Confira neste artigo um guia sobre o advento, desde as leituras deste tempo até dicas práticas de como se preparar bem para o Natal.
O Advento é o início do ano litúrgico para os católicos; ele é marcado por um espírito de espera e preparação para o Natal. Durante quatro semanas, a Igreja convida os fiéis a meditarem sobre a vinda de Cristo, tanto em sua primeira chegada, como no mistério da sua segunda vinda gloriosa. Mais do que uma simples contagem regressiva para o Natal, o Advento é uma oportunidade de fortalecer a nossa fé, um tempo de conversão, oração e reflexão sobre o verdadeiro significado da encarnação de Jesus.
Este guia busca aprofundar o entendimento sobre o Advento, trazendo à tona suas origens, símbolos e práticas, além de oferecer sugestões práticas para vivê-lo de forma mais plena. Através da oração, da meditação e do exercício da caridade, podemos preparar nossos corações para acolher o Salvador, enquanto nos aproximamos da celebração de seu nascimento.
O Advento é um período litúrgico de espera e preparação. Neste tempo, a Igreja nos conduz a celebrar o mistério do nascimento de Jesus Cristo, o Deus que se fez homem, enquanto nos lembramos que essa história não terminou: esperamos ainda a sua segunda vinda, em glória, para julgar os vivos e os mortos. 1
No entanto, essa espera não é passiva. É o momento de abrir os olhos para perceber que a mesma fé que nos faz olhar para Belém também nos chama a preparar nossos corações para o retorno do Senhor. O Catecismo da Igreja Católica ensina que a vinda do Messias foi preparada ao longo de toda a história da Antiga Aliança. 2 Assim, o Advento também nos liga ao povo de Israel, que esperava o Messias com profunda esperança.
Vivemos em tempos em que esperar é considerado perda de tempo. Mas o Advento nos desafia a redescobrir o valor do silêncio, da vigilância e da conversão. Afinal, não esperamos por um evento qualquer: esperamos pelo Senhor cuja vinda mudou para sempre a história da humanidade e cuja promessa nos sustenta enquanto aguardamos a plenitude de seu Reino.
Saiba mais sobre as duas fases do advento neste artigo.
O Advento tem suas raízes nos primeiros séculos do cristianismo, quando a Igreja começou a organizar o calendário litúrgico para celebrar os mistérios da fé. Inicialmente associado à preparação para a Epifania, este tempo ganhou maior estrutura com o passar dos séculos, tornando-se uma jornada de quatro semanas dedicada à expectativa pelo Natal e à reflexão sobre a segunda vinda de Cristo.
Espiritualmente, o Advento está profundamente ligado ao anseio messiânico do povo de Israel. Desde os patriarcas até os profetas, a história da salvação está marcada pela promessa de um Salvador que libertaria seu povo. No Advento, essa espera se renova, unindo-nos à história do povo eleito e nos convidando a viver com a mesma esperança que sustentou os justos do Antigo Testamento.
O propósito do Advento é claro: preparar o nosso interior para o encontro com Cristo, tanto na humildade de seu nascimento em Belém quanto na majestade de sua vinda gloriosa. É um tempo de conversão e vigilância, que nos ensina que a verdadeira preparação não está nas aparências externas, mas no coração disposto a acolher o Salvador. A pergunta central do Advento, então, permanece: estamos prontos para recebê-lo?
O Advento é o primeiro tempo do ano litúrgico, marcando o início de um novo ciclo que culminará nas celebrações da Páscoa. Sua duração é de quatro semanas, começando no domingo mais próximo ao dia 30 de novembro e terminando na véspera do Natal. Cada uma dessas quatro semanas é descrita por uma ênfase particular, refletindo a expectativa e a preparação tanto para o nascimento de Cristo quanto para sua segunda vinda.
O calendário do Advento é estruturado em torno de quatro domingos, cada um com um tema específico. No primeiro domingo, que abre o tempo, chama os fiéis a uma vigilância ativa e ao arrependimento. O segundo e o terceiro domingos falam da alegria e da esperança que sustentam a esperança do Salvador, enquanto o quarto domingo, próximo ao Natal, nos convida a uma reflexão mais íntima sobre a encarnação de Deus. O simbolismo das velas da coroa do Advento também acompanha esse caminho, com cada vela acesa representando uma etapa da preparação espiritual.
No ciclo litúrgico da Igreja, o Advento é, portanto, um momento de renovação e preparação. Ele não apenas nos prepara para a celebração do Natal, mas também nos coloca em sintonia com toda a história da salvação. Portanto, ao vivenciarmos cada domingo do Advento, somos chamados a renovar a nossa fé e vigiar, aguardando com esperança o retorno de Cristo.
A base bíblica do Advento relaciona-se profundamente com as profecias do Antigo Testamento, que anteciparam a vinda do Messias, e nas promessas do Novo Testamento, que confirmam o cumprimento dessas promessas. A primeira grande profecia encontra-se no livro de Gênesis, logo após o pecado original, quando Deus promete que a descendência de Eva pisaria a cabeça da serpente proporcionando a vitória futura sobre o mal.
Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. 3
Esta promessa de redenção se desdobrará ao longo das Escrituras, sempre apontando para a vinda de um Salvador. O profeta Isaías é particularmente central nas profecias messiânicas. Em Isaías 9,6, ele fala de um “Menino” que será dado ao povo e será chamado “Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”, trazendo a natureza divina e humana do Messias.
Além disso, em Isaías 11,1-10, a profecia fala de um “renovo” que surgirá do tronco de Jessé, trazendo justiça e paz ao mundo. A expectativa do povo de Israel estava firmemente ancorada nessas promessas de um Salvador que iria restaurar a ordem e a harmonia.
No Novo Testamento, as promessas feitas no Antigo se cumprem com a vinda de Jesus. O anjo Gabriel, ao anunciar o nascimento de Jesus, também revela o cumprimento das promessas messiânicas: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo” (Lc 1, 68). E, em Mateus 1,22-23, o evangelista cita Isaías 7,14 para afirmar que Jesus é o cumprimento da promessa de Emanuel, “Deus conosco”.
Desde os primeiros tempos, as Escrituras apontam para a vinda de Jesus como o Salvador. A seguir estão algumas passagens que prefiguram seu nascimento e missão redentora:
Logo após o pecado original de Adão e Eva, Deus faz uma promessa de salvação: “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Essa passagem, chamada é a primeira referência ao Messias, que viria para derrotar o mal, simbolizado pela serpente, e restaurar a humanidade perdida.
Isaías profetiza que o Messias nasceria de uma virgem: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará ‘Deus Conosco’.” “Emanuel” significa “Deus conosco”, uma promessa de que o Salvador viria habitar entre os homens, cumprindo a promessa divina de uma redenção próxima.
Isaías descreve o Messias com títulos poderosos: “[…] porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz.” Este versículo destaca a divindade e o papel redentor de Jesus, prometendo um governante eterno que traria paz ao mundo.
Miquéias prevê o local de nascimento de Jesus: “Mas tu, Belém de Éfrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado.” Essa passagem não só aponta para o nascimento humilde de Jesus, mas também revela sua origem divina.
No Novo Testamento, as promessas da vinda de Cristo se cumprem e reforçam a esperança de salvação que Ele trouxe ao mundo. Essas passagens falam da missão de Cristo e da promessa de Sua segunda vinda, fortalecendo a preparação espiritual do Advento.
Em Mateus, o anjo revela a missão de Jesus: “Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados.” Este versículo confirma que a vinda de Jesus tinha como propósito salvar a humanidade da escravidão do pecado, cumprindo as promessas messiânicas.
O anjo Gabriel anuncia a Maria: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”. Esta promessa destaca a realeza e a divindade de Jesus, mostrando-o como o Rei eterno que cumprirá as promessas feitas a Davi.
Jesus diz: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e vos tomarei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais.” Aqui, Jesus nos promete que voltará para nos levar ao lugar preparado para nós, reforçando a esperança da vida eterna e o retorno glorioso do Salvador.
Quando Jesus ascende aos céus, dois anjos dizem aos discípulos: “Homens da Galileia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes subir para o céu”. Esta passagem confirma a promessa de que Jesus retornará de forma visível e gloriosa, completando sua missão de salvação.
Em Apocalipse, Jesus diz: “Eis que venho em breve, e a minha recompensa está comigo, para dar a cada um conforme as suas obras.” Jesus promete recompensar aqueles que permaneceram fiéis, cumprindo a promessa de salvação e trazendo o fim do sofrimento e a plenitude da vida eterna.
Essas promessas do Novo Testamento reforçam a esperança cristã e nos chamam a viver o Advento com vigilância e preparação para a vinda de Cristo, seja em seu nascimento, seja em sua segunda vinda.
Os símbolos e as tradições do Advento são mais do que rituais ou simples elementos decorativos. Eles possuem um profundo significado espiritual que nos ajuda a vivenciar, de maneira mais plena, o mistério da vinda de Cristo. A cada vela acesa, a cada oração compartilhada, somos lembrados da espera e da preparação que o Advento exige de nós.
Ao adotarmos essas tradições, damos um sentido mais concreto à expectativa que vive em nossos corações, reforçando nossa vigilância e renovando a nossa esperança. A coroa do Advento, as velas que vão sendo acesas a cada domingo, os calendários de Advento e até mesmo as práticas em família nos convidam a mergulhar na espiritualidade deste tempo sagrado, ajudando-nos a nos preparar, corpo e alma, para o nascimento do Salvador.
A coroa do Advento é um dos símbolos mais conhecidos desse tempo litúrgico e sua simplicidade carrega um profundo significado. Composta por quatro velas, a coroa simboliza a luz que cresce à medida que a espera pelo Messias se intensifica. Cada vela acesa representa uma semana de preparação, onde a luz se expande e nos lembra da luz de Cristo que está prestes a nascer.
A forma circular da coroa, sem começo nem fim, também remete à eternidade de Deus e à continuidade da esperança de salvação que Cristo traz. As velas, geralmente roxas ou roxas e rosas, marcam os domingos do Advento e nos convidam a refletir sobre temas como esperança, paz, alegria e amor, enquanto aguardamos com fé o cumprimento da promessa divina.
Leia mais sobre o significado de cada vela do advento.
As cores litúrgicas do Advento, roxa e rosa, possuem um simbolismo profundo e distinto, marcando um tempo de preparação para a vinda de Cristo. A cor roxa, predominante durante todo o Advento, simboliza penitência, espera e reflexão. Embora também seja utilizada na quaresma, sua aplicação no Advento tem um caráter mais voltado para a vigilância em preparação para a alegria da celebração do Natal. O roxo nos convida ao arrependimento e à mudança interior, preparando nossos corações para receber o Cristo que vem ao nosso encontro.
No entanto, a cor rosa, que aparece no terceiro domingo do Advento, conhecido como “Domingo da Alegria” ou Gaudete, marca uma diferença em relação à Quaresma. O rosa é um sinal de esperança renovada, uma pausa na sobriedade do roxo, refletindo que, embora o tempo de preparação continue, a luz de Cristo já se aproxima. É o momento de alegrar-se pela proximidade do Natal e pela certeza de que a salvação está prestes a se revelar. Essas cores, portanto, refletem o equilíbrio único do Advento: um tempo de preparação e penitência, mas também de alegria crescente, pois o Salvador está prestes a chegar.
Confira também o artigo completo sobre o Domingo Gaudete.
A Novena de Natal é uma tradição profundamente enraizada na Igreja Católica, marcada por nove dias de oração e preparação espiritual que antecedem o Natal. Esta prática remonta ao século XVI, quando, em 1581, o Papa Sisto V aprovou a celebração da Novena como uma forma de preparar os fiéis para o nascimento de Cristo.
Durante esse período, os cristãos dedicam-se a meditar sobre o mistério da encarnação e a rezar para se prepararem adequadamente para a celebração do nascimento do Salvador.
Na nossa tradição, a Novena de Natal é celebrada na maioria das vezes em família, ou grupos de amigos, com a união de orações, cantos e gestos simbólicos. Em algumas novenas, cada dia tem uma intenção específica, refletindo sobre as figuras que participaram do nascimento de Cristo, como Maria, José, os pastores e os reis magos, e também sobre as virtudes que devemos cultivar, como a paz, a humildade, a caridade e a fé.
Conheça a Novena de Natal com meditações de São Leão Magno.
As leituras deste domingo chamam a atenção para a vigilância e a preparação espiritual para o retorno glorioso de Cristo.
Este domingo dá maior ênfase à vinda gloriosa do Senhor e o chamado à vigilância, destacando a importância de despertar do sono espiritual e preparar o coração para o encontro com Cristo.
No segundo domingo do Advento, as leituras remetem a preparação para a vinda do Messias e o chamado ao arrependimento e à conversão.
O apelo a uma conversão sincera e ao arrependimento é o ponto central, pois somente através de uma mudança real e profunda é que os cristãos poderão verdadeiramente esperar a chegada do Messias.
Neste ano de 2024, a celebração do Segundo Domingo do Advento coincide com a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, tradicionalmente celebrada em 8 de dezembro. Esse incidente não é comum, mas, quando ocorre, a Igreja Católica segue as normas do Calendário Litúrgico, que organiza as celebrações segundo sua precedência.
Na disposição das celebrações litúrgicas, algumas solenidades possuem maior importância e, por isso, têm prioridade sobre outras. Entre elas estão o Tríduo Pascal, o Natal, a Páscoa, os domingos da Quaresma, e também as solenidades dedicadas à Bem-Aventurada Virgem Maria, como a Imaculada Conceição. Quando uma dessas solenidades coincide com outro dia litúrgico importante, como um domingo do Advento, a celebração da solenidade prevalece.
Assim, neste ano, a Imaculada Conceição, que destaca a preservação de Maria do pecado original, será celebrada no próprio domingo, enriquecendo ainda mais o espírito de preparação e esperança que caracteriza o Advento. A coincidência é uma oportunidade de aprofundar a reflexão sobre Maria como aquela que se preparou plenamente para acolher o Salvador, inspirando-nos em nosso próprio caminho de conversão e esperança.
Neste domingo, a alegria pela aproximação do Natal se mistura com o convite à conversão contínua e à esperança.
A alegria pela proximidade do Natal é o tema central, convidando os fiéis a uma preparação contínua e a confiar nas promessas de Deus. As leituras, especialmente o Evangelho de Lucas, nos exortam a viver este tempo com um coração alegre e cheio de esperança, pois a salvação está prestes a se concretizar.
Este domingo aprofunda a preparação interior, com foco na fé e na disponibilidade para acolher o Cristo que está por vir.
A fé e a disposição interior para acolher Cristo são aspetos centrais do último domingo do advento, com ênfase na confiança no plano divino e na prontidão para ser um instrumento nas mãos de Deus, como foi a Virgem Maria para nos trazer o Salvador.
O Advento, como período litúrgico, passou por um desenvolvimento gradual na história da Igreja. Inicialmente, não houve uma celebração formal do Advento nos primeiros séculos do cristianismo. O foco era a preparação para o Batismo, com os fiéis se preparando para a celebração do Natal. Foi somente no século IV que a Igreja Ocidental começou a considerar o Advento como uma temporada litúrgica, com um caráter penitencial e de preparação para a vinda de Cristo.
Nos séculos seguintes, o Advento foi tomando forma, com ênfase no arrependimento, na oração e na expectativa. No século VI, o Advento passou a ser celebrado oficialmente como um período de quatro semanas, inicialmente com um jejum de 40 dias, semelhante a Quaresma. A partir do século IX, a introdução das cores litúrgicas e o uso da coroa do Advento ajudaram a dar uma identidade visual à temporada. Com o tempo, o Advento também passou a incluir a preparação para a segunda vinda de Cristo, tornando-se um tempo de esperança e alegria, além da penitência. Hoje, o Advento é celebrado em todo o mundo, com o foco em esperar e preparar os corações para o Natal e para a vinda definitiva do Senhor.
Nos primeiros séculos do cristianismo, a prática de preparação para o Natal não era formalizada como um período litúrgico específico. Contudo, as primeiras referências ao Advento surgem no século V, quando São Perpétuo, Bispo de Tours, fez uma jejum de três dias antes da festa do Natal, como uma preparação espiritual para o nascimento de Cristo. Além disso, no final do século V, a “Quaresma de São Martinho”, com um jejum de 40 dias, também indicava a ideia de um tempo de preparação para a celebração do nascimento de Cristo. Inicialmente, a intenção era mais focada na preparação para o Batismo dos catecúmenos, que ocorria especialmente no Natal, refletindo um período de purificação e oração.
Foi somente no século VI, com a ação de São Gregório Magno, que o Advento passou a ser tratado formalmente pela Igreja. Ele foi o primeiro papa a redigir um ofício para o Advento, com o Sacramentário Gregoriano sendo o documento litúrgico mais antigo a registrar missas próprias para os domingos desse período. Esse início foi fortemente marcado por uma espiritualidade penitencial, que se expandiu ao longo dos séculos, incorporando, aos poucos, um caráter de esperança pela segunda vinda de Cristo.
O Advento evoluiu consideravelmente ao longo dos séculos, passando de um tempo de rigorosa penitência para uma passagem mais estruturada e com diversos elementos simbólicos. No século VI, o jejum de 40 dias passou a ser uma prática comum, semelhante a Quaresma, com o objetivo de preparar espiritualmente os fiéis para o Natal. No entanto, esse jejum foi progressivamente amenizado, dando lugar a uma abstinência no século XII. Durante a Idade Média, o período passou a enfatizar a esperança pela segunda vinda de Cristo, algo refletido nas liturgias que destacaram a “parusia” (retorno glorioso do Senhor).
Com o tempo, o Advento passou a ser organizado em quatro semanas, cada uma com uma ênfase particular, como a penitência, a alegria e a preparação para o Natal. O uso de alguns elementos na liturgia foi uma das mudanças significativas introduzidas no século IX, com o roxo representando a penitência e a rosa, no terceiro domingo (Gaudete), simbolizando a alegria pela proximidade de Salvador. Além disso, a introdução da coroa do Advento tornou-se uma tradição visualmente marcante, representando as quatro semanas de espera. Assim, o Advento foi se tornando um tempo mais alegre e de expectativa, tanto pelo nascimento de Cristo quanto pela preparação para Sua vinda futura.
O Advento não é apenas uma data no calendário litúrgico ou um período que antecede o Natal. Essa época é mais do que uma simples contagem regressiva para a festa. O Advento é uma oportunidade de repensarmos nossa caminhada espiritual e mergulharmos no mistério da vinda de Cristo. É um tempo que nos convida a refletir sobre o que significa acolher o Salvador em nossa vida. Não se trata apenas de uma preparação externa para a celebração do nascimento de Jesus, mas de um convite para que, de fato, Ele nasça no nosso interior.
O Advento não é uma época de esperar passivamente, mas de despertar a nossa fé, de reavivar a chama do nosso amor para a acolher aquele que veio para nos salvar. Esse tempo de espera deve ser visto como uma oportunidade de reconciliação e renovação da fé, um chamado para que nos tornemos mais fiéis, mais presentes e mais comprometidos com nossa vocação cristã.
Você sabe por que não cantamos o Glória no Advento? Descubra aqui.
Poucos de nós sabemos o que significa, de fato, a esperança. O Advento nos ensina que a esperança não é algo passivo, que simplesmente aparece quando tudo parece bem; a esperança cristã é uma chama que precisa ser alimentada e mantida acesa, especialmente em momentos de dificuldade. Ao longo do Advento, somos chamados a renovar essa esperança no coração, porque a chegada a Salvador não é apenas uma recordação do passado, mas uma promessa do futuro.
A esperança cristã é a confiança de que, não importa o que aconteça, Deus está conosco e voltará um dia. Se não cultivarmos essa esperança de forma intencional, ela pode se apagar diante das situações da vida. Portanto, o Advento é o tempo favorável para reacender essa chama, olhar para o futuro com confiança e coragem, sabendo que a vinda de Cristo — e o nosso encontro com Cristo —, tanto no Natal quanto no fim dos tempos, é a nossa verdadeira esperança.
O Advento é muito mais do que uma contagem regressiva para o Natal. Ele nos chama a um profundo exame de consciência, convidando-nos a olhar para dentro de nós mesmos e meditar sobre o real significado do nascimento de Cristo. O Verbo se fez carne para nos salvar, e esse é o mistério que deve nos mover. Preparar-se para o Natal não é simplesmente aguardar o dia da celebração, mas permitir que o verdadeiro sentido do Natal – o Verbo Divino que se fez presente entre nós – toque o nosso coração e transforme a nossa vida.
Neste tempo de Advento, somos chamados a preparar o nosso espírito para acolher Cristo, não apenas em um momento festivo, mas em todos os dias de nossa existência. É o momento para reavivar nossa fé, aprofundar nossa esperança e renovar o compromisso de seguir aquele que veio para nos salvar. Quando vivemos o Advento de maneira profunda, nos preparamos para que o Natal não seja apenas uma data, mas uma verdadeira renovação do nosso encontro com o Salvador.
Viver bem o Advento é mais do que seguir rituais religiosos ou se preparar para o Natal de maneira superficial. É um chamado à transformação interior, uma chance de purificar o coração e preparar nossa alma para a vinda do Cristo.
O Advento nos convida a sair do barulho do cotidiano e entrar no silêncio da oração. Estabelecer momentos diários de oração e meditação é essencial. Não basta esperar; precisamos nos abrir para ouvir a voz de Deus, refletindo sobre como a chegada de Cristo deve tocar profundamente nossa vida.
Um dos primeiros meios de viver bem o Advento é estabelecer momentos diários de silêncio e oração. O Advento é uma oportunidade de ouvir a voz de Deus em meio ao barulho da vida cotidiana, mas cabe a nós parar e meditar sobre o significado da vinda de Cristo e como essa vinda deve impactar a nossa própria vida.
Como Jesus veio ao mundo para servir, nós somos chamados a imitar esse exemplo, portanto, a prática da caridade também é central. Ajudar os necessitados, com tempo ou recursos, é uma forma de vivenciar o verdadeiro espírito do Advento. Contudo, não podemos esquecer a vigilância, um dos pontos mais importantes do advento. Não devemos deixar este tempo passar sem uma verdadeira conversão, por isso a confissão sincera é um meio poderoso de nos reconciliarmos com Deus, limpando nossa alma e nos preparando para o encontro com Ele.
Saiba como fazer uma boa confissão.
Por fim, enquanto nos ocupamos com os preparativos externos para o Natal, devemos dedicar ainda mais atenção à preparação interna da nossa alma. Afinal, o Advento é uma antecipação da vinda de Cristo, seja em nossa morte, seja na sua segunda vinda.
Confira 5 dicas práticas para viver bem o Advento.
O Advento é um tempo de espera silenciosa e vigilante, onde somos convidados a renovar nossa fé e nossa entrega ao Senhor. Além da preparação externa para o Natal, é fundamental que busquemos, no interior do nosso ser, uma verdadeira transformação, para acolher o Salvador que vem.
Para isso, temos em primeiro lugar, as próprias leituras diárias deste tempo. Elas são como lanternas que iluminam esse caminho de preparação. A Igreja, com sua sabedoria, nos guia a cada dia, conduzindo-nos para mais perto da de Cristo e seus ensinamentos.
Uma prática como a lectio divina, por exemplo, ajuda-nos a adentrar a Palavra de Deus, permitindo que, dia após dia, nosso coração se abra mais ao Senhor que vem.
Além disso, existem inúmeros escritos de santos, livros, orações, músicas que podem nos guiar neste tempo, como
Leia aqui as meditações para o Advento, de Santo Afonso de Ligório.
A caridade e a penitência são duas práticas fundamentais durante o Advento, pois ajudam a preparar o coração para o Natal, alinhando-o com o verdadeiro espírito dessa celebração.
O Advento é um tempo de espera, mas também de conversão. A caridade é a expressão máxima do amor a Deus e ao próximo. São Paulo escreve na primeira Carta aos Coríntios 4 que sem amor, nada somos. Portanto, a prática da caridade durante o Advento nos chama a viver mais generosamente, a ajudar os necessitados e a alargar o nosso coração para a chegada de Cristo.
Mas não basta viver a caridade e a penitência apenas como ações externas, elas devem estar unidas à oração para que haja um movimento interno do coração, que se reflete em atitudes generosas e no amor. A penitência nos convida especialmente a purificar o coração, afastando-nos dos apegos egoístas e do pecado.
Como já acontecia com os profetas, o apelo de Jesus à conversão e à penitência não visa primariamente as obras exteriores, «o saco e a cinza», os jejuns e as mortificações, mas a conversão do coração, a penitência interior: Sem ela, as obras de penitência são estéreis e enganadoras; pelo contrário, a conversão interior impele à expressão dessa atitude cm sinais visíveis, gestos e obras de penitência. 5
Durante o Advento, essa prática nos ajuda a preparar nossa alma para acolher o Salvador. Seja através do jejum, da oração ou da confissão, a penitência nos prepara para celebrar o Natal com um coração mais humilde e disposto a receber a graça divina.
Assim, caridade e penitência são essenciais para vivermos um Advento profundo, que nos permite encontrar a verdadeira alegria do Natal: a presença de Cristo no nosso coração.
Leia mais sobre a festa do Natal do Senhor.
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Confira neste artigo um guia sobre o advento, desde as leituras deste tempo até dicas práticas de como se preparar bem para o Natal.
O Advento é o início do ano litúrgico para os católicos; ele é marcado por um espírito de espera e preparação para o Natal. Durante quatro semanas, a Igreja convida os fiéis a meditarem sobre a vinda de Cristo, tanto em sua primeira chegada, como no mistério da sua segunda vinda gloriosa. Mais do que uma simples contagem regressiva para o Natal, o Advento é uma oportunidade de fortalecer a nossa fé, um tempo de conversão, oração e reflexão sobre o verdadeiro significado da encarnação de Jesus.
Este guia busca aprofundar o entendimento sobre o Advento, trazendo à tona suas origens, símbolos e práticas, além de oferecer sugestões práticas para vivê-lo de forma mais plena. Através da oração, da meditação e do exercício da caridade, podemos preparar nossos corações para acolher o Salvador, enquanto nos aproximamos da celebração de seu nascimento.
O Advento é um período litúrgico de espera e preparação. Neste tempo, a Igreja nos conduz a celebrar o mistério do nascimento de Jesus Cristo, o Deus que se fez homem, enquanto nos lembramos que essa história não terminou: esperamos ainda a sua segunda vinda, em glória, para julgar os vivos e os mortos. 1
No entanto, essa espera não é passiva. É o momento de abrir os olhos para perceber que a mesma fé que nos faz olhar para Belém também nos chama a preparar nossos corações para o retorno do Senhor. O Catecismo da Igreja Católica ensina que a vinda do Messias foi preparada ao longo de toda a história da Antiga Aliança. 2 Assim, o Advento também nos liga ao povo de Israel, que esperava o Messias com profunda esperança.
Vivemos em tempos em que esperar é considerado perda de tempo. Mas o Advento nos desafia a redescobrir o valor do silêncio, da vigilância e da conversão. Afinal, não esperamos por um evento qualquer: esperamos pelo Senhor cuja vinda mudou para sempre a história da humanidade e cuja promessa nos sustenta enquanto aguardamos a plenitude de seu Reino.
Saiba mais sobre as duas fases do advento neste artigo.
O Advento tem suas raízes nos primeiros séculos do cristianismo, quando a Igreja começou a organizar o calendário litúrgico para celebrar os mistérios da fé. Inicialmente associado à preparação para a Epifania, este tempo ganhou maior estrutura com o passar dos séculos, tornando-se uma jornada de quatro semanas dedicada à expectativa pelo Natal e à reflexão sobre a segunda vinda de Cristo.
Espiritualmente, o Advento está profundamente ligado ao anseio messiânico do povo de Israel. Desde os patriarcas até os profetas, a história da salvação está marcada pela promessa de um Salvador que libertaria seu povo. No Advento, essa espera se renova, unindo-nos à história do povo eleito e nos convidando a viver com a mesma esperança que sustentou os justos do Antigo Testamento.
O propósito do Advento é claro: preparar o nosso interior para o encontro com Cristo, tanto na humildade de seu nascimento em Belém quanto na majestade de sua vinda gloriosa. É um tempo de conversão e vigilância, que nos ensina que a verdadeira preparação não está nas aparências externas, mas no coração disposto a acolher o Salvador. A pergunta central do Advento, então, permanece: estamos prontos para recebê-lo?
O Advento é o primeiro tempo do ano litúrgico, marcando o início de um novo ciclo que culminará nas celebrações da Páscoa. Sua duração é de quatro semanas, começando no domingo mais próximo ao dia 30 de novembro e terminando na véspera do Natal. Cada uma dessas quatro semanas é descrita por uma ênfase particular, refletindo a expectativa e a preparação tanto para o nascimento de Cristo quanto para sua segunda vinda.
O calendário do Advento é estruturado em torno de quatro domingos, cada um com um tema específico. No primeiro domingo, que abre o tempo, chama os fiéis a uma vigilância ativa e ao arrependimento. O segundo e o terceiro domingos falam da alegria e da esperança que sustentam a esperança do Salvador, enquanto o quarto domingo, próximo ao Natal, nos convida a uma reflexão mais íntima sobre a encarnação de Deus. O simbolismo das velas da coroa do Advento também acompanha esse caminho, com cada vela acesa representando uma etapa da preparação espiritual.
No ciclo litúrgico da Igreja, o Advento é, portanto, um momento de renovação e preparação. Ele não apenas nos prepara para a celebração do Natal, mas também nos coloca em sintonia com toda a história da salvação. Portanto, ao vivenciarmos cada domingo do Advento, somos chamados a renovar a nossa fé e vigiar, aguardando com esperança o retorno de Cristo.
A base bíblica do Advento relaciona-se profundamente com as profecias do Antigo Testamento, que anteciparam a vinda do Messias, e nas promessas do Novo Testamento, que confirmam o cumprimento dessas promessas. A primeira grande profecia encontra-se no livro de Gênesis, logo após o pecado original, quando Deus promete que a descendência de Eva pisaria a cabeça da serpente proporcionando a vitória futura sobre o mal.
Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. 3
Esta promessa de redenção se desdobrará ao longo das Escrituras, sempre apontando para a vinda de um Salvador. O profeta Isaías é particularmente central nas profecias messiânicas. Em Isaías 9,6, ele fala de um “Menino” que será dado ao povo e será chamado “Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”, trazendo a natureza divina e humana do Messias.
Além disso, em Isaías 11,1-10, a profecia fala de um “renovo” que surgirá do tronco de Jessé, trazendo justiça e paz ao mundo. A expectativa do povo de Israel estava firmemente ancorada nessas promessas de um Salvador que iria restaurar a ordem e a harmonia.
No Novo Testamento, as promessas feitas no Antigo se cumprem com a vinda de Jesus. O anjo Gabriel, ao anunciar o nascimento de Jesus, também revela o cumprimento das promessas messiânicas: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo” (Lc 1, 68). E, em Mateus 1,22-23, o evangelista cita Isaías 7,14 para afirmar que Jesus é o cumprimento da promessa de Emanuel, “Deus conosco”.
Desde os primeiros tempos, as Escrituras apontam para a vinda de Jesus como o Salvador. A seguir estão algumas passagens que prefiguram seu nascimento e missão redentora:
Logo após o pecado original de Adão e Eva, Deus faz uma promessa de salvação: “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Essa passagem, chamada é a primeira referência ao Messias, que viria para derrotar o mal, simbolizado pela serpente, e restaurar a humanidade perdida.
Isaías profetiza que o Messias nasceria de uma virgem: “Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará ‘Deus Conosco’.” “Emanuel” significa “Deus conosco”, uma promessa de que o Salvador viria habitar entre os homens, cumprindo a promessa divina de uma redenção próxima.
Isaías descreve o Messias com títulos poderosos: “[…] porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz.” Este versículo destaca a divindade e o papel redentor de Jesus, prometendo um governante eterno que traria paz ao mundo.
Miquéias prevê o local de nascimento de Jesus: “Mas tu, Belém de Éfrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado.” Essa passagem não só aponta para o nascimento humilde de Jesus, mas também revela sua origem divina.
No Novo Testamento, as promessas da vinda de Cristo se cumprem e reforçam a esperança de salvação que Ele trouxe ao mundo. Essas passagens falam da missão de Cristo e da promessa de Sua segunda vinda, fortalecendo a preparação espiritual do Advento.
Em Mateus, o anjo revela a missão de Jesus: “Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados.” Este versículo confirma que a vinda de Jesus tinha como propósito salvar a humanidade da escravidão do pecado, cumprindo as promessas messiânicas.
O anjo Gabriel anuncia a Maria: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”. Esta promessa destaca a realeza e a divindade de Jesus, mostrando-o como o Rei eterno que cumprirá as promessas feitas a Davi.
Jesus diz: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e vos tomarei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais.” Aqui, Jesus nos promete que voltará para nos levar ao lugar preparado para nós, reforçando a esperança da vida eterna e o retorno glorioso do Salvador.
Quando Jesus ascende aos céus, dois anjos dizem aos discípulos: “Homens da Galileia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes subir para o céu”. Esta passagem confirma a promessa de que Jesus retornará de forma visível e gloriosa, completando sua missão de salvação.
Em Apocalipse, Jesus diz: “Eis que venho em breve, e a minha recompensa está comigo, para dar a cada um conforme as suas obras.” Jesus promete recompensar aqueles que permaneceram fiéis, cumprindo a promessa de salvação e trazendo o fim do sofrimento e a plenitude da vida eterna.
Essas promessas do Novo Testamento reforçam a esperança cristã e nos chamam a viver o Advento com vigilância e preparação para a vinda de Cristo, seja em seu nascimento, seja em sua segunda vinda.
Os símbolos e as tradições do Advento são mais do que rituais ou simples elementos decorativos. Eles possuem um profundo significado espiritual que nos ajuda a vivenciar, de maneira mais plena, o mistério da vinda de Cristo. A cada vela acesa, a cada oração compartilhada, somos lembrados da espera e da preparação que o Advento exige de nós.
Ao adotarmos essas tradições, damos um sentido mais concreto à expectativa que vive em nossos corações, reforçando nossa vigilância e renovando a nossa esperança. A coroa do Advento, as velas que vão sendo acesas a cada domingo, os calendários de Advento e até mesmo as práticas em família nos convidam a mergulhar na espiritualidade deste tempo sagrado, ajudando-nos a nos preparar, corpo e alma, para o nascimento do Salvador.
A coroa do Advento é um dos símbolos mais conhecidos desse tempo litúrgico e sua simplicidade carrega um profundo significado. Composta por quatro velas, a coroa simboliza a luz que cresce à medida que a espera pelo Messias se intensifica. Cada vela acesa representa uma semana de preparação, onde a luz se expande e nos lembra da luz de Cristo que está prestes a nascer.
A forma circular da coroa, sem começo nem fim, também remete à eternidade de Deus e à continuidade da esperança de salvação que Cristo traz. As velas, geralmente roxas ou roxas e rosas, marcam os domingos do Advento e nos convidam a refletir sobre temas como esperança, paz, alegria e amor, enquanto aguardamos com fé o cumprimento da promessa divina.
Leia mais sobre o significado de cada vela do advento.
As cores litúrgicas do Advento, roxa e rosa, possuem um simbolismo profundo e distinto, marcando um tempo de preparação para a vinda de Cristo. A cor roxa, predominante durante todo o Advento, simboliza penitência, espera e reflexão. Embora também seja utilizada na quaresma, sua aplicação no Advento tem um caráter mais voltado para a vigilância em preparação para a alegria da celebração do Natal. O roxo nos convida ao arrependimento e à mudança interior, preparando nossos corações para receber o Cristo que vem ao nosso encontro.
No entanto, a cor rosa, que aparece no terceiro domingo do Advento, conhecido como “Domingo da Alegria” ou Gaudete, marca uma diferença em relação à Quaresma. O rosa é um sinal de esperança renovada, uma pausa na sobriedade do roxo, refletindo que, embora o tempo de preparação continue, a luz de Cristo já se aproxima. É o momento de alegrar-se pela proximidade do Natal e pela certeza de que a salvação está prestes a se revelar. Essas cores, portanto, refletem o equilíbrio único do Advento: um tempo de preparação e penitência, mas também de alegria crescente, pois o Salvador está prestes a chegar.
Confira também o artigo completo sobre o Domingo Gaudete.
A Novena de Natal é uma tradição profundamente enraizada na Igreja Católica, marcada por nove dias de oração e preparação espiritual que antecedem o Natal. Esta prática remonta ao século XVI, quando, em 1581, o Papa Sisto V aprovou a celebração da Novena como uma forma de preparar os fiéis para o nascimento de Cristo.
Durante esse período, os cristãos dedicam-se a meditar sobre o mistério da encarnação e a rezar para se prepararem adequadamente para a celebração do nascimento do Salvador.
Na nossa tradição, a Novena de Natal é celebrada na maioria das vezes em família, ou grupos de amigos, com a união de orações, cantos e gestos simbólicos. Em algumas novenas, cada dia tem uma intenção específica, refletindo sobre as figuras que participaram do nascimento de Cristo, como Maria, José, os pastores e os reis magos, e também sobre as virtudes que devemos cultivar, como a paz, a humildade, a caridade e a fé.
Conheça a Novena de Natal com meditações de São Leão Magno.
As leituras deste domingo chamam a atenção para a vigilância e a preparação espiritual para o retorno glorioso de Cristo.
Este domingo dá maior ênfase à vinda gloriosa do Senhor e o chamado à vigilância, destacando a importância de despertar do sono espiritual e preparar o coração para o encontro com Cristo.
No segundo domingo do Advento, as leituras remetem a preparação para a vinda do Messias e o chamado ao arrependimento e à conversão.
O apelo a uma conversão sincera e ao arrependimento é o ponto central, pois somente através de uma mudança real e profunda é que os cristãos poderão verdadeiramente esperar a chegada do Messias.
Neste ano de 2024, a celebração do Segundo Domingo do Advento coincide com a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, tradicionalmente celebrada em 8 de dezembro. Esse incidente não é comum, mas, quando ocorre, a Igreja Católica segue as normas do Calendário Litúrgico, que organiza as celebrações segundo sua precedência.
Na disposição das celebrações litúrgicas, algumas solenidades possuem maior importância e, por isso, têm prioridade sobre outras. Entre elas estão o Tríduo Pascal, o Natal, a Páscoa, os domingos da Quaresma, e também as solenidades dedicadas à Bem-Aventurada Virgem Maria, como a Imaculada Conceição. Quando uma dessas solenidades coincide com outro dia litúrgico importante, como um domingo do Advento, a celebração da solenidade prevalece.
Assim, neste ano, a Imaculada Conceição, que destaca a preservação de Maria do pecado original, será celebrada no próprio domingo, enriquecendo ainda mais o espírito de preparação e esperança que caracteriza o Advento. A coincidência é uma oportunidade de aprofundar a reflexão sobre Maria como aquela que se preparou plenamente para acolher o Salvador, inspirando-nos em nosso próprio caminho de conversão e esperança.
Neste domingo, a alegria pela aproximação do Natal se mistura com o convite à conversão contínua e à esperança.
A alegria pela proximidade do Natal é o tema central, convidando os fiéis a uma preparação contínua e a confiar nas promessas de Deus. As leituras, especialmente o Evangelho de Lucas, nos exortam a viver este tempo com um coração alegre e cheio de esperança, pois a salvação está prestes a se concretizar.
Este domingo aprofunda a preparação interior, com foco na fé e na disponibilidade para acolher o Cristo que está por vir.
A fé e a disposição interior para acolher Cristo são aspetos centrais do último domingo do advento, com ênfase na confiança no plano divino e na prontidão para ser um instrumento nas mãos de Deus, como foi a Virgem Maria para nos trazer o Salvador.
O Advento, como período litúrgico, passou por um desenvolvimento gradual na história da Igreja. Inicialmente, não houve uma celebração formal do Advento nos primeiros séculos do cristianismo. O foco era a preparação para o Batismo, com os fiéis se preparando para a celebração do Natal. Foi somente no século IV que a Igreja Ocidental começou a considerar o Advento como uma temporada litúrgica, com um caráter penitencial e de preparação para a vinda de Cristo.
Nos séculos seguintes, o Advento foi tomando forma, com ênfase no arrependimento, na oração e na expectativa. No século VI, o Advento passou a ser celebrado oficialmente como um período de quatro semanas, inicialmente com um jejum de 40 dias, semelhante a Quaresma. A partir do século IX, a introdução das cores litúrgicas e o uso da coroa do Advento ajudaram a dar uma identidade visual à temporada. Com o tempo, o Advento também passou a incluir a preparação para a segunda vinda de Cristo, tornando-se um tempo de esperança e alegria, além da penitência. Hoje, o Advento é celebrado em todo o mundo, com o foco em esperar e preparar os corações para o Natal e para a vinda definitiva do Senhor.
Nos primeiros séculos do cristianismo, a prática de preparação para o Natal não era formalizada como um período litúrgico específico. Contudo, as primeiras referências ao Advento surgem no século V, quando São Perpétuo, Bispo de Tours, fez uma jejum de três dias antes da festa do Natal, como uma preparação espiritual para o nascimento de Cristo. Além disso, no final do século V, a “Quaresma de São Martinho”, com um jejum de 40 dias, também indicava a ideia de um tempo de preparação para a celebração do nascimento de Cristo. Inicialmente, a intenção era mais focada na preparação para o Batismo dos catecúmenos, que ocorria especialmente no Natal, refletindo um período de purificação e oração.
Foi somente no século VI, com a ação de São Gregório Magno, que o Advento passou a ser tratado formalmente pela Igreja. Ele foi o primeiro papa a redigir um ofício para o Advento, com o Sacramentário Gregoriano sendo o documento litúrgico mais antigo a registrar missas próprias para os domingos desse período. Esse início foi fortemente marcado por uma espiritualidade penitencial, que se expandiu ao longo dos séculos, incorporando, aos poucos, um caráter de esperança pela segunda vinda de Cristo.
O Advento evoluiu consideravelmente ao longo dos séculos, passando de um tempo de rigorosa penitência para uma passagem mais estruturada e com diversos elementos simbólicos. No século VI, o jejum de 40 dias passou a ser uma prática comum, semelhante a Quaresma, com o objetivo de preparar espiritualmente os fiéis para o Natal. No entanto, esse jejum foi progressivamente amenizado, dando lugar a uma abstinência no século XII. Durante a Idade Média, o período passou a enfatizar a esperança pela segunda vinda de Cristo, algo refletido nas liturgias que destacaram a “parusia” (retorno glorioso do Senhor).
Com o tempo, o Advento passou a ser organizado em quatro semanas, cada uma com uma ênfase particular, como a penitência, a alegria e a preparação para o Natal. O uso de alguns elementos na liturgia foi uma das mudanças significativas introduzidas no século IX, com o roxo representando a penitência e a rosa, no terceiro domingo (Gaudete), simbolizando a alegria pela proximidade de Salvador. Além disso, a introdução da coroa do Advento tornou-se uma tradição visualmente marcante, representando as quatro semanas de espera. Assim, o Advento foi se tornando um tempo mais alegre e de expectativa, tanto pelo nascimento de Cristo quanto pela preparação para Sua vinda futura.
O Advento não é apenas uma data no calendário litúrgico ou um período que antecede o Natal. Essa época é mais do que uma simples contagem regressiva para a festa. O Advento é uma oportunidade de repensarmos nossa caminhada espiritual e mergulharmos no mistério da vinda de Cristo. É um tempo que nos convida a refletir sobre o que significa acolher o Salvador em nossa vida. Não se trata apenas de uma preparação externa para a celebração do nascimento de Jesus, mas de um convite para que, de fato, Ele nasça no nosso interior.
O Advento não é uma época de esperar passivamente, mas de despertar a nossa fé, de reavivar a chama do nosso amor para a acolher aquele que veio para nos salvar. Esse tempo de espera deve ser visto como uma oportunidade de reconciliação e renovação da fé, um chamado para que nos tornemos mais fiéis, mais presentes e mais comprometidos com nossa vocação cristã.
Você sabe por que não cantamos o Glória no Advento? Descubra aqui.
Poucos de nós sabemos o que significa, de fato, a esperança. O Advento nos ensina que a esperança não é algo passivo, que simplesmente aparece quando tudo parece bem; a esperança cristã é uma chama que precisa ser alimentada e mantida acesa, especialmente em momentos de dificuldade. Ao longo do Advento, somos chamados a renovar essa esperança no coração, porque a chegada a Salvador não é apenas uma recordação do passado, mas uma promessa do futuro.
A esperança cristã é a confiança de que, não importa o que aconteça, Deus está conosco e voltará um dia. Se não cultivarmos essa esperança de forma intencional, ela pode se apagar diante das situações da vida. Portanto, o Advento é o tempo favorável para reacender essa chama, olhar para o futuro com confiança e coragem, sabendo que a vinda de Cristo — e o nosso encontro com Cristo —, tanto no Natal quanto no fim dos tempos, é a nossa verdadeira esperança.
O Advento é muito mais do que uma contagem regressiva para o Natal. Ele nos chama a um profundo exame de consciência, convidando-nos a olhar para dentro de nós mesmos e meditar sobre o real significado do nascimento de Cristo. O Verbo se fez carne para nos salvar, e esse é o mistério que deve nos mover. Preparar-se para o Natal não é simplesmente aguardar o dia da celebração, mas permitir que o verdadeiro sentido do Natal – o Verbo Divino que se fez presente entre nós – toque o nosso coração e transforme a nossa vida.
Neste tempo de Advento, somos chamados a preparar o nosso espírito para acolher Cristo, não apenas em um momento festivo, mas em todos os dias de nossa existência. É o momento para reavivar nossa fé, aprofundar nossa esperança e renovar o compromisso de seguir aquele que veio para nos salvar. Quando vivemos o Advento de maneira profunda, nos preparamos para que o Natal não seja apenas uma data, mas uma verdadeira renovação do nosso encontro com o Salvador.
Viver bem o Advento é mais do que seguir rituais religiosos ou se preparar para o Natal de maneira superficial. É um chamado à transformação interior, uma chance de purificar o coração e preparar nossa alma para a vinda do Cristo.
O Advento nos convida a sair do barulho do cotidiano e entrar no silêncio da oração. Estabelecer momentos diários de oração e meditação é essencial. Não basta esperar; precisamos nos abrir para ouvir a voz de Deus, refletindo sobre como a chegada de Cristo deve tocar profundamente nossa vida.
Um dos primeiros meios de viver bem o Advento é estabelecer momentos diários de silêncio e oração. O Advento é uma oportunidade de ouvir a voz de Deus em meio ao barulho da vida cotidiana, mas cabe a nós parar e meditar sobre o significado da vinda de Cristo e como essa vinda deve impactar a nossa própria vida.
Como Jesus veio ao mundo para servir, nós somos chamados a imitar esse exemplo, portanto, a prática da caridade também é central. Ajudar os necessitados, com tempo ou recursos, é uma forma de vivenciar o verdadeiro espírito do Advento. Contudo, não podemos esquecer a vigilância, um dos pontos mais importantes do advento. Não devemos deixar este tempo passar sem uma verdadeira conversão, por isso a confissão sincera é um meio poderoso de nos reconciliarmos com Deus, limpando nossa alma e nos preparando para o encontro com Ele.
Saiba como fazer uma boa confissão.
Por fim, enquanto nos ocupamos com os preparativos externos para o Natal, devemos dedicar ainda mais atenção à preparação interna da nossa alma. Afinal, o Advento é uma antecipação da vinda de Cristo, seja em nossa morte, seja na sua segunda vinda.
Confira 5 dicas práticas para viver bem o Advento.
O Advento é um tempo de espera silenciosa e vigilante, onde somos convidados a renovar nossa fé e nossa entrega ao Senhor. Além da preparação externa para o Natal, é fundamental que busquemos, no interior do nosso ser, uma verdadeira transformação, para acolher o Salvador que vem.
Para isso, temos em primeiro lugar, as próprias leituras diárias deste tempo. Elas são como lanternas que iluminam esse caminho de preparação. A Igreja, com sua sabedoria, nos guia a cada dia, conduzindo-nos para mais perto da de Cristo e seus ensinamentos.
Uma prática como a lectio divina, por exemplo, ajuda-nos a adentrar a Palavra de Deus, permitindo que, dia após dia, nosso coração se abra mais ao Senhor que vem.
Além disso, existem inúmeros escritos de santos, livros, orações, músicas que podem nos guiar neste tempo, como
Leia aqui as meditações para o Advento, de Santo Afonso de Ligório.
A caridade e a penitência são duas práticas fundamentais durante o Advento, pois ajudam a preparar o coração para o Natal, alinhando-o com o verdadeiro espírito dessa celebração.
O Advento é um tempo de espera, mas também de conversão. A caridade é a expressão máxima do amor a Deus e ao próximo. São Paulo escreve na primeira Carta aos Coríntios 4 que sem amor, nada somos. Portanto, a prática da caridade durante o Advento nos chama a viver mais generosamente, a ajudar os necessitados e a alargar o nosso coração para a chegada de Cristo.
Mas não basta viver a caridade e a penitência apenas como ações externas, elas devem estar unidas à oração para que haja um movimento interno do coração, que se reflete em atitudes generosas e no amor. A penitência nos convida especialmente a purificar o coração, afastando-nos dos apegos egoístas e do pecado.
Como já acontecia com os profetas, o apelo de Jesus à conversão e à penitência não visa primariamente as obras exteriores, «o saco e a cinza», os jejuns e as mortificações, mas a conversão do coração, a penitência interior: Sem ela, as obras de penitência são estéreis e enganadoras; pelo contrário, a conversão interior impele à expressão dessa atitude cm sinais visíveis, gestos e obras de penitência. 5
Durante o Advento, essa prática nos ajuda a preparar nossa alma para acolher o Salvador. Seja através do jejum, da oração ou da confissão, a penitência nos prepara para celebrar o Natal com um coração mais humilde e disposto a receber a graça divina.
Assim, caridade e penitência são essenciais para vivermos um Advento profundo, que nos permite encontrar a verdadeira alegria do Natal: a presença de Cristo no nosso coração.
Leia mais sobre a festa do Natal do Senhor.