Formação

Abstinência de carne: tudo o que um católico precisa saber

Por que os católicos não devem comer carne nas sextas-feiras? Neste post, entenda o que a Igreja ensina sobre a abstinência de carne.

Abstinência de carne: tudo o que um católico precisa saber
Formação

Abstinência de carne: tudo o que um católico precisa saber

Por que os católicos não devem comer carne nas sextas-feiras? Neste post, entenda o que a Igreja ensina sobre a abstinência de carne.

Data da Publicação: 22/02/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação Minha Biblioteca Católica
Data da Publicação: 22/02/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação Minha Biblioteca Católica

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é apenas na Sexta-feira Santa e na Quarta-feira de Cinzas que devemos cumprir a abstinência de carne.

Por isso, trouxemos este artigo que vai ajudar você a esclarecer as principais dúvidas sobre esse assunto.

Qual a diferença entre jejum e abstinência?

A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa são ocasiões em que devemos não apenas nos abster de carne, mas também observar o Jejum Eclesiástico obrigatório.

Isso significa que, nesses dias, deve-se fazer apenas uma refeição completa — normalmente o almoço — e outros dois pequenos lanches que, juntos, não formem uma refeição completa.

O jejum deve ser realizado por pessoas que tenham entre 18 e 60 anos.

Conheça mais detalhes do que a Igreja nos pede em relação ao Jejum na Quarta-feira de Cinzas, que é o mesmo que se deve cumprir na Sexta-feira Santa.

O que a Igreja ensina sobre a abstinência de carne?

abstinência de carne


Para nós, católicos, comer carne em todas as sextas-feiras do ano — com raras exceções, que explicaremos logo mais — configura pecado de natureza grave

Por isso, antes de seguirmos com a questão da abstinência em si, vamos relembrar o conceito de pecado mortal. Sobre ele, o Catecismo diz que:

O pecado mortal requer pleno conhecimento e pleno consentimento. Pressupõe o conhecimento do caráter pecaminoso do ato, de sua oposição à lei de Deus. Envolve também um consentimento suficientemente deliberado para ser uma escolha pessoal. A ignorância afetada e o endurecimento do coração não diminuem, antes aumentam, o caráter voluntário do pecado.” 1

Isso significa que, para que se cometa um pecado grave, é preciso estar consciente de que o ato é uma ofensa a Deus e, mesmo assim, consentir com ele. 

Ainda, segundo a definição, também cometem pecado grave as pessoas que teriam condições de buscar saber o que a Igreja diz em relação a determinado assunto, mas escolhem não conhecer a Verdade. É o que chamamos de ignorância afetada

Dito isso, daqui em diante, explicaremos a origem desta prática e por que devemos acatá-la com toda a seriedade. 

Saiba como fazer um bom Exame de Consciência.

Quando surgiu o costume da abstinência às sextas-feiras?

Apesar de muitas pessoas nunca terem ouvido falar deste costume, ele existe desde os tempos apostólicos. 

E, para entendermos por que a Igreja nos orienta desta forma, basta seguirmos o seguinte raciocínio: segundo a Tradição, cada dia da semana faz memória a um acontecimento da história da Redenção. 

Por exemplo, quinta-feira é o dia dedicado à Eucaristia, sábado à Virgem Maria, domingo à Ressurreição…

Nesse sentido, a sexta-feira tem, por excelência, um apelo penitencial. Foi numa tarde de sexta-feira que Nosso Senhor remiu a humanidade. Logo, ainda que a Liturgia celebre a Paixão somente uma vez ao ano, no Tríduo Pascal, todas as demais sextas também devem ser dias de penitência

Quem deve cumprir este preceito?

Cabe a nós a observância do que a Igreja expressa no número 1251 do Código de Direito Canônico:

“Quanto à abstinência, à qual estão obrigados todos os que completaram 14 anos, a Igreja prescreve que são dias de penitência todas as sextas-feiras do ano, dias em que, salvo no caso de coincidirem com alguma solenidade, estamos obrigados a abster-nos de carne […].”

Deste trecho, ainda, vale pontuar duas questões importantes: 

1. De que tipo de carne, especificamente, devemos nos abster?


No CDC, não há nenhuma referência ao termo “carne vermelha”, que é de uso comum — e equivocado — quando o assunto é abstinência. 

Em função disso, é importante entendermos quais alimentos se enquadram no conceito legítimo de “carne” e, portanto, devem ser evitados. 

São eles: aves, bovinos, suínos, caprinos e quaisquer outros animais de sangue quente. Ou seja, não é porque a carne é “branca”, como a de frango, por exemplo, que pode ser consumida. 

Já peixes e frutos do mar em geral não são considerados carnes para fins de abstinência. E essa distinção se dá por um motivo muito simples: o tempo de digestão dos alimentos. Basta observar: ao consumir a carne de um animal de sangue frio, em pouco tempo, você volta a sentir fome — e aí está o espírito penitencial. 

2. Existe alguma exceção à regra da abstinência?

Caso alguma solenidade do ano litúrgico caia em uma sexta-feira, neste dia, estaremos dispensados da abstinência. 

O Natal, por exemplo, é um dia de festa e alegria para toda a Igreja. Logo, não há motivo para fazermos penitência. 

Outro exemplo é a Oitava de Páscoa, saiba mais sobre ela neste artigo: O que é a Oitava de Páscoa?

É possível trocar a abstinência de carne por outra penitência?

Agora, ainda falando sobre as exceções, responderemos a uma pergunta que pode estar passando pela sua cabeça: “e se eu estiver em uma situação que não me permite fazer a abstinência?”

No nosso país, a Conferência Nacional de Bispos do Brasil nos dá a opção de comutar — ou seja, substituir, não ignorar — a abstinência de carne às sextas-feiras por alguma obra de misericórdia.

Ao todo, são 14: 7 corporais e 7 espirituais:

Obras de misericórdia corporais:

1) Dar de comer a que tem fome;
2) Dar de beber a quem tem sede;
3) Dar pousada aos peregrinos;
4) Vestir os nus;
5) Visitar os enfermos;
6) Visitar os presos e
7) Enterrar os mortos.

Obras de misericórdia espirituais:

1) Ensinar os ignorantes;
2) Dar bom conselho;
3) Corrigir os que erram; 
4) Perdoar as injúrias;
5) Consolar os tristes;
6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo e
7) Rezar a Deus por vivos e defuntos.

Além disso, também é possível abster-se de outro alimento — lembrando sempre de agir com intenção penitencial, não em benefício próprio — ou algum exercício de piedade que não faça parte da sua rotina, como rezar um terço a mais ou ir à santa missa em dia de semana. 

Que tal conhecer melhor cada uma das obras de misericórdia?


Leia também:

Referências

  1. CIC 1859[]

Redação Minha Biblioteca Católica

O maior clube de leitores católicos do Brasil.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é apenas na Sexta-feira Santa e na Quarta-feira de Cinzas que devemos cumprir a abstinência de carne.

Por isso, trouxemos este artigo que vai ajudar você a esclarecer as principais dúvidas sobre esse assunto.

Qual a diferença entre jejum e abstinência?

A Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa são ocasiões em que devemos não apenas nos abster de carne, mas também observar o Jejum Eclesiástico obrigatório.

Isso significa que, nesses dias, deve-se fazer apenas uma refeição completa — normalmente o almoço — e outros dois pequenos lanches que, juntos, não formem uma refeição completa.

O jejum deve ser realizado por pessoas que tenham entre 18 e 60 anos.

Conheça mais detalhes do que a Igreja nos pede em relação ao Jejum na Quarta-feira de Cinzas, que é o mesmo que se deve cumprir na Sexta-feira Santa.

O que a Igreja ensina sobre a abstinência de carne?

abstinência de carne


Para nós, católicos, comer carne em todas as sextas-feiras do ano — com raras exceções, que explicaremos logo mais — configura pecado de natureza grave

Por isso, antes de seguirmos com a questão da abstinência em si, vamos relembrar o conceito de pecado mortal. Sobre ele, o Catecismo diz que:

O pecado mortal requer pleno conhecimento e pleno consentimento. Pressupõe o conhecimento do caráter pecaminoso do ato, de sua oposição à lei de Deus. Envolve também um consentimento suficientemente deliberado para ser uma escolha pessoal. A ignorância afetada e o endurecimento do coração não diminuem, antes aumentam, o caráter voluntário do pecado.” 1

Isso significa que, para que se cometa um pecado grave, é preciso estar consciente de que o ato é uma ofensa a Deus e, mesmo assim, consentir com ele. 

Ainda, segundo a definição, também cometem pecado grave as pessoas que teriam condições de buscar saber o que a Igreja diz em relação a determinado assunto, mas escolhem não conhecer a Verdade. É o que chamamos de ignorância afetada

Dito isso, daqui em diante, explicaremos a origem desta prática e por que devemos acatá-la com toda a seriedade. 

Saiba como fazer um bom Exame de Consciência.

Quando surgiu o costume da abstinência às sextas-feiras?

Apesar de muitas pessoas nunca terem ouvido falar deste costume, ele existe desde os tempos apostólicos. 

E, para entendermos por que a Igreja nos orienta desta forma, basta seguirmos o seguinte raciocínio: segundo a Tradição, cada dia da semana faz memória a um acontecimento da história da Redenção. 

Por exemplo, quinta-feira é o dia dedicado à Eucaristia, sábado à Virgem Maria, domingo à Ressurreição…

Nesse sentido, a sexta-feira tem, por excelência, um apelo penitencial. Foi numa tarde de sexta-feira que Nosso Senhor remiu a humanidade. Logo, ainda que a Liturgia celebre a Paixão somente uma vez ao ano, no Tríduo Pascal, todas as demais sextas também devem ser dias de penitência

Quem deve cumprir este preceito?

Cabe a nós a observância do que a Igreja expressa no número 1251 do Código de Direito Canônico:

“Quanto à abstinência, à qual estão obrigados todos os que completaram 14 anos, a Igreja prescreve que são dias de penitência todas as sextas-feiras do ano, dias em que, salvo no caso de coincidirem com alguma solenidade, estamos obrigados a abster-nos de carne […].”

Deste trecho, ainda, vale pontuar duas questões importantes: 

1. De que tipo de carne, especificamente, devemos nos abster?


No CDC, não há nenhuma referência ao termo “carne vermelha”, que é de uso comum — e equivocado — quando o assunto é abstinência. 

Em função disso, é importante entendermos quais alimentos se enquadram no conceito legítimo de “carne” e, portanto, devem ser evitados. 

São eles: aves, bovinos, suínos, caprinos e quaisquer outros animais de sangue quente. Ou seja, não é porque a carne é “branca”, como a de frango, por exemplo, que pode ser consumida. 

Já peixes e frutos do mar em geral não são considerados carnes para fins de abstinência. E essa distinção se dá por um motivo muito simples: o tempo de digestão dos alimentos. Basta observar: ao consumir a carne de um animal de sangue frio, em pouco tempo, você volta a sentir fome — e aí está o espírito penitencial. 

2. Existe alguma exceção à regra da abstinência?

Caso alguma solenidade do ano litúrgico caia em uma sexta-feira, neste dia, estaremos dispensados da abstinência. 

O Natal, por exemplo, é um dia de festa e alegria para toda a Igreja. Logo, não há motivo para fazermos penitência. 

Outro exemplo é a Oitava de Páscoa, saiba mais sobre ela neste artigo: O que é a Oitava de Páscoa?

É possível trocar a abstinência de carne por outra penitência?

Agora, ainda falando sobre as exceções, responderemos a uma pergunta que pode estar passando pela sua cabeça: “e se eu estiver em uma situação que não me permite fazer a abstinência?”

No nosso país, a Conferência Nacional de Bispos do Brasil nos dá a opção de comutar — ou seja, substituir, não ignorar — a abstinência de carne às sextas-feiras por alguma obra de misericórdia.

Ao todo, são 14: 7 corporais e 7 espirituais:

Obras de misericórdia corporais:

1) Dar de comer a que tem fome;
2) Dar de beber a quem tem sede;
3) Dar pousada aos peregrinos;
4) Vestir os nus;
5) Visitar os enfermos;
6) Visitar os presos e
7) Enterrar os mortos.

Obras de misericórdia espirituais:

1) Ensinar os ignorantes;
2) Dar bom conselho;
3) Corrigir os que erram; 
4) Perdoar as injúrias;
5) Consolar os tristes;
6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo e
7) Rezar a Deus por vivos e defuntos.

Além disso, também é possível abster-se de outro alimento — lembrando sempre de agir com intenção penitencial, não em benefício próprio — ou algum exercício de piedade que não faça parte da sua rotina, como rezar um terço a mais ou ir à santa missa em dia de semana. 

Que tal conhecer melhor cada uma das obras de misericórdia?


Leia também:

Referências

  1. CIC 1859[]

Redação Minha Biblioteca Católica

O maior clube de leitores católicos do Brasil.

Assine nossa newsletter com conteúdos exclusivos

    Ao clicar em quero assinar você declara aceita receber conteúdos em seu email e concorda com a nossa política de privacidade.