Neste artigo, você vai entender um pouco mais sobre o porquê de celebrarmos o domingo de Páscoa com tanto vigor!
Aleluia! Aleluia! Aleluia! O Senhor ressuscitou. Aleluia! Após quarenta dias de quaresma, de penitência, jejuns e sobriedade na liturgia chegamos, com júbilo e alegria, ao dia mais importante para os católicos: a Páscoa do Senhor. Confira porque essa data é tão importante e porque ela deve pautar nosso calendário litúrgico e civil.
No Domingo de Páscoa, celebramos o momento ápice da vida de todo cristão. Nesta liturgia estamos vivendo, verdadeiramente, o mistério da Paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. A palavra Páscoa tem como significado “passagem”. E é isso que celebramos, a cada ano, de modo intensivo e aprofundado. A liturgia toda é festiva, jubilar, após 40 dias de sobriedade penitencial. É o domingo em que vivemos o mistério central de nossa fé. O dia que dá sentido a todos os outros dias. O Domingo dos domingos! O Domingo que dá sentido a todos os outros domingos que celebramos na liturgia. É, em suma, o triunfo de Cristo sobre a morte e sobre o pecado quando, morto e sepultado, ressuscita ao terceiro dia, triunfante e glorioso.
Por que celebrar esta solenidade pascal, a cada ano, com tanta intensidade? A Páscoa como nós conhecemos e vivemos hoje tem sua gênese, em figura, já no Antigo Testamento. Após serem libertados da escravidão do Egito, atravessarem o Mar Vermelho a pé enxuto, o Senhor ordenou a Moisés que celebrassem essa libertação a cada ano. É a Páscoa dos judeus! A noite das noites, em que o Senhor libertou os judeus das garras da escravidão e da morte, e é a noite em que deveria se explicar às futuras gerações a Aliança feita entre Deus e Israel.
Cristo Jesus, na iminência de se entregar na cruz para nos salvar da escravidão do pecado e da morte, e nos reconciliar de modo definitivo e eterno com Deus, abrindo-nos os portões dos céus, se entregou, de modo litúrgico, e instituiu a Eucaristia. Trata-se da mesma entrega: uma cruenta, na cruz, e outra, incruenta, na Eucaristia. É Ele mesmo quem pediu aos Apóstolos para renovarem aquele sacrifício sempre, – sacrifício da Nova e Eterna Aliança. Os primeiros cristãos logo entenderam a ordem do Senhor e celebravam a Páscoa anual como forma de viver o mistério de nossa salvação. O Domingo da Páscoa, agora, é a recordação do cumprimento e da promessa de Deus para com seu povo! Não se precisa esperar mais um Messias Salvador, nem imolar cordeiros para renovar a Aliança com Deus. Jesus é o Cordeiro de Deus que deveria vir!
Entenda mais sobre a Santa Missa ao longo da história.
As narrativas da ressurreição de Jesus diferem nos Evangelhos somente em detalhes. Em suma, o que atesta a ressurreição do Senhor, que é o sepulcro vazio, a presença de figuras angélicas anunciando que Ele vive, e a aparição de Cristo a diversas pessoas diferentes, é igual em todas narrativas.
Os sinóticos possuem um relato mais sintético da ressurreição de Jesus, diferente de João, que é mais poético e profundo. O que basta destacar, aqui, é a necessidade de anunciar a ressurreição como um fato histórico e verídico, atestado por testemunhas.
São Marcos, por exemplo, narra que as mulheres foram ao túmulo para ungir o corpo de Jesus, e, chegando lá, encontram o túmulo vazio, e um “jovem vestido com um traje branco, sentado” 1 anuncia que Jesus está vivo. A conclusão do Evangelho é rápida. Posteriormente, lemos o relato de uma tradição canônica que narra o encontro de Jesus com os discípulos e com Maria Madalena, atestando a veracidade do fato da ressurreição 2.
São Lucas narra os fatos de forma mais detalhada que São Marcos. Neste relato, vemos as mulheres indo, também, ao sepulcro e encontrando-o vazio. “Dois personagens com vestes fulgurantes” 3 aparecem a elas, e anunciam que Jesus estava vivo. As mulheres anunciam aos discípulos o que viram, e Pedro, indo ao sepulcro, o vê vazio e fica confuso. É de São Lucas a bela passagem do encontro de Jesus com os peregrinos de Emaús que O reconhecem durante a Santa Missa, após ter caminhado com Ele por um bom trecho e sentido os corações arderem ouvindo-O falar 4. Por fim, Jesus aparece, também, a todos os discípulos.
