, obrigatoriamente, as partes de Jesus Cristo ao sacerdote. 

O relato é extenso, mas narra, em detalhes, todo o processo em que Cristo foi condenado e crucificado. Nesta liturgia e na da Sexta-feira Santa, onde também lemos o relato da Paixão, no momento em que Jesus morre na cruz, todos devem se ajoelhar, permanecendo em silêncio por uns instantes, em respeito e adoração ao Cristo crucificado pela nossa salvação.

O Domingo de Ramos na nossa vida espiritual

O Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor marca a abertura de nossa Semana Santa e carrega, em si, a síntese do que celebramos como católicos: acolhemos e exaltamos a soberania e a majestade de Cristo, nosso Messias. Mas a sua realeza se dá não como no mundo. Cristo é Rei, soberano, que mostra seu poder no trono da Cruz, apagando toda mancha do pecado, e ressurgindo glorioso, pela nossa salvação.

Importante notarmos que em nossa vida espiritual podemos fazer o mesmo que os judeus fizeram, caso não compreendamos a lógica da realeza de Cristo: aclamá-lo com Rei e Senhor, e ao mesmo tempo, pelas nossas atitudes, crucificarmos a Jesus e afastarmos de nós qualquer menção à Cruz e conversão de vida. Vida e obras devem concordar!

Além disso, vale destacar que os Ramos que levamos às nossas casas não podem se tornar, para nós, objetos de superstição. Os Ramos servem para nos recordar a dinâmica de Jesus Cristo, Rei e crucificado. São, sim, um poderoso sacramental em nossas vidas, levando a benção para nossos lares, porém, os Ramos só serão benção se ousarmos entronizar, em nossos corações e vidas, o Cristo Rei, tal e qual celebramos na liturgia deste Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor.

Por fim, deixamos abaixo dois vídeos do nosso canal para você: uma meditação guiada, especial para este Domingo de Ramos, e 5 práticas para viver bem a Semana Santa.

Referências

  1. Marcos 11, 1-10[]
  2. Isaías 50, 4-7[]
  3. Filipenses 2, 6-11[]
  4. Marcos 14, 1-15, 47[]
  5. Marcos 11, 1-11[]
  6. Zacarias 9,9[]

Redação Minha Biblioteca Católica

O maior clube de leitores católicos do Brasil.

Neste artigo, entenda o que celebramos no Domingo de Ramos, que abre a Semana Santa com uma liturgia única.

Entra ano e sai ano, chegando a época da Páscoa, os católicos saem à caça de Ramos pela vizinhança para a Santa Missa do Domingo de Ramos. No Brasil, particularmente, essa liturgia tem um apelo bastante popular. Confira abaixo as particularidades da celebração bem como sua espiritualidade.

O que exatamente nós comemoramos no Domingo de Ramos?

A liturgia do Domingo de Ramos possui uma riqueza única. Com ela, iniciamos a Semana Santa, que é a semana mais importante para nós, católicos. Na verdade, este Domingo tem por nome “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”, e não somente Domingo de Ramos, como popularmente conhecemos. Isso se dá pelo fato de que celebramos, como Igreja, a junção de duas tradições litúrgicas distintas, mas que se somam e que dão um caráter único a essa celebração.

Em Jerusalém, por volta do século IV e V, já temos registros da procissão de Ramos que, tão logo, se difundiu pelo Oriente. Já em Roma se celebrava, no Domingo que antecede a Páscoa, a Paixão do Senhor. Pelo século IX, existem registros da junção dessas duas vertentes históricas. Dessa forma, na mesma liturgia celebramos esses dois acontecimentos: a recordação da entrada triunfal de Cristo em Jerusalém, acolhido com Ramos e “Hosanas” e a recordação da Paixão do Senhor. Nessa Santa Missa ocorre a nossa tradicional benção e procissão dos Ramos, bem como a solene liturgia eucarística da Paixão do Senhor.

Entenda também o que celebraremos em cada um dos dias do Tríduo Pascal.

Narrativa Bíblica do Domingo de Ramos

A liturgia da Palavra do Domingo de Ramos e da Paixão possui a particularidade de ter dois Evangelhos numa mesma celebração. Na verdade, como dito antes, são duas liturgias unidas numa única celebração:

Primeiramente, temos o relato de Marcos (este ano, o ano B de nosso calendário litúrgico, propõe-nos o relato desse evangelista)1, que narra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e como ela se dá.

Na Santa Missa, na primeira leitura, vemos o relato de Isaías 2. Neste relato, o profeta é chamado a testemunhar a Deus no meio das nações, mesmo que ante sofrimentos e perseguições. Este servo de Deus foi visto, desde o início do cristianismo, como sendo o próprio Cristo Jesus.

A segunda leitura, da carta de São Paulo aos Filipenses 3, é um maravilhoso hino a Jesus como fiel ao desígnio de Deus. Mesmo maltratado, foi exaltado, por Deus, por seu sacrifício. É uma catequese primitiva sobre quem é Jesus.

O Evangelho, que é proclamado sem solenidade nesta parte da celebração (sem incenso, sem velas junto ao ambão), é a narração da Paixão do Senhor segundo Marcos 4. Nele, vemos o passo a passo da condenação e da crucificação de Jesus.

A liturgia do Domingo de Ramos

A liturgia do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor possui duas partes centrais: a primeira, que é a comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém, que se dá pela benção e procissão dos Ramos, e a segunda, que é a Santa Missa, propriamente dita, com sua liturgia voltada para o mistério da Paixão do Senhor.

Cor litúrgica do Domingo de Ramos

No Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor usa-se, diferentemente de todo tempo quaresmal, a cor vermelha. Isso se dá por dois motivos narrados acima: para a entrada de Jesus em Jerusalém, de modo triunfal, o vermelho nos remete à realeza; o segundo motivo, que é o principal desta liturgia, reside no fato de que pela recordação da Paixão do Senhor, através do Evangelho da Paixão, enaltecemos o sacrifício de Nosso Senhor que derrama seu sangue por nós (cor vermelha remetendo a essa realidade, também). 

Papa Francisco na celebração de Domingo de Ramos.
Celebração do Domingo de Ramos na Praça de São Pedro, Vaticano. Foto: Vatican News.

Canta-se o glória no Domingo de Ramos?

Mesmo que seja uma liturgia solene, não se canta o glória neste Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. A solenidade e o júbilo se concentram nos hinos entoados durante a Procissão dos Ramos, que são expressão do nosso louvor. Contudo, na Santa Missa, segunda parte desta celebração, o caráter litúrgico permanece sóbrio e quaresmal.

A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém

O relato da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, descrito por Marcos 5, possui um detalhe fundamental para entendermos o projeto de Nosso Senhor, que vai se cumprindo: Cristo prepara sua entrada, e, montado num jumento, nunca antes montado, acena para o caráter pacífico de sua ação. Jesus é aclamado com “Hosanas”, com ramos e mantos, com gritos de júbilo. A entrada de Jesus, sendo aclamado como o Messias, o profeta enviado, faz alusão à profecia de Zacarias 6, que diz: “olha teu Rei que está chegando… cavalgando um jumento”.

A bênção e procissão dos Ramos

Para vivermos, na liturgia, a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, a liturgia do Domingo de Ramos se inicia, em geral, fora das nossas Igrejas. Em um lugar determinado, reunida a assembleia, o sacerdote inicia o Domingo de Ramos com a narração do Evangelho da entrada de Jesus em Jerusalém, acolhido com toda honra pelos judeus.

Para recordarmos essa entrada triunfal do Senhor, carregamo Ramos em nossas mãos, que são abençoados no início da celebração. Com cantos festivos e jubilosos, nos dirigimos em procissão à Igreja, tomando nossas ruas de festividade, a exemplo dos judeus no tempo de Jesus. A palavra Hosana significa, do hebraico, “Salve-nos”. Após a Santa Missa somos convidados a levar os Ramos bentos para nossos lares, para nos recordar da Paixão do Senhor e da realeza de Jesus em nossas vidas: uma realeza de Cruz.

procissão de domingo de ramos.
Procissão de Ramos em Salvador, Bahia. Foto: Arquidiocese de Salvador.

A proclamação do Evangelho da Paixão

Na Santa Missa, que ocorre após a procissão de Ramos, ocorre a Proclamação do Evangelho da Paixão do Senhor. É um relato que possui uma vivacidade única. Em geral, pode-se fazer em modo de jogral, reservando, obrigatoriamente, as partes de Jesus Cristo ao sacerdote. 

O relato é extenso, mas narra, em detalhes, todo o processo em que Cristo foi condenado e crucificado. Nesta liturgia e na da Sexta-feira Santa, onde também lemos o relato da Paixão, no momento em que Jesus morre na cruz, todos devem se ajoelhar, permanecendo em silêncio por uns instantes, em respeito e adoração ao Cristo crucificado pela nossa salvação.

O Domingo de Ramos na nossa vida espiritual

O Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor marca a abertura de nossa Semana Santa e carrega, em si, a síntese do que celebramos como católicos: acolhemos e exaltamos a soberania e a majestade de Cristo, nosso Messias. Mas a sua realeza se dá não como no mundo. Cristo é Rei, soberano, que mostra seu poder no trono da Cruz, apagando toda mancha do pecado, e ressurgindo glorioso, pela nossa salvação.

Importante notarmos que em nossa vida espiritual podemos fazer o mesmo que os judeus fizeram, caso não compreendamos a lógica da realeza de Cristo: aclamá-lo com Rei e Senhor, e ao mesmo tempo, pelas nossas atitudes, crucificarmos a Jesus e afastarmos de nós qualquer menção à Cruz e conversão de vida. Vida e obras devem concordar!

Além disso, vale destacar que os Ramos que levamos às nossas casas não podem se tornar, para nós, objetos de superstição. Os Ramos servem para nos recordar a dinâmica de Jesus Cristo, Rei e crucificado. São, sim, um poderoso sacramental em nossas vidas, levando a benção para nossos lares, porém, os Ramos só serão benção se ousarmos entronizar, em nossos corações e vidas, o Cristo Rei, tal e qual celebramos na liturgia deste Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor.

Por fim, deixamos abaixo dois vídeos do nosso canal para você: uma meditação guiada, especial para este Domingo de Ramos, e 5 práticas para viver bem a Semana Santa.

Referências

  1. Marcos 11, 1-10[]
  2. Isaías 50, 4-7[]
  3. Filipenses 2, 6-11[]
  4. Marcos 14, 1-15, 47[]
  5. Marcos 11, 1-11[]
  6. Zacarias 9,9[]

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