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Formação

Origem do Carnaval: qual é a sua relação com o catolicismo?

Conheça a origem do carnaval e entenda sua relação com o catolicismo, assim como a maneira que a Igreja enxerga essa festa.

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Origem do Carnaval: qual é a sua relação com o catolicismo?

Conheça a origem do carnaval e entenda sua relação com o catolicismo, assim como a maneira que a Igreja enxerga essa festa.

Data da Publicação: 09/01/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC
Data da Publicação: 09/01/2024
Tempo de leitura:
Autor: Redação MBC

Quer saber qual é a origem do carnaval e como a Igreja Católica enxerga e nos ensina a nos portar diante da festa? É exatamente isso que será tratado neste texto.

Origem do Carnaval: algumas possibilidades

Em primeiro lugar, quanto à origem do nome, não se tem muito clara a sua procedência.

Neste tópico, nós vamos recorrer quase que de forma exclusiva a Dom Estevão Bettencourt 1, grande defensor da fé católica no Brasil e criador da revista “Pergunte e Responderemos”.

Adeus à carne

Alguns autores explicam este nome a partir dos termos do latim “carne vale”, isto é, “adeus carne” ou “despedida da carne”; esta derivação indicaria que no Carnaval o consumo de carne era considerado lícito pela última vez antes dos dias de jejum quaresmal.

Outros estudiosos recorrem à expressão “carnem levare”, suspender ou retirar a carne: o Papa São Gregório Magno teria dado ao último domingo antes da Quaresma, ou seja, ao domingo da Qüinquagésima, o título de “dominica ad carnes levandas”; a expressão haveria sido sucessivamente, carneval ou carnaval”. 

Carros alegóricos ou navais?

Um terceiro grupo de etimologistas apela para as origens pagãs do Carnaval: entre os gregos e romanos costumava-se exibir um préstito em forma de nave dedicada ao deus Dionísio ou Baco, préstito ao qual em latim se dava o nome de currus navalis: donde a forma Carnavale. 

As mais antigas notícias de festas semelhantes às que hoje chamamos “Carnaval” datam, como se crê, do séc. VI antes de Cristo, na Grécia: as pinturas de certos vasos gregos apresentam figuras mascaradas a desfilar em procissão ao som de música cultuando o deus Dionísio, com suas fantasias e alegorias, são certamente anteriores à era cristã. Mas há influências do mundo todo. O Carnaval é uma festa com influências do mundo todo. Tem características trazidas de egípcios, gregos, babilônicos, hebreus e romanos. O Rei Momo, por exemplo, tem origem Babilônica — uma das origens, na verdade, pois “Momo”, na mitologia grega, era o deus do sarcasmo e do delírio. Diz a tradição Babilônica que um prisioneiro podia “ser rei” por um dado período. Podia comer e vestir-se como o rei e até “usar” suas concubinas. Outra grande referência ao carnaval atual é a Saturnália, uma celebração da Roma Antiga em honra a Saturno, deus romano da agricultura. Na ocasião, todos saíam para dançar nos seus “carros alegóricos” que se assemelhavam aos navios, os currus navalis que já mencionamos.

A Igreja perante o carnaval

A origem do carnaval na liturgia

Aos poucos, as festas pagãs foram sendo substituídas por solenidades do Cristianismo (Natal, Epifania do Senhor ou a Purificação de Maria, dita “festa da Candelária”, em vez dos mitos pagãos celebrados a 25 de dezembro, 6 de janeiro ou 2 de fevereiro). Com o estabelecimento do ano litúrgico como conhecemos hoje, a Igreja fez com que o Carnaval passasse a ser uma espécie de despedida da carne (em sentido amplo – da carnalidade, materialidade) antes do período de penitência da Quaresma. Assim, a data do Carnaval passou a ser definitivamente atrelada à da Páscoa, como acontece até hoje.

Bento XVI comenta sobre a origem do carnaval e o novo sentido das máscaras

O papa Bento XVI, ao comentar sobre o carnaval dentro da perspectiva litúrgica 2, recorda que uma tradição pagã da região alemã da Suábia, onde vestiam-se com máscaras em ritos de expulsão do inverno e dos poderes demoníacos, para assegurar que o plantio e a fecundidade da terra não fossem atrapalhados pelo inverno.

Bento XVI faz um paralelo dessa máscara demoníaca com o carnaval na perspectiva cristã. No mundo cristão, ela se converte em uma máscara divertida: a luta contra os demônios se converte em uma alegria prévia à seriedade da quaresma. Mesmo as máscaras que simbolizam deuses tornaram-se agora parte de um espetáculo divertido, expressando uma alegria de quem agora pode dar risada daquela mesma coisa que causava medo. Neste sentido, completa o Papa, no Carnaval se esconde sem dúvida a libertação cristã.