São Mateus segue o mesmo esquema básico 5, sendo, também, sucinto: as mulheres vão ao sepulcro e encontram-no vazio. Veem um anjo anunciar-lhes que Jesus ressuscitou. Aqui, para encurtar a história, quando as mulheres correm para avisar aos discípulos o que viram, Jesus já vai ao encontro delas para lhes assegurar a ressurreição. São Mateus é o único que narra, porém, o boato inventado pelos soldados e sumo sacerdotes de que os discípulos haviam roubado o corpo de Jesus.6
A narrativa da manhã de Páscoa segundo São João dá destaque para Maria Madalena que vai, “muito cedo, ainda às escuras (…) ao sepulcro e observa que a pedra foi retirada do sepulcro” 7. Ao ver que o sepulcro estava vazio, corre para avisar a Pedro e ao outro discípulo, que a tradição entende ser João, que vão ao sepulcro, e encontram tudo como Maria anunciara. João narra que, ao entrar no sepulcro e o ver vazio, crê! Até ali, não haviam entendido o que estava escrito sobre Jesus, que este deveria morrer e ressuscitar.
Um ponto importante da narração de São João é o destaque a Maria Madalena, a primeira a ver o Senhor ressuscitado, que São João narra. Ela é considerada, por isso, Apóstola, pois anuncia aos outros discípulos que Cristo estava vivo. Em João 20, 11-18, é narrado, com maestria e beleza poética, o encontro de Jesus com Maria Madalena, que a permite exclamar aos discípulos: “Vi o Senhor e ele me disse isto” 8.
Após o encontro com Maria Madalena, Jesus aparece aos discípulos 9. Aqui se dá o belo testemunho da fé teimosa de Tomé que, para crer, precisa ver o Senhor. “Porque me viste creste. Felizes os que crerão sem ter visto”, 10 diz Jesus. O momento exato, bem como o modo da ressurreição não é descrito, pois transcende a percepção sensível humana. É objeto de fé! A ressurreição se dá de modo gradual: sinais de ausência, sepulcro vazio, lençóis e sudário abandonados, mensagem por terceiros, figura e voz irreconhecíveis. O crer em Jesus também é de modo gradual: primeiro o discípulo amado, depois Maria Madalena, por fim ao grupo todo dos discípulos.
Com a ressurreição há dons e encargos dados: à Maria Madalena, a mulher da ressurreição; aos discípulos, o dom da paz, do Espírito e da missão; enfim, a Tomé, discípulo teimoso, a bem-aventurança da fé.
Após quarenta dias de cores litúrgicas roxa e vermelha, que remetem à penitência e ao sangue do Senhor, com uma liturgia sóbria, sem cantos exaltados, sem flores e ornamentações na igreja, sem tantas festas, sem o canto do Glória e do Aleluia, chegamos ao momento ápice do ano litúrgico: domingo de Páscoa. Nessa liturgia rompe-se o júbilo, com flores e cantos, ao som de sinos e sinetas (que estavam silenciados desde a quinta-feira santa), a fim de externar toda a alegria que devemos sentir pela ressurreição de Jesus.
Após a Igreja viver o Tríduo Santo, e viver todos os passos de Jesus na Semana Santa, no amanhecer do domingo de Páscoa a liturgia se reveste de um vigor diferente. É O domingo dos domingos (com “o” maiúsculo mesmo).
Além de todo o júbilo que a liturgia transmite neste dia, nas leituras, nos cantos, nas flores, nos sinos, anunciando que Cristo ressuscitou dos mortos, cantamos a Sequência Pascal antes do Evangelho e de entoar solenemente o Aleluia. A autoria deste texto não é certa, porém figura entre o século X e XII. O que se sabe é que foi acrescentado, obrigatoriamente, na liturgia do domingo de Páscoa, na reforma litúrgica de Trento.
Confira e reze com o texto na íntegra:
Cantai, cristãos, afinal:
“Salve ó vítima pascal!”
Cordeiro inocente, o Cristo
Abriu-nos do Pai o aprisco.
Por toda ovelha imolado,
Do mundo lava o pecado.
Duelam forte e mais forte:
É a vida que vence a morte.
O Rei da vida, cativo,
Foi morto, mas reina vivo!
Responde, pois, ó Maria:
No caminho o que havia?
“Vi Cristo ressuscitado,
O túmulo abandonado.
Os anjos da cor do sol,
Dobrado no chão o lençol.
O Cristo que leva aos céus,
Caminha à frente dos seus!”
Ressuscitou, de verdade:
Ó Cristo Rei, piedade!
Texto em latim:
Victimae paschali laudes
Immolent christiani.
Agnus redemit oves:
Christus innocens Patri
Reconciliavit peccatores.
Mors et vita duelo
Conflixere mirando:
Dux Vitae mortuus,
Regnat vivus.
Dic nobis, Maria,
Quid vidisti in via?
Sepulcrum Christi viventis,
Et gloriam vidi resurgentis,
Angelicos testes,
Sudarium et vestes.
Surrexit Christus spes mea:
Praecedet suos in Galilaeam.
Scimus Christum surrexisse
A mortuis vere:
Tu nobis, victor Rex,
Miserere.
No nosso itinerário espiritual devemos passar pela experiência da cruz do Senhor. “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga.” 11 Essa é a condição para ser discípulo do Senhor! Se quisermos com Ele viver, com Ele precisamos morrer.
Mas o que o domingo de Páscoa tem a nos ensinar sobre isso? Cristo, na sua morte e ressurreição, vem nos afirmar que a morte não é o fim. Com Ele temos a certeza de que a dor, o sofrimento, as privações possuem, todas, data de validade. Basta que nos associemos a Ele através do mistério da Páscoa. A Páscoa ensina-nos que o céu é logo e que a glória, numa vida em Cristo Jesus, é garantida. Associar-se a Jesus, na cruz e ressurreição é certeza de vitória. “Oh morte, onde está tua vitória, onde está teu aguilhão?” 12
Na Páscoa, temos a oportunidade de viver a alegria verdadeira, que só Deus pode nos oferecer. As alegrias deste mundo são passageiras. As de Cristo, pela alegria de sua ressurreição, não. Não é à toa que as palavras mais repetidas por Ele após ressuscitar sejam: não temas, alegrai-vos, a paz esteja convosco!
Mais do que viver os símbolos externos, que são importantíssimos (o homem é corpo e alma, e por isso sinais externos nos ajudam na experiência religiosa), vivamos, neste Tempo Pascal que se abre, a vida nova em Cristo. O homem velho fique para trás, com seus vícios e desesperos. Para hoje: alegrai-vos, porque o Senhor ressuscitou! Aleluia!
Que tal saber mais sobre a Oitava de Páscoa?
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Neste artigo, você vai entender um pouco mais sobre o porquê de celebrarmos o domingo de Páscoa com tanto vigor!
Aleluia! Aleluia! Aleluia! O Senhor ressuscitou. Aleluia! Após quarenta dias de quaresma, de penitência, jejuns e sobriedade na liturgia chegamos, com júbilo e alegria, ao dia mais importante para os católicos: a Páscoa do Senhor. Confira porque essa data é tão importante e porque ela deve pautar nosso calendário litúrgico e civil.
No Domingo de Páscoa, celebramos o momento ápice da vida de todo cristão. Nesta liturgia estamos vivendo, verdadeiramente, o mistério da Paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. A palavra Páscoa tem como significado “passagem”. E é isso que celebramos, a cada ano, de modo intensivo e aprofundado. A liturgia toda é festiva, jubilar, após 40 dias de sobriedade penitencial. É o domingo em que vivemos o mistério central de nossa fé. O dia que dá sentido a todos os outros dias. O Domingo dos domingos! O Domingo que dá sentido a todos os outros domingos que celebramos na liturgia. É, em suma, o triunfo de Cristo sobre a morte e sobre o pecado quando, morto e sepultado, ressuscita ao terceiro dia, triunfante e glorioso.
Por que celebrar esta solenidade pascal, a cada ano, com tanta intensidade? A Páscoa como nós conhecemos e vivemos hoje tem sua gênese, em figura, já no Antigo Testamento. Após serem libertados da escravidão do Egito, atravessarem o Mar Vermelho a pé enxuto, o Senhor ordenou a Moisés que celebrassem essa libertação a cada ano. É a Páscoa dos judeus! A noite das noites, em que o Senhor libertou os judeus das garras da escravidão e da morte, e é a noite em que deveria se explicar às futuras gerações a Aliança feita entre Deus e Israel.
Cristo Jesus, na iminência de se entregar na cruz para nos salvar da escravidão do pecado e da morte, e nos reconciliar de modo definitivo e eterno com Deus, abrindo-nos os portões dos céus, se entregou, de modo litúrgico, e instituiu a Eucaristia. Trata-se da mesma entrega: uma cruenta, na cruz, e outra, incruenta, na Eucaristia. É Ele mesmo quem pediu aos Apóstolos para renovarem aquele sacrifício sempre, – sacrifício da Nova e Eterna Aliança. Os primeiros cristãos logo entenderam a ordem do Senhor e celebravam a Páscoa anual como forma de viver o mistério de nossa salvação. O Domingo da Páscoa, agora, é a recordação do cumprimento e da promessa de Deus para com seu povo! Não se precisa esperar mais um Messias Salvador, nem imolar cordeiros para renovar a Aliança com Deus. Jesus é o Cordeiro de Deus que deveria vir!
Entenda mais sobre a Santa Missa ao longo da história.
As narrativas da ressurreição de Jesus diferem nos Evangelhos somente em detalhes. Em suma, o que atesta a ressurreição do Senhor, que é o sepulcro vazio, a presença de figuras angélicas anunciando que Ele vive, e a aparição de Cristo a diversas pessoas diferentes, é igual em todas narrativas.
Os sinóticos possuem um relato mais sintético da ressurreição de Jesus, diferente de João, que é mais poético e profundo. O que basta destacar, aqui, é a necessidade de anunciar a ressurreição como um fato histórico e verídico, atestado por testemunhas.
São Marcos, por exemplo, narra que as mulheres foram ao túmulo para ungir o corpo de Jesus, e, chegando lá, encontram o túmulo vazio, e um “jovem vestido com um traje branco, sentado” 1 anuncia que Jesus está vivo. A conclusão do Evangelho é rápida. Posteriormente, lemos o relato de uma tradição canônica que narra o encontro de Jesus com os discípulos e com Maria Madalena, atestando a veracidade do fato da ressurreição 2.
São Lucas narra os fatos de forma mais detalhada que São Marcos. Neste relato, vemos as mulheres indo, também, ao sepulcro e encontrando-o vazio. “Dois personagens com vestes fulgurantes” 3 aparecem a elas, e anunciam que Jesus estava vivo. As mulheres anunciam aos discípulos o que viram, e Pedro, indo ao sepulcro, o vê vazio e fica confuso. É de São Lucas a bela passagem do encontro de Jesus com os peregrinos de Emaús que O reconhecem durante a Santa Missa, após ter caminhado com Ele por um bom trecho e sentido os corações arderem ouvindo-O falar 4. Por fim, Jesus aparece, também, a todos os discípulos.
São Mateus segue o mesmo esquema básico 5, sendo, também, sucinto: as mulheres vão ao sepulcro e encontram-no vazio. Veem um anjo anunciar-lhes que Jesus ressuscitou. Aqui, para encurtar a história, quando as mulheres correm para avisar aos discípulos o que viram, Jesus já vai ao encontro delas para lhes assegurar a ressurreição. São Mateus é o único que narra, porém, o boato inventado pelos soldados e sumo sacerdotes de que os discípulos haviam roubado o corpo de Jesus.6
A narrativa da manhã de Páscoa segundo São João dá destaque para Maria Madalena que vai, “muito cedo, ainda às escuras (…) ao sepulcro e observa que a pedra foi retirada do sepulcro” 7. Ao ver que o sepulcro estava vazio, corre para avisar a Pedro e ao outro discípulo, que a tradição entende ser João, que vão ao sepulcro, e encontram tudo como Maria anunciara. João narra que, ao entrar no sepulcro e o ver vazio, crê! Até ali, não haviam entendido o que estava escrito sobre Jesus, que este deveria morrer e ressuscitar.
Um ponto importante da narração de São João é o destaque a Maria Madalena, a primeira a ver o Senhor ressuscitado, que São João narra. Ela é considerada, por isso, Apóstola, pois anuncia aos outros discípulos que Cristo estava vivo. Em João 20, 11-18, é narrado, com maestria e beleza poética, o encontro de Jesus com Maria Madalena, que a permite exclamar aos discípulos: “Vi o Senhor e ele me disse isto” 8.
Após o encontro com Maria Madalena, Jesus aparece aos discípulos 9. Aqui se dá o belo testemunho da fé teimosa de Tomé que, para crer, precisa ver o Senhor. “Porque me viste creste. Felizes os que crerão sem ter visto”, 10 diz Jesus. O momento exato, bem como o modo da ressurreição não é descrito, pois transcende a percepção sensível humana. É objeto de fé! A ressurreição se dá de modo gradual: sinais de ausência, sepulcro vazio, lençóis e sudário abandonados, mensagem por terceiros, figura e voz irreconhecíveis. O crer em Jesus também é de modo gradual: primeiro o discípulo amado, depois Maria Madalena, por fim ao grupo todo dos discípulos.
Com a ressurreição há dons e encargos dados: à Maria Madalena, a mulher da ressurreição; aos discípulos, o dom da paz, do Espírito e da missão; enfim, a Tomé, discípulo teimoso, a bem-aventurança da fé.
Após quarenta dias de cores litúrgicas roxa e vermelha, que remetem à penitência e ao sangue do Senhor, com uma liturgia sóbria, sem cantos exaltados, sem flores e ornamentações na igreja, sem tantas festas, sem o canto do Glória e do Aleluia, chegamos ao momento ápice do ano litúrgico: domingo de Páscoa. Nessa liturgia rompe-se o júbilo, com flores e cantos, ao som de sinos e sinetas (que estavam silenciados desde a quinta-feira santa), a fim de externar toda a alegria que devemos sentir pela ressurreição de Jesus.
Após a Igreja viver o Tríduo Santo, e viver todos os passos de Jesus na Semana Santa, no amanhecer do domingo de Páscoa a liturgia se reveste de um vigor diferente. É O domingo dos domingos (com “o” maiúsculo mesmo).
Além de todo o júbilo que a liturgia transmite neste dia, nas leituras, nos cantos, nas flores, nos sinos, anunciando que Cristo ressuscitou dos mortos, cantamos a Sequência Pascal antes do Evangelho e de entoar solenemente o Aleluia. A autoria deste texto não é certa, porém figura entre o século X e XII. O que se sabe é que foi acrescentado, obrigatoriamente, na liturgia do domingo de Páscoa, na reforma litúrgica de Trento.
Confira e reze com o texto na íntegra:
Cantai, cristãos, afinal:
“Salve ó vítima pascal!”
Cordeiro inocente, o Cristo
Abriu-nos do Pai o aprisco.
Por toda ovelha imolado,
Do mundo lava o pecado.
Duelam forte e mais forte:
É a vida que vence a morte.
O Rei da vida, cativo,
Foi morto, mas reina vivo!
Responde, pois, ó Maria:
No caminho o que havia?
“Vi Cristo ressuscitado,
O túmulo abandonado.
Os anjos da cor do sol,
Dobrado no chão o lençol.
O Cristo que leva aos céus,
Caminha à frente dos seus!”
Ressuscitou, de verdade:
Ó Cristo Rei, piedade!
Texto em latim:
Victimae paschali laudes
Immolent christiani.
Agnus redemit oves:
Christus innocens Patri
Reconciliavit peccatores.
Mors et vita duelo
Conflixere mirando:
Dux Vitae mortuus,
Regnat vivus.
Dic nobis, Maria,
Quid vidisti in via?
Sepulcrum Christi viventis,
Et gloriam vidi resurgentis,
Angelicos testes,
Sudarium et vestes.
Surrexit Christus spes mea:
Praecedet suos in Galilaeam.
Scimus Christum surrexisse
A mortuis vere:
Tu nobis, victor Rex,
Miserere.
No nosso itinerário espiritual devemos passar pela experiência da cruz do Senhor. “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga.” 11 Essa é a condição para ser discípulo do Senhor! Se quisermos com Ele viver, com Ele precisamos morrer.
Mas o que o domingo de Páscoa tem a nos ensinar sobre isso? Cristo, na sua morte e ressurreição, vem nos afirmar que a morte não é o fim. Com Ele temos a certeza de que a dor, o sofrimento, as privações possuem, todas, data de validade. Basta que nos associemos a Ele através do mistério da Páscoa. A Páscoa ensina-nos que o céu é logo e que a glória, numa vida em Cristo Jesus, é garantida. Associar-se a Jesus, na cruz e ressurreição é certeza de vitória. “Oh morte, onde está tua vitória, onde está teu aguilhão?” 12
Na Páscoa, temos a oportunidade de viver a alegria verdadeira, que só Deus pode nos oferecer. As alegrias deste mundo são passageiras. As de Cristo, pela alegria de sua ressurreição, não. Não é à toa que as palavras mais repetidas por Ele após ressuscitar sejam: não temas, alegrai-vos, a paz esteja convosco!
Mais do que viver os símbolos externos, que são importantíssimos (o homem é corpo e alma, e por isso sinais externos nos ajudam na experiência religiosa), vivamos, neste Tempo Pascal que se abre, a vida nova em Cristo. O homem velho fique para trás, com seus vícios e desesperos. Para hoje: alegrai-vos, porque o Senhor ressuscitou! Aleluia!
Que tal saber mais sobre a Oitava de Páscoa?