Festa da Sagrada Face

Por fim, na terça-feira de carnaval é celebrada a Festa da Sagrada Face. Como ensina o Padre Paulo Ricardo 3, o Papa João XXIII, em 1959, permitiu exclusivamente ao Brasil a possibilidade de celebrar a Festa da Sagrada Face de Nosso Senhor Jesus Cristo com especial solenidade.

A festa foi instituída pelo Papa Pio XII, em 1958, e teve sua origem a partir das revelações privadas recebidas pela Beata Irmã Maria Pierina de Micheli, a quem Jesus pedia que fosse feita uma reparação pelas ofensas cometidas contra Ele.

Fotografia da Sagrada Face, cuja festa repara os vestígios da origem pagã do carnaval.
Negativo da fotografia da Santa Face tirada por Secondo Pia em 1898.

Todos Me beijam as chagas, mas ninguém beija o Meu rosto para reparar o beijo de Judas

inspiração interior ouvida pela irmã Pierina.

A devoção à Sagrada Face de Cristo é uma excelente forma de meditar a Paixão, reparar as ofensas cometidas contra Nosso Senhor e ingressar na Quaresma

Essa também é uma devoção muito associada hoje em dia a Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada “Face”.

Inclusive, a santinha compôs a oração “À Santa Face”, que podemos rezar para cultivar esta bela devoção.

“Oh, Face adorável de Jesus, única Beleza que arrebata meu coração! Digna-te imprimir em mim tua divina semelhança, a fim de que não possas olhar a alma de tua pequena esposa sem contemplar-te a ti mesmo.

Oh, meu Amado! Por amor de ti, aceito não ver, aqui nesta terra, a doçura do teu olhar, não sentir o inexprimível beijo de teus lábios, mas suplico que me abrases em teu Amor, para que ele me consuma rapidamente e me faça logo comparecer diante de ti.

Teresa da Santa Face 4

Reze também a Novena das Rosas de Santa Teresinha!

Referências

  1. “PERGUNTE E RESPONDEREMOS” D. Estevão Bettencourt, osb. Nº 5, Ano 1958, Página 213.[]
  2. El resplandor de Dios en nuestro tiempo: Meditaciones sobre el año litúrgico. Bento XVI.[]
  3. A devoção à Sagrada Face de Cristo, Padre Paulo Ricardo.[]
  4. Obras Completas de Santa Teresa, Paulus. Oração 16, “À Santa Face”.[]

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    Redação MBC

    O maior clube de leitores católicos do Brasil.

    O que você vai encontrar neste artigo?

    Quer saber qual é a origem do carnaval e como a Igreja Católica enxerga e nos ensina a nos portar diante da festa? É exatamente isso que será tratado neste texto.

    Origem do Carnaval: algumas possibilidades

    Em primeiro lugar, quanto à origem do nome, não se tem muito clara a sua procedência.

    Neste tópico, nós vamos recorrer quase que de forma exclusiva a Dom Estevão Bettencourt 1, grande defensor da fé católica no Brasil e criador da revista “Pergunte e Responderemos”.

    Adeus à carne

    Alguns autores explicam este nome a partir dos termos do latim “carne vale”, isto é, “adeus carne” ou “despedida da carne”; esta derivação indicaria que no Carnaval o consumo de carne era considerado lícito pela última vez antes dos dias de jejum quaresmal.

    Outros estudiosos recorrem à expressão “carnem levare”, suspender ou retirar a carne: o Papa São Gregório Magno teria dado ao último domingo antes da Quaresma, ou seja, ao domingo da Qüinquagésima, o título de “dominica ad carnes levandas”; a expressão haveria sido sucessivamente, carneval ou carnaval”. 

    Carros alegóricos ou navais?

    Um terceiro grupo de etimologistas apela para as origens pagãs do Carnaval: entre os gregos e romanos costumava-se exibir um préstito em forma de nave dedicada ao deus Dionísio ou Baco, préstito ao qual em latim se dava o nome de currus navalis: donde a forma Carnavale. 

    As mais antigas notícias de festas semelhantes às que hoje chamamos “Carnaval” datam, como se crê, do séc. VI antes de Cristo, na Grécia: as pinturas de certos vasos gregos apresentam figuras mascaradas a desfilar em procissão ao som de música cultuando o deus Dionísio, com suas fantasias e alegorias, são certamente anteriores à era cristã. Mas há influências do mundo todo. O Carnaval é uma festa com influências do mundo todo. Tem características trazidas de egípcios, gregos, babilônicos, hebreus e romanos. O Rei Momo, por exemplo, tem origem Babilônica — uma das origens, na verdade, pois “Momo”, na mitologia grega, era o deus do sarcasmo e do delírio. Diz a tradição Babilônica que um prisioneiro podia “ser rei” por um dado período. Podia comer e vestir-se como o rei e até “usar” suas concubinas. Outra grande referência ao carnaval atual é a Saturnália, uma celebração da Roma Antiga em honra a Saturno, deus romano da agricultura. Na ocasião, todos saíam para dançar nos seus “carros alegóricos” que se assemelhavam aos navios, os currus navalis que já mencionamos.

    A Igreja perante o carnaval

    A origem do carnaval na liturgia

    Aos poucos, as festas pagãs foram sendo substituídas por solenidades do Cristianismo (Natal, Epifania do Senhor ou a Purificação de Maria, dita “festa da Candelária”, em vez dos mitos pagãos celebrados a 25 de dezembro, 6 de janeiro ou 2 de fevereiro). Com o estabelecimento do ano litúrgico como conhecemos hoje, a Igreja fez com que o Carnaval passasse a ser uma espécie de despedida da carne (em sentido amplo – da carnalidade, materialidade) antes do período de penitência da Quaresma. Assim, a data do Carnaval passou a ser definitivamente atrelada à da Páscoa, como acontece até hoje.

    Bento XVI comenta sobre a origem do carnaval e o novo sentido das máscaras

    O papa Bento XVI, ao comentar sobre o carnaval dentro da perspectiva litúrgica 2, recorda que uma tradição pagã da região alemã da Suábia, onde vestiam-se com máscaras em ritos de expulsão do inverno e dos poderes demoníacos, para assegurar que o plantio e a fecundidade da terra não fossem atrapalhados pelo inverno.

    Bento XVI faz um paralelo dessa máscara demoníaca com o carnaval na perspectiva cristã. No mundo cristão, ela se converte em uma máscara divertida: a luta contra os demônios se converte em uma alegria prévia à seriedade da quaresma. Mesmo as máscaras que simbolizam deuses tornaram-se agora parte de um espetáculo divertido, expressando uma alegria de quem agora pode dar risada daquela mesma coisa que causava medo. Neste sentido, completa o Papa, no Carnaval se esconde sem dúvida a libertação cristã.

    Festa da Sagrada Face

    Por fim, na terça-feira de carnaval é celebrada a Festa da Sagrada Face. Como ensina o Padre Paulo Ricardo 3, o Papa João XXIII, em 1959, permitiu exclusivamente ao Brasil a possibilidade de celebrar a Festa da Sagrada Face de Nosso Senhor Jesus Cristo com especial solenidade.

    A festa foi instituída pelo Papa Pio XII, em 1958, e teve sua origem a partir das revelações privadas recebidas pela Beata Irmã Maria Pierina de Micheli, a quem Jesus pedia que fosse feita uma reparação pelas ofensas cometidas contra Ele.

    Fotografia da Sagrada Face, cuja festa repara os vestígios da origem pagã do carnaval.
    Negativo da fotografia da Santa Face tirada por Secondo Pia em 1898.

    Todos Me beijam as chagas, mas ninguém beija o Meu rosto para reparar o beijo de Judas

    inspiração interior ouvida pela irmã Pierina.

    A devoção à Sagrada Face de Cristo é uma excelente forma de meditar a Paixão, reparar as ofensas cometidas contra Nosso Senhor e ingressar na Quaresma

    Essa também é uma devoção muito associada hoje em dia a Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada “Face”.

    Inclusive, a santinha compôs a oração “À Santa Face”, que podemos rezar para cultivar esta bela devoção.

    “Oh, Face adorável de Jesus, única Beleza que arrebata meu coração! Digna-te imprimir em mim tua divina semelhança, a fim de que não possas olhar a alma de tua pequena esposa sem contemplar-te a ti mesmo.

    Oh, meu Amado! Por amor de ti, aceito não ver, aqui nesta terra, a doçura do teu olhar, não sentir o inexprimível beijo de teus lábios, mas suplico que me abrases em teu Amor, para que ele me consuma rapidamente e me faça logo comparecer diante de ti.

    Teresa da Santa Face 4

    Reze também a Novena das Rosas de Santa Teresinha!

    Referências

    1. “PERGUNTE E RESPONDEREMOS” D. Estevão Bettencourt, osb. Nº 5, Ano 1958, Página 213.[]
    2. El resplandor de Dios en nuestro tiempo: Meditaciones sobre el año litúrgico. Bento XVI.[]
    3. A devoção à Sagrada Face de Cristo, Padre Paulo Ricardo.[]
    4. Obras Completas de Santa Teresa, Paulus. Oração 16, “À Santa Face”.[]

